revista “Querer é Poder” - Instituto Pupilos do Exército
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SUMÁRIO<br />
66<br />
MARÇO<br />
DE 2013<br />
FICHA TÉCNICA<br />
3 EDITORIAL<br />
4 NOTAS SOLTAS<br />
10 ESCRITOS<br />
26 ENGLISH CORNER<br />
28 LE COIN DU FRANÇAIS<br />
29 VOZ DA CIÊNCIA<br />
“Um arco-íris no IPE”<br />
36 ECOS DO CMPA<br />
37 EFEMÉRIDES E EVENTOS<br />
Texto alusivo à Cerimónia<br />
de Apadrinhamento<br />
45 PASSATEMPOS<br />
ANO XXIX - N.º 66<br />
Março de 2013<br />
Publicação Trianual<br />
Propriedade - <strong>Instituto</strong> <strong>do</strong>s <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito<br />
Estrada de Benfica, 374 1549 - 016 Lisboa<br />
tel: 217 713 871<br />
fax: 217 785 289<br />
impe@mail.exercito.pt<br />
Diretor - João Rodrigues<br />
Aluno 07/05 - 12.º ano<br />
(Aluno Cmdt de Batalhão)<br />
Redação - Equipa de Professores<br />
Coordenação<br />
Dra. Vanda Magarreiro<br />
Dr. Jorge Pereira<br />
Dra. Aida Lemos<br />
37 EFEMÉRIDES E EVENTOS<br />
Jantar de despedida <strong>do</strong><br />
MGen Diretor <strong>do</strong> IPE<br />
“A comunidade escolar e os militares <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> <strong>do</strong>s <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong><br />
Ex<strong>é</strong>rcito juntaram-se no dia 9 de novembro de 2012 e ofereceram um<br />
jantar de despedida ao Exmo. MGen Alves Rosa, Diretor <strong>do</strong> IPE.”<br />
37 EFEMÉRIDES E EVENTOS<br />
Sonhan<strong>do</strong> com a Força A<strong>é</strong>rea<br />
“O objetivo da visita era promover nos discentes o conhecimento<br />
da História da Aviação, bem como o conhecimento da evolução da<br />
aeronáutica ao longo <strong>do</strong>s tempos, frisan<strong>do</strong> a importância da Força<br />
A<strong>é</strong>rea na Primeira Grande Guerra e conflitos arma<strong>do</strong>s subsequentes.”<br />
Foto capa - AA e Barretina<br />
de Honra, Fernan<strong>do</strong> Pires<br />
Paginação - Pulp Design<br />
Av. Infante Santo, nº 23, 7º B<br />
1300-177 Lisboa<br />
Tiragem - 600 exemplares<br />
Depósito Legal - 134200/99<br />
www.pupilos.eu
Caros Pilões e leitores da <strong>revista</strong> <strong>“Querer</strong> <strong>é</strong> <strong>Poder”</strong><br />
EDITORIAL<br />
Este, que <strong>é</strong> o primeiro ano pós-centenário, não podia ter começa<strong>do</strong> de melhor forma, com a admissão de noventa<br />
e seis novos alunos, voltan<strong>do</strong> deste mo<strong>do</strong> a encher de alegria e cor a nossa casa “tão bela e tão ridente”. Ao nível<br />
da formação profissional, caráter primordial da criação <strong>do</strong> IPE, o nosso <strong>Instituto</strong> continua a provar a credibilidade<br />
que tem perante a sociedade e <strong>é</strong> prova disso os locais de estágio onde os alunos <strong>do</strong> 12.º ano efetuaram a<br />
Formação em Contexto de Trabalho. Um grande bem-haja às entidades e organizações que continuam a acreditar<br />
e a possibilitar o estágio e toda a experiência que dele adv<strong>é</strong>m aos nossos alunos, colaboran<strong>do</strong> assim com os<br />
“<strong>Pupilos</strong>” na formação plena para o acesso ao merca<strong>do</strong> de trabalho, cada vez mais exigente e rigoroso.<br />
Em algumas cerimónias militares e de honra, como foi o caso <strong>do</strong> dia <strong>do</strong> funda<strong>do</strong>r, no dia 5 de fevereiro, bem como<br />
em algumas representações onde os nossos alunos têm marca<strong>do</strong> presença, o orgulho e brio, a postura e atitude<br />
têm si<strong>do</strong> a imagem sempre deixada, reflexo da ação altamente valiosa da educação e ensinamento ministra<strong>do</strong>s<br />
no IPE. Na prática, esta presença formal tem granjea<strong>do</strong> prestígio e credibilidade à nossa casa.<br />
Ainda no que toca à instrução militar, que a par da educação física desempenha um papel importante no<br />
desenvolvimento global <strong>do</strong>s alunos, desenvolveu-se uma atividade na mata de Monsanto com alguns <strong>do</strong>s<br />
militares que desempenham funções no nosso <strong>Instituto</strong>.<br />
À semelhança de outros anos e porque <strong>é</strong> uma tradição corrente e enraizada da casa, realizou-se na semana de<br />
carnaval o “enterro” <strong>do</strong>s alunos <strong>do</strong> 9.º ano bem como a r<strong>é</strong>cita <strong>do</strong>s alunos <strong>do</strong> 12.º ano, onde muitos <strong>do</strong>s ex-alunos<br />
marcaram presença de forma a poderem continuar “a par” de tu<strong>do</strong> o que se passa no Pilão.<br />
Como marco importante no calendário de atividades, demonstran<strong>do</strong> o trabalho realiza<strong>do</strong> no <strong>Instituto</strong>, al<strong>é</strong>m<br />
da parte acad<strong>é</strong>mica e militar, gostaria de realçar o encontro <strong>do</strong>s estabelecimentos militares de ensino que irá<br />
decorrer no dia 15 de março.<br />
Espero que continuem a acompanhar as atividades e todas as novidades,<br />
A to<strong>do</strong>s um grande “Salv<strong>é</strong>”.<br />
<strong>“Querer</strong> <strong>é</strong> <strong>Poder”</strong><br />
João Nuno Especiosa Rodrigues<br />
Aluno Comandante de Batalhão - 07/05<br />
5
Num dia chuvoso, passava pouco das três da tarde, quan<strong>do</strong> me<br />
desloquei à baixa de Lisboa para fazer compras. Passadas algumas<br />
horas, entro num restaurante para jantar, sento-me numa mesa<br />
com a minha namorada, olho para o la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong> e vejo a minha<br />
ex-namorada, aquela de quem gostei muito.<br />
Foi a minha primeira namorada, inesquecível… Quan<strong>do</strong> a vi, não<br />
pensei em mais nada e levantei-me da cadeira de verga castanha<br />
com pernas de metal e fui direto ter com ela:<br />
— Mariana, <strong>é</strong>s mesmo tu?<br />
— Amor, há tanto tempo que te esperava , vais voltar para mim!<br />
— disse ela convictamente.<br />
No momento em que ia responder, esta beijou-me de uma forma<br />
especial. Quan<strong>do</strong> me separei e olhei para trás, vi a minha namorada<br />
atual com cara de choro. Aproximou-se de mim e disse:<br />
— Porquê?<br />
— Por favor, deixa-me explicar…<br />
Ela nem quis ouvir, saiu desolada e inconsolável daquele lugar.<br />
Passaram dias sem ouvir a sua voz, at<strong>é</strong> que decidi telefonar, mas<br />
não obtive qualquer resposta. Deixei mensagens, emails, sms…<br />
parecia que nada iria resultar. At<strong>é</strong> que pensei em recorrer ao velho<br />
truque para recuperar “cacos” de corações parti<strong>do</strong>s, a poesia.<br />
Não demorei muito e comecei a escrever. Lembrei-me <strong>do</strong> dia em<br />
que a conheci, 3 de setembro de 2010, e escrevi:<br />
Quan<strong>do</strong> te vejo,<br />
sinto um desejo<br />
e esse desejo<br />
<strong>é</strong> dar-te um beijo!<br />
Quan<strong>do</strong> te conheci,<br />
aquele formigueiro começou,<br />
mas quan<strong>do</strong> te perdi,<br />
o meu mun<strong>do</strong> parou.<br />
6<br />
Recuperar o amor História de Vanina<br />
Foram estas duas quadras que me devolveram a vontade de viver.<br />
Autorretrato<br />
NOTAS SOLTAS<br />
Bruno Correia<br />
1408/12<br />
Sou um rapaz de olhos castanhos, escuros, cabelo escuro e tez<br />
morena. Um metro e meio, sobrancelhas grandes, nariz batatu<strong>do</strong>,<br />
queixo pequeno. A<strong>do</strong>ro desporto e estou sempre em forma!<br />
Costumo ser calmo e pensa<strong>do</strong>r, inteligente e sincero.<br />
Cabeça erguida, farda com o meu nome (A. Marques) e com o<br />
brasão <strong>do</strong> Pilão. Em cima o distintivo de M<strong>é</strong>rito de Prata. Barrete<br />
com os botões e o símbolo (IPE) area<strong>do</strong>s; botas engraxadas e a<br />
farda limpa to<strong>do</strong>s os dias.<br />
Sou engraça<strong>do</strong> e brincalhão; atento a tu<strong>do</strong> o que faço. Não<br />
gosto de formaturas, mas não tenho nada a perder. Há que<br />
obedecer! Sou um português diferente: um Pupilo <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito,<br />
operacional e pronto para o que der e vier.<br />
Andr<strong>é</strong> Marques<br />
221/12 - 7º B<br />
O meu nome <strong>é</strong> Gui<strong>do</strong>bal<strong>do</strong> e vou contar-vos a minha história e a<br />
da minha amada Vanina.<br />
Tu<strong>do</strong> começou quan<strong>do</strong> eu desembarquei em Veneza. Tinha<br />
termina<strong>do</strong> uma viagem longa… Eu, o capitão <strong>do</strong> navio, estava<br />
desejoso de conhecer aquela terra linda.<br />
Quan<strong>do</strong> chegámos, fui comer camarão (o meu prato favorito) a<br />
uma taberna. Estive à conversa com uma pessoas que lá estavam<br />
para saber mais pormenores sobre a cidade <strong>do</strong>s canais.<br />
Durante a noite, decidi explorar melhor o local. Foi quan<strong>do</strong> me<br />
aconteceu uma coisa extraordinária! Senti no ar um aroma<br />
maravilhoso; olhei para cima e vi uma bela jovem a pentear-se.<br />
Esta jovem era Vanina.<br />
Desde esse dia, to<strong>do</strong>s as noites conversámos e ela contou-me<br />
que os seus pais haviam morri<strong>do</strong> e que tinha um tutor que a<br />
obrigara a casar com Arrigo. Esse tutor tinha como nome Jacob<br />
Orso.<br />
Apaixonei-me por Vanina e juntos fugimos e casámos sem Orso<br />
saber. Agora estamos aqui, no meu navio, juntos at<strong>é</strong> que a morte<br />
nos separe.<br />
Branco, 87/10 - 7º A<br />
Autorretrato<br />
Chamo-me Nuno. Tenho os olhos castanhos e o meu cabelo<br />
tamb<strong>é</strong>m <strong>é</strong> castanho, liso e curto. Sou baixo, tenho as pernas<br />
pequenas, as mãos pequenas… No geral, sou mesmo pequeno!<br />
Psicologicamente, sou simpático, bem-educa<strong>do</strong> e gentil. Gosto<br />
de cantar, pintar, escrever e representar. E, claro, de passar<br />
tempo com a minha família!<br />
Quanto à gastronomia, a minhas comidas preferidas são lasanha,<br />
pizza, massa à Bolonhesa e hamburger com batatas fritas. Muito<br />
pouco saudável, eu sei, mas muito saboroso…<br />
Autorretrato<br />
Nuno Perestelo, 200/12 - 7º A<br />
Chamo-me João Almeida e tenho 14 anos. Tenho 1,65, sou<br />
elegante. A minha alcunha <strong>é</strong> Janeca. Os meus cabelos são pretos<br />
e lisos, os olhos castanhos. Sou bonito!<br />
An<strong>do</strong> sempre com um sorriso na cara, <strong>é</strong> raro não o ter. Só fico<br />
triste quan<strong>do</strong> não consigo obter os resulta<strong>do</strong>s que preten<strong>do</strong>,<br />
porque acho que sou inteligente, embora preguiçoso…<br />
Amizade<br />
A amizade <strong>é</strong> infinita<br />
Não há nada igual,<br />
É boa e não irrita,<br />
Dura de janeiro at<strong>é</strong> ao natal.<br />
João Almeida, 126/09 - 7º A<br />
A esperança <strong>é</strong> importante,<br />
Sem ela não há vida<br />
Ela <strong>é</strong> algo deslumbrante,<br />
Não pode ser vista nem mordida. Jos<strong>é</strong> Ferreira, 9º B, 215/11
O meu Natal e a minha Passagem de Ano<br />
Estava frio e uma estranha geada fazia com que ir para a rua<br />
não fosse o meu plano principal. Era dia 24 de dezembro e ainda<br />
não tinha consegui<strong>do</strong> conter-me da felicidade que estava a<br />
percorrer o meu coração. Estava superentusiasmada. Finalmente,<br />
a noite em que a minha família está completa chegara e as horas<br />
pareciam estar a correr muito devagar, apesar de o relógio não<br />
parar. Eram 20:00h e já estava toda a família reunida na casa<br />
<strong>do</strong>s avós, em frente à lareira. O cheiro a peru no forno percorria<br />
a casa, parecen<strong>do</strong> que já não cabia lá dentro. Não tinha nada<br />
para fazer, por isso resolvi ficar diante da árvore de Natal a<br />
observá-la. Estava tão bonita que já me tinha esqueci<strong>do</strong> de<br />
como a árvore <strong>do</strong>s meus avós fica sempre tão bonita quan<strong>do</strong> a<br />
minha avó a decora, embora eu já veja to<strong>do</strong>s aqueles enfeites há<br />
treze anos segui<strong>do</strong>s. O pres<strong>é</strong>pio segun<strong>do</strong> a minha avó já está na<br />
família há mais de noventa anos; <strong>é</strong> uma relíquia da família. É um<br />
daqueles pres<strong>é</strong>pios antigos, tipicamente portugueses que já nem<br />
se vendem nas lojas e acredito que já haja muita pouca gente<br />
a fazê-los. Perdi-me a ver o pres<strong>é</strong>pio e o tempo foi passan<strong>do</strong> e,<br />
quan<strong>do</strong> dei conta, já era meia-noite. Toda a gente já trocava os<br />
presentes.<br />
Os dias foram passan<strong>do</strong>, chegou finalmente o tão aguarda<strong>do</strong> dia<br />
31 de dezembro. Desta vez, não ia passar a passagem <strong>do</strong> ano em<br />
família, mas passá-lo-ia com amigos. Os preparativos duraram o<br />
dia to<strong>do</strong> e foi com muita emoção com que me despedi <strong>do</strong> antigo<br />
ano e abracei o novo. Como <strong>é</strong> tradição, comi as <strong>do</strong>ze passas para<br />
não me arriscar a ter má sorte.<br />
E assim foi o meu Natal e a minha passagem de ano: com muita<br />
alegria, paz e amor.<br />
Beatriz Matos, nº 1205/11, 8ºA<br />
O Amor da Natureza<br />
Era uma vez uma menina chamada Carolina que não tinha<br />
amigos.<br />
Um dia, outra menina, uma das mais simpáticas da cidade,<br />
sentou-se ao p<strong>é</strong> dela e perguntou-lhe porque <strong>é</strong> que não tinha<br />
amigos. Carolina respondeu que não os tinha porque cada vez<br />
que brincava com algu<strong>é</strong>m ralhava com essa pessoa para não<br />
estragar a Natureza. Mas ela não fazia caso. Por isso não tinha<br />
amigos.<br />
A simpática menina que se tinha senta<strong>do</strong> ao la<strong>do</strong> de Carolina<br />
teve uma ideia:<br />
— E se brincares comigo sem estragarmos a Natureza?<br />
Carolina aceitou.<br />
Brincaram muito e os outros meninos que não gostavam de<br />
Carolina ficaram com ciúmes e pediram se podiam brincar.<br />
Carolina disse que sim.<br />
Quan<strong>do</strong> acabaram de brincar, os meninos pediram desculpa a<br />
Carolina e nunca mais voltaram a estragar a Natureza.<br />
Carolina preferiu não ter amigos <strong>do</strong> que estragar a Natureza.<br />
ISTO É QUE É AMOR PELA NATUREZA.<br />
Carolina Bergano, n.º 1033/12, 6A<br />
NOTAS SOLTAS<br />
O Nascimento de Jesus<br />
Na aldeia de Nazar<strong>é</strong>, vivia uma jovem chamada Maria. Um dia, o<br />
arcanjo Gabriel apareceu-lhe e disse-lhe que teria um beb<strong>é</strong> e que<br />
devia chamar-lhe Jesus.<br />
Naquela <strong>é</strong>poca, C<strong>é</strong>sar Augusto, que governava aquelas terras,<br />
emitiu um decreto. Todas as pessoas tinham de ir para a aldeia<br />
onde tinham nasci<strong>do</strong>. Lá, os cobra<strong>do</strong>res de impostos registariam<br />
os seus nomes.<br />
Maria e o seu esposo, Jos<strong>é</strong>, fizeram uma longa viagem de Nazar<strong>é</strong><br />
at<strong>é</strong> Bel<strong>é</strong>m. Viajaram a toda a pressa, porque Maria estava à espera<br />
de um beb<strong>é</strong>. Maria ia montada num burro e Jos<strong>é</strong> caminhava a<br />
seu la<strong>do</strong>.<br />
Quan<strong>do</strong> Maria e Jos<strong>é</strong> chegaram finalmente a Bel<strong>é</strong>m, a aldeia<br />
estava cheia de gente e ningu<strong>é</strong>m tinha um quarto para eles. Por<br />
fim, Jos<strong>é</strong> e Maria chegaram a uma estalagem. Eles tinham tanto<br />
frio e estavam tão cansa<strong>do</strong>s, que se sentiram felizes por encontrar<br />
um lugar onde passar a noite. Entraram no pequeno estábulo e<br />
<strong>do</strong>rmiram sobre a palha com os animais.<br />
Durante a noite, o beb<strong>é</strong> nasceu. Era um menino, tal como o<br />
arcanjo Gabriel tinha anuncia<strong>do</strong>. Maria deu-lhe o nome de Jesus<br />
e envolveu-o em panos. Fez-lhe uma cama pon<strong>do</strong> palha numa<br />
manje<strong>do</strong>ura. Depois, deitou-o com cuida<strong>do</strong> sobre a palha.<br />
Nessa mesma noite, uns pastores estavam num campo ali próximo,<br />
a cuidar das suas ovelhas. Um anjo apareceu-lhes e disse-lhes que<br />
o menino Jesus tinha nasci<strong>do</strong>.<br />
To<strong>do</strong>s falavam <strong>do</strong> menino Jesus e queriam levar-lhe presentes.<br />
Nessa noite, quan<strong>do</strong> os três reis magos, cujos camelos estavam<br />
carrega<strong>do</strong>s com alforges, se dirigiam para Bel<strong>é</strong>m, veem algo<br />
surpreendente. Eles tamb<strong>é</strong>m iam ver o menino Jesus, que nasceu<br />
em Bel<strong>é</strong>m da Judeia, nos dias <strong>do</strong> rei Herodes. Quan<strong>do</strong> chegaram a<br />
Jerusal<strong>é</strong>m os magos vin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Oriente perguntaram: «Onde está<br />
o rei <strong>do</strong>s Judeus, que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no<br />
Oriente e vimos a<strong>do</strong>rá-lo.»<br />
E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente<br />
e parou sobre o lugar onde estava o menino. Ao ver a estrela,<br />
sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o menino com<br />
Maria e prostan<strong>do</strong>-se diante dele, a<strong>do</strong>raram-no.<br />
Depois, abrin<strong>do</strong> os seus tesouros, ofereceram-lhe presentes: o<br />
Belchior deu ouro, o Gaspar trouxe incenso,o Baltasar deu mirra.<br />
«Um menino nasceu para nós, um filho nos foi da<strong>do</strong>. Tem o poder<br />
sobre os seus ombros e será chama<strong>do</strong> Conselheiro admirável, Deus<br />
forte, Pai eterno, Príncipe da Paz. O seu poder será engrandeci<strong>do</strong><br />
numa paz sem fim» (Is 9,1.4-6a).<br />
Emanuel Fernandes, 5.º ano<br />
7
Era uma vez um Rei<br />
Era uma vez um rei de um reino muito distante.<br />
Um dia, descobriu, preocupa<strong>do</strong>, que a pequena chave que<br />
guardara na gaveta da cómoda tinha desapareci<strong>do</strong>.<br />
Aquela chave era de um baú e quem a tivesse poderia abri-lo e<br />
ficar rico.<br />
Pegou na lupa e foi procurá-la, mas o palácio era muito grande<br />
e ele não a encontrou. Então, foi viajar após esconder o baú<br />
que ainda estava fecha<strong>do</strong>. Passou por imensos lugares e em um<br />
desses era a Flashlândia e o rei abasteceu o seu navio voa<strong>do</strong>r,<br />
mas, ao andar, ia tão rápi<strong>do</strong> que passou por tantos lugares, at<strong>é</strong><br />
entrou em jogos, mas teve azar, porque um <strong>do</strong>s jogos era de<br />
guerra e danificou o navio.<br />
Viu uma porta, usou a chave mestra que tinha ao pescoço e,<br />
quan<strong>do</strong> entrou, estava no quarto <strong>do</strong> seu palácio e, quan<strong>do</strong><br />
reabriu a porta, o outro la<strong>do</strong> era a sala e não o jogo.<br />
Estavam no inverno e ficou com frio. Colocou as mãos nos<br />
bolsos das calças e sentiu algo, tirou e viu a chave <strong>do</strong> seu baú<br />
at<strong>é</strong> que ouviu o desperta<strong>do</strong>r. Era um sonho! Não tinha viaja<strong>do</strong><br />
nem perdi<strong>do</strong> a chave, era tu<strong>do</strong> um sonho e ele disse:<br />
— Os meus sonhos parecem cada vez mais reais.<br />
A Amizade<br />
8<br />
Bruno Nunes, aluno 13/11<br />
A amizade revela-se em atos de camaradagem, como por<br />
exemplo, ajudar um companheiro, ser leal, impedir que o amigo<br />
esteja mal, dar-lhe o apoio que ele necessita, ou at<strong>é</strong> corrigi-lo<br />
quan<strong>do</strong> errar.<br />
A amizade <strong>é</strong> muito importante, porque precisamos sempre de<br />
algu<strong>é</strong>m leal e confiável na nossa vida e, talvez em conjunto,<br />
atingir certos objetivos.<br />
A amizade transmite uma sensação muito boa, uma sensação de<br />
segurança, confiança, de poder contar sempre com o verdadeiro<br />
companheiro.<br />
Existem <strong>do</strong>is tipos de amigos. Há aqueles que nos pedem<br />
favores e quan<strong>do</strong> precisamos deles nunca estão disponíveis, ou<br />
presentes; para mim, são só amigos “de boca”. Existem tamb<strong>é</strong>m<br />
aqueles que arriscam uma <strong>do</strong>r na perna, ou no p<strong>é</strong> para ir correr<br />
ao nosso la<strong>do</strong>, os que nos dão alento quan<strong>do</strong> somos castiga<strong>do</strong>s<br />
injustamente, ou aqueles que dão apoio moral quan<strong>do</strong> estamos<br />
psicologicamente abati<strong>do</strong>s, os que quan<strong>do</strong> estamos em sarilhos,<br />
tentam resolvê-los, ou sofrer os problemas connosco. Estes sãos<br />
os amigos com quem podemos realmente contar.<br />
Com amigos verdadeiros, caminhas sem ter me<strong>do</strong> de cair, pois<br />
sabes que eles estarão lá para te levantar.<br />
O meu cão<br />
NOTAS SOLTAS<br />
Walter Godinho, nº 214/12, 8ºB<br />
O meu cão chama-se Danny, tem olhos verdes, pelo compri<strong>do</strong>,<br />
cauda longa e <strong>é</strong> um pastor alemão.<br />
É meigo, obediente e só quer festas.<br />
Ele gosta de brincar com bolas e passear.<br />
Quan<strong>do</strong> o meu cão vai à rua, vem logo ter comigo para eu lhe<br />
pôr a coleira; às vezes, eu solto-o para ele correr. Gosto muito<br />
dele; para mim, <strong>é</strong> um animal muito importante.<br />
Daniel Ferreira, 6.º A<br />
Uma decisão difícil<br />
Era uma vez um cão que vivia aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong> entre <strong>do</strong>is pr<strong>é</strong>dios.<br />
Num <strong>do</strong>s pr<strong>é</strong>dios vivia um rapaz pobre e, no outro, um rapaz rico.<br />
Ambos queriam o cão e, por isso, o cão teve que decidir entre um<br />
e outro. Um prometia dinheiro e uma vida de conforto e o outro<br />
amizade e brincadeira.<br />
O cão debateu-se durante dias, mas não conseguia decidir, pois<br />
toda a gente tinha opiniões diferentes. Uns diziam:<br />
— Escolhe o dinheiro, <strong>é</strong> melhor!<br />
E outros diziam:<br />
— Escolhe a amizade, pois não há dinheiro que seja melhor que<br />
um amigo.<br />
E ele respondia:<br />
— Mesmo assim não sei qual hei de escolher…<br />
O cão an<strong>do</strong>u dias e dias a recolher opiniões e sempre que passava<br />
por algu<strong>é</strong>m, perguntava:<br />
— Duas pessoas querem que eu viva com elas, uma promete-me<br />
dinheiro e a outra amizade, qual escolheria se fosse o senhor?<br />
Mas as opiniões dividiam-se e o cão estava cada vez mais confuso.<br />
Pensou, pensou… e finalmente chegou o dia da decisão. Aguar<strong>do</strong>u<br />
a chegada <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is meninos e disse:<br />
— Escolho a amizade, o amigo verdadeiro, pois a amizade vale<br />
mais <strong>do</strong> que qualquer dinheiro.<br />
Queria só aquecer-se<br />
Gonçalo Carvalho nº 211, 5º A<br />
NARRADOR – Era dia de neve e uma menina vestida de trapos<br />
tinha perdi<strong>do</strong> os sapatos da sua mãe ao atravessar a estrada.<br />
MENINA – Dói-me muito os p<strong>é</strong>s. Olha para os meus p<strong>é</strong>s, estão<br />
vermelhos de andar descalça e azuis de frio. Vou para o outro la<strong>do</strong><br />
da rua para o meio daqueles <strong>do</strong>is pr<strong>é</strong>dios, pode estar lá mais quente.<br />
Está tanto frio, preciso de me aquecer, vou acender um fósforo.<br />
Que bela chamin<strong>é</strong>, que quentinha! E com esta capa reluzente fico<br />
muito melhor. Oh! Agora que ia aquecer os p<strong>é</strong>s, apagou-se! Mas<br />
ainda tenho outro fósforo, vou acendê-lo. Hum… que saboroso<br />
peru assa<strong>do</strong> rechea<strong>do</strong> de trufas em cima daquela mesa! Espera,<br />
já sei! Estou num salão de beleza. Oh, Bolas! o fósforo apagou-se.<br />
Boa, ainda tenho mais fósforos. Vou acender outro novamente.<br />
Que bonito, um pres<strong>é</strong>pio! Este foi o pres<strong>é</strong>pio mais bonito que já<br />
vi. Mas porque <strong>é</strong> que parece que os pastores e pastoras estão a<br />
sorrir para mim? Fogo, outra vez! Foi levantar-me, que o fósforo<br />
apagou-se. Espera, ainda tenho uma caixa. Zzzzzz. Pronto rasguei<br />
a caixa. Oh! Meu Deus! Que grande luz! Avó?! Ei, ei avó, leva-me<br />
contigo estou farta de viver nesta mis<strong>é</strong>ria. Espera, olha uma estrela,<br />
a minha avó dizia-me que uma estrela cadente era sinal da presença<br />
de algu<strong>é</strong>m que tinha morri<strong>do</strong>. Obrigada, avó, por me teres trazi<strong>do</strong><br />
para aqui. E agora estou mais quente e com comida.<br />
(A menina morre de frio)<br />
HOMEM – Coitada, só queria aquecer-se.<br />
NARRADOR – E afinal a estrela a cair era a morte da menina.<br />
Catarina Moura, n.º 86/11 e Carolina Bergano n.º 1033/12, 6ºA
Pelo ambiente<br />
Queremos salvar o ambiente! Para isso precisamos de reciclar e<br />
reutilizar.<br />
As florestas e matas a arder, a arder cada vez mais. Para isso<br />
deixar de acontecer, o lixo não podemos mandar para o chão…<br />
Um grande erro que as pessoas cometem <strong>é</strong> começar a fumar;<br />
<strong>é</strong> assim inclusive que as florestas ardem. Tens de ter atenção;<br />
quan<strong>do</strong> fores acampar, não deites cigarros para o chão!<br />
A camada de ozono está completamente a acabar; se<br />
continuarmos desta forma, morreremos de calor ou at<strong>é</strong> de<br />
hipotermia. Os polos tamb<strong>é</strong>m estão a derreter cada vez mais, os<br />
animais que lá vivem um dia deixarão de lutar contra o calor e<br />
teremos de lhes dizer adeus…<br />
Agora temos várias campanhas contra a poluição, olha para elas,<br />
participa, e faz com que as outras pessoas tamb<strong>é</strong>m participem.<br />
Uma coisa muito habitual <strong>é</strong> as pessoas verem o lixo no chão<br />
e não o apanharem, porque pensam “se não <strong>é</strong> meu, porquê<br />
apanhar?”<br />
Existe uma coisa que se inventou e se chama ecoponto, por isso<br />
utiliza-o para sermos um mun<strong>do</strong> melhor.<br />
Poema visual<br />
Catarina Moura, n.º 86/11, 6.ºA<br />
Diogo Paulo, 6A<br />
NOTAS SOLTAS<br />
Guarda-chuva<br />
A minha paixão<br />
Pedro Ribeiro, 6A<br />
Era uma vez um rei que se chamava D. Dinis e uma rainha que<br />
se chamava D. Isabel. D. Dinis preocupava-se com as guerras e D.<br />
Isabel preocupava-se com a vida <strong>do</strong>s pobres.<br />
Num dia de sol e ar fresco, D. Isabel saiu de sua casa e levou<br />
consigo moedas e comida para dar aos mais pobres. De repente,<br />
D. Dinis apareceu no seu caminho e perguntou:<br />
— Isabel, que levais aí convosco?<br />
O povo assustou-se com a presença <strong>do</strong> rei e escondeu-se. A<br />
rainha Isabel conseguiu afastar as desconfianças <strong>do</strong> rei e assim<br />
os pobres voltaram a procurar a rainha.<br />
Um dia, um fidalgo foi dizer ao rei que a rainha gastava o<br />
dinheiro da coroa dan<strong>do</strong> uma grande parte aos vadios e ladrões.<br />
O rei acreditou nas palavras <strong>do</strong> fidalgo.<br />
Saiu de novo a caminho de Isabel e fez-lhe a mesma pergunta:<br />
— Isabel, que levais aí convosco?<br />
Isabel, antes de responder à pergunta, olhou para o c<strong>é</strong>u e depois<br />
respondeu.<br />
— São rosas, senhor, são rosas.<br />
Abriu o manto e lá estavam rosas. Ela ficou espantada e reparou<br />
que o pão e as moedas tinham desapareci<strong>do</strong>.<br />
Isto diz a história lendária da rainha Santa Isabel.<br />
Carlos Henriques, n.º 08 / 11, 6.º A<br />
9
O mun<strong>do</strong> vai morrer<br />
sem ningu<strong>é</strong>m se aperceber.<br />
Temos de poupar<br />
para o mun<strong>do</strong> não acabar.<br />
Os políticos não querem saber<br />
e nós to<strong>do</strong>s a perder.<br />
Temos que poupar<br />
para o mun<strong>do</strong> não desabar.<br />
Poupar, poupar<br />
e rosas plantar.<br />
Ajudem o mun<strong>do</strong><br />
para podermos brincar.<br />
Um poema de Natal diverti<strong>do</strong><br />
10<br />
Ecologia<br />
Joãozinho<br />
Pedro Ribeiro, n.º 92/10, 6.º A<br />
Joãozinho <strong>é</strong> um rapazinho<br />
muito engraçadinho com muitos<br />
problemas, partiu isto, partiu aquilo,<br />
não para quieto, parece um grilo.<br />
Vai para casa, põe-se logo a comer.<br />
massa. Joãozinho, Joãozinho, vai ao<br />
Pingo Doce, compra logo um <strong>do</strong>cinho,<br />
Joãozinho, Joãozinho, não para quietinho,<br />
Parece um passarinho.<br />
Joãozinho campeão, não comas a correr,<br />
senão podes morrer. Joãozinho, estuda,<br />
estuda, muda, muda, para quietinho senão<br />
Tens um ataquezinho, seu rapazinho.<br />
Joãozinho, Joãozinho, vês muito MEO,<br />
não comas mais Estrelitas, senão vais<br />
para o c<strong>é</strong>u e lá não há MEO, Joãozinho,<br />
Joãozinho, vais ao jogo <strong>do</strong> Benfica,<br />
faz com que tenha pica.<br />
Henrique Gonçalves, n.º 379/12, 6.º A<br />
No dia 25 de dezembro<br />
Festeja-se o dia de Natal,<br />
Mas os presentes não são de madeira,<br />
Mas sim de metal.<br />
No Natal há uma ceia<br />
Pois nasceu Jesus,<br />
Mas com pena <strong>do</strong> peru<br />
Come-se uma avestruz.<br />
O Pai Natal desce a chamin<strong>é</strong><br />
Para entregar os presentes<br />
Sem querer tropeça no telha<strong>do</strong><br />
E parte os dentes.<br />
NOTAS SOLTAS<br />
Vicente Vaz, nº 70, 5ºA<br />
Carnaval<br />
É dia de Carnaval,<br />
Não se para de correr,<br />
E com a Batalha Campal<br />
Estamos to<strong>do</strong>s a morrer!<br />
É dia de Carnaval,<br />
Há guerra de balões,<br />
E com toda a agitação<br />
Há imensos “furacões”. Vicente Vaz, nº 70, 5ºA<br />
O ratinho e a raposa<br />
Numa tarde de verão, na floresta, estava um ratinho a passear<br />
no seu terreno, at<strong>é</strong> que... avista uma raposa lá ao fun<strong>do</strong> a caçar.<br />
Tinha um ar esfomea<strong>do</strong> e atento. O ratinho, que era sensível, ficou<br />
logo cheio de me<strong>do</strong>, mas com tanto me<strong>do</strong> que at<strong>é</strong> deu um grito.<br />
A raposa, logo que o ouviu, correu em direção ao pequenote para<br />
o comer. Mas o ratinho safou-se, pois desta vez deu um berro tão<br />
forte que quase pôs a raposa surda.<br />
— MAS TU ESTÁS MALUCO OU QUÊ??? — interrogou a raposa<br />
esfregan<strong>do</strong> a orelha com a pata.<br />
— Peço imensa desculpa, mestre — desculpou-se o bichano com<br />
timidez — não tinha intenção de a provocar.<br />
— Mas provocaste! Só não te como porque não <strong>é</strong>s <strong>do</strong> meu agra<strong>do</strong>,<br />
sua miniatura! — disse a raposa zangada.<br />
O ratinho nem chegou a responder, virou-se apenas e fugiu que<br />
nem um louco.<br />
Semanas após este encontro, na floresta, andava a raposa à<br />
procura de alimento, quan<strong>do</strong>, de repente, apareceu um homem<br />
com uma espingarda pronto para a matar. A raposa deu um uivo<br />
tão alto que at<strong>é</strong> o ratinho, na sua toca, o ouviu. Assusta<strong>do</strong> seguiu o<br />
som e encontrou a pobre raposa prestes a ser morta. O pequenote<br />
encheu-se de coragem, entrou nas calças <strong>do</strong> caça<strong>do</strong>r e mordeu-o.<br />
O homem deu um grito de <strong>do</strong>r, fugiu e nunca mais voltou.<br />
A partir daí, o ratinho e a raposa ficaram amigos para sempre.<br />
O leão e o búfalo<br />
Ana Pontes, nº 1401, 5ºB<br />
O leão, o muito conheci<strong>do</strong> rei da selva, tem muitos amigos,<br />
bem... ou pelo menos pensava ter at<strong>é</strong> ao dia em que, já velho,<br />
foi derrota<strong>do</strong> numa luta. Querem que eu vos conte como foi?<br />
Então vamos a isso...<br />
Era uma manhã fria, mas com muito sol, e o descendente de<br />
outro leão reclamou o trono desafian<strong>do</strong> o nosso amigo Ferdinan<br />
(era assim que ele se chamava) para uma luta. Foi uma luta<br />
equilibrada, mas no final o Ferdinan perdeu.<br />
À medida que os dias iam passan<strong>do</strong>, o nosso amigo Ferdinan ia<br />
perden<strong>do</strong> os seus amigos, com exceção <strong>do</strong> búfalo Esval<strong>do</strong>. Certo<br />
dia, o leão perguntou-lhe o seguinte:<br />
— Por que não te vais embora como os meus outros amigos?<br />
E o Esval<strong>do</strong> respondeu, de seguida:<br />
— Porque eu sou um amigo verdadeiro e os outros não. E porque<br />
o poder só traz a inveja e os amigos de conveniência e as<br />
amizades verdadeiras não, são para toda a vida.<br />
Gonçalo Fonseca, nº 272, 5ºB
Pilão minha Vida<br />
Ser Pilão <strong>é</strong> um sentimento<br />
Que não se sente<br />
Vive-se…<br />
Ser Pilão <strong>é</strong> chorar<br />
Com lágrimas de quem chora<br />
E sente…<br />
Sente, a saudade<br />
Saudade da casa que nos vê meninos<br />
E nos faz Homens…<br />
É entoar o hino<br />
Com toda a sua alma e força<br />
Fazen<strong>do</strong> estremecer as paredes <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>…<br />
É ter orgulho na farda<br />
Estimá-la e amá-la<br />
Acima <strong>do</strong> amor que <strong>é</strong> nosso…<br />
É dar a vida pela Pátria<br />
E honrar severamente<br />
Os seus símbolos e a sua bandeira…<br />
É fazer laços<br />
Laços para a vida<br />
E contigo Pilão, para a eternidade…<br />
É dedicar ao estu<strong>do</strong><br />
Toda a sua inteligência<br />
E vontade…<br />
É ter gestos que não são nossos<br />
É curar a alma<br />
Mesmo quan<strong>do</strong> ela sangra…<br />
É agradecer mais uma alvorada<br />
E vivê-la<br />
Como se fosse a última…<br />
É amar a barretina<br />
Mais que o amor<br />
Que nos deu nossa Mãe…<br />
É ter como pais<br />
Os nossos alunos comandantes<br />
Que pela nossa guarda zelam…<br />
Ser Pilão <strong>é</strong> ter a verdade<br />
E a honestidade<br />
Como apeli<strong>do</strong>…<br />
É ter vontade<br />
E saber parar<br />
Mas nunca parar de ter vontade…<br />
É chorar só de pensar<br />
Que cá dentro<br />
O tempo está a passar…<br />
E dar por si a pensar…<br />
O Pilão <strong>é</strong> a minha Vida…<br />
E lá para sempre quero ficar…<br />
Andr<strong>é</strong> Gomes 29 / 11<br />
NOTAS SOLTAS<br />
O gato e o cão<br />
Era uma vez um gato chama<strong>do</strong> Miau e um cão chama<strong>do</strong> Simba<br />
eram os melhores amigos.<br />
O Miau e o Simba andavam sempre juntos e nunca se separavam,<br />
at<strong>é</strong> ao dia em que começou a faltar a comida.<br />
— Simba, já não temos comida! — exclamou Miau.<br />
— Eu sei, mas não te aflijas. Havemos de resolver o problema —<br />
afirmou Simba a chorar.<br />
Mas o problema não se resolvia e certo dia a gata Flafi, a gata<br />
mais rica da aldeia, aproximou-se <strong>do</strong> Miau e disse:<br />
— Olá, Miau. Quero fazer-te uma proposta, pode ser?<br />
— Sim, sim, diz — respondeu ansiosa.<br />
— Dou-te to<strong>do</strong> o dinheiro que precisas, se não falares nunca<br />
mais com o Simba – propôs Flafi.<br />
E assim Miau fugiu para longe de Simba sem qualquer explicação.<br />
Mas os dias passavam e o gato sentia-se muito só, muito infeliz e<br />
cheio de saudades <strong>do</strong> seu grande amigo. Então resolveu devolver<br />
o dinheiro e voltar para junto de Simba, e sabem porquê?<br />
Porque os amigos valem mais que o dinheiro!<br />
Maria Inês Parreira, nº 1203, 5ºB<br />
O Natal<br />
O Natal consiste no nascimento de Jesus Cristo, o nosso grande<br />
salva<strong>do</strong>r. Nasceu no ano I e foi a partir daí que os cristãos<br />
começaram a contar o tempo.<br />
Jesus nasceu em Israel, mais propriamente em Bel<strong>é</strong>m que faz<br />
parte de Judá.<br />
Os anjos anunciaram esse grande acontecimento aos pastores,<br />
de forma a que estes o fossem conhecer.<br />
Os três reis magos, Gaspar, Baltazar e Belchior tamb<strong>é</strong>m assistiram<br />
ao nascimento <strong>do</strong> menino e trouxeram-lhe alguns presentes,<br />
tais como ouro, incenso e mirra.<br />
Quan<strong>do</strong> o rei Herodes soube <strong>do</strong> nascimento de Jesus e que este<br />
iria ser “superior”, mais respeita<strong>do</strong> e admira<strong>do</strong> pelo povo <strong>do</strong> que<br />
ele, man<strong>do</strong>u matar todas as crianças com menos de um ano de<br />
idade. Contu<strong>do</strong>, Jesus e a sua família fugiram e foram viver para<br />
outro local chama<strong>do</strong> Egito, esperan<strong>do</strong> a morte <strong>do</strong> rei Herodes.<br />
Após a morte <strong>do</strong> rei, Jesus e a sua família foram viver para<br />
Nazar<strong>é</strong>. Foi em Jerusal<strong>é</strong>m que Jesus veio a falecer com 33 anos.<br />
Desde então, na grande maioria <strong>do</strong>s países <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, os cristãos<br />
festejam o Natal a 25 de dezembro. As famílias reunem-se e<br />
confraternizam num ambiente de paz, amor e harmonia.<br />
Afonso Carvalho, n.º 88 / 12, 5.º ano<br />
11
Eros e Psique<br />
Análise <strong>do</strong> texto (continuação <strong>do</strong> número anterior)<br />
A primeira estrofe inscreve a narrativa na tradicional «lenda»<br />
de uma princesa que havia si<strong>do</strong> sujeita a um encantamento<br />
e estava, por isso, em esta<strong>do</strong> de <strong>do</strong>rmência. Só um infante<br />
(príncipe) que chegasse de terras longínquas poderia quebrar<br />
tal sortil<strong>é</strong>gio maligno. É relevante observar que não há aqui<br />
qualquer referência ao amor, aspeto essencial <strong>do</strong> conto<br />
tradicional, bem como <strong>do</strong> mito de Eros e Psique. Parece,<br />
pois, que o percurso <strong>do</strong> príncipe em direção à princesa não<br />
<strong>é</strong> motiva<strong>do</strong> pelo amor, mas por qualquer outro valor cujos<br />
contornos ainda não são evidentes.<br />
12<br />
ESCRITOS<br />
O tema <strong>do</strong> a<strong>do</strong>rmecimento feminino, bem como o <strong>do</strong> seu<br />
despertar por obra <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> elemento <strong>do</strong> par (o elemento<br />
masculino) prov<strong>é</strong>m tanto <strong>do</strong> conto tradicional como <strong>do</strong> mito<br />
grego.<br />
Mas o itinerário que haveria de conduzir o infante à princesa não<br />
seria fácil. Na segunda estrofe, refere-se que o infante estaria<br />
sujeito à tentação (de seguir o caminho erra<strong>do</strong>: o caminho<br />
mais fácil, o caminho <strong>do</strong> prazer?). Certo <strong>é</strong> que tal tentação,<br />
sem contornos bem defini<strong>do</strong>s, o haveria de impelir para longe<br />
da princesa. Há, portanto, <strong>do</strong>is percursos alternativos: o que<br />
conduz à princesa (o caminho certo) e o que o afasta dela (o<br />
caminho erra<strong>do</strong>). Numa primeira leitura, temos a sensação de<br />
estar perante a tradicional dicotomia <strong>é</strong>tico-metafísica bem-mal.<br />
Mas o segun<strong>do</strong> verso falsifica tal hipótese. A tentação a que o<br />
infante está sujeito <strong>é</strong> precisamente a de enveredar pelo caminho<br />
<strong>é</strong>tico-metafísico <strong>do</strong> mal e <strong>do</strong> bem. Pelo contrário, o caminho<br />
que há de conduzir à princesa não vê a ação humana restringida<br />
por regras ou valores morais que inscrevem o comportamento<br />
humano num da<strong>do</strong> arqu<strong>é</strong>tipo pr<strong>é</strong>-estabeleci<strong>do</strong>. E quan<strong>do</strong> o<br />
narra<strong>do</strong>r alude à libertação <strong>do</strong> infante, tal condição só parece<br />
poder ser interpretada como libertação <strong>do</strong>s valores <strong>é</strong>tico-morais<br />
que, em princípio, impedem o herói de alcançar o propósito<br />
da sua existência, representa<strong>do</strong> pela princesa em esta<strong>do</strong> de<br />
a<strong>do</strong>rmecimento e pelo caminho certo que a ela conduz.<br />
Esta ideia de um percurso para lá <strong>do</strong> bem e <strong>do</strong> mal relembra<br />
a filosofia de Nietzsche. A relação entre este filósofo e Pessoa<br />
<strong>é</strong> evidente (Dix, 2008: 530-533) não apenas pelo contacto<br />
direto com algumas (poucas) obras <strong>do</strong> pensa<strong>do</strong>r alemão, mas<br />
indiretamente atrav<strong>é</strong>s da leitura de vários int<strong>é</strong>rpretes dele. «(…)<br />
evocan<strong>do</strong> as referências de Pessoa à “transformação <strong>do</strong>s valores”<br />
podíamos dizer que ele foi ainda um leitor <strong>do</strong> livro Para lá <strong>do</strong><br />
bem e <strong>do</strong> mal, embora cada confirmação neste senti<strong>do</strong> não<br />
deixe de ser uma mera especulação» (Dix, 2008: 531).<br />
Se bem que encontramos em Pessoa uma avaliação ora positiva<br />
ora negativa da obra nietzschiana, certo <strong>é</strong> que os <strong>do</strong>is autores<br />
advogam, pelo menos no que se refere aos principais heterónimos<br />
de Pessoa, a recusa <strong>do</strong> universo de valores cristãos, interpreta<strong>do</strong>s<br />
como renúncia ao mun<strong>do</strong> da vida, e a instauração <strong>do</strong> processo<br />
criativo de novos valores, ínsitos ao sujeito humano. Quer<br />
interpretemos este passo <strong>do</strong> texto pessoano como referência<br />
a Nietzsche, quer o não façamos, certo <strong>é</strong> que o caminho da<br />
libertação humana se concretiza a partir de um universo que<br />
não remete para a <strong>é</strong>tica <strong>do</strong> bem e <strong>do</strong> mal.<br />
A terceira estrofe focaliza a narração na princesa. A sua<br />
condição de inconsciência a<strong>do</strong>rmecida pode fazer-nos duvidar<br />
de que espere o que quer que seja. É que para esperar, para<br />
ter esperança, para mover a própria consciência em direção a<br />
um futuro deseja<strong>do</strong>, mas ausente, <strong>é</strong> preciso que se esteja na<br />
posse plena da própria consciência. A sua aparente atitude de<br />
espera, se existir, <strong>é</strong> passiva, inconsciente, não motivada, alheia à<br />
vontade. É a condição de quem está ali como um ser inanima<strong>do</strong><br />
está onde está. Contu<strong>do</strong>, talvez uma r<strong>é</strong>stia de esperança se possa<br />
colher no sono. A consciência não está inteiramente apagada,<br />
pode sonhar, pode criar, sem que a sua vontade seja convocada,<br />
mun<strong>do</strong>s inexistentes. E <strong>é</strong> exatamente isso que lhe acontece:<br />
sonha a sua vida. O facto de a sonhar envolve-a num esta<strong>do</strong> de<br />
irrealidade que <strong>é</strong>, por princípio, contraditório com a vida, com<br />
o que verdadeiramente existe. É por isso que «sonha em morte»,<br />
no esta<strong>do</strong> letárgico da sua inexistência. É um mero arreme<strong>do</strong> de<br />
vida, a situação em que encontra; na linha de fronteira entre a<br />
morte e a vida, o nada e o ser.<br />
O quarto verso desta estância reforça os aspetos já referi<strong>do</strong>s.<br />
Numa bela hipálage («fronte esquecida»), o narra<strong>do</strong>r descreve<br />
a mente da princesa nesse esta<strong>do</strong> letárgico, esquecida de si<br />
mesma e da vida. Todavia, uma grinalda de hera orna-lhe a<br />
fronte. Talvez remeta para Hera, a deusa grega, irmã e mulher<br />
de Zeus, protetora <strong>do</strong> casamento e da fidelidade conjugal. A sua<br />
teimosa vaidade fez dela a maior inimiga de Afrodite, a deusa<br />
<strong>do</strong> amor. E, porventura, a sua aparição no poema relaciona-se<br />
com a ausência <strong>do</strong> amor enquanto propósito das personagens.<br />
De qualquer forma, trata-se de uma grinalda ornamental, verde<br />
(viçosa, por oposição à princesa), indício de que a vida ainda se<br />
não esfumou daquela mulher que descansa na fronteira entre a<br />
vida e a morte.<br />
A quarta estrofe regressa ao infante e ao seu percurso. O narra<strong>do</strong>r<br />
precisa que o protagonista ainda se encontra longe da princesa<br />
e que, sem consciência alguma <strong>do</strong> seu propósito, se esforça por
omper o caminho que lhe está destina<strong>do</strong> (fada<strong>do</strong>). O que move<br />
o herói não <strong>é</strong>, pois, a consciência da sua missão, a vontade de<br />
triunfar sobre as forças adversas para alcançar uma finalidade<br />
que se apresente clara à sua mente. O que o move <strong>é</strong>, na verdade,<br />
o cego destino (cf. primeiro verso da estância seguinte), o fa<strong>do</strong>,<br />
que, segun<strong>do</strong> a mitologia greco-latina, determinava a vida<br />
humana e a vida <strong>do</strong>s deuses, não sen<strong>do</strong> possível escapar aos<br />
seus ditames avassala<strong>do</strong>res.<br />
Há, pois, uma clara coincidência entre a situação da princesa e<br />
a <strong>do</strong> infante: ambos navegam na inconsciência da sua própria<br />
condição. Apesar de a atitude dela ser eminentemente passiva<br />
e a dele aparentemente ativa, não se descortina diferença<br />
substancial na condição das duas personagens: ambas<br />
reciprocamente desconhecidas (cf. o quiasmo <strong>do</strong> início <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is<br />
últimos versos: «Ele dela» / «Ela para ele»), ambas ignorantes<br />
<strong>do</strong> seu próprio destino, ambas conduzidas por forças ocultas<br />
que não controlam, pairam num mun<strong>do</strong> onde a liberdade e a<br />
vontade pessoal são impossibilidades factuais.<br />
A quinta estância corrobora o que foi transmiti<strong>do</strong> na anterior.<br />
É o Destino (com maiúscula inicial, ser superiormente<br />
personifica<strong>do</strong>, como na mitologia) que comanda to<strong>do</strong> o<br />
processo de libertação. Talvez por isso o bem e o mal estejam<br />
afasta<strong>do</strong>s deste empreendimento. É que os valores morais<br />
norteiam comportamentos de seres livres, que tomam decisões,<br />
que constroem a sua existência, que advogam para si mesmos<br />
aquela autonomia que se não compadece com um destino pr<strong>é</strong>-<br />
-fixa<strong>do</strong>. Por<strong>é</strong>m, no presente caso, assistimos à configuração de<br />
duas personagens que não <strong>do</strong>minam a própria existência, que<br />
não são autónomas exatamente porque o não podem ser, uma<br />
vez que obedecem simplesmente a determinações superiores<br />
que lhes não permitem, por enquanto, despertar para a vida.<br />
Vivem numa esp<strong>é</strong>cie de esta<strong>do</strong> de inocência anterior à tomada<br />
de consciência de si mesmos e, por conseguinte, anterior<br />
a qualquer ato interpretável eticamente. Embora não haja<br />
qualquer alusão ao paraíso bíblico, os nossos heróis parecem<br />
identificar-se com a inocência de Adão e Eva antes de haverem<br />
prova<strong>do</strong> o fruto da árvore <strong>do</strong> conhecimento <strong>do</strong> bem e <strong>do</strong> mal.<br />
Só no momento em que se conhece a verdade <strong>é</strong>tica se está em<br />
condições de tomar decisões com relevância moral. Antes disso,<br />
quan<strong>do</strong> a inconsciência de si mesmo, enquanto ser responsável<br />
pelo próprio destino, <strong>do</strong>mina o coração humano, nenhuma<br />
humanidade pode acontecer.<br />
A condição de cada um está, pois, inscrita no coração <strong>do</strong><br />
Destino. Se ela <strong>do</strong>rme, <strong>é</strong> porque assim tem de acontecer; se ele a<br />
busca, ainda que sem consciência disso mesmo, <strong>é</strong> porque assim<br />
tem de fazer. Princesa e infante são meros títeres nas mãos da<br />
providência <strong>do</strong>s deuses; estão longe de assumirem a condição<br />
humana em toda a sua vastidão.<br />
A sexta estrofe opõe a obscuridade de tu<strong>do</strong> o que existe na<br />
estrada à atitude segura <strong>do</strong> infante. Sen<strong>do</strong> o resulta<strong>do</strong> de um<br />
processo divino, a estrada não deveria, segun<strong>do</strong> os cânones<br />
tradicionais, ser obscura, uma vez que tu<strong>do</strong> o que tem origem<br />
na divindade <strong>é</strong>, de acor<strong>do</strong> com tais cânones, luminoso. De<br />
qualquer forma, embora o adjetivo «obscuro» esteja diretamente<br />
relaciona<strong>do</strong> com tu<strong>do</strong> o que existe na estrada, talvez se deva<br />
interpretar como referente à condição <strong>do</strong> sujeito. É o infante<br />
que, na sua ignorância, não pode ver com clareza o caminho<br />
que percorre. Fica assim explica<strong>do</strong> o motivo por que, neste<br />
ESCRITOS<br />
contexto, <strong>é</strong> usa<strong>do</strong> o adjetivo «falso» para qualificar a mesma<br />
realidade. A estrada que ele percorre <strong>é</strong> falsa porque <strong>é</strong> falsa a sua<br />
condição de ser que desconhece a verdade, que se desconhece<br />
a si mesmo, que não tem a mínima noção da finalidade <strong>do</strong> seu<br />
itinerário. E apesar disso, mergulha<strong>do</strong> na sua inconsciência, vai<br />
seguro (porque o destino assim o determina), derrotan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s<br />
os obstáculos que se lhe opõem, at<strong>é</strong> ao lugar para onde o fa<strong>do</strong> o<br />
havia guarda<strong>do</strong>, junto ao corpo a<strong>do</strong>rmeci<strong>do</strong> da princesa. Talvez<br />
seja ali o local e o tempo da sua humanização, da tomada de<br />
consciência de quem <strong>é</strong>, de onde vem e para onde vai.<br />
Na s<strong>é</strong>tima estância ocorre o desfecho surpreendente de toda<br />
a mat<strong>é</strong>ria dieg<strong>é</strong>tica, afastan<strong>do</strong>-se, assim, <strong>do</strong> conto que parece<br />
narrar. E <strong>é</strong>, sobretu<strong>do</strong>, este explicit inespera<strong>do</strong> que nos põe<br />
de sobreaviso a respeito da autêntica interpretação <strong>do</strong> texto.<br />
Num gesto quase banal, após uma longa caminhada repleta<br />
de inenarráveis obstruções que deixam marcas no corpo e na<br />
mente, o herói ergue a mão à cabeça e acha nela… a grinalda<br />
de hera que ornara a fronte da princesa a<strong>do</strong>rmecida. Toma<br />
então consciência da sua identificação com ela. Tamb<strong>é</strong>m ele<br />
estivera a<strong>do</strong>rmeci<strong>do</strong>, inconsciente <strong>do</strong> caminho a percorrer,<br />
longe da verdade da vida e da verdade de si mesmo. Talvez tu<strong>do</strong><br />
aquilo por que passara não tivesse si<strong>do</strong> mais <strong>do</strong> que um sonho,<br />
como a terceira estrofe parece insinuar («Sonha em morte a<br />
sua vida»). Tu<strong>do</strong> parece jogar-se na oposição entre o esta<strong>do</strong> de<br />
inconsciência que o sono configura e o ato de despertar desse<br />
esta<strong>do</strong>. Mas, contrariamente ao conto da «Bela a<strong>do</strong>rmecida»<br />
no qual <strong>é</strong> o beijo (o amor e a sua expressão) que tem esse<br />
efeito alquímico de despertar o outro para a verdade da vida,<br />
contrariamente tamb<strong>é</strong>m ao mito de Eros e Psique no qual Psique<br />
<strong>é</strong> resgatada ao sono mortal pela força <strong>do</strong> Amor (Eros), no poema<br />
não <strong>é</strong> o amor que salva, mas o conhecimento, ou melhor, o<br />
autoconhecimento, a descoberta de si mesmo e da sua condição.<br />
Apenas quan<strong>do</strong> o sujeito se percebe à deriva no mun<strong>do</strong> das<br />
muitas tentações, <strong>do</strong>s obstáculos que a vida quotidiana incute,<br />
intentan<strong>do</strong> desviá-lo <strong>do</strong> seu itinerário para o absoluto, <strong>é</strong> que<br />
se torna realmente humano e inicia esse processo alquímico<br />
de transfiguração pessoal rumo ao infinito que mora afinal no<br />
interior de si mesmo. Mas esse aperfeiçoamento pessoal, esse<br />
caminho de identificação com a divindade, com a perfeição<br />
absoluta só poderá iniciar-se depois de se haver desperta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
sono, ou seja, da ilusão de que a verdade autêntica, a realidade<br />
profunda se encontra no mun<strong>do</strong> fragmenta<strong>do</strong>, plural e exterior<br />
ao sujeito. É preciso tomar consciência de que só no infinito,<br />
simultaneamente transcendente e imanente, pode o ser humano<br />
13
encontrar a razão <strong>do</strong> seu ser, como refere Pessoa na carta a<br />
A<strong>do</strong>lfo Casais Monteiro citada acima.<br />
Vivemos, pois, o mais das vezes, mergulha<strong>do</strong>s na inconsciência<br />
da vida, da Vida autêntica, não da vida biológica, da verdade<br />
total e plena e <strong>do</strong> percurso espiritual at<strong>é</strong> ela. Viver <strong>do</strong> quotidiano<br />
<strong>é</strong> viver a<strong>do</strong>rmeci<strong>do</strong>, na falsidade de cada evento ef<strong>é</strong>mero, na<br />
obscuridade de cada breve momento, negan<strong>do</strong> a autêntica<br />
realidade que só a unidade divina pode configurar. Tomar<br />
consciência disso <strong>é</strong> abraçar o processo de autotransformação<br />
at<strong>é</strong> alcançar a plena unidade com o uno-to<strong>do</strong>, com a<br />
Verdade, com a Vida. E deste mo<strong>do</strong> se realiza o que a epígrafe<br />
misteriosamente propusera. Este processo de mutação <strong>do</strong> sujeito<br />
não se conclui num único momento; <strong>é</strong> um caminho continua<strong>do</strong><br />
passan<strong>do</strong> por diferentes graus de perfeição interior (de que<br />
os graus das ordens medievais são símbolos), como as teorias<br />
ocultistas e gnósticas propunham. No constante investimento<br />
<strong>do</strong> sujeito neste complexo processo pessoal, aquilo que parecem<br />
ser elementos racionalmente contraditórios apontam afinal<br />
para uma e a mesma verdade. Talvez aqui se aluda ao conceito<br />
de coincidentia oppositorum que Nicolau de Cusa advoga<br />
para conceber Deus, enquanto identificação <strong>do</strong> máximo e <strong>do</strong><br />
mínimo, <strong>do</strong> nada e <strong>do</strong> ser, da luz e da treva, ainda que, dada<br />
a transcendência e inefabilidade divina, tais conceitos estejam<br />
para lá das capacidades da razão humana.<br />
Indicações bibliográficas<br />
COSTA Paula Cristina. 2008. Eros e Psique. In Dicionário de Fernan<strong>do</strong><br />
Pessoa e <strong>do</strong> Modernismo português. Coordenação de Fernan<strong>do</strong> Cabral<br />
Martins. Editorial Caminho.<br />
CUSA Nicolau de. 2003. A <strong>do</strong>uta ignorância. Fundação Calouste<br />
Gulbenkian. Lisboa.<br />
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PESSOA Fernan<strong>do</strong>. 1987b. Obra po<strong>é</strong>tica de Fernan<strong>do</strong> Pessoa, Poesia II,<br />
1930-1933. Organização de António Quadros. Livros de Bolso Europa-<br />
Am<strong>é</strong>rica, 437. Publicações Europa-Am<strong>é</strong>rica. Mem Martins.<br />
PESSOA Fernan<strong>do</strong>. 1998. Ficções <strong>do</strong> interlúdio, 1914-1935. Edição de<br />
Fernan<strong>do</strong> Cabral Monteiro. Obras de Fernan<strong>do</strong> Pessoa, 5. Assírio &<br />
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Edições Almedina. Coimbra.<br />
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literários. Livraria Almedina. Coimbra.<br />
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Editorial Caminho.<br />
SILVA Manuela Parreira da. 2008. Pessoa ortónimo. In Dicionário<br />
de Fernan<strong>do</strong> Pessoa e <strong>do</strong> Modernismo português. Coordenação de<br />
Fernan<strong>do</strong> Cabral Martins. Editorial Caminho.<br />
Jorge Paulo
XXI COLÓQUIO DE HISTÓRIA MILITAR<br />
O Conde reinante Wilhelm de Schaumburg-Lippe:<br />
«Se queres a paz prepara a guerra»<br />
(Si vis pacem para bellum)<br />
Figura 1: O Conde reinante, Wilhelm de Lippe. Desenho atribuí<strong>do</strong> ao Cavaleiro<br />
de Faria. (Manuscrito da Biblioteca da Academia Militar)<br />
A chamada «Guerra <strong>do</strong>s Sete Anos» desenrolou-se entre 1756<br />
e 1763. Este conflito envolveu, mais uma vez, os tradicionais<br />
inimigos (a Inglaterra e a França, apoiada pela Espanha) que<br />
pretendiam o controlo <strong>do</strong> com<strong>é</strong>rcio marítimo nas Índias<br />
Orientais e na Am<strong>é</strong>rica <strong>do</strong> Norte.<br />
Na sequência dessa guerra, deu-se o chama<strong>do</strong> episódio da<br />
batalha naval de Lagos, em 1759, em que os navios franceses<br />
tiveram que fugir perante a esquadra inglesa. Em 1761 já se<br />
tinha assina<strong>do</strong> o Pacto de Família entre Luís XV de França<br />
e Carlos III de Espanha, isto <strong>é</strong>, a aliança entre os diferentes<br />
ramos <strong>do</strong>s Bourbons.<br />
O rei D. Jos<strong>é</strong> I de Portugal, apesar de ser casa<strong>do</strong> com uma<br />
princesa Bourbon, não aderiu a este Pacto, uma vez que era<br />
velho alia<strong>do</strong> de Inglaterra. Assim, em novembro de 1761,<br />
já havia uma certa preocupação com a preparação militar,<br />
visan<strong>do</strong> o conflito. Entretanto, o Governo português tinha<br />
começa<strong>do</strong> a tomar medidas importantes <strong>do</strong> ponto de vista<br />
militar: tinha si<strong>do</strong> obrigatória a completa uniformidade na<br />
ordenança e foram cria<strong>do</strong>s distintivos nos uniformes <strong>do</strong>s<br />
diferentes postos de oficiais. Organizou-se o Esta<strong>do</strong> Maior<br />
ESCRITOS<br />
General, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> cria<strong>do</strong> o cargo de Marechal <strong>do</strong>s Ex<strong>é</strong>rcitos.<br />
Aumentaram-se os efetivos das unidades de infantaria,<br />
cavalaria e artilharia para 40000 praças (abril de 1762).<br />
Os embaixa<strong>do</strong>res de França e Espanha em Portugal, nos<br />
meses de março e abril de 1762, tentam freneticamente que<br />
Portugal fique <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s seus países. Não conseguiram e<br />
aban<strong>do</strong>naram Lisboa. A guerra foi inevitável.<br />
É então que a Espanha, sentin<strong>do</strong>-se ofendida pelo episódio<br />
de Lagos, invade Portugal cerca de três anos depois com um<br />
ex<strong>é</strong>rcito de cerca 40000 homens. Entram por Trás-os-Montes<br />
em maio de 1762. Ocupam Miranda, Bragança, Chaves e<br />
Torre Moncorvo e, continuan<strong>do</strong> em território nacional,<br />
conquistaram Almeida e chegaram a Castelo Branco. Na<br />
sequência desse episódio, Portugal declarou guerra à Espanha<br />
e à França.<br />
Mas… era preciso que a velha aliança com a Inglaterra<br />
desse os seus frutos. Entretanto, tinham chega<strong>do</strong> a Portugal<br />
forças auxiliares britânicas, chefiadas pelo general George<br />
Townshend.<br />
Foi solicitada ajuda militar ao mais alto nível, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong><br />
escolhi<strong>do</strong>, por sugestão inglesa, o Conde reinante de<br />
Schaumburg Lippe Buckeburg como Comandante <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito<br />
luso-britânico. Mas por quê?<br />
Devi<strong>do</strong> à sua competência militar e ao parentesco familiar com<br />
o Rei George III de Inglaterra, (seria portanto primo) foi indica<strong>do</strong><br />
por este para Marechal General <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito luso-britânico, em<br />
1762, na Guerra <strong>do</strong>s Sete Anos (no último ano da chamada<br />
Guerra Fantástica).<br />
Chamava-se Guerra Fantástica por não ter si<strong>do</strong> travada<br />
nenhuma batalha importante. É interessante saber que a<br />
esta Guerra ainda se deu o nome de Guerra <strong>do</strong> Mirandum ou<br />
<strong>do</strong> Pacto de Família. Foi o nome pelo qual ficou conhecida<br />
a participação de Portugal na Guerra <strong>do</strong>s Sete Anos. (Esta<br />
guerra começara em 1756 e foi at<strong>é</strong> 1763).<br />
Os conflitos sucediam-se uns aos outros. Esta Guerra afinal<br />
continuara a da Sucessão da Áustria de 1641 a 1647.<br />
Chama<strong>do</strong> a Portugal pelo Primeiro Ministro <strong>do</strong> rei D. Jos<strong>é</strong> I,<br />
Sebastião Jos<strong>é</strong> de Carvalho e Melo, Conde de Oeiras, Lippe<br />
chegou a 3 de julho de 1762. Acompanhava-o um grupo de<br />
oficiais (alguns maçons), prussianos, escoceses, ingleses e,<br />
entre eles, o irmão da Rainha de Inglaterra, o Príncipe Carlos<br />
Luís Frederico, Duque de M<strong>é</strong>klemburgo.<br />
Foi incumbi<strong>do</strong> de tentar prover à defesa <strong>do</strong> território<br />
português. As fronteiras não estavam protegidas, as praças-<br />
-fortes estavam sem efetivos. Os oficiais e os solda<strong>do</strong>s<br />
careciam de instrução. A indisciplina era uma constante e já<br />
era tradicional. Os altos postos <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito eram distribuí<strong>do</strong>s<br />
pelas principais famílias da nobreza, não interessan<strong>do</strong> a<br />
formação e a competência militar. Os depósitos de material de<br />
guerra ou estavam praticamente vazios ou quan<strong>do</strong> existiam<br />
eram de material obsoleto.<br />
15
16<br />
ESCRITOS<br />
Mas quem era este político e militar alemão? Para o dar a conhecer melhor, vou completar o seu retrato,<br />
citan<strong>do</strong> o que o General Augusto Xavier Palmeirim escreveu na<br />
sua obra «Alguns factos militares portugueses <strong>do</strong> s<strong>é</strong>culo XVIII<br />
na página 17 e que <strong>é</strong> transcrito na obra «A Guerra Fantástica -<br />
1762» <strong>do</strong> General António Barreto:<br />
Quadro a óleo de Ziesenis <strong>do</strong><br />
Conde reinante Wilhelm de<br />
Lippe existente em Buckeburb<br />
na Alemanha. Vestia a casaca de<br />
Marechal inglês. Pendente <strong>do</strong><br />
colar sobre o peito, aparecen<strong>do</strong><br />
a efígie <strong>do</strong> rei Dom Jos<strong>é</strong> I de<br />
Portugal com moldura de pedras<br />
preciosas.<br />
Nascera em Londres, em 24 de janeiro em 1724, e era o segun<strong>do</strong><br />
filho <strong>do</strong> Conde prussiano Albrecht Wolfgang e da sua primeira<br />
esposa, a condessa Gertrude von Oeynhausen, filha ilegítima <strong>do</strong><br />
rei George I de Inglaterra, (mas com a paternidade oficial <strong>do</strong><br />
Conde Raben von Oeynhausen). Não <strong>é</strong>, pois, de estranhar que<br />
Wilhelm tivesse passa<strong>do</strong> muito tempo com a avó em Londres,<br />
onde esteve ao serviço da Guarda Inglesa, onde chegara a<br />
alferes. Foi posteriormente para a Marinha. Viveu ainda em<br />
vários locais: Genebra, Leiden, Montpellier e em Paris. Dizia-se,<br />
com uma certa graça, que a sua língua materna era o inglês,<br />
mas depois, por ter esta<strong>do</strong> tanto tempo em França, falava<br />
melhor o francês <strong>do</strong> que o alemão. Logicamente haveria um<br />
certo exagero.<br />
Estava em 1742 em Londres, quan<strong>do</strong>, por morte <strong>do</strong> seu irmão<br />
George, passou a herdeiro de Schaumburg-Lippe, o que levou à<br />
modificação total da sua vida. Passou a estar mais próximo <strong>do</strong><br />
pai que, ven<strong>do</strong> nele o herdeiro <strong>do</strong> Conda<strong>do</strong>, o queria preparar<br />
melhor para o futuro .<br />
Participa com o pai na Guerra de Sucessão da Áustria e, em<br />
1743, distinguiu-se na Batalha de Dettingem. Esteve em 1745<br />
na Campanha de Itália, tamb<strong>é</strong>m com o pai, que era Tenente<br />
- General ao serviço da Holanda. Aí houve uma aproximação<br />
à família materna e em especial ao tio-avô Johann Mathias,<br />
Conde de Schulenburg, tamb<strong>é</strong>m militar, que lhe falou<br />
entusiasticamente das milícias de Veneza. Mais tarde utilizou<br />
esses ensinamentos, quan<strong>do</strong> houve que armar civis em Portugal.<br />
Aqui, compreendeu que o povo estava interessa<strong>do</strong> em defender<br />
o país e a prover à sua própria defesa e, bem aproveita<strong>do</strong> na luta<br />
militar, poderia ajudar as tropas convencionais na vitória final.<br />
Nas suas «Memórias para servir a arte militar defensiva» refere<br />
o que os populares portugueses fizeram em 1762 às forças<br />
militares <strong>do</strong> Conde de Aranda e aos franceses na Beira Baixa:<br />
«retiraram tu<strong>do</strong> o que podia servir de para a subsistência e para<br />
a marcha <strong>do</strong> inimigo».<br />
A biografia deste militar <strong>é</strong> muito vasta. Conv<strong>é</strong>m, no entanto,<br />
frisar que, quan<strong>do</strong> o pai faleceu em 1748, passou a ser então<br />
o Conde reinante de Schaumburg-Lippe. Empenhou-se então a<br />
governar o seu conda<strong>do</strong>, preocupa<strong>do</strong> em mantê-lo independente<br />
<strong>do</strong>s seus vizinhos poderosos.<br />
«…Foi muito da<strong>do</strong> a estu<strong>do</strong>s matemáticos, às ciências militares e<br />
sobretu<strong>do</strong> à artilharia. Cultivou a história, a filosofia, a literatura<br />
e as ciências políticas… foram-lhe familiares as línguas alemã,<br />
inglesa, francesa, italiana e portuguesa.<br />
…Era muito versa<strong>do</strong> no latim… e explicava sobretu<strong>do</strong> as campanhas<br />
de C<strong>é</strong>sar… ama<strong>do</strong>r de música, que executava com mestria no<br />
cravo… desenhava na perfeição, era forte na esgrima, e cavalgava<br />
admiravelmente.<br />
… Trajava fato azul,… sempre abotoa<strong>do</strong>… a cruz da águia negra<br />
bordada na sobrecasaca. Usava sempre chap<strong>é</strong>u arma<strong>do</strong> e … botas<br />
altas».<br />
Militar distinto, profun<strong>do</strong> conhece<strong>do</strong>r da estrat<strong>é</strong>gia militar, o<br />
Conde soberano de Lippe, aparenta<strong>do</strong> com a família real inglesa,<br />
foi a escolha perfeita para chefiar as forças luso-inglesas em<br />
Portugal.<br />
Parafraseava o lema de Flávio Veg<strong>é</strong>cio, escritor romano <strong>do</strong><br />
s<strong>é</strong>culo IV no tempo <strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r Valentiniano, «Se queres a paz<br />
prepara a guerra» (Si vis pacem para bellum), o Conde reinante<br />
de Lippe desenvolveu as suas teorias militares para conservar<br />
o seu conda<strong>do</strong> contra inimigos poderosos. Tentou preparar<br />
Portugal para a guerra, reestruturan<strong>do</strong> o Ex<strong>é</strong>rcito Português,<br />
seguin<strong>do</strong> a máxima <strong>do</strong> dita<strong>do</strong> latino. Foi o que ele fez. Não há<br />
dúvidas de que devíamos ainda hoje seguir esse sábio conselho…<br />
Aplicou esses mesmos ensinamentos e táticas militares na defesa<br />
territorial de Portugal contra os seus poderosos vizinhos de<br />
Espanha e França. Estar ou tentar estar prepara<strong>do</strong> para a guerra<br />
era a melhor defesa. Estamos a falar de um homem que apostava<br />
na reorganização <strong>do</strong> nosso ex<strong>é</strong>rcito e não na improvisação.<br />
O Conde conseguiu disciplinar e instruir, em relativamente<br />
pouco tempo, o Ex<strong>é</strong>rcito, de mo<strong>do</strong> a torná-lo minimamente<br />
eficiente. Soube compensar a inferioridade das suas tropas<br />
ao aproveitar as excelentes condições defensivas <strong>do</strong> terreno.<br />
Falou sempre bem <strong>do</strong> povo português, indican<strong>do</strong> que na sua<br />
rudeza lutava com afinco por Portugal. Em contrapartida,<br />
notou a má vontade, o ciúme, a resistência e a passividade <strong>do</strong>s<br />
generais portugueses contra ele, pois os coman<strong>do</strong>s <strong>do</strong> ex<strong>é</strong>rcito<br />
português pertenciam por tradição aos nobres das famílias mais<br />
importantes <strong>do</strong> reino e sentiam-se prejudica<strong>do</strong>s no seu prestígio<br />
militar por ter si<strong>do</strong> necessário chamar um militar estrangeiro<br />
para tão altas funções. E terminou com as promoções por favor,<br />
isto <strong>é</strong>, por «cunhas». Passaram a ser só por competência e m<strong>é</strong>rito.<br />
Sebastião Jos<strong>é</strong> de Carvalho e Melo, futuro Marquês de Pombal,<br />
não se coibia de o apelidar de «brilhantíssimo Marechal General»<br />
e que era muito hábil na sua profissão, sen<strong>do</strong> larga a sua<br />
experiência de guerra, grande a sua capacidade de coman<strong>do</strong> e<br />
de organização e reorganização <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito. Estes comentários<br />
ainda faziam acirrar mais os ânimos <strong>do</strong>s portugueses contra ele.
Terminada a campanha de 1762, o Conde de Lippe <strong>do</strong>tou o Ex<strong>é</strong>rcito<br />
português de uma nova organização e de regulamentação para<br />
fomentar a disciplina e instrução <strong>do</strong>s efetivos. Assim, saben<strong>do</strong><br />
que o poder político o apoiava, publicou em 1762 «Instruções<br />
gerais relativas a várias partes essenciais <strong>do</strong> serviço diário», em<br />
1763 «Regulamento para o exercício e disciplina <strong>do</strong>s regimentos<br />
de Infantaria», sen<strong>do</strong> de destacar que cada regimento de<br />
infantaria passava a ter sete companhias, sen<strong>do</strong> a quarta de<br />
granadeiros; em 1764 foi a vez de publicar «Regulamentos para<br />
os regimentos de cavalaria», constituin<strong>do</strong> cada regimento com<br />
oito companhias, forman<strong>do</strong> quatro esquadrões e para «… os<br />
regimentos de Artilharia», que passariam a ter <strong>do</strong>ze companhias,<br />
incluin<strong>do</strong> uma de bombeiros.<br />
O Marechal-Conde determinou que passariam a existir<br />
no Ex<strong>é</strong>rcito vinte e cinco regimentos de Infantaria, um de<br />
voluntários reais, um da Armada, dez de Cavalaria e quatro de<br />
artilharia.<br />
O rei D. Jos<strong>é</strong> I determinou que um <strong>do</strong>s Regimentos de Infantaria,<br />
o que estava aquartela<strong>do</strong> na Calçada da Ajuda, passava a ser<br />
denomina<strong>do</strong> o Regimento de La Lippe. Havia grandes invejas.<br />
Parecia que o «estrangeiro» queria modificar e alterar tu<strong>do</strong>…<br />
Assim, nesse ano, ainda fez publicar legislação penal <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito<br />
em 29 artigos e que constituíam o Capítulo XXVI <strong>do</strong> regimento<br />
de 1763, os famosos artigos de guerra <strong>do</strong> Conde de Lippe. A<br />
disciplina era muito severa e copiava a prussiana.<br />
Posteriormente, continuan<strong>do</strong> as reformas <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito Português,<br />
preocupou-se sobremaneira com o nível educacional <strong>do</strong>s oficiais.<br />
O Real Col<strong>é</strong>gio <strong>do</strong>s Nobres, cria<strong>do</strong> em 1765 (no ano seguinte a<br />
ter saí<strong>do</strong> pela primeira vez de Portugal), passaria a dar aos jovens<br />
aristocratas os Preparatórios para Artilharia e Engenharia. Para<br />
acabar com a ignorância, como ele dizia, fomentou a criação de<br />
bibliotecas nas várias unidades militares. Os militares deveriam<br />
ler. Havia que desenvolver neles o gosto pela leitura, o que<br />
logicamente faria aumentar o nível da cultura geral.<br />
Incumbiu os engenheiros militares de fazerem cartas militares<br />
de várias regiões de Portugal e notou que seria «conveniente»<br />
mandar cartografar to<strong>do</strong> o território para, conhecen<strong>do</strong>-o bem,<br />
se poder mais facilmente providenciar à defesa <strong>do</strong> mesmo,<br />
acautelan<strong>do</strong> assim os interesses <strong>do</strong>s nacionais.<br />
Preocupou-se ainda em completar o sistema defensivo.<br />
Instituir um plano geral de fortificações por to<strong>do</strong> o país.<br />
Em Elvas, para proteger a cidade, man<strong>do</strong>u edificar um<br />
forte e que passou a ser conheci<strong>do</strong> pelo Forte de Lippe.<br />
Estabeleceu, ainda, um plano de uniformes e criou um<br />
armaz<strong>é</strong>m geral de fardamento no Arsenal <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito.<br />
Determinou ainda a realização de manobras militares periódicas. O<br />
treino e o profissionalismo eram essenciais para o sucesso militar.<br />
O Rei D. Jos<strong>é</strong> I, por alvará de 25 de janeiro de 1763,<br />
determinou que o Conde reinante passasse a ter o tratamento<br />
de Alteza Sereníssima, devi<strong>do</strong> à consanguinidade com ele<br />
próprio e com outros soberanos europeus e ainda pelo<br />
seu trabalho excecional em prol <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito Português.<br />
ESCRITOS<br />
Ao cabo de <strong>do</strong>is anos de grande labor resolveu partir. Nesse ano<br />
de 1764, em 5 de setembro, fazen<strong>do</strong> o balanço da sua obra na<br />
«Memória» que deixou ao Marquês de Pombal, escreveu que deixava<br />
um Ex<strong>é</strong>rcito em Portugal, assim como leis, regulamentos e artigos<br />
de guerra. Regressou ao seu país consciente da obra que fizera.<br />
Parece que não recebeu o pagamento que fora fixa<strong>do</strong> em 3000<br />
libras anuais. Consta que recusou ser pago em dinheiro, uma vez<br />
que era Conde reinante, e acharia esse pagamento pelos seus<br />
serviços deveras insultuoso, receben<strong>do</strong> apenas presentes <strong>do</strong> Rei de<br />
Portugal. Muito brioso e orgulhoso, frisou que seria para ele uma<br />
honra ver o seu trabalho reconheci<strong>do</strong> pelo soberano. Receberia,<br />
assim, com muito agra<strong>do</strong> os chama<strong>do</strong>s presentes honrosos.<br />
À despedida, o rei presenteou-o de forma magnânima e<br />
conservou-lhe a patente de Marechal General <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito<br />
português. Foi-lhe ofereci<strong>do</strong>: seis pequenos canhões de oiro<br />
maciço, pesan<strong>do</strong> cada um deles 32 libras de ouro, uma estrela<br />
de diamantes para colocar na sua Ordem da Águia Negra, uma<br />
O Conde de Lippe com o uniforme<br />
azul, ostentan<strong>do</strong> na sobrecasaca<br />
o símbolo da Ordem da Águia<br />
Negra da Prússia. (Museu Militar de<br />
Lisboa)<br />
miniatura <strong>do</strong> monarca português com moldura de brilhantes<br />
para colocar ao peito e um par de fivelas de diamantes.<br />
Figuras 4 e 5: Pistolas oferecidas por D. Jos<strong>é</strong> I ao Conde de Lippe. É de salientar<br />
a beleza destas peças de armaria. (Fotografias de Andr<strong>é</strong> Rodrigues, aluno nº 44<br />
<strong>do</strong> 9º Ano <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> <strong>do</strong>s <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito)<br />
O soberano já lhe tinha ofereci<strong>do</strong> duas belas pistolas, que<br />
presentemente se encontram na sala D. Jos<strong>é</strong> I, no Museu Militar<br />
em Lisboa.<br />
To<strong>do</strong>s reconheceram o seu excelente trabalho, at<strong>é</strong> mesmo<br />
a embaixada francesa em Lisboa, que dizia «que as tropas<br />
portuguesas andavam bem fardadas, bem pagas e muito bem<br />
treinadas desde que estavam sob o coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Conde de Lippe».<br />
17
Regressou três anos depois a Portugal, em 1767. Durante a sua<br />
estadia, aproveitou para inspecionar e avaliar <strong>do</strong> incremento das<br />
suas reformas no Ex<strong>é</strong>rcito português, conseguin<strong>do</strong> nessa altura<br />
que se realizassem manobras de conjunto de vinte regimentos.<br />
O governo britânico nomeou-o então «Marechal de Campo<br />
honorário» em reconhecimento pela forma como coman<strong>do</strong>u as<br />
forças luso-britânicas em Portugal.<br />
Lippe casou em 1765, aos 42 anos, com a prima, filha <strong>do</strong> conde<br />
18<br />
ESCRITOS<br />
Marie Barbara Eleanore, Condessa de Lippe. Quadro de Johnn Georg Ziesenis<br />
(1716-1777).<br />
Frederic, a condessa Marie Barbara Eleaonore Zu Lippe-Biesterfeld,<br />
vinte anos mais nova que ele e que era irmã g<strong>é</strong>mea <strong>do</strong> conde<br />
Ferdinand Johann Benjamin, que o acompanhou e esteve como<br />
capitão em terras lusitanas. Terá si<strong>do</strong> um casamento arranja<strong>do</strong><br />
entre os familiares, como era habitual nessa <strong>é</strong>poca.<br />
O casamento foi harmonioso, sereno, ten<strong>do</strong> dura<strong>do</strong> dez anos.<br />
Só terminou com a morte da condessa em 1775. Não resistiu ao<br />
desgosto de assistir à morte <strong>do</strong> filho, logo à sua nascença, em<br />
1772, e ao falecimento da a<strong>do</strong>rada filha Emilie com a idade de<br />
três anos, em 1774. Estas mortes foram traumáticas para a frágil<br />
Marie Barbara. Desistiu de viver, quase que não se alimentava,<br />
apanhou tuberculose, <strong>do</strong>ença muito vulgar na <strong>é</strong>poca e faleceu<br />
em 16 de junho de 1776, no pavilhão de caça de Baum.<br />
Queren<strong>do</strong> fugir das recordações <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, man<strong>do</strong>u construir<br />
uma casa em Bergleben para poder avistar a sua Escola Militar<br />
em Wilhelmsteiner, onde ele tinha ajuda<strong>do</strong> a formar oficiais.<br />
E, sentin<strong>do</strong>-se só, foi então que o Conde de Lippe quis tentar<br />
emendar o passa<strong>do</strong>. Lembrou-se que, durante a sua permanência<br />
no nosso país, teve descendência, ten<strong>do</strong>-se lembra<strong>do</strong> que haveria<br />
de reconhecer como sua filha, Olímpia, nascida em Campo Maior,<br />
filha de D. Ana Josefa Felícia Antónia Pimentel, que morrera<br />
de parto. Falava-se que haveria outros filhos e apontavam-se<br />
nomes. Um seria de uma espanhola. Relacionaram-no ainda<br />
com uma aristocrata portuguesa.<br />
A prematura morte <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is descendentes fez com que pedisse<br />
ao seu primo e sucessor no Conda<strong>do</strong> de Lipe que reconhecesse<br />
Olímpia como sua filha, mas só depois da sua morte. O Conde<br />
faleceu a 10 de setembro de 1777, em Bergleben, Wolpinghausen,<br />
infeliz por ter assisti<strong>do</strong> à morte <strong>do</strong>s seus entes queri<strong>do</strong>s: os seus<br />
<strong>do</strong>is filhos legítimos e a sua bela e <strong>do</strong>ce esposa, a Condessa<br />
Marie Barbara. Sabia-se que acalentara o sonho de que um<br />
filho seu tivesse si<strong>do</strong> o futuro Conde reinante de Lippe. Vivera<br />
os últimos anos obceca<strong>do</strong> com essa ideia. Infelizmente para ele,<br />
tal não sucedeu!<br />
Já quan<strong>do</strong> <strong>do</strong> nascimento da filha, em 1791, desgostoso por<br />
não ter si<strong>do</strong> um varão, fugiu <strong>do</strong> palácio, só regressan<strong>do</strong> quan<strong>do</strong><br />
acalmou. Afinal, Lippe não era tão insensível como se poderia<br />
supor. Tinha tamb<strong>é</strong>m sonhos familiares liga<strong>do</strong>s à continuação<br />
da sua descendência à frente <strong>do</strong> Conda<strong>do</strong>.<br />
O herdeiro, afinal, foi o seu primo, o Conde Filipe de Lippe–<br />
-Alverdissen. Homem de palavra, tratou de tu<strong>do</strong> e interessou-<br />
-se pela sua prima que estava em Portugal, pagan<strong>do</strong> a sua<br />
manutenção e educação.<br />
Enviou-a de 1783 a 1794 para o Convento da Encarnação onde<br />
estu<strong>do</strong>u e melhorou a sua formação. A jovem passou a ser<br />
conhecida como D. Olímpia Wilhelm-Feld de La Lippe. A Rainha<br />
D. Maria I e a corte sabiam da sua existência e interessavam-se<br />
por ela. Sen<strong>do</strong> de boas famílias, ten<strong>do</strong> educação e dinheiro, não <strong>é</strong><br />
de estranhar que se tenha casa<strong>do</strong> em 1812 com Norberto António<br />
Chalbert, m<strong>é</strong>dico-cirurgião. Pode-se inferir assim que o Conde<br />
Quadro «O Conde de Lippe»,<br />
existente no Gabinete de<br />
Classificação e Seleção de Lisboa<br />
Filipe de Lippe honrou a promessa que fizera ao primo. Cui<strong>do</strong>u<br />
de Olímpia e tratou de providenciar o seu futuro.<br />
Desse enlace nasceram <strong>do</strong>is filhos, haven<strong>do</strong>, descendência <strong>do</strong><br />
Conde de Lippe em Portugal…<br />
Maria de Jesus Pessanha Caimoto Duarte<br />
(Comunicação apresentada em 13-11-2012)
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Diário de Notícias, 1996.<br />
COELHO, Latino, «História Política e Militar de Portugal desde os Fins<br />
<strong>do</strong> S<strong>é</strong>culo XVIII at<strong>é</strong> 1814», 3º Volume, Lisboa, Imprensa Nacional,<br />
1874-1891.<br />
CORVISIER, Andr<strong>é</strong>. «História Universal, O Mun<strong>do</strong> Moderno». Lisboa,<br />
Círculo de Leitores, 1977.<br />
CONDE DE SCHAUMBOURG-LIPPE, «Memória sobre a Campanha de<br />
1762», in Revista Militar, Lisboa, 1849.<br />
DUMOURIEZ, François Charles, «O Reino de Portugal em 1766», Casal de<br />
Cambra, Calei<strong>do</strong>scópio, 2007.<br />
FREIRE, Miguel, «Um Olhar Atual sobre a Transformação <strong>do</strong> Conde de<br />
Lippe», in Nação e Defesa N.º 112-3ª S<strong>é</strong>rie,<br />
Lisboa, IDN, 2005.<br />
MONTEIRO, Nuno Gonçalo, «D. Jos<strong>é</strong>», Coleção Reis de Portugal, Círculo<br />
de Leitores, 2006.<br />
NOGUEIRA, Franco, «As Crises e os Homens», Ática, Lisboa, 1971.<br />
RAUEBER, Charles, “La pens<strong>é</strong>e militaire du Comte de<br />
Schaumbourg-Lippe (1724-1777)”, in O Conde de Lippe e<br />
Portugal, Lisboa, Comissão Portuguesa de História Militar, 1991.<br />
SALES, Ernesto Augusto Pereira, «0 Conde de Lippe em Portugal».<br />
Comissão Portuguesa de História Militar, Lisboa, 1991.<br />
SERRÃO, Joaquim Veríssimo, 1987, «O Marquês de Pombal, o homem, o<br />
diplomata e o estadista», Lisboa, 1982.<br />
Revista:<br />
BRITO, António Pedro da Costa Mesquita, «Publicações Alemãs sobre o<br />
Conde de Lippe, Uma Orientação Bibliográfica», in Revista Militar, novembro,<br />
2011.<br />
Educação e Sociologia em Émile Durkheim<br />
Os antecessores de Durkheim encontravam na educação o<br />
meio ideal para atingir a perfeição. O conceito seria empregue<br />
de forma muito abrangente, designan<strong>do</strong> as influências que a<br />
natureza ou outros homens podem ter sobre a nossa inteligência<br />
ou sobre a nossa vontade. De acor<strong>do</strong> com Durkheim, Stuart Mill,<br />
por exemplo, afirmaria que a educação era tu<strong>do</strong> o que pudesse<br />
aproximar-nos da perfeição da natureza; já Kant defenderia<br />
que a educação tinha como objetivo desenvolver a perfeição à<br />
ESCRITOS<br />
medida <strong>do</strong> próprio sujeito, incidin<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o processo de educação<br />
no indivíduo. Estas abordagens <strong>do</strong> conceito conduziram,<br />
inevitavelmente à reflexão sobre a noção de perfeição.<br />
Durkheim questiona este postula<strong>do</strong> da perfeição, consideran<strong>do</strong>-o<br />
uma abstração de natureza universal. Sen<strong>do</strong> desejável que to<strong>do</strong>s<br />
desenvolvam harmoniosamente as capacidades que têm em si,<br />
estas terão obrigatoriamente de refletir a natureza de cada um.<br />
Para o autor: “não podemos e não devemos dedicar-nos to<strong>do</strong>s<br />
ao mesmo g<strong>é</strong>nero de vida; temos, segun<strong>do</strong> as nossas aptidões,<br />
funções diferentes a desempenhar e devemos colocar-nos em<br />
harmonia com aquela que nos incumbe” (Durkheim, [1922]<br />
2009: 44).<br />
Segun<strong>do</strong> Durkheim, James Mill e Spencer sustentariam<br />
um conceito utilitarista de educação, ten<strong>do</strong> esta como fim<br />
último a felicidade <strong>do</strong> indivíduo. Mas o termo felicidade <strong>é</strong><br />
obrigatoriamente subjetivo, refletin<strong>do</strong> no conceito de educação<br />
a arbitrariedade de cada indivíduo. Spencer ainda tentou<br />
aproximar o conceito de felicidade à vida, como local de<br />
equilíbrio entre organismo e meio.<br />
Durkheim aponta neste modelo os condicionalismos de fazermos<br />
depender a felicidade das condições de vida, as quais estão em<br />
constante mutação, acompanhan<strong>do</strong> as necessidades que o ser<br />
humano vai crian<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong>s tempos.<br />
Segun<strong>do</strong> o pensa<strong>do</strong>r em análise, este conceito de educação parte<br />
<strong>do</strong> postula<strong>do</strong> erra<strong>do</strong> que “existe uma educação ideal, perfeita,<br />
válida para to<strong>do</strong>s os homens indistintamente” (idem, 46),<br />
revestin<strong>do</strong>-se de uma natureza universal e única. A educação<br />
tem que se adaptar às necessidades próprias <strong>do</strong>s indivíduos, das<br />
pessoas, não poden<strong>do</strong> ser vista como algo imutável a que to<strong>do</strong>s<br />
temos que nos moldar.<br />
Para Durkheim, a educação tem como fim servir a coletividade<br />
num determina<strong>do</strong> tempo e circunscrito a um determina<strong>do</strong><br />
espaço: “nas cidades gregas e latinas, a educação preparava o<br />
indivíduo para se subordinar cegamente à coletividade, tornar-<br />
-se a coisa da sociedade” (ibidem, 46). Durante a Idade M<strong>é</strong>dia a<br />
educação centrava-se nas questões religiosas. Posteriormente, o<br />
Renascimento deu-lhe um teor mais laico e alargou a sua área de<br />
atuação para o campo da literatura. No virar <strong>do</strong> s<strong>é</strong>culo XIX para<br />
o s<strong>é</strong>culo XX, a educação passa a ter um caráter mais científico<br />
e dinâmico e distancia-se de <strong>é</strong>pocas anteriores, possibilitan<strong>do</strong><br />
uma construção mais autónoma <strong>do</strong> indivíduo.<br />
Todas estas construções <strong>do</strong> conceito de educação foram fruto<br />
das sociedades que as fizeram surgir e estiveram à mercê <strong>do</strong><br />
poder político como principal instrumento de execução das<br />
políticas a<strong>do</strong>tadas, mas foram tamb<strong>é</strong>m influenciadas pelas<br />
transformações sociais, económicas e culturais que marcaram a<br />
entrada no s<strong>é</strong>culo XX, o que não deixa de ter algum paralelismo<br />
com os desafios coloca<strong>do</strong>s ao ensino na contemporaneidade,<br />
marcada pela globalização e pela crise económico-financeira.<br />
Efetivamente, cada sociedade tem um sistema de educação<br />
que <strong>é</strong> imposto aos seus elementos, sen<strong>do</strong>, ao mesmo tempo,<br />
um instrumento regula<strong>do</strong>r <strong>do</strong> tipo de conduta e pensamento<br />
19
de to<strong>do</strong>s. Aqueles que forem educa<strong>do</strong>s fora <strong>do</strong> sistema “…não<br />
estarão em condições de viver no meio <strong>do</strong>s seus contemporâneos,<br />
com os quais não se encontram em harmonia…” (ibidem, 47).<br />
Não importa se tiveram uma educação arcaica ou prematura,<br />
mas sim que “não são <strong>do</strong> seu tempo”.<br />
Durkheim reequacionou o conceito de educação, abordan<strong>do</strong>-o<br />
numa perspetiva sociológica. Encontra os seus atores, os mais<br />
velhos e os mais novos, atribuin<strong>do</strong> aos primeiros o direito de<br />
socializar a geração mais nova e a estes últimos o dever de se<br />
deixarem socializar, sob pena de exclusão. Em seguida, tentou<br />
encontrar a natureza da sua ação, atribuin<strong>do</strong> à sociedade<br />
a responsabilidade por criar um homem à sua medida, por<br />
moldá-lo de e para o momento e local em que nasce. Na sua<br />
conceção, os sistemas de educação “…dependem da religião, da<br />
organização política, <strong>do</strong> grau de desenvolvimento das ciências,<br />
<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> da industria, etc.” (ibidem, 48) , de uma s<strong>é</strong>rie de<br />
fatores que condicionam a sua ação. Haven<strong>do</strong> tantas educações<br />
quantos os meios sociais.<br />
Não obstante, o mesmo autor concilia a visão mais individualista<br />
da educação com a social, constatan<strong>do</strong> que o sistema educativo<br />
<strong>é</strong>, em simultâneo, uno e múltiplo.<br />
Se a sociedade pretende educar as suas crianças para a servir,<br />
tem de providenciar que todas as crianças tenham à partida as<br />
condições necessárias para iniciar esse processo e não as deixar<br />
ao sabor <strong>do</strong> “acaso que as faz nascer aqui ou ali, de uns pais<br />
em vez de outros” (ibidem, 50). Exerce-se aqui uma educação<br />
universal, que agregue to<strong>do</strong>s a um mesmo sistema de ensino.<br />
Contu<strong>do</strong>, a criança deve ser preparada para desempenhar<br />
vários pap<strong>é</strong>is na sociedade: “não podemos e não devemos<br />
dedicar-nos to<strong>do</strong>s ao mesmo g<strong>é</strong>nero de vida; temos, segun<strong>do</strong> as<br />
nossas aptidões, funções diferentes a desempenhar, e devemos<br />
colocar-nos em harmonia com aquela que nos incumbe.<br />
Não somos to<strong>do</strong>s feitos para refletir, <strong>é</strong> necessário homens de<br />
sensibilidade e ação.” (ibidem, 44)<br />
O autor confirma que a educação <strong>é</strong> decisiva para a coesão entre<br />
to<strong>do</strong>s os elementos duma sociedade. Se ela estiver dividida por<br />
estratos sociais muito visíveis, a educação atrav<strong>é</strong>s da religião<br />
poderá servir como elemento aglutina<strong>do</strong>r de toda a população.<br />
Da reflexão que cada sociedade conseguir fazer acerca da<br />
natureza humana, surge a base <strong>do</strong> espirito nacional. E toda a<br />
educação tem por objetivo desenvolver e fazer aderir a esse<br />
espírito toda a coletividade. A sociedade só subsiste se existir<br />
entre os seus membros alguma homogeneidade.<br />
Assim, cada sociedade constrói um ideal de homem, daquilo que<br />
ele deve ser <strong>do</strong> ponto de vista intelectual, físico e moral, que<br />
se aplicará a to<strong>do</strong>s os membros da sociedade; e que a partir de<br />
certo ponto se diferencia consoante os meios particulares de<br />
cada sociedade.<br />
Esta visão da educação <strong>é</strong> concebida sempre em duas áreas, que<br />
parecen<strong>do</strong> opostas complementam-se.<br />
Continuan<strong>do</strong> o postula<strong>do</strong> da dupla vertente da educação, tal<br />
20<br />
ESCRITOS<br />
como a sociedade, tamb<strong>é</strong>m o indivíduo <strong>é</strong> uma súmula de <strong>do</strong>is<br />
seres, o individual e o social. O primeiro, o ser individual, <strong>é</strong><br />
composto pelos esta<strong>do</strong>s de alma que definem a personalidade<br />
<strong>do</strong> indivíduo, que apenas dizem respeito ao próprio; o segun<strong>do</strong>,<br />
o ser social <strong>é</strong> composto por aquilo que o liga aos outros, as suas<br />
ideias, sentimentos, hábitos que partilha com os vários grupos<br />
a que pertence. Fundir em cada um de nós estes <strong>do</strong>is seres será<br />
o fim da educação.<br />
A cada nova geração a sociedade reinicia to<strong>do</strong> o processo<br />
formatação. E fá-lo pelo processo mais rápi<strong>do</strong>, impon<strong>do</strong> ao<br />
ser associal e egoísta uma vida moral e social. “Eis a obra da<br />
educação (…) Ela cria no homem um novo ser”.<br />
Durkheim constrói, deste mo<strong>do</strong>, toda a sua análise em torno <strong>do</strong><br />
funcionamento <strong>do</strong> social. Apesar da abordagem não esquecer o<br />
indivíduo, este subordina-se sempre ao to<strong>do</strong>, existe em função<br />
<strong>do</strong> to<strong>do</strong> e para o to<strong>do</strong>.<br />
A educação <strong>é</strong> nesta conceção um instrumento de poder, que<br />
regula, condiciona, orienta toda a atividade <strong>do</strong> ser, não só<br />
social como individual. É pela educação que se desenvolvem os<br />
esta<strong>do</strong>s físicos, morais e intelectuais exigi<strong>do</strong>s pela sociedade,<br />
daí o grande papel que lhe está reserva<strong>do</strong>. Sem a educação<br />
dificilmente se pertenceria a um to<strong>do</strong>, se continuaria a<br />
construção da sociedade.<br />
Conforme referem Kohlberg e Mayer, “a educação pode ser<br />
identificada atrav<strong>é</strong>s <strong>do</strong> desenvolvimento, tanto ao nível<br />
intelectual como moral” (Kohlber & Mayer, 1972: 493). Num<br />
mun<strong>do</strong> novo, como aquele em que vivemos, a educação<br />
deve significar conhecimento (dimensão <strong>do</strong> saber) e valores<br />
(dimensão <strong>é</strong>tica), não numa perspetiva impositiva, mas liberal e<br />
democrática, rasgan<strong>do</strong> horizontes.<br />
Tal como na <strong>é</strong>poca em que viveu Durkheim, quan<strong>do</strong> se<br />
aprofundaram as clivagens entre o proletaria<strong>do</strong> e a burguesia,<br />
ambos produtos da revolução industrial, tamb<strong>é</strong>m hoje vivemos<br />
numa <strong>é</strong>poca de profundas transformações que vai crian<strong>do</strong> cada<br />
vez mais (novos) excluí<strong>do</strong>s…A educação pode e deve ser uma<br />
resposta para um novo futuro…<br />
O desafio hoje <strong>é</strong> talvez mais profun<strong>do</strong>: educar para melhor<br />
responder aos desafios de uma sociedade crescentemente<br />
globalizada; educar para enfrentar a pluralidade de problemas<br />
que se colocam a um mun<strong>do</strong> marca<strong>do</strong> pela incerteza, pelas<br />
ameaças e riscos; educar para encontrar novos rumos para uma<br />
sociedade perplexa por tu<strong>do</strong> o que está para vir.<br />
Bibliografia<br />
Anabela Elias<br />
DURKHEIM, Émile, Educação e Sociologia (Lisboa: Edições 70, 2009)<br />
KOHLBERG, Lawrence & MAYER, Rochelle, Development as the Aim of<br />
Education, in Harvard Educational Review, Vol. 42 n.º 4, November 1972
“Knowing me Knowing you”<br />
Inteligência emocional e personalidade<br />
“Seek first to understand…then to be understood.” (1)<br />
Stephen R. Covey<br />
No dia 2 de fevereiro de 2013 participámos numa sessão<br />
de formação apresentada por Neil Mason, forma<strong>do</strong>r,<br />
professor de Língua Inglesa e colabora<strong>do</strong>r de uma editora<br />
portuguesa, subordinada ao tema Knowing me knowing you<br />
– emotional intelligence and personality. Por considerarmos<br />
o tema relevante para a nossa prática pedagógica sentimos<br />
necessidade de o partilhar com a comunidade escolar.<br />
O objetivo principal foi encorajar os <strong>do</strong>centes numa viagem de<br />
autoconhecimento, bem como, fomentar o conhecimento <strong>do</strong>s<br />
seus alunos, para melhor os compreender e ensinar. Neil Mason<br />
deu-nos a conhecer ferramentas valiosas para a compreensão<br />
de nós próprios e das relações interpessoais, enquanto<br />
professores e não só. Procurou despertar nos presentes uma<br />
vontade de saber um pouco mais sobre nós próprios enquanto<br />
professores, mas sobretu<strong>do</strong> enquanto pessoas com uma missão<br />
tão nobre, como <strong>é</strong> a de ensinar.<br />
“Knowing me Knowing you” desenvolveu-se em duas vertentes:<br />
“Knowing me” – autodescoberta; “Knowing you” – trabalhar<br />
com os alunos. Foi feito um breve enquadramento teórico<br />
<strong>do</strong> tema, o qual nos remeteu para a definição de Inteligência<br />
Emocional segun<strong>do</strong> Daniel Goleman, pai <strong>do</strong> termo, como “a<br />
capacidade de perceber e gerir as próprias emoções e as das<br />
pessoas à sua volta”. Sen<strong>do</strong> que as pessoas com um eleva<strong>do</strong><br />
grau de inteligência emocional normalmente sabem o que<br />
sentem, o que isso significa e como as suas emoções afetam<br />
os outros.<br />
Para um líder, ter inteligência emocional <strong>é</strong> essencial para o<br />
sucesso, mas tamb<strong>é</strong>m para as crianças pode ajudar a melhorar<br />
o sucesso acad<strong>é</strong>mico, fortalecer as amizades e reduzir os<br />
comportamentos desviantes. Qualquer pessoa pode possuir<br />
os meios que lhe permitem construir relações de sucesso,<br />
mas isso dependerá da sua perceção <strong>do</strong>s cinco elementos que<br />
constituem a inteligência emocional: Autoconhecimento;<br />
Autorregulação; Motivação; Empatia e Habilidades sociais.<br />
Quanto melhor for o uso destas, maior será a sua inteligência<br />
emocional.<br />
Estilos de aprendizagem<br />
Cada indivíduo tem o seu próprio estilo e forma de aprender:<br />
pelos senti<strong>do</strong>s, pela intuição, de forma visual ou verbal, de<br />
forma ativa ou reflexiva, de mo<strong>do</strong> sequencial ou global.<br />
William Marston, psicólogo, contribuiu decisivamente para a<br />
descoberta e avanço desta temática propon<strong>do</strong> uma abordagem<br />
atrav<strong>é</strong>s <strong>do</strong> modelo que ele criou e designou de “DISC”. A sua<br />
ideia foi medir a energia <strong>do</strong> comportamento bem como a sua<br />
consciência. Marston não chegou a desenvolver um processo<br />
de avaliação ou um teste para este modelo, mas os seus<br />
segui<strong>do</strong>res fizeram-no.<br />
O que <strong>é</strong> o “DISC”?<br />
O “DISC” <strong>é</strong> um acrónimo para os quatro tipos de personalidade<br />
descritos por Marston: Domínio (Dominance), Influência<br />
(Influence), Firmeza (Steadiness) e Consciencialização<br />
ESCRITOS<br />
(Conscientiousness). O primeiro relaciona-se com o controlo, o<br />
poder e a assertividade; o segun<strong>do</strong> tem a ver com situações de<br />
carácter social e comunicacional; o seguinte relaciona-se com<br />
a paciência, a persistência e a sensatez; e o último tem a ver<br />
com a estrutura e a organização. Segun<strong>do</strong> o “DISC” podemos<br />
distinguir diferentes perfis de personalidade.<br />
Quan<strong>do</strong> sujeitas a um teste de “DISC”, as pessoas<br />
pre<strong>do</strong>minantemente “D” — Condutoras (Drivers) — são as que<br />
facilmente lidam com problemas e desafios, são <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>ras,<br />
diretivas e faze<strong>do</strong>ras; pelo contrário, as que menos cotação<br />
obtiveram, tendem a ser conserva<strong>do</strong>ras, pacíficas e cautelosas.<br />
As pessoas manifestamente “I” — Motiva<strong>do</strong>ras (Motivators) —<br />
influenciam outros atrav<strong>é</strong>s <strong>do</strong> diálogo e da atividade e tendem<br />
a ser emocionais. São inspira<strong>do</strong>ras, interessantes e interativas;<br />
por oposição a estas encontram-se as que são c<strong>é</strong>ticas,<br />
pessimistas e desconfiadas, muito factuais e críticas.<br />
As pre<strong>do</strong>minantemente “S” — Pormenoriza<strong>do</strong>ras (Detailers) —<br />
apoiam de forma segura e estável, não gostam de mudanças<br />
bruscas, são calmas, relaxadas e pacientes; já as que se<br />
encontram no la<strong>do</strong> oposto são impacientes, impulsivas e<br />
demonstrativas.<br />
As pessoas com elevada classificação em “C” — Harmoniza<strong>do</strong>ras<br />
(Harmonizers) — apreciam regras, regulamentos e estruturas.<br />
Trabalham de mo<strong>do</strong> eficiente e com qualidade logo à primeira,<br />
são cui<strong>do</strong>sas, sistemáticas, diplomatas e exatas. Por oposição,<br />
surgem os que desafiam as regras, querem independência, são<br />
teimosos, arbitrários e não se preocupam com o detalhe.<br />
Professores e alunos são diferentes “DISC”, mas somos nós,<br />
professores, que precisamos de nos compreender e ajustar<br />
aos nossos alunos, facilitan<strong>do</strong> aprendizagens, certifican<strong>do</strong> e<br />
ratifican<strong>do</strong> as suas descobertas, envolven<strong>do</strong>-os no processo de<br />
aprendizagem e trabalhan<strong>do</strong> com eles, sejam eles de que tipo<br />
forem.<br />
Um breve passagem pelo sítio da Internet www.onlinedisc.<br />
com/educator.htm poderá reservar-lhe grandes surpresas e at<strong>é</strong><br />
permitir-lhe perceber um pouco quem <strong>é</strong>, enquanto profissional<br />
da educação. Se quiser fazer uma versão <strong>do</strong> teste vá a www.<br />
attitude.org.nz/home/swf/personality_test.swf ou para uma<br />
versão simplificada em http://tinyurl.com/smalley-test irá<br />
surpreender-se!<br />
Parafrasean<strong>do</strong> George Reavis na sua fábula “The Animal<br />
School” podemos dizer que a moral da história <strong>é</strong> simples: “Cada<br />
criatura tem as suas próprias habilidades segun<strong>do</strong> as quais irá<br />
naturalmente ter um comportamento de excelência, a não ser,<br />
claro, que lhe seja pedi<strong>do</strong> algo para o qual não foi destina<strong>do</strong>.<br />
Quan<strong>do</strong> isso acontece, a frustração, o desencorajamento e a<br />
culpa trarão resulta<strong>do</strong>s globalmente menos positivos e por<br />
vezes a total derrota”. Ser professor <strong>é</strong> guiar, trabalhar e estar<br />
alerta para que isso não aconteça.<br />
Tal como Parker J. Palmer disse: “Conhecer-me <strong>é</strong> tão importante<br />
para uma boa prática pedagógica como conhecer os meus<br />
alunos”.<br />
(1)<br />
Procura primeiro compreender…<br />
depois ser compreendi<strong>do</strong>”.<br />
Ana Paula Rodrigues e Ana Luísa Tendeiro,<br />
professoras de Inglês<br />
21
Cursos Profissionais? O futuro?!<br />
Mas que raio <strong>é</strong> isso?<br />
Estas interrogações que podem agora parecer distantes e sem<br />
senti<strong>do</strong> a alguns que nos acompanham hoje e vivem o <strong>Instituto</strong>,<br />
foram as que em 2007/2008 nos assaltaram quan<strong>do</strong> repensámos<br />
e decidimos em conjunto o futuro.<br />
Hoje, passa<strong>do</strong>s que estão estes primeiros anos, gostava de poder<br />
partilhar convosco esta reflexão pessoal.<br />
O caminho, to<strong>do</strong>s o sabemos já, faz-se caminhan<strong>do</strong>, e tem si<strong>do</strong><br />
bem rechea<strong>do</strong> de desafios este nosso caminho.<br />
Por isso são fortes os muros e profun<strong>do</strong>s os alicerces <strong>do</strong><br />
<strong>Instituto</strong>, capazes de resistir ao desânimo e à erosão que tantas<br />
hesitações e incertezas inevitavelmente produzem e tamb<strong>é</strong>m<br />
porque <strong>é</strong> servi<strong>do</strong> por quem acredita e se envolve na missão que<br />
desempenha, permitin<strong>do</strong>-se pertencer a uma personalidade<br />
institucional como se de um corpo só, coeso e eficiente se<br />
tratasse, bem diverso de uma multiplicidade de personalidades<br />
sobrepostas cuja soma nunca <strong>é</strong> maior <strong>do</strong> que a das partes.<br />
Pelo contrário, a nossa Escola possui, como pretenderemos<br />
demonstrar, um ethos próprio e diferencia<strong>do</strong>r, consubstancia<strong>do</strong><br />
num Projeto Educativo que promove a adesão <strong>do</strong>s diversos<br />
atores onde se terão sempre de incluir os Antigos Alunos e os<br />
Encarrega<strong>do</strong>s de Educação.<br />
O IPE tem sabi<strong>do</strong> trilhar o seu próprio caminho e tem-no feito<br />
com os olhos postos em frente, sem vergonha <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> e sem<br />
me<strong>do</strong> <strong>do</strong>s desafios <strong>do</strong> futuro.<br />
Nesta <strong>é</strong>poca de incerteza, insegurança, descr<strong>é</strong>dito e descrença<br />
generalizadas, ganhámos o direito de reclamar a certeza, a<br />
segurança, a crença e o cr<strong>é</strong>dito que o Projeto Educativo e a<br />
comunidade merecem.<br />
E porque temos esse direito? Como o ganhámos?<br />
Em primeiro lugar pela capacidade de compreender as<br />
experiências <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> para as colocar ao serviço da inovação e<br />
da construção de um Projeto singular e não copia<strong>do</strong>, adequa<strong>do</strong><br />
às necessidades da comunidade, da instituição e <strong>do</strong> País que<br />
sabemos servir.<br />
Os olhos no futuro, a capacidade de autorrenovação, os<br />
valores devidamente valida<strong>do</strong>s na experiência e memória<br />
institucionais, a promoção da mobilidade social e a flexibilidade<br />
contemporânea <strong>do</strong> nosso Projeto Educativo, são os fatores que<br />
nos habilitam a enfrentar a mais dura e injusta das batalhas que<br />
falta vencer. A <strong>do</strong> preconceito que nos atinge quan<strong>do</strong> alguns<br />
não nos querem reconhecer o m<strong>é</strong>rito, apesar de não fazerem a<br />
mais pequena ideia de quem somos e <strong>do</strong> que pretendemos para<br />
os nossos jovens.<br />
Existem hoje instituições internacionais, a quem a República<br />
aliás pede conselhos, e que preconizam aulas de 60min. Nós já<br />
as a<strong>do</strong>támos.<br />
A inovação, a seleção <strong>do</strong> Corpo Docente, o rigor basea<strong>do</strong> no<br />
valor <strong>do</strong> trabalho em equipa, a formação de lideranças e o seu<br />
reconhecimento, a cooperação no espaço dilata<strong>do</strong> da língua<br />
22<br />
ESCRITOS<br />
portuguesa, são o nosso ADN e a razão de ser <strong>do</strong> aumento<br />
exponencial da nossa procura.<br />
O reconhecimento da interdisciplinaridade e a consciência<br />
<strong>do</strong> valor da língua estrangeira são novas evidências patentes<br />
nos trabalhos desenvolvi<strong>do</strong>s pelos nossos diversos Grupos<br />
Disciplinares.<br />
Os Estágios profissionais em empresas significativas, a presença<br />
p<strong>revista</strong> já para este ano da Câmara de Com<strong>é</strong>rcio Luso Alemã e<br />
de diversas empresas que a constituem, no nosso aniversário,<br />
são ainda outras evidências <strong>do</strong> caminho segui<strong>do</strong>.<br />
“As escolas são instituições de um tipo muito particular, que<br />
não podem ser pensadas como qualquer fábrica ou oficina:<br />
a educação não tolera a simplificação <strong>do</strong> humano (das suas<br />
experiências, relações, valores), que a cultura da racionalidade<br />
empresarial sempre transporta” (António Nóvoa)<br />
Esta <strong>é</strong> a nossa dupla certeza e exigência. Somos uma Escola de<br />
ensino profissional que procura a excelência e que junta num<br />
mesmo espaço a exigência de um ensino t<strong>é</strong>cnico especializa<strong>do</strong> e<br />
uma clara visão humanista e abrangente <strong>do</strong> indivíduo, filha da<br />
República e da organização <strong>do</strong> ex<strong>é</strong>rcito português.<br />
Os nossos alunos recebem uma formação integral numa escola<br />
que <strong>é</strong> capaz de argumentar com memória e reclamar outro tipo<br />
de caminho onde a opção livre e instruída são o grande divisor<br />
comum.<br />
Por isso não tememos avaliações ou o futuro. Pelo contrário,<br />
exigimos esse futuro e para ele preparamos os nossos alunos. Por<br />
sermos e sabermos quem somos podemos usar sem arrogância<br />
intelectual e sem mod<strong>é</strong>stia envergonhada, to<strong>do</strong>s estes conceitos<br />
em voga neste nosso Portugal educativo, sempre reclama<strong>do</strong> por<br />
tantos e tantos confessos especialistas.<br />
“A falta de qualidade das propostas e a debilidade <strong>do</strong>s<br />
arqu<strong>é</strong>tipos formativos legaram-nos uma juventude com os<br />
vazios conheci<strong>do</strong>s, com os efeitos que to<strong>do</strong>s tememos. Al<strong>é</strong>m<br />
de uma autonomização (forçada, rápida e não suficientemente<br />
realizada) da juventude como categoria sociológica, os<br />
programa<strong>do</strong>res oficiais, preocupa<strong>do</strong>s com a estatística e a<br />
economia, renunciaram a um pensamento estrat<strong>é</strong>gico que<br />
propunha investir na Educação para o máximo de jovens sem<br />
renúncia à excelência <strong>do</strong> ensino nas instituições públicas onde<br />
ele se faz, para integrar a juventude mais qualificada nas elites<br />
<strong>do</strong> País.<br />
Pela demissão de uns e a incompetência de outros, a juventude<br />
deixou de ser um símbolo <strong>do</strong> nosso compromisso com o futuro.<br />
As muitas crises e desilusões fizeram <strong>do</strong> futuro um tópico a<br />
evitar. Com o colapso <strong>do</strong> futuro os jovens deixaram de acreditar<br />
em si e a imagem idealizada da juventude desapareceu.<br />
Regrediu-se para tempos em que os jovens temem mais o futuro<br />
<strong>do</strong> que o anseiam, e assim voltam-se para os pais e para os<br />
modelos geracionais anteriores. A necessidade de sobrevivência,<br />
consumin<strong>do</strong> tu<strong>do</strong>, matou a imaginação, a criatividade e a<br />
ousadia.” (Eduar<strong>do</strong> Vera-Cruz Pinto)<br />
Em casa <strong>do</strong> meu Avô recor<strong>do</strong> um pequeno azulejo com a<br />
seguinte inscrição: «O saber não ocupa lugar»<br />
Gostaria de poder ainda hoje conversar com ele mas estou certo
de que, como professor que era, concordaria comigo. De facto<br />
o saber não ocupa lugar mas ocupa lugares e o nosso <strong>Instituto</strong><br />
<strong>é</strong> um desses lugares que Portugal e aqueles em quem confiamos<br />
o nosso destino e recursos comuns têm o dever de conhecer,<br />
preservar e reconhecer o m<strong>é</strong>rito.<br />
A personalidade institucional e identidade própria que liga<br />
to<strong>do</strong>s os que servem o <strong>Instituto</strong> e assim Portugal, funda-se num<br />
conjunto de valores e saberes perenes, valida<strong>do</strong>s pela memória<br />
e transmiti<strong>do</strong>s às diversas gerações atrav<strong>é</strong>s de uma educação<br />
conscientemente renovada e inova<strong>do</strong>ra, baseada numa visão<br />
humanista de formação integral <strong>do</strong> indivíduo que o prepara<br />
para o futuro e para os seus desafios.<br />
Este <strong>é</strong> o nosso ideal. Dirão os nossos detratores: «- Bom, mas esse<br />
ideal poderá não ser alcança<strong>do</strong>.» Respondemos. «Será, mas essa <strong>é</strong><br />
a característica <strong>do</strong>s ideais. Eles não precisam de ser plenamente<br />
alcança<strong>do</strong>s e a toda a hora para se manterem exatamente<br />
como tal; como ideais que guiam e iluminam a nossa ação e a<br />
vontade de continuar a ensinar numa Escola de cidadãos livres,<br />
responsáveis e capazes de futuro.<br />
O contributo Português<br />
e o fenomenal avanço da Ciência<br />
Miguel Viegas Gonçalves<br />
Professor de Filosofia<br />
No ano de 2012 constataram-se importantes avanços no<br />
<strong>do</strong>mínio da ciência nos mais varia<strong>do</strong>s campos <strong>do</strong> conhecimento<br />
que muito contribuíram para aumentar a nossa compreensão<br />
<strong>do</strong> universo. A comunicação social daquele ano está recheada<br />
de muitas e variadas novidades científicas que há algum tempo<br />
atrás eram apenas <strong>do</strong> puro <strong>do</strong>mínio da ficção. Duas delas, o<br />
Roboto Curiosity e o Bosão de Higgs, foram at<strong>é</strong> selecionadas<br />
para o «Acontecimento <strong>do</strong> Ano» pela <strong>revista</strong> Time. Assim,<br />
para divulgar a ciência e dar a conhecer como a natureza <strong>é</strong><br />
maravilhosamente complexa, e, tamb<strong>é</strong>m como Portugal está<br />
cultural e cientificamente evoluí<strong>do</strong>, farei um breve resumo <strong>do</strong><br />
que tomei conhecimento pela comunicação social, e que mais<br />
me impressionou naquele ano, mas certamente muito mais<br />
haveria para citar e desenvolver.<br />
E para demonstrar, desde já, a característica paradigmática<br />
ESCRITOS<br />
da competência e criatividade <strong>do</strong>s t<strong>é</strong>cnicos e cientistas<br />
portugueses, e a eficiência <strong>do</strong> seu Ensino Profissional bem como<br />
o desenvolvimento científico das nossas instituições acad<strong>é</strong>micas<br />
de ensino superior e a competitividade das nossas empresas em<br />
diversos campos de tecnologia de topo, citarei, como exemplo,<br />
o Grupo ISQ-<strong>Instituto</strong> da Soldadura e Qualidade que <strong>é</strong> líder<br />
<strong>do</strong> consórcio internacional que irá garantir a fiabilidade de<br />
contenção <strong>do</strong> sarcófago que será construí<strong>do</strong> sobre o reator nº<br />
4 de Chernobyl - que explodiu em abril de 1986 - para deter a<br />
fuga de radiação que ainda se verifica.<br />
Na área da investigação das novas tecnologias o contributo<br />
português tem esta<strong>do</strong> igualmente presente, ten<strong>do</strong> o nosso<br />
compatriota Pedro Pinto descoberto, em conjugação com outros<br />
<strong>do</strong>is professores da Escola Polit<strong>é</strong>cnica Federal de Lausanne, a<br />
solução para o problema da dinâmica da propagação em rede.<br />
Num artigo publica<strong>do</strong> na “Physical Review Letters” explica o<br />
grande potencial <strong>do</strong> algoritmo de SPARSEINF para determinação<br />
da origem da informação após a sua disseminação, seja um vírus<br />
ou um boato, sen<strong>do</strong> possível desmontar a origem desse boato,<br />
<strong>do</strong> surto epid<strong>é</strong>mico ou at<strong>é</strong> mesmo de redes de crime, em poucos<br />
minutos. Os cientistas já percebiam como <strong>é</strong> que a informação ou<br />
um vírus se propagavam numa rede. A determinação <strong>do</strong> ponto<br />
inicial em que a rede fora “infetada” <strong>é</strong> que era o problema.<br />
Nesta corrida ao conhecimento, cientistas da IBM conseguiram<br />
tamb<strong>é</strong>m colocar num único chip 10 000 transístores em<br />
nano tubos de carbono. E em Coimbra existe mesmo a única<br />
fábrica de nanopartículas em Portugal, a Innovanano, segun<strong>do</strong><br />
informação <strong>do</strong> Diário de Económico que titulou a notícia como<br />
“A fábrica onde nascem partículas invisíveis”. As nanopartículas,<br />
que têm a dimensão de uma bact<strong>é</strong>ria e são mil vezes menores<br />
que a espessura de um cabelo, têm diversas propriedades muito<br />
especiais. Têm, por exemplo, uma alta resistência à pressão, à<br />
abrasão e às temperaturas. E <strong>é</strong> devi<strong>do</strong> a tais propriedades que<br />
a Universidade de Aveiro criou uma esp<strong>é</strong>cie de “pele” para<br />
proteger as aeronaves, que consiste num revestimento capaz de<br />
autorreparar pequenas fissuras durante o voo, incluin<strong>do</strong>-se na<br />
tinta da fuselagem nano partículas, devi<strong>do</strong> à especial característica<br />
de poderem gerar mol<strong>é</strong>culas que protegem os metais contra a<br />
corrosão <strong>do</strong> meio ambiental. Quanto ao campo energ<strong>é</strong>tico, a <strong>revista</strong><br />
portuguesa Renováveis Magazine de março de 2011 dá-nos, por<br />
sua vez, a conhecer que estamos mais próximos <strong>do</strong> que nunca<br />
da fotosíntese artificial. Aconteceu, que inspira<strong>do</strong> no processo<br />
de fotosíntese das plantas o Nacera’s Laboratory (EUA) criou um<br />
processo revolucionário para fazer a separação <strong>do</strong> oxig<strong>é</strong>nio e<br />
hidrog<strong>é</strong>nio da água, e desse mo<strong>do</strong> armazenar energia el<strong>é</strong>trica,<br />
mesmo quan<strong>do</strong> não há sol. E para se obter tamb<strong>é</strong>m energia<br />
limpa, ao largo de Peniche, a 43 m. de profundidade, está<br />
colocada uma máquina, única a nível mundial, a waveeroller, um<br />
projeto da Enólica e da finlandesa AW Energy, cujas pás gigantes<br />
oscilam ao sabor das ondas e que tem um dispositivo que depois<br />
transforma a energia das ondas em energia el<strong>é</strong>trica que <strong>é</strong><br />
recebida num transforma<strong>do</strong>r atrav<strong>é</strong>s de um cabo submarino e<br />
injetada na rede.<br />
Na área da medicina molecular, um português, que tem vin<strong>do</strong><br />
a desenvolver a sua atividade investiga<strong>do</strong>ra no <strong>Instituto</strong> de<br />
23
Psiquiatria <strong>do</strong> Kings College, em Londres, foi para o maior centro<br />
mundial de estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> c<strong>é</strong>rebro, em Los Angeles, estudar as ligações<br />
entre neurónios e informações gen<strong>é</strong>ticas para tratar <strong>do</strong>entes<br />
com surto psicótico e, deste mo<strong>do</strong>, tentar prevenir a <strong>do</strong>ença. Um<br />
outro grupo de investiga<strong>do</strong>res internacionais, lidera<strong>do</strong> por Rita<br />
Guerra, identificou já o gene que aumenta o risco da <strong>do</strong>ença<br />
de Alzheimer. Tamb<strong>é</strong>m outro investiga<strong>do</strong>r português estuda<br />
um gel de c<strong>é</strong>lulas estaminais <strong>do</strong> cordão umbilical para ajudar a<br />
cicatrizar feridas crónicas. E investiga<strong>do</strong>res da Universidade Livre<br />
de Bruxelas conseguiram com c<strong>é</strong>lulas estaminais (c<strong>é</strong>lulas que se<br />
dividem e diferenciam noutras c<strong>é</strong>lulas) gerar a primeira tiroide<br />
in vitro, cujas hormonas são essenciais para o crescimento e<br />
maturação <strong>do</strong> esqueleto e <strong>do</strong> sistema nervoso. Na Universidade<br />
da Beira Interior estão, por sua vez, tamb<strong>é</strong>m a desenvolver-<br />
-se novos implantes para regeneração óssea. Por outro la<strong>do</strong>,<br />
foi noticia<strong>do</strong> no princípio de novembro pºpº que cientistas<br />
portugueses <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> de Medicina Molecular identificaram<br />
no genoma humano os genes de AVC. É tambem importante<br />
referir que investiga<strong>do</strong>res da Fundação Champalimaud<br />
desenvolveram um novo equipamento de radioterapia, de <strong>do</strong>se<br />
única, com maior capacidade de precisão que os atuais, e que <strong>é</strong><br />
mesmo considera<strong>do</strong> o mais avança<strong>do</strong> <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Na Escola de<br />
Biotecnologia da Universidade Católica no Porto foi concluí<strong>do</strong><br />
tamb<strong>é</strong>m um estu<strong>do</strong>, que demorou três anos a concluir e já está<br />
devidamente patentea<strong>do</strong>, que dá às espinhas de bacalhau uma<br />
aplicação extraordinariamente inova<strong>do</strong>ra nas áreas da saúde e <strong>do</strong><br />
ambiente. Assim, elas poderão ser utilizadas para próteses ósseas<br />
e dentárias e at<strong>é</strong> para descontaminar a água. Tamb<strong>é</strong>m o Centro<br />
de Neurociência e Biologia Celular da Faculdade de Farmácia<br />
da Universidade de Coimbra criou uma nanopartícula da nova<br />
geração, que patenteou nos EUA, que tem a particularidade<br />
de destruir certo tipo de c<strong>é</strong>lulas cancerígenas bem como os<br />
próprios vasos sanguíneos que alimentam o tumor, o que evita<br />
reincidências. Esta descoberta foi anunciada pelo investiga<strong>do</strong>r<br />
envolvi<strong>do</strong> no projeto, João Nuno Moreira, que resultou de um<br />
trabalho em colaboração com o IPO de Coimbra, a Faculdade<br />
de Farmácia de Lisboa e a Faculdade de Medicina <strong>do</strong> Porto.<br />
Outro feito, extraordinariamente notável, que apresenta um<br />
potencial terapêutico da maior importância foi leva<strong>do</strong> a efeito<br />
pelo <strong>Instituto</strong> de Biologia Molecular e Celular da Universidade<br />
<strong>do</strong> Porto. Uma equipa coordenada por Helder Maiato conseguiu<br />
interferir no processo de divisão celular. Sabe-se que as c<strong>é</strong>lulas<br />
normais têm um número finito de divisões ao contrário da c<strong>é</strong>lula<br />
cancerosa que se divide sempre indiscriminadamente, crescen<strong>do</strong>,<br />
e invadin<strong>do</strong> o tumor outros teci<strong>do</strong>s. A equipa interferiu neste<br />
mecanismo de regulação molecular conseguin<strong>do</strong> que a c<strong>é</strong>lula<br />
cancerosa não pudesse dividir-se, ten<strong>do</strong> assim como destino a<br />
sua própria morte, operan<strong>do</strong>-se esta modificação ou mutação<br />
com uma proteína denominada CLASP2. Deste mo<strong>do</strong> a reação<br />
química da divisão celular de c<strong>é</strong>lulas cancerosas interrompe-<br />
-se ao introduzir-se no próprio tumor c<strong>é</strong>lulas com proteína<br />
mutada pelo que as c<strong>é</strong>lulas cancerosas ao fim de nove horas<br />
suicidam-se. O mist<strong>é</strong>rio resolvi<strong>do</strong> foi desvendar o processo<br />
geneticamente programa<strong>do</strong> de distribuição <strong>do</strong>s cromossomas<br />
na divisão das c<strong>é</strong>lulas cancerosas, num processo conheci<strong>do</strong> por<br />
mitose, impossibilitan<strong>do</strong>-lhes a distribuição equilibrada <strong>do</strong>s seus<br />
24<br />
ESCRITOS<br />
cromossomas pelo que, consequentemente, a c<strong>é</strong>lula cancerosa<br />
morre e acaba a sua proliferação celular.<br />
E nesta longa e incessante caminhada para tentar perceber a<br />
Natureza, passámos por Galileu, Kepler, Leonar<strong>do</strong> Da Vinci,<br />
Newton, Einstein, Marie Curie e tantos e tantos outros cientistas.<br />
Na Gr<strong>é</strong>cia antiga Hipócrates e Galeno, os reputa<strong>do</strong>s pais da<br />
medicina, não sonhavam de to<strong>do</strong> com vacinas, antibióticos,<br />
transfusões e tipos de sangue e outros avanços da medicina,<br />
hoje banais e nem imaginavam mesmo que existissem bact<strong>é</strong>rias<br />
ou vírus. E perante os maravilhosos acontecimentos científicos<br />
atuais, <strong>é</strong> caso mesmo para exclamar como Júlio Verne foi<br />
ultrapassa<strong>do</strong>. Mas devemos reconhecer que da sua imaginação<br />
emergiram at<strong>é</strong> muitas realidades que se vieram a concretizar<br />
bastante mais tarde, no s<strong>é</strong>culo XX, mas que ao tempo eram<br />
apenas fantasias criativas, como por exemplo, o submarino, a<br />
viagem à lua e o aparecimento da televisão. E ocorre-nos referir,<br />
citan<strong>do</strong> Agustina Bessa-Luis, que “a infância vive a realidade<br />
da única forma honesta que <strong>é</strong> tornan<strong>do</strong>-a como uma fantasia”.<br />
E Júlio Verne foi nesse senti<strong>do</strong> um excelente obreiro junto de<br />
muitas gerações. A Volta ao Mun<strong>do</strong> em 80 Dias, Viagem ao<br />
Centro da Terra, Da Terra à Lua, Vinte Mil L<strong>é</strong>guas Submarinas,<br />
são, entre outras, das suas obras mais emblemáticas dadas ao<br />
prelo entre 1863 e 1874. Ora, nem o maior especialista em<br />
inovação e futurologia global faria melhor previsão. Sabe-se que<br />
a competitividade e o progresso da economia global requerem hoje<br />
graus de cultura científica cada vez maiores, pelo que todas estas<br />
descobertas científicas, step by step, concorrem entre si, e integradas<br />
de uma forma harmónica têm, mais ce<strong>do</strong> ou mais tarde, um grande<br />
impacto no progresso da humanidade, no crescimento económico,<br />
e no bem-estar e qualidade de vida. E embora tenha si<strong>do</strong> atrav<strong>é</strong>s<br />
da Filosofia - área de estu<strong>do</strong> de caracter multidisciplinar que<br />
envolve a investigação e reflexão de ideias - que nasceu a Ciência,<br />
estas pareceram por vezes não se acomodar por uma questão de<br />
autonomia e desejo de preponderância. Não obstante, a filosofia<br />
(em torno de cujo eixo giram a lógica, linguística, dial<strong>é</strong>tica, <strong>é</strong>tica,<br />
fenomenologia, hermenêutica, ontologia, a epistemologia, etc.<br />
etc.) tem desenvolvi<strong>do</strong> na Idade Moderna, como outrora, muitas<br />
conceções filosóficas e da<strong>do</strong> contributos para o conhecimento<br />
que têm muda<strong>do</strong> o homem e o mun<strong>do</strong>. E o embate, verifica<strong>do</strong><br />
entre filosofia e ciência, ocorreu ainda mais acentuadamente,<br />
entre a Religião e Ciência. Assim, Descartes ao lutar pela<br />
autonomia <strong>do</strong> pensamento racional perante a f<strong>é</strong>, e a fim de<br />
evitar confrontos já então conheci<strong>do</strong>s, usou o estratagema de<br />
escrever nas Meditações as provas da existência de Deus para<br />
logo a seguir dizer que o Cogito (a Razão) se sustenta por si só.<br />
Mas a liberdade investigativa da ciência teve talvez com Galileu<br />
Galilei, o impedimento mais s<strong>é</strong>rio contra a sua autonomia, devi<strong>do</strong><br />
na <strong>é</strong>poca à postura impositiva da igreja quanto à determinação<br />
sobre o que era ou não verdade. Mas apesar destes diferen<strong>do</strong>s<br />
a afirmação de que a religião vai desaparecer à medida que o<br />
mun<strong>do</strong> se vai tornan<strong>do</strong> mais moderno não passa de uma ilusão<br />
otimista de acad<strong>é</strong>micos ateus, como refere o sociólogo Rodney<br />
Stark no seu recente livro (2011), The Triumph of Chistrianity. E<br />
seja nos tempos que correm ou nas recuadas <strong>é</strong>pocas de Pitágoras<br />
ou de Arquimedes, a essência <strong>do</strong> avanço <strong>do</strong> conhecimento para a<br />
modernidade tem sempre na sua base a curiosidade <strong>do</strong> homem,
característica radicada no seu próprio instinto, que se reflete de<br />
mo<strong>do</strong> intemporal nesta interrogação, formulada em 1615, numa<br />
carta de Galileu a Cristina di Lorena: “Quem se atreverá a por<br />
limites ao engenho <strong>do</strong>s homens?”<br />
Paula Cristina Monteiro<br />
Professora de Filosofia, Psicologia e Área de Integração<br />
A necessidade <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s de merca<strong>do</strong><br />
Num <strong>do</strong>s últimos noticiários de um <strong>do</strong>s múltiplos canais de<br />
televisão por cabo, uma notícia chamou-me a atenção. Numas<br />
das principais art<strong>é</strong>rias da cidade de Lisboa a Avenida de Roma,<br />
estão abertos ao público “quase porta sim, porta sim” vários<br />
cabeleireiros exclusivos para senhoras ou unissexo. De entre<br />
as várias questões que de repente vêm à memória <strong>do</strong> vulgar<br />
cidadão que por ali circula posso destacar as seguintes; Será<br />
que existe merca<strong>do</strong> suficiente para to<strong>do</strong>s poderem sobreviver<br />
comercialmente? O que oferecem os diferentes estabelecimentos<br />
de mo<strong>do</strong> a que se distingam uns <strong>do</strong>s outros, sim porque para um<br />
vulgar cidadão que necessite de tratar <strong>do</strong> cabelo provavelmente<br />
<strong>é</strong>-lhe indiferente ir a um ou a outro.<br />
Provavelmente poucos destes comerciantes têm a noção <strong>do</strong><br />
que <strong>é</strong> um estu<strong>do</strong> de merca<strong>do</strong>, a fixação <strong>do</strong> seu negócio nessa<br />
zona deveu-se provavelmente ao facto de considerarem que se<br />
trata de uma zona cujos residentes se situam num determina<strong>do</strong><br />
estrato social, a classe m<strong>é</strong>dia alta com um poder de compra<br />
acima da m<strong>é</strong>dia da população o que lhes vai permitir cuidar<br />
com mais cuida<strong>do</strong> <strong>do</strong> seu visual.<br />
Então o que <strong>é</strong> um estu<strong>do</strong> de merca<strong>do</strong>?<br />
Um estu<strong>do</strong> de merca<strong>do</strong>, corresponde ao conjunto de atividades<br />
que têm por finalidade prever as vendas e os preços de certo bem<br />
ou serviço com o objetivo futuro de investimentos empresariais<br />
públicos ou priva<strong>do</strong>s terem resulta<strong>do</strong>s compensa<strong>do</strong>res.<br />
Esta definição de estu<strong>do</strong> de merca<strong>do</strong>, traduz um conjunto de<br />
atividades com os seguintes objetivos:<br />
É o início de qualquer projeto empresarial;<br />
Definição de uma estrat<strong>é</strong>gia de Marketing que torne<br />
competitivo o binómio produto/merca<strong>do</strong>;<br />
Identifica os produtos a comercializar;<br />
Fixa o preço e as condições de venda;<br />
Define os circuitos de distribuição;<br />
Permite conhecer o público alvo a atingir;<br />
Analisa os da<strong>do</strong>s de potenciais clientes para a<br />
implementação de ações de Marketing;<br />
Determina a “imagem” da empresa e <strong>do</strong>s seus produtos<br />
ou serviços;<br />
Prevê o volume de negócios.<br />
ESCRITOS<br />
Em conclusão:<br />
Não basta a boa ideia, a ousadia, o risco, <strong>é</strong> necessário entender<br />
o merca<strong>do</strong> e estar constantemente atualiza<strong>do</strong> relativamente<br />
às suas tendências de evolução para que o negócio encontre<br />
possibilidade crescimento, provavelmente não <strong>é</strong> esse o caso de<br />
muitos <strong>do</strong>s pequenos comerciantes que se estabeleceram na<br />
Av. De Roma com os seus cabeleireiros de senhoras ou unissexo<br />
que provavelmente só olharam ao estrato social <strong>do</strong>s residentes<br />
daquela zona da cidade de Lisboa concluin<strong>do</strong> que ali havia<br />
potencial económico para to<strong>do</strong>s terem sucesso comercial, não<br />
ten<strong>do</strong> em consideração outros fatores tais como a situação<br />
económica <strong>do</strong> país, desemprego e consequente degradação<br />
<strong>do</strong> poder de compra da população, população residente mais<br />
envelhecida, com mais dificuldades de locomoção, a própria<br />
evolução da tecnologia que vai permitir às pessoas em geral<br />
tratar <strong>do</strong> seu visual em casa evitan<strong>do</strong> assim a ida ao cabeleireiro,<br />
entre outros possíveis fatores que o estu<strong>do</strong> de merca<strong>do</strong> analisaria.<br />
Em senti<strong>do</strong> contrário a nossa Escola, adaptou-se e muito bem<br />
à realidade <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> atual, desde 2009 apostou no ensino<br />
profissional, esta aposta permitiu-lhe situar-se no segmento de<br />
merca<strong>do</strong> onde existe procura de mão de obra qualificada para o<br />
teci<strong>do</strong> industrial português.<br />
Paulo Magalhães<br />
Professor de Economia e Gestão <strong>do</strong> IPE<br />
A Economia e a Gestão, o Contributo <strong>do</strong> IPE<br />
A primeira coisa que eu ensino aos meus alunos, logo na primeira<br />
aula de Direito, <strong>é</strong> que: - “O Homem <strong>é</strong> um animal eminentemente<br />
social!”, como o demonstrou e afirmou tantas vezes Aristóteles.<br />
Esta c<strong>é</strong>lebre frase já faz gozo e ane<strong>do</strong>ta entre os alunos <strong>do</strong> curso<br />
T<strong>é</strong>cnico de Gestão por ser tantas vezes repetida e trabalhada.<br />
É a partir dela que to<strong>do</strong> o pensamento e formação se vão<br />
moldan<strong>do</strong> e crescen<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong>s três anos <strong>do</strong> curso.<br />
“O Homem <strong>é</strong> um animal eminentemente social!”<br />
… e porque <strong>é</strong> um animal social, só sobrevive em sociedade e para<br />
sobreviver em sociedade tem de criar regras e normas de conduta<br />
que lhe permitam viver em harmonia nessa mesma sociedade.<br />
Com o evoluir da humanidade, o Homem saiu da caverna, deixou<br />
de ser nómada e sedentarizou-se crian<strong>do</strong> laços sociais cada vez<br />
mais complexos, que ultrapassaram para lá da sociedade primária<br />
e originariamente estabelecida – a Família. Surgem as tribos, as<br />
comunidades, as cidades – esta<strong>do</strong>, at<strong>é</strong> chegarmos à atualidade e<br />
ao conceito de Esta<strong>do</strong> Moderno.<br />
O Esta<strong>do</strong> Moderno, essa entidade, definida por Jean Bodin, como<br />
sen<strong>do</strong> <strong>do</strong>tada de soberania, que exerce o poder político sobre<br />
um determina<strong>do</strong> povo sedimenta<strong>do</strong> num determina<strong>do</strong> território<br />
com as suas fronteiras devidamente definidas e reconhecidas<br />
internacionalmente.<br />
Rapidamente os alunos percebem que Esta<strong>do</strong> e Nação não<br />
significam a mesma coisa e que povo e população não têm<br />
seguramente o mesmo significa<strong>do</strong>.<br />
Não invocan<strong>do</strong> o caso de Olivença, podemos afirmar com toda a<br />
convicção que Portugal <strong>é</strong> o Esta<strong>do</strong>-nação mais antigo da Europa,<br />
25
com as fronteiras mais antigas, remontan<strong>do</strong> a mais de 900 anos<br />
de história.<br />
Essa nossa História, a História de Portugal de que tanto nos<br />
podemos orgulhar!<br />
E, como num destes dias num almoço dizia a minha colega de<br />
história, <strong>é</strong> preciso conhecer o nosso passa<strong>do</strong>, perceber os factos<br />
sucedi<strong>do</strong>s, para que se possa perceber o presente e delinear<br />
convenientemente o futuro!<br />
A História não pode ser letra morta, mas um conjunto de<br />
acontecimentos que se refletem constantemente no nosso<br />
presente e cujo presente só consegue ser percebi<strong>do</strong> se conheci<strong>do</strong><br />
o seu passa<strong>do</strong> e antecedentes.<br />
O curso T<strong>é</strong>cnico de Gestão prepara os alunos para o merca<strong>do</strong> de<br />
trabalho e para a realidade social em que o Homem vive; porque<br />
“o Homem <strong>é</strong> um animal social” deve ser visto como um to<strong>do</strong>!<br />
Para al<strong>é</strong>m de explicar que o Homem <strong>é</strong> um animal social e que<br />
só sobrevive em sociedade existe outra c<strong>é</strong>lebre frase muito<br />
conhecida <strong>do</strong>s alunos <strong>do</strong> curso T<strong>é</strong>cnico de Gestão, que responde<br />
à pergunta constante de porque <strong>é</strong> que existe a economia e o que<br />
<strong>é</strong> a economia?<br />
A economia <strong>é</strong> a ciência que estuda o problema económico!<br />
E lá vem a frase “a saber!”:<br />
- “ O problema económico existe porque os recursos são<br />
escassos para satisfazer as necessidades <strong>do</strong> Homem que são<br />
ilimitadas.”<br />
Assim, porque a realidade social <strong>é</strong> um to<strong>do</strong>, persiste a<br />
interdisciplinaridade, devemos então recapitular - o Homem <strong>é</strong><br />
um animal social, só sobrevive com a congregação de esforços<br />
de to<strong>do</strong>s os que vivem numa determinada sociedade, onde<br />
existe uma determinada ordem, organização e divisão de tarefas,<br />
impostas pelas diversas normas e regras, para que as necessidades<br />
<strong>do</strong> indivíduo, que vive naquela sociedade, possam ser satisfeitas.<br />
Acontece por<strong>é</strong>m, que as necessidades são ilimitadas… Os esforços<br />
para as satisfazer re<strong>do</strong>bram–se! A combinação ótima <strong>do</strong>s fatores<br />
de produção passa a ser uma prioridade nas sociedades em geral<br />
e a grande preocupação para o Esta<strong>do</strong> moderno, que visa garantir<br />
a segurança, a justiça e o bem-estar <strong>do</strong>s cidadãos.<br />
Nos anos quarenta <strong>do</strong> s<strong>é</strong>culo passa<strong>do</strong>, o economista<br />
Colin Clark classificou a atividade económica – to<strong>do</strong> o conjunto<br />
de atividades relacionada com a produção - em três setores<br />
agrupan<strong>do</strong>-se assim os diferentes tipos de produtividade de bens<br />
e serviços em setor primário, secundário e terciário.<br />
No setor primário estão as atividades com a recolha de bens<br />
que a natureza disponibiliza, no secundário estão englobadas<br />
as indústrias que transformam as mat<strong>é</strong>rias - primas e no setor<br />
terciário estão compreendidas todas as atividades não abrangidas<br />
nos setores anteriores (como o com<strong>é</strong>rcio, a banca, a educação, a<br />
defesa, a justiça, o turismo ou a comunicação social). Atualmente<br />
podemos tamb<strong>é</strong>m falar <strong>do</strong> setor quaternário que agrupa to<strong>do</strong><br />
o tipo de produção relacionada com as novas tecnologias de<br />
informação.<br />
Não será preciso uma grande análise para perceber que Portugal,<br />
à medida que se foi tornan<strong>do</strong> um país com desenvolvimento<br />
económico, (não estou a falar de crescimento económico, mas sim<br />
de desenvolvimento) deslocou a sua capacidade de produtividade<br />
para o setor secundário e principalmente para o setor terciário.<br />
26<br />
ESCRITOS<br />
As teorias economistas da vantagem comparativa e da vantagem<br />
absoluta levaram o nosso país nos últimos anos a congregar<br />
esforços para desenvolver a sua atividade principalmente no setor<br />
<strong>do</strong>s serviços e das telecomunicações.<br />
Não me compete tecer qualquer comentário sobre se a aplicação<br />
<strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s e subsídios internacionais recebi<strong>do</strong>s foram ou não<br />
bem aplica<strong>do</strong>s ou canaliza<strong>do</strong>s na sua totalidade para os devi<strong>do</strong>s<br />
investimentos a que o país se comprometeu.<br />
Mas tomarei a liberdade para poder concluir que esses subsídios<br />
e fun<strong>do</strong>s estruturais que entraram no país, durante mais de<br />
uma d<strong>é</strong>cada, criaram em to<strong>do</strong> o cidadão português a ilusão de<br />
riqueza, que na realidade o país não produzia e possibilitou o<br />
endividamento de muitas famílias e empresas.<br />
Com a crise económica e financeira que assolam a Europa e<br />
os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, Portugal ficou profundamente afeta<strong>do</strong> e o<br />
investimento no país diminuiu significativamente, o que torna<br />
pouco viável a sobrevivência das unidades produtivas que já eram<br />
d<strong>é</strong>beis.<br />
O retorno a uma economia virada para a agricultura de<br />
subsistência não me parece que possa ou deva ser uma opção<br />
viável, a população já se habituou a um determina<strong>do</strong> estilo e<br />
qualidade de vida, que passa pelo acesso a uma s<strong>é</strong>rie de produtos,<br />
bens e serviços.<br />
O investimento na indústria com vista à exportação para colmatar<br />
as importações e equilibrar uma balança de pagamentos seria<br />
uma medida muito positiva, não estivesse uma grande parte<br />
da nossa indústria desatualizada e na falência sen<strong>do</strong> necessário<br />
uma elevada capacidade de investimento, numa altura em que os<br />
merca<strong>do</strong>s se encontram com dificuldades no financiamento e os<br />
investi<strong>do</strong>res renitentes na confiança que depositam na economia<br />
portuguesa.<br />
As nossas exportações de bens são feitas à custa de produtos<br />
transforma<strong>do</strong>s, na sua maioria aproveitan<strong>do</strong> a nossa vantagem<br />
absoluta natural, como seja por exemplo a cortiça ou o vinho.<br />
Contu<strong>do</strong>, at<strong>é</strong> aqui a nossa capacidade de produção não deixa<br />
de ser limitada quan<strong>do</strong> pretendemos entrar num merca<strong>do</strong> com<br />
a dimensão <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s ou at<strong>é</strong> de outro país europeu;<br />
atenção que não estou a discutir qualidade, mas sim quantidade<br />
(e propositadamente escolhi como exemplo estes <strong>do</strong>is produtos,<br />
cuja qualidade <strong>é</strong> reconhecida internacionalmente). To<strong>do</strong>s nós<br />
estamos cientes da qualidade <strong>do</strong>s produtos portugueses e<br />
fazemos um esforço para os adquirir, independentemente <strong>do</strong> seu<br />
custo, pois apreciamos a sua qualidade. O que aqui está em causa<br />
<strong>é</strong> a capacidade de produzir em grande escala para que possa ser<br />
considera<strong>do</strong> um produto concorrente ou com cota de merca<strong>do</strong> de<br />
interesse relevante.<br />
Como poderemos então superar a crise e voltar a aumentar a<br />
nossa qualidade de vida? Perguntam os meus alunos <strong>do</strong> curso<br />
T<strong>é</strong>cnico de Gestão.<br />
A isso eu não sei responder, apenas analisar os da<strong>do</strong>s de que<br />
disponho e formular uma mera opinião.<br />
O que temos em abundância afinal? O que podemos desenvolver,<br />
produzir e exportar?<br />
O que <strong>é</strong> que oferecemos ao longo de s<strong>é</strong>culos? No que <strong>é</strong> que somos<br />
realmente bons?<br />
Rapidamente a nossa identidade nacional responde a esta questão
sem precisarmos de grandes indica<strong>do</strong>res económicos.<br />
A capacidade <strong>do</strong> povo português em se adaptar, em ser inova<strong>do</strong>r,<br />
em querer ajudar, em bem servir, em ser tolerante e respeita<strong>do</strong>r<br />
<strong>do</strong>s outros povos levou Portugal a mostrar mun<strong>do</strong>s ao mun<strong>do</strong>!!!<br />
Não se iludam, amigos, Portugal não teve uma revolução<br />
industrial, não teve uma reforma agrária de sucesso. Nós tivemos<br />
o mun<strong>do</strong> aos nossos p<strong>é</strong>s pela nossa capacidade de perceber e<br />
receber os outros!<br />
Desenvolver os nossos serviços, apresentar serviços de qualidade<br />
e exportá-los, não <strong>é</strong> ser-se serviçal, nem subserviente! É acreditar<br />
na nossa cultura, <strong>é</strong> defender a nossa identidade, <strong>é</strong> voltar a deixar<br />
a nossa marca nos quatro cantos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>!<br />
SERVIÇOS, mas terão de ser serviços de qualidade, com verdadeiros<br />
t<strong>é</strong>cnicos de gestão e gestores a desenvolvê-los e a assegurar as<br />
tarefas inerentes aos mesmos.<br />
Gerir e saber gerir - um negócio (pequeno ou grande), uma fábrica<br />
(artesanal ou de tecnologia de ponta) ou um terreno agrícola<br />
(de cultura biológica ou em grande escala), coloca o aluno <strong>do</strong><br />
curso T<strong>é</strong>cnico de Gestão apto a trabalhar nos quatro setores de<br />
atividade e com sucesso!<br />
Neste momento e nos tempos mais próximos, o desafio da<br />
sociedade portuguesa passa por desenvolver e apostar num<br />
conjunto de atividades e de tarefas inerentes aos t<strong>é</strong>cnicos de<br />
gestão e aos gestores com capacidade para orientar, analisar<br />
e desenvolver atividades que originem produção no país em<br />
qualquer um <strong>do</strong>s setores de atividade.<br />
To<strong>do</strong>s os setores de atividade estão aptos a receber um aluno <strong>do</strong><br />
curso T<strong>é</strong>cnico de Gestão, o que lhe alarga em muito a possibilidade<br />
de empregabilidade comparativamente a outros cursos.<br />
Contu<strong>do</strong>, o setor terciário, designadamente o setor <strong>do</strong>s serviços,<br />
bem como as tecnologias da informação continuam a ser os mais<br />
promissores e <strong>é</strong> onde, na minha opinião, devemos concentrar os<br />
nossos esforços e desenvolver e especializar as vantagens que o<br />
nosso país tem para oferecer, vantagens naturais – sol, vento,<br />
mar, capacidade de raciocínio, capacidade de interação, língua,<br />
etc. e as vantagens criadas - boa restauração; bons serviços de<br />
hospedagem, boas telecomunicações, entre outros.<br />
Afinal os grandes investi<strong>do</strong>res, contribui<strong>do</strong>res <strong>do</strong> PIB no nosso<br />
país e cria<strong>do</strong>res de riqueza fizeram- no em que setor?<br />
Desde o tempo de D. Afonso Henriques sob a <strong>é</strong>gide das cruzadas<br />
e da conquista aos mouros, passan<strong>do</strong> pelos descobrimentos e at<strong>é</strong><br />
aos dias de hoje, que Portugal vive <strong>do</strong> com<strong>é</strong>rcio e das transações<br />
comerciais, mais ou menos licitas, que as situações e as <strong>é</strong>pocas<br />
históricas originaram.<br />
Tanto se fala numa Sonae, num Belmiro Azeve<strong>do</strong>, na Jerónimo<br />
Martins, nos grandes grupos económicos como o grupo Melo, o<br />
BES, a Impresa, entre outros. De onde vem a sua riqueza senão<br />
<strong>do</strong>s serviços presta<strong>do</strong>s – bancos, escolas, hospitais, hot<strong>é</strong>is,<br />
supermerca<strong>do</strong>s etc.<br />
Melhorar, incrementar e exportar os nossos serviços pode ser uma<br />
solução para a nossa crise económica!<br />
Bem-haja o IPE que continua a contribuir para “CRIAR CIDADÃOS<br />
ÚTEIS À PÁTRIA” e a prova disso <strong>é</strong> o sucesso que os alunos de<br />
economia e gestão têm ti<strong>do</strong> ao ingressar nas universidades mais<br />
conceituadas internacionalmente ou a desenvolver um trabalho<br />
s<strong>é</strong>rio e competente nas empresas.<br />
Ana Patrícia Matos<br />
ESCRITOS<br />
Revisitemos o passa<strong>do</strong><br />
Vivemos hoje num cenário de “oceanos de oportunidades”.<br />
Começaram por ser pequenas gotas, que se transformaram em<br />
rios, e daí rapidamente evoluíram para mares e, que a um ritmo<br />
alucinante, se transformaram em oceanos, de forma tal, que<br />
hoje vivemos num clima aberto e pleno de oportunidades.<br />
Este <strong>é</strong> o cenário e ambiente da comunidade “pilónica”. A<br />
maioria da parte discente vive, diria que, quase centrada, nas<br />
novas tecnologias, conseguin<strong>do</strong> muitos deles dar lições sobre as<br />
potencialidades e capacidades <strong>do</strong>s seus equipamentos.<br />
São os “smartphones” os “ tablets”, as últimas versões <strong>do</strong>s<br />
sistemas operativos, os computa<strong>do</strong>res portáteis mais recentes<br />
que constatamos ser o objetivo, o uso, e o abuso de muitos <strong>do</strong>s<br />
nossos alunos.<br />
Estas práticas constituem um capital de esperança, uma vez que<br />
incorporam conhecimento, tecnologia, talento e criatividade.<br />
Para que este esforço não se torne inglório, e tamb<strong>é</strong>m para<br />
que o investimento que os encarrega<strong>do</strong>s de educação, e o<br />
Esta<strong>do</strong> (que somos to<strong>do</strong>s nós) não tenha um retorno negativo,<br />
com repercussão nas gerações atuais e futuras, <strong>é</strong> fundamental<br />
que haja um esforço por parte de to<strong>do</strong>s no senti<strong>do</strong> de termos<br />
sempre presente os saberes, os usos, e as tradições passadas,<br />
deven<strong>do</strong> para isso, ser visita<strong>do</strong>s, e revisita<strong>do</strong>s várias vezes,<br />
sempre que necessário.<br />
No âmbito das Provas de Aptidão Profissional (PAP´s) podiam<br />
ser alvo de descriminação positiva as provas que abordassem<br />
temas relaciona<strong>do</strong>s com setores considera<strong>do</strong>s estrat<strong>é</strong>gicos<br />
a nível nacional (agricultura, atividades relacionadas com o<br />
mar, turismo, por exemplo) e que incorporassem saberes,<br />
conhecimentos e competências existentes, e projetan<strong>do</strong> os<br />
mesmos para o futuro.<br />
Desta forma contribuíamos para gerar um impulso para aquilo<br />
que constitui um desígnio estrat<strong>é</strong>gico nacional, em setores<br />
onde proliferam as pequenas e m<strong>é</strong>dias empresas.<br />
“Numa altura em que urge criar riqueza no País e gerar novas<br />
bases de crescimento económico, <strong>é</strong> necessário olhar para o que<br />
esquecemos nas últimas d<strong>é</strong>cadas e ultrapassar os estigmas que<br />
nos afastaram <strong>do</strong> mar, da agricultura e at<strong>é</strong> da indústria, com<br />
vista a produzirmos, em maior gama e quantidade, produtos e<br />
serviços que possam ser dirigi<strong>do</strong>s aos merca<strong>do</strong>s externos.<br />
Tenho defendi<strong>do</strong> que Portugal deve explorar novas opções<br />
de desenvolvimento, sen<strong>do</strong> que a nossa geografia, os nossos<br />
recursos naturais e o mar são, indubitavelmente, uma dessas<br />
opções.”<br />
In discurso de Sua Excelência o Presidente da República<br />
na Cerimónia de Abertura <strong>do</strong> 22º Congresso da APDC<br />
– Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das<br />
Comunicações, sob o tema «Um Mar de Oportunidades» em<br />
21 de novembro de 2012<br />
Domingos Borges<br />
(Professor MPCE, NIM 91010795)<br />
27
Textos <strong>do</strong>s alunos <strong>do</strong> 9º ano a propósito <strong>do</strong> tema:<br />
“Teens and body image”<br />
28<br />
ENGLISH CORNER<br />
It’s not simple to talk about body image. I think body image<br />
reflects the way you like to live your life, if you worry too much<br />
with it or if you just <strong>do</strong>n’t care.<br />
Many people judge others by their looks; if they are fat or slim,<br />
short or tall, ugly or beautiful, black or white! I just think that<br />
kind of people are crazy and <strong>do</strong>n’t know anything about real<br />
life, but unfortunately the world is full of those people.<br />
Of course I care a little bit about my appearance but I also know<br />
that my real friends aren’t going to like me more, just because<br />
of the way I look or <strong>do</strong>n’t look!<br />
Andr<strong>é</strong> Rodrigues, 44/11<br />
Body image is not that much important. It is good to look<br />
yourself in a mirror and like what you see but you <strong>do</strong>n’t really<br />
need other people’s opinion to feel better. We need to be careful<br />
with what we eat and we should be healthy first, then we<br />
can say we are fine.<br />
Nowadays celebrities influence people, especially teens, but<br />
they are who they are and we shouldn’t want to be or try to look<br />
like them. I <strong>do</strong>n’t mean that fat or obese people shouldn’t try<br />
to change, to take care, and to be helped by <strong>do</strong>ctors and being<br />
well advised but always with careful and respect for themselves.<br />
Sometimes people make fun of others not knowing how that<br />
can be very harmful and totally irresponsible and unfortunately<br />
teens <strong>do</strong> it a lot.<br />
In conclusion, the important thing is the way you fell about<br />
yourself and the people who truly like you.<br />
João Ferreira, 215/11<br />
A persons’ body image is the way people see themselves when<br />
they look at the mirror or when someone makes a comment on<br />
your looks.<br />
The body image is checked by our self-esteem and that should<br />
be a positive thing. But some people can’t cope with a criticism<br />
and start to develop eating disorders and even serious diseases,<br />
like anorexia or bulimia and sometimes causing great damage to<br />
their health or even death.<br />
Well, of course everyone wants to be fit and healthy and look<br />
good; So what can we <strong>do</strong> to help this people? We can talk to<br />
them, make them feel confident with themselves, making them<br />
know how important they are to their friends and family.<br />
Enzo Morais, 426/12<br />
I think that our body image is important because nowadays<br />
people’s appearance is the first thing one sees, but one thing<br />
is to take of your body and other completely different is to be<br />
obsessed with it.<br />
Some teens think their body image is everything but others, like<br />
me, care about the inner beauty, the real beauty.<br />
All my life, I have learned that we need to develop self-confidence<br />
and lead a healthy lifestyle and it’s a shame that some<br />
teens just can’t understand that.<br />
We need to accept ourselves the way we are, and accept others<br />
too. Nobody’s perfect!<br />
Rita Esteves, 1011/12<br />
My Favourite Dessert<br />
My favourite dessert is chocolate crepes.<br />
Chocolate crepes is a delicious dessert made with three eggs,<br />
two cups of flour, two cups of milk, one cup of water, three<br />
tablespoons of oil, one pinch of salt, oil of a frying pan and two<br />
tablespoons of sugar.<br />
Chocolate sauce is made with 100 grams of chocolate, two<br />
tablespoons of butter, two tablespoons of milk, one tablespoon<br />
of sugar and one pinch of vanilla.<br />
This recipe is originally from Brittany, a region in the northwest<br />
of France, their consumption is widespread in France and Quebec.<br />
In Brittany, crepes are traditionally served with cider. Crepes are<br />
served with a variety of fillings, from the most simple with only<br />
sugar to flamb<strong>é</strong>ed Crepes Suzette or elaborate savoury fillings.<br />
You should try it. It’s delicious!<br />
Mariana Baptista, 2/10, 7º B<br />
Our tour of Lisbon<br />
Our names are Mariana and Inês. Our ages are twelve and<br />
thirteen years old and we live in Lisbon. We are going to take<br />
you on a tour of Lisbon.<br />
Lisbon is in the middle of Portugal, about 20 kilometres of<br />
Sesimbra. Do you know it´s the Europe’s second-oldest capital<br />
(after Athens)?<br />
First, we are going to take you to visit excellent museums, from<br />
the famous Calouste Gulbenkian Museum to the outstanding<br />
Ancient Art Museum, and the more recent Design Museum. We<br />
can take some photos there.<br />
Then, we’re going to walk along the river Tejo and we can learn<br />
all about our history and perhaps visit the Bel<strong>é</strong>m Tower and the<br />
marvelous Jerónimos Monastery.<br />
Finally, we’re going to take you to the D. Maria II theatre in<br />
the evening. It’s a beautiful, big and old building in Lisbon<br />
<strong>do</strong>wntown. We can see a play there.<br />
That’s our tour of Lisbon!<br />
Mariana Baptista, Nº 2/10<br />
Maria Pereira, nº 1521/12, 7ºB<br />
Love<br />
The sun is bright<br />
The sky is blue<br />
Flowers are pretty<br />
My heart cries for you!<br />
Violets are dark<br />
Your eyes are beautiful<br />
Our life is so funny<br />
Because I belong to you!<br />
You are my Valentine<br />
Handsome, funny and sweet<br />
I keep you very close to me<br />
Because I need you!<br />
Sugar is sweet<br />
Only sweet like you<br />
But never forget<br />
That I love you! Maria Pereira Nº 1521/12, 7ºB
Roses are red<br />
Roses are red<br />
Flowers are blue<br />
The world is so sad<br />
When I am not with you<br />
Roses are red<br />
Flowers are blue<br />
They are beautiful<br />
Just like you<br />
Roses are red<br />
Flowers are blue<br />
The sun is yellow<br />
And I love you<br />
Roses are red<br />
flowers are blue<br />
the sun shines<br />
when I’m with you<br />
I like to go to the garden<br />
To play and walk<br />
to see the flowers shinnning<br />
it’s beautiful.<br />
Love<br />
Your hair is bright<br />
Your eyes are blue<br />
The sugar is sweet<br />
And so are you!<br />
Sometimes you are bad<br />
Sometimes you make me blue<br />
In spite of that<br />
I still love you!<br />
Ilidio 273/12 – 5ºB<br />
Oliveira 579/12 – 5º A<br />
Ana Carolina 1017/12 – 5ºB<br />
Ana Pontes - 5ºB<br />
David Barroso Nº 04/10, 7ºB<br />
ENGLISH CORNER<br />
Defining “A<strong>do</strong>lescence”<br />
A<strong>do</strong>lescence is one of the worst and at the same time one of<br />
the best period of time in our lives. Being a teenager means<br />
discovering who we are, our responsibilities, making choices,<br />
our body changes, our feelings…but t also means discovering<br />
life, have free<strong>do</strong>m, fall in love, build our future!<br />
We all know that a<strong>do</strong>lescence is possibly the most important<br />
time of our lives because the choices that we make when we<br />
are teenagers will be reflected in the rest of our lives. Choices<br />
like smoking or not, drinking alcohol or not, take drugs or not,<br />
what degree we want to take, to chose what we want to be in<br />
the future.<br />
In conclusion, a<strong>do</strong>lescence is the most important period of our<br />
life. What we decide will be determine our future life.<br />
Diogo Pinto 120/07<br />
A<strong>do</strong>lescence is a hard period. Teenagers suffer a lot of physical<br />
and psychological changes. They start to know how their boby<br />
works. During this period teenagers must make plans for their<br />
future life. Teenagers are figuring out who they are, what they<br />
believe in, what there are good at, and what their place in the<br />
world is going to be.<br />
It is a period of time in which teenagers think they know<br />
everything, they <strong>do</strong>n’t like to follow rules but besides this desire<br />
to feel free they have a lot of responsibilities.<br />
Teenagers often suffer peer pressure. They want to belong to a<br />
certain group and in order to be accept they make things they<br />
<strong>do</strong>n’t feel confortable with such as smoking, drinking, <strong>do</strong>ing<br />
drugs which may create adiction. Teenagers must be courageous<br />
and fight against these situations. They can make a difference if<br />
they are strong enough to be different and mature!<br />
Guilherme Ramos220/11<br />
A<strong>do</strong>lescence is the period in each a<strong>do</strong>lescents choose the future<br />
of their lives.<br />
In this period, teens can be influenced by their peers who may<br />
have a positive or negative influence.<br />
It is a time when they choose the job and the skills they must<br />
develop in order to have qualifications in the job market and to<br />
find the perfect job.<br />
It is also the time to choose the friends who they want to have<br />
in their lives.<br />
The future life depends on the choices and decisions and<br />
friendships we have made during this period.<br />
The choices and attitudes teens make decide the future and the<br />
kind of life they will have.<br />
It’s time to make a decision on how the future will be.<br />
We conclude that we can define a<strong>do</strong>lescence using these key words:<br />
Decisions<br />
Choice<br />
Physical and psychological changes<br />
Peer pressure<br />
Friendship<br />
Addiction<br />
Risks<br />
Free<strong>do</strong>m<br />
Responsibilities<br />
Plan<br />
Future life<br />
29
Il est très important de parler français parce que le français est<br />
une des langues les plus parl<strong>é</strong>es dans le monde. Plus de 200<br />
millions de personnes dans le monde parlent le français.<br />
Moi, j’aime apprendre à parler français parce que c’est très facile<br />
et amusant.<br />
J’aimerais un jour parler bien le français pour avoir un bon<br />
travail dans le futur.<br />
La prononciation est amusante.<br />
J’aime le français!<br />
30<br />
LE COIN DU FRANÇAIS<br />
“Communiquer en français” “Communiquer aujourd’hui”<br />
David Lima, 61/11, 8º A<br />
Il est très important de parler le français parce que c’est une<br />
langue parl<strong>é</strong>e dans une grande partie du monde.<br />
Je trouve que les verbes en français sont un peu difficiles mais<br />
parler le français est amusant et facile. J’a<strong>do</strong>re parler français.<br />
Je pense que tout le monde devrait parler le français parce que<br />
c’est très important pour toute la vie.<br />
J’a<strong>do</strong>re le français!<br />
Diogo Marques, 185/09, 8º A<br />
Je crois que communiquer en français aujourd’hui est très<br />
important parce que le français est une langue parl<strong>é</strong>e par<br />
beaucoup de personnes dans le monde. Plus de 200 millions de<br />
personnes parlent le français.<br />
C’est très important aussi quand on visite la France pour<br />
connaître ses monuments.<br />
Je pense que la langue française est très facile.<br />
Mandugal, 816/11, 8º B<br />
Communiquer en français est très important pour toutes les<br />
personnes, car le français est la langue officielle dans beaucoup<br />
de pays du monde. Le français est difficile mais facile au même<br />
temps.<br />
J’a<strong>do</strong>re le français parce que les thèmes que j’apprends sont<br />
très faciles.<br />
J’a<strong>do</strong>re le français et la gastronomie française.<br />
Pedro Jesus, 397/11, 8ºA<br />
Le français est une langue très importante et très facile à<br />
apprendre.<br />
Parler le français peut nous aider à communiquer avec des<br />
personnes d’autres pays de langue française.<br />
Je pense que c’est une langue très importante pour notre vie,<br />
pour nous aider à trouver un travail dans le futur.<br />
Jos<strong>é</strong> Tonet, 158/12, 8ºA<br />
Aujourd’hui, communiquer est très facile parce qu’il y a<br />
beaucoup d’appareils <strong>é</strong>lectroniques comme l’ordinateur, le<br />
t<strong>é</strong>l<strong>é</strong>phone portable, la radio et la t<strong>é</strong>l<strong>é</strong>.<br />
Grâce à ces appareils de communication, nous pouvons<br />
transmettre et connaître des nouvelles importantes.<br />
Actuellement, il y a beaucoup de personnes qui communiquent<br />
constamment, car depuis leur enfance ils connaissent ces<br />
importants appareils.<br />
Walter Godinho,214/12, 8º B<br />
Salut! Je m’appelle João Lima et j’aime l’internet.<br />
Avec l’internet on peut “Tchater” avec les amis qui sont de l’autre<br />
côt<strong>é</strong> du monde.<br />
L’internet est très utile mais il faut être prudent parce que c’est<br />
dangereux aussi.<br />
J’aime l’internet et les portables car ils nous informent de toutes<br />
les choses qui se passent dans le monde.<br />
Je pense que parler des langues <strong>é</strong>trangères est très important pour<br />
communiquer avec d’autres personnes d’autres pays du monde.<br />
Une des langues les plus importantes du monde est le français,<br />
parce qu’elle est parl<strong>é</strong>e dans beaucoup de pays.<br />
Plus de 200 millions de personnes parlent le français.<br />
Je pense que parler français est très important pour le futur.<br />
João Lima, 432/12, 8º A
Um arco-íris no IPE<br />
Numa manhã de Janeiro, ao entrar no <strong>Instituto</strong>, visualizo um<br />
fenómeno maravilhoso, deslumbrante, espetacular: um arco-íris<br />
completo, no c<strong>é</strong>u <strong>do</strong> IPE. Fiquei parada, durante alguns instantes<br />
a observar. Fotografei-o e pensei…<br />
Hoje em dia, os alunos raramente param para observar, colocar<br />
hipóteses, testar, encontrar respostas e confirmar. Cabe aos pais,<br />
encarrega<strong>do</strong>s de educação e professores o dever de incutir e<br />
mostrar às crianças/a<strong>do</strong>lescentes quão maravilhoso <strong>é</strong> o mun<strong>do</strong><br />
natural, ou seja, a ciência, todas as ciências em geral, mas em<br />
particular as ciências físicas e químicas.<br />
Mas na realidade, o que <strong>é</strong> a Física e a Química? Vamos ao<br />
dicionário encontrar o seu significa<strong>do</strong>. Física: ciência que estuda<br />
os fenómenos que não alteram a estrutura interna <strong>do</strong>s corpos.<br />
Química: ciência que estuda a composição e propriedades <strong>do</strong>s<br />
elementos da natureza, as suas transformações e a forma como<br />
reagem entre si 1 .<br />
Os termos Física e Química são extremamente abrangentes e<br />
incluem o conhecimento da Natureza e <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> natural.<br />
Quem <strong>é</strong> que nunca se questionou acerca de inúmeras situações<br />
que ocorrem no dia-a-dia?<br />
Como se forma um arco-íris?<br />
Como se sucedem os dias e as noites?<br />
Porque temos estações <strong>do</strong> ano?<br />
Porque <strong>é</strong> que o Sol emite luz?<br />
Como se extrai o ferro?<br />
Como se produz energia el<strong>é</strong>trica?<br />
Como se fabricam os medicamentos?<br />
Porque se forma a ferrugem?<br />
Porque <strong>é</strong> que a Lua apresenta fases?<br />
O que são ultrassons?<br />
Como se forma a trovoada?<br />
Porque diminuiu a camada <strong>do</strong> ozono existente na<br />
estratosfera?<br />
Como se fabrica o vidro?<br />
O que <strong>é</strong> a aspirina?<br />
Como se produz o papel?<br />
Todas estas situações estão diretamente relacionadas com a física<br />
e/ou com a química. Qualquer “corpo” que existe esteve, está<br />
e estará relaciona<strong>do</strong> com processos físicos e químicos. Atrav<strong>é</strong>s<br />
da Física e da Química podemos obter resposta a todas estas<br />
questões. No entanto, algumas das respostas de hoje, poderão<br />
ser imperfeitas amanhã, não só devi<strong>do</strong> a um conhecimento<br />
científico maior, mas tamb<strong>é</strong>m devi<strong>do</strong> à investigação “galopante”<br />
que utiliza instrumentos/meios muito evoluí<strong>do</strong>s e avança<strong>do</strong>s.<br />
Podemos afirmar inequivocamente que a Ciência não está toda<br />
estudada, nem nunca estará.<br />
De uma forma muito concisa e simples vamos responder às<br />
questões colocadas.<br />
O arco-íris forma-se devi<strong>do</strong> ao fenómeno de decomposição da<br />
luz branca, nas suas diferentes cores ao passar atrav<strong>é</strong>s das gotas<br />
da chuva. Os dias e as noites sucedem-se como consequência<br />
<strong>do</strong> movimento de rotação da Terra e as estações <strong>do</strong> ano existem<br />
porque a Terra tem movimento de translação e o seu eixo de<br />
rotação <strong>é</strong> inclina<strong>do</strong> (23° 5’) em relação ao plano da sua órbita.<br />
VOZ DA CIÊNCIA<br />
Obt<strong>é</strong>m-se ferro a partir das rochas que contêm este metal<br />
submeten<strong>do</strong>-as a elevadíssimas temperaturas. A energia el<strong>é</strong>trica<br />
<strong>é</strong> o movimento ordena<strong>do</strong> de cargas el<strong>é</strong>tricas que <strong>é</strong> possível obter<br />
atrav<strong>é</strong>s de determina<strong>do</strong>s movimentos (pás de uma turbina numa<br />
central hidroel<strong>é</strong>trica). Forma-se ferrugem porque o ferro sofre<br />
o fenómeno de oxidação. A Lua apresenta diferentes formas<br />
devi<strong>do</strong> ao seu movimento de rotação em torno da Terra. Os<br />
ultrassons são sons com uma frequência superior a 20 000 Hz que<br />
o ouvi<strong>do</strong> humano não tem capacidade de detetar, sen<strong>do</strong> muito<br />
utiliza<strong>do</strong>s em medicina (ecografias). As trovoadas formam-se<br />
devi<strong>do</strong> ao choque de nuvens que se encontram eletricamente<br />
carregadas. A camada de ozono está a diminuir pois os CFC<br />
(clorofluorcarbonetos) reagem com o ozono e transformam-se<br />
em outros compostos que não têm capacidade para proteger<br />
a Terra das radiações solares nocivas. O vidro <strong>é</strong> produzi<strong>do</strong><br />
aquecen<strong>do</strong> em conjunto areia de sílex, carbonato ou sulfato de<br />
sódio ou de potássio e carbonato de cálcio, de chumbo ou de<br />
outros metais. A aspirina <strong>é</strong> o áci<strong>do</strong> acetilsalicílico e o papel <strong>é</strong><br />
produzi<strong>do</strong> utilizan<strong>do</strong> celulose proveniente das árvores.<br />
A Física e a Química são os conhecimentos essenciais, as bases,<br />
os pilares de todas as estruturas; em resumo: de tu<strong>do</strong>. Quem<br />
imaginaria possível vivermos hoje sem eletricidade (cargas<br />
el<strong>é</strong>tricas em movimento)? Voltaríamos à candeia de azeite<br />
(combustão <strong>do</strong> azeite). Ou sem medicamentos (síntese química)?<br />
Seria mais complica<strong>do</strong> e não poderíamos usufruir da qualidade<br />
de vida que temos. Hoje em dia, senão existissem as indústrias<br />
farmacêuticas, de tintas e de vernizes, das bebidas gaseificadas,<br />
<strong>do</strong>s detergentes, <strong>do</strong>s conservantes, <strong>do</strong> papel, <strong>do</strong> plástico, da<br />
metalúrgica, <strong>do</strong>s componentes el<strong>é</strong>tricos e eletrónicos, <strong>do</strong><br />
petróleo, <strong>do</strong>s lacticínios, etc., o ser humano teria a sua vida bem<br />
mais dificultada. Todas as indústrias referidas não existiriam se<br />
não existisse uma grande base de apoio e a enorme sustentação<br />
da Física e da Química.<br />
Um ser vivo só nasce, porque existiram, num determina<strong>do</strong><br />
momento, uma variedade de condições que interagiram e<br />
deram origem a um novo ser, ou seja, os átomos e mol<strong>é</strong>culas<br />
reorganizaram-se.<br />
Imagine uma paisagem montanhosa; observe, repare e analise<br />
1. Dicionário Básico da Língua Portuguesa, Porto Editora, ISBN 978-972-0-1285-2, setembro de 2007.<br />
31
32<br />
VOZ DA CIÊNCIA<br />
tu<strong>do</strong> o que aí existe (árvores, frutos, pedras, flores, água,<br />
nuvens…). Tu<strong>do</strong> isso pode ser identificável (física e quimicamente)<br />
atrav<strong>é</strong>s das propriedades que lhe são características (ponto de<br />
fusão, ponto de ebulição e massa volúmica).<br />
Analisemos um interruptor: <strong>é</strong> feito de plástico, com materiais<br />
isolantes para proteger os utiliza<strong>do</strong>res e material condutor<br />
para conduzir com eficácia a corrente el<strong>é</strong>trica. Apresenta uma<br />
estrutura base onde assenta o seu funcionamento e materiais<br />
específicos (fios condutores) para que possa na realidade<br />
cumprir as funções a que se destina — abrir e fechar um circuito.<br />
No inverno <strong>é</strong> adiciona<strong>do</strong> sal ao gelo existente nas estradas, pois<br />
a adição de sal diminui o ponto de fusão <strong>do</strong> gelo (temperatura à<br />
qual passa <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> sóli<strong>do</strong> para o esta<strong>do</strong> líqui<strong>do</strong>), fazen<strong>do</strong> com<br />
que este funda, a temperaturas mais baixas, facilitan<strong>do</strong> desta<br />
forma a circulação em segurança <strong>do</strong>s veículos automóveis.<br />
Não <strong>é</strong> possível falar de nada que não esteja relaciona<strong>do</strong><br />
com física e química. At<strong>é</strong> o ato de falar implica um processo<br />
físico (circulação <strong>do</strong> ar atrav<strong>é</strong>s das cordas vocais e aparelho<br />
respiratório), que será diferente de pessoa para pessoa<br />
dependen<strong>do</strong> da quantidade de ar que passa nas cordas vocais,<br />
da velocidade com que esse ar passa, da estrutura/morfologia <strong>do</strong><br />
aparelho respiratório.<br />
O sal extraí<strong>do</strong> das salinas (cristalização), a produção de caf<strong>é</strong><br />
(moagem e filtração), gasolina ou gasóleo (destilação fracionada)<br />
são exemplos de processos de separação físicos e químicos. A<br />
Física e a Química estão em to<strong>do</strong> o lugar e em tu<strong>do</strong>.<br />
Quer acreditem ou não, a Física e a Química estão sempre<br />
presentes. To<strong>do</strong>s nós somos autênticas “fábricas” físicas e<br />
químicas “andantes”, transformamos alimentos, mantemos<br />
a temperatura corporal, regeneramos a nossa pele e o nosso<br />
organismo, combatemos <strong>do</strong>enças, etc.<br />
A Física e a Química são na realidade muito importantes.<br />
Parem. Observem. Reparem. Analisem.<br />
É Fisica? Sim. É Química? Sim. É tu<strong>do</strong> Física! É tu<strong>do</strong> Química!<br />
Um BI feito de luz<br />
Paula Francisco<br />
Numa aula prática de Química observámos espectros de emissão<br />
<strong>do</strong>s elementos hidrog<strong>é</strong>nio, h<strong>é</strong>lio, io<strong>do</strong> e n<strong>é</strong>on recorren<strong>do</strong> a tubos<br />
de descarga. Aplicámos corrente el<strong>é</strong>trica nos el<strong>é</strong>tro<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s tubos<br />
e observámos o aparecimento de uma luz colorida.<br />
Este esquema representa o processo de decomposição da radiação<br />
emitida pelo hidrog<strong>é</strong>nio.<br />
Os meus colegas estão a fazer a observação da s<strong>é</strong>rie de riscas<br />
monocromáticas utilizan<strong>do</strong> uma rede de difração e um<br />
espetroscópio.<br />
No caso <strong>do</strong> hidrog<strong>é</strong>nio, vimos que o registo das emissões se<br />
traduziu no aparecimento de quatro riscas características<br />
em comprimentos de onda na região visível <strong>do</strong> espetro<br />
eletromagn<strong>é</strong>tico, como aparece nesta imagem.<br />
No caso <strong>do</strong> h<strong>é</strong>lio o espetro visível <strong>é</strong> diferente.<br />
Espetro de emissão <strong>do</strong> h<strong>é</strong>lio.<br />
Nesta atividade prática, percebemos então que cada elemento<br />
tem um espetro de riscas que o diferencia <strong>do</strong>s outros elementos<br />
químicos.<br />
Que interesse científico e pedagógico tem o estu<strong>do</strong> das luzes<br />
emitidas por hidrog<strong>é</strong>nio rarefeito dentro de um tubo? Como <strong>é</strong> que<br />
da interpretação <strong>do</strong> espetro de emissão de hidrog<strong>é</strong>nio, <strong>é</strong> assim que<br />
corretamente devemos designar essas luzes, surgiu um modelo<br />
para entendermos melhor o átomo? Que informações nos dão os<br />
espetros das estrelas?<br />
Estas questões, foram algumas que motivaram os alunos para<br />
o estu<strong>do</strong>.<br />
A Tabela Periódica, quadro fundamental da Química, reúne<br />
to<strong>do</strong>s os elementos químicos conheci<strong>do</strong>s no Universo. Cada<br />
elemento químico possui um tipo de átomo característico que o<br />
diferencia <strong>do</strong>s outros.<br />
O átomo de hidrog<strong>é</strong>nio <strong>é</strong> o mais simples, o seu espetro tamb<strong>é</strong>m,<br />
e já <strong>é</strong> conheci<strong>do</strong> desde o s<strong>é</strong>culo XIX. A sua interpretação foi<br />
conseguida pelo físico dinamarquês Niels Bohr.<br />
Quan<strong>do</strong> os átomos de um elemento no esta<strong>do</strong><br />
gasoso absorvem determina<strong>do</strong>s valores de<br />
energia que lhe <strong>é</strong> fornecida por processos<br />
como o aquecimento ou descarga el<strong>é</strong>trica,<br />
dá-se o fenómeno da excitação <strong>do</strong> átomo:
os eletrões transitam para níveis de energia superior onde<br />
ficam instáveis. Na desexcitação, os eletrões voltam a níveis de<br />
energia inferiores, e o átomo emite fotões de luz apenas com<br />
determina<strong>do</strong>s comprimentos de onda.<br />
Um eletrão num nível de energia E 3 , ao voltar ao nível de<br />
energia inferior E 2 , emite um fotão de energia igual a ΔE = E 2<br />
- E 3 = h c /λ, onde h=6,6x10 -34 J.s <strong>é</strong> a constante de Planck, c =<br />
3,0x10 8 ms -1 <strong>é</strong> a velocidade da luz e λ o comprimento de onda<br />
da radiação <strong>do</strong> fotão emiti<strong>do</strong>.<br />
Sen<strong>do</strong> assim, os espetros de emissão funcionam como um bilhete<br />
de identidade <strong>do</strong>s elementos químicos.<br />
O hidrog<strong>é</strong>nio emite ainda radiações na zona <strong>do</strong> ultravioleta e<br />
infravermelho. O conjunto de riscas em cada uma das regiões<br />
designa-se por s<strong>é</strong>rie e tem o nome de cientistas que as<br />
identificaram. As riscas visíveis correspondem à s<strong>é</strong>rie de Balmer.<br />
S<strong>é</strong>ries de riscas espetrais<br />
O sucesso da interpretação de Bohr para o átomo de hidrog<strong>é</strong>nio,<br />
embora não se estendesse ao de outros elementos, levou-o a<br />
propor um modelo para o átomo em substituição <strong>do</strong> modelo<br />
planetário de Rutherford.<br />
Bohr postulou que os eletrões giravam em órbitas circulares<br />
em torno <strong>do</strong> núcleo sem perderem energia. A transição entre<br />
órbitas, ou níveis de energia, só ocorria se o átomo absorvesse<br />
ou emitisse quantidades discretas de energia.<br />
Modelo atómico de Bohr<br />
Mas muito ficava por explicar. A mecânica quântica permitiu<br />
obter as explicações que faltavam. Atualmente o modelo<br />
quântico <strong>do</strong> átomo, baseia-se num conceito probabilístico.<br />
Proposto por Erwin Schrodinger na segunda d<strong>é</strong>cada <strong>do</strong> s<strong>é</strong>culo<br />
XX, o modelo da nuvem eletrónica, defende a existência de<br />
uma região <strong>do</strong> espaço em volta <strong>do</strong> núcleo onde <strong>é</strong> elevada a<br />
probabilidade de encontrar os eletrões.<br />
Na impossibilidade de viajarmos at<strong>é</strong> às estrelas, a análise<br />
espetroscópica de um feixe luminoso irradia<strong>do</strong> por uma estrela<br />
permite-nos obter várias informações sobre a sua composição<br />
VOZ DA CIÊNCIA<br />
química e a proporção em que os elementos se encontram, a<br />
sua temperatura, e a fase <strong>do</strong> ciclo de vida em que se encontra.<br />
Este m<strong>é</strong>to<strong>do</strong> analítico permitiu concluir que o hidrog<strong>é</strong>nio <strong>é</strong> o<br />
elemento mais abundante nas estrelas (90%), seguin<strong>do</strong>-se o<br />
h<strong>é</strong>lio (9%). A temperatura da estrela tamb<strong>é</strong>m influencia o seu<br />
espetro de radiação emitida. A intensidade das riscas de Balmer<br />
indica a temperatura das estrelas. Para que haja riscas intensas<br />
na região visível <strong>do</strong> espetro de hidrog<strong>é</strong>nio, a temperatura da<br />
estrela tem de ser cerca de 10 000k. A temperaturas mais baixas,<br />
como a <strong>do</strong> nosso Sol, por exemplo, os átomos de hidrog<strong>é</strong>nio<br />
encontram-se sobretu<strong>do</strong> no esta<strong>do</strong> fundamental, ou seja o de<br />
menor energia, pelo que <strong>é</strong> pequena a intensidade destas riscas.<br />
Uma pequena atividade experimental levou-nos <strong>do</strong> infinitamente<br />
pequeno mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s átomos ao infinitamente grande mun<strong>do</strong><br />
das estrelas. A aventura da ciência não para de nos surpreender.<br />
Fonte<br />
http://www.nobelprize.org/nobel_prizes/physics/laureates/1922/bohrphoto.html<br />
http://www.google.pt/search?q=modelo+at%C3%B3mico+de+bohr&<br />
hl=pt-PT&tbo=u&rlz=1R2MXGB_pt-PTPT510&tbm=isch&source=univ<br />
&sa=X&ei=-sYiUbnGAoOAhQeAhYGIBw&ved=0CCoQsAQ&biw=1348<br />
&bih=751Z<br />
Aluno Nuno Oliveira, 90/09, 10ºA<br />
Professora Maria Jos<strong>é</strong> M. Engenheiro<br />
A Biodiversidade, uma das maiores riquezas da<br />
Terra…<br />
“O mun<strong>do</strong> está cheio de coisas mágicas à espera que os nossos<br />
olhos estejam aptos a poder vê-las” (Talles Mc Dowell)<br />
A frequência de utilização <strong>do</strong>s termos biodiversidade ou<br />
diversidade biológica tem aumenta<strong>do</strong> continuamente ao<br />
longo das duas últimas d<strong>é</strong>cadas. Este facto deve-se em<br />
parte à Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB) que,<br />
durante a Conferência das Nações Unidas para o Ambiente<br />
33
e Desenvolvimento (CNUAD), no Rio de Janeiro em de 1992,<br />
declarou a “preservação da biodiversidade como um elemento<br />
fundamental para o desenvolvimento sustentável”.<br />
Existem várias definições para biodiversidade ou diversidade<br />
biológica, mas a mais completa <strong>é</strong> definida em termos de<br />
genes, esp<strong>é</strong>cies e ecossistemas, sen<strong>do</strong> vulgarmente usada para<br />
descrever o número e a variedade <strong>do</strong>s organismos vivos no<br />
planeta Terra.<br />
O nível gen<strong>é</strong>tico compreende a variabilidade gen<strong>é</strong>tica entre<br />
populações separadas ou entre indivíduos de uma mesma<br />
população. A diversidade ao nível das esp<strong>é</strong>cies inclui todas<br />
as esp<strong>é</strong>cies existentes numa determinada área ou em to<strong>do</strong> o<br />
planeta e a diversidade ao nível <strong>do</strong>s ecossistemas, ou diversidade<br />
ecológica, inclui a diversidade de processos ecológicos intra e<br />
interecossistemas.<br />
A biodiversidade deve incluir tanto o número (riqueza) de<br />
diferentes categorias biológicas, como a abundância relativa<br />
(equitabilidade) dessas categorias. Verifica-se, assim, que<br />
existe uma relação íntima entre esp<strong>é</strong>cies, genes e ecossistemas,<br />
bem como uma interdependência entre estes para possibilitar<br />
a existência de vida.<br />
Deve-se ter presente que o conceito de diversidade biológica<br />
inclui tamb<strong>é</strong>m as esp<strong>é</strong>cies <strong>do</strong>mesticadas ou cultivadas, ou seja<br />
aqueles organismos cuja evolução se encontra associada a<br />
processos de seleção e melhoramento efetua<strong>do</strong>s pelo Homem<br />
(seleção artificial).<br />
O número exato de esp<strong>é</strong>cies atualmente existentes <strong>é</strong> ainda<br />
desconheci<strong>do</strong>, apenas se encontram identificadas cerca de 1,5<br />
milhões de esp<strong>é</strong>cies. No entanto, estima-se que hoje na Terra<br />
possam existir cerca de 3-5 milhões.<br />
Para classificar as esp<strong>é</strong>cies animais e plantas em função<br />
<strong>do</strong> seu maior ou menor risco de extinção, identificar as<br />
ameaças, assim como conhecer as medidas de conservação<br />
necessárias para melhorar o estatuto das esp<strong>é</strong>cies ameaçadas<br />
e quase ameaçadas, existe um importante <strong>do</strong>cumento: o<br />
Livro Vermelho das Esp<strong>é</strong>cies Ameaçadas da UICN – “IUCN<br />
(International Union for Conservation of Nature) Red List of<br />
Threatened Species“.<br />
A nível mundial, segun<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s mais atuais deste Livro<br />
(2012), das 63,837 esp<strong>é</strong>cies avaliadas, 19,817 estão<br />
ameaçadas de extinção, incluin<strong>do</strong> 41% <strong>do</strong>s anfíbios, 33% <strong>do</strong>s<br />
recifes de corais, 25% <strong>do</strong>s mamíferos, 13% das aves e 30% de<br />
coníferas.<br />
Infelizmente, em Portugal tamb<strong>é</strong>m existem várias esp<strong>é</strong>cies<br />
ameaçadas, encontran<strong>do</strong>-se <strong>do</strong>cumentadas no “Livro<br />
Vermelho <strong>do</strong>s Vertebra<strong>do</strong>s de Portugal”. Neste encontram-se<br />
classificadas as esp<strong>é</strong>cies de vertebra<strong>do</strong>s que utilizam o território<br />
nacional (peixes dulciaquícolas e migra<strong>do</strong>res, anfíbios e r<strong>é</strong>pteis,<br />
aves e mamíferos), em função da sua probabilidade de extinção,<br />
num da<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de tempo (consultar http://www.icnf.pt/portal/<br />
naturaclas/patrinatur/lvv).<br />
De acor<strong>do</strong> com UICN, as extinções de esp<strong>é</strong>cies, por dia,<br />
continuam a uma taxa 1,000 vezes superior, em relação ao<br />
34<br />
VOZ DA CIÊNCIA<br />
expectável. Como causa principal deste problema, pode-se<br />
mencionar o eleva<strong>do</strong> aumento demográfico verifica<strong>do</strong> a partir<br />
da Revolução Industrial. Este aumento teve como consequência<br />
a utilização crescente e a sobre-exploração <strong>do</strong>s recursos naturais,<br />
principalmente as florestas. A prática de desflorestação para o<br />
desenvolvimento da agricultura, construção de centros urbanos,<br />
indústrias, vias de comunicação e outras infraestruturas, tem<br />
conduzi<strong>do</strong> à destruição, degradação e fragmentação <strong>do</strong>s<br />
habitats naturais, promoven<strong>do</strong> de forma evidente a perda de<br />
biodiversidade.<br />
Para al<strong>é</strong>m destas causas, acrescenta-se ainda a poluição, as<br />
alterações climáticas, os incêndios, a caça e a pesca excessiva,<br />
a introdução de esp<strong>é</strong>cies exóticas e o aumento na dispersão de<br />
pragas e <strong>do</strong>enças, ações de responsabilidade humana.<br />
Nunca devemos esquecer que a biodiversidade tem um<br />
papel essencial na manutenção da estabilidade <strong>do</strong> planeta<br />
Terra.<br />
A comunidade científica defende que a preservação da<br />
diversidade biológica <strong>é</strong> fundamental para o normal<br />
funcionamento de to<strong>do</strong>s os ecossistemas. A perda de<br />
funções “gratuitas”<strong>do</strong>s ecossistemas, como a regulação <strong>do</strong><br />
clima, a purificação <strong>do</strong> ar, a polinização de culturas, o controlo<br />
de pragas, a proteção <strong>do</strong>s solos, a reciclagem <strong>do</strong>s nutrientes<br />
e a autodepuração das águas, são exemplos de processos que<br />
dependem da diversidade de seres vivos.<br />
Um outro argumento muito utiliza<strong>do</strong> na defesa e preservação<br />
da biodiversidade <strong>é</strong> o económico. Pelo facto da diversidade<br />
de formas de vida servirem como fonte de alimento e<br />
de mat<strong>é</strong>ria-prima, serem utilizadas em muitas atividades<br />
económicas e ainda muitos seres serem essenciais à<br />
sobrevivência <strong>do</strong> Homem. É o caso <strong>do</strong>s que servem de<br />
alimentos, os que permitem a produção de vacinas, antibióticos<br />
ou de outros medicamentos, cuja produção e desenvolvimento<br />
estão muito dependentes da existência de diversidade<br />
biológica. Mesmo os recursos biológicos para os quais ainda<br />
não se conhece, hoje, uma aplicação útil deverão, no entanto,<br />
ser preserva<strong>do</strong>s como opção para um uso futuro.<br />
Outros argumentos, frequentemente usa<strong>do</strong>s para justificar a<br />
preservação da diversidade biológica, são de caráter <strong>é</strong>tico e<br />
filosófico. Este tipo de argumentação defende que as esp<strong>é</strong>cies<br />
têm valor intrínseco, apenas pelo facto de existirem,<br />
independentemente <strong>do</strong> uso ou benefícios diretos que delas<br />
possam derivar. A diversidade biológica <strong>é</strong> ainda fonte de<br />
inspiração artística, cultural ou científica e tamb<strong>é</strong>m por<br />
estas razões deverá ser preservada, por razões est<strong>é</strong>ticas.<br />
Devi<strong>do</strong> à importância da biodiversidade para a nossa<br />
sobrevivência, a Assembleia-Geral das Nações Unidas<br />
declarou em Março de 2011 que o perío<strong>do</strong> entre esse ano e<br />
2020 seria intitula<strong>do</strong> de D<strong>é</strong>cada das Nações Unidas para a<br />
Biodiversidade. Este perío<strong>do</strong>, tem como objetivos principais<br />
a promoção e implementação de um plano estrat<strong>é</strong>gico para a<br />
biodiversidade e a criação da visão segun<strong>do</strong> a qual o Homem<br />
deve viver em harmonia com a natureza.<br />
Neste plano estrat<strong>é</strong>gico para a biodiversidade definiram-se
diferentes metas, das quais se destacam: a abordagem das<br />
causas subjacentes da perda da biodiversidade; a redução<br />
das pressões diretas sobre a biodiversidade; a promoção <strong>do</strong><br />
desenvolvimento sustentável; o melhoramento <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> da<br />
biodiversidade por ecossistemas e esp<strong>é</strong>cies; a salvaguarda<br />
da diversidade gen<strong>é</strong>tica e o aumento <strong>do</strong>s benefícios, para as<br />
populações, decorrentes da preservação da biodiversidade.<br />
É urgente que to<strong>do</strong>s nós reconheçamos a importância de<br />
vivermos em harmonia com a natureza.<br />
Algumas referências bibliográficas<br />
Bullock, JM; Aronson J; Newton, AC; Pywell, RF; Rey-Benayas, JM<br />
(2011). Restoration of ecosystem services and biodiversity: conflicts and<br />
opportunities. Trends Ecol Evol. 26(10):541-9. Review.<br />
Cardinale, BJ; Duffy, JE; Gonzalez, A; Hooper, DU; Perrings, C; Venail,<br />
P; Narwani, A; Mace, GM; Tilman, D; Wardle, DA; Kinzig, AP; Daily, GC;<br />
Loreau, M; Grace, JB; Larigauderie, A; Srivastava, DS; Naeem, S (2012).<br />
Biodiversity loss and its impact on humanity. Nature. 6;486 (7401):59-<br />
67. Review.<br />
Colwell, RK and DC Lees (2000). The mid-<strong>do</strong>main effect: geometric<br />
constraints on the geography of species richness. Trends in Ecology and<br />
Evolution, 15, 70–76.<br />
Costello, MJ; May, RM; Stork, NE (2013). Can we name Earth’s species<br />
before they go extinct? Science. 25; 339(6118):413-6. Review<br />
Duraiappah, AK (2005). Ecosystems and human well being. Millennium<br />
Ecosystem Assessment Board.<br />
Gaston, K.J.(2000). Global patterns in biodiversity. Nature, 405,<br />
220–227.<br />
Olfa, K and Cirano, L (2004). The Natural State as a Basis for Biodiversity<br />
Measurement. Universit<strong>é</strong> de Qu<strong>é</strong>bec À Montr<strong>é</strong>al D<strong>é</strong>partement des<br />
Sciences Économiques.<br />
http://www.cbd.int/<br />
http://www.iucnredlist.org/news/securing-the-web-of-life<br />
http://www.iucn.org/iyb/about/biodiversity/<br />
http://www.unric.org/pt/actualidade/30777-decada-das-nacoes-unidaspara-a-biodiversidade-2011-2020-viver-em-harmonia-com-a-natureza<br />
http://www.wwf.org/<br />
Maria Carolina Guerreiro Pereira<br />
(Grupo 520)<br />
Biomassa para energia<br />
O Sol e a biomassa foram desde o início da humanidade as<br />
únicas e principais fontes de energia. Se quisermos ser precisos,<br />
biomassa <strong>é</strong> uma forma de energia solar, uma vez que sem o<br />
Sol não existiria vida (Bios) nem a biomassa, que resulta da<br />
transformação da energia<br />
solar em mat<strong>é</strong>ria orgânica<br />
atrav<strong>é</strong>s da fotossíntese.<br />
Figura 1- Processo<br />
de fotossíntese (ibidem)<br />
VOZ DA CIÊNCIA<br />
As plantas convertem a energia solar atrav<strong>é</strong>s da fotossíntese,<br />
com uma eficiência de 0,1%, e armazenam-na, durante<br />
muito tempo, nas folhas, nos caules, nas flores, etc. Em<br />
condições limite, a energia na biomassa pode ser armazenada<br />
infinitamente, sem perdas 1 .<br />
Podemos dizer que, com a descoberta <strong>do</strong> fogo, o homem<br />
começou a utilizar a biomassa como fonte de energia calorífica<br />
que lhe servia quer para aquecimento, quer para a confeção<br />
de alimentos.<br />
Hoje o conceito de biomassa <strong>é</strong> bastante mais abrangente e <strong>é</strong><br />
definida como a “fração biodegradável de produtos e resíduos<br />
provenientes da agricultura (incluin<strong>do</strong> substâncias vegetais e<br />
animais), da silvicultura e das indústrias conexas, bem como a<br />
fração biodegradável de resíduos industriais e urbanos 2 ”.<br />
SÓLIDA LÍQUIDA GASOSA<br />
Figura 2 – Exemplos de fontes de biomassa (op. cit 1 )<br />
A biomassa <strong>é</strong> a única fonte de energia renovável que pode<br />
dar origem a combustíveis gasosos, líqui<strong>do</strong>s ou sóli<strong>do</strong>s,<br />
atrav<strong>é</strong>s de tecnologias de conversão conhecidas e em grande<br />
desenvolvimento uma vez que a sua utilização pode contribuir<br />
significativamente para a diminuição <strong>do</strong> consumo de<br />
combustíveis fósseis e consequentemente contribuir para uma<br />
maior sustentabilidade ambiental. Os combustíveis obti<strong>do</strong>s a<br />
partir desta fonte renovável podem ser utiliza<strong>do</strong>s na forma de<br />
energia calorífica, mecânica ou el<strong>é</strong>trica.<br />
CALORÍFICA MECÂNICA ELÉCTRICA<br />
Figura 2 – Exemplos de fontes de biomassa (op. cit 1 )<br />
1 - IST – Projeto GREENPRO, Bioenergia: manual sobre tecnologias, projeto e instalação.<br />
(Janeiro de 2004), Lisboa.<br />
2 - Diretiva Comunitária 2001/77/EC..<br />
35
36<br />
VOZ DA CIÊNCIA<br />
Apesar da queima destes combustíveis, tal como de qualquer<br />
outro tipo, produzir Dióxi<strong>do</strong> de Carbono (CO 2), este depois <strong>é</strong><br />
converti<strong>do</strong> atrav<strong>é</strong>s da fotossíntese, forman<strong>do</strong>-se como que um<br />
ciclo fecha<strong>do</strong> como se pode ver pela figura.<br />
Figura 3 – Ciclo <strong>do</strong> Dióxi<strong>do</strong> de Carbono 3<br />
Figura 4 – Conversão em diversos tipos de biocombustíveis de<br />
culturas energ<strong>é</strong>ticas biomassa 4<br />
Resíduos florestais e agrícolas: o aproveitamento <strong>do</strong>s resíduos<br />
gera<strong>do</strong>s pelas atividades de cultivo ou de atividades florestais,<br />
tal como a palha ou resíduos de madeira permitem a redução<br />
<strong>do</strong>s custos <strong>do</strong>s produtos principais, valorizan<strong>do</strong> assim estes<br />
subprodutos naturais.<br />
Subprodutos orgânicos: o processamento da biomassa para<br />
a criação de outros produtos origina um grupo adicional<br />
de subprodutos, como resíduos orgânicos, efluentes das<br />
agropecuárias e resíduos industriais.<br />
Resíduos orgânicos: estes resíduos incluem os resíduos<br />
<strong>do</strong>m<strong>é</strong>sticos e lamas <strong>do</strong>s efluentes <strong>do</strong>m<strong>é</strong>sticos e industriais.<br />
(op. cit 1)<br />
Apesar da nomenclatura das fontes de biomassa no Brasil não<br />
ser igual, a figura que se segue mostra claramente os diversos<br />
processos de conversão da biomassa em biocombustíveis.<br />
3 - Portal das Energias Renováveis<br />
4 - Ana Luísa Fernan<strong>do</strong>, Apontamentos da disciplina de Produção de Biomassa para Energia, FCT – Departamento<br />
de Energia e Bioenergia.<br />
Figura 5 – M<strong>é</strong>to<strong>do</strong>s de processamento da biomassa 5<br />
Após esta breve explicação sobre biomassa e formas de energia,<br />
conv<strong>é</strong>m quantificar a energia que se pode obter e comparar com<br />
os combustíveis fósseis.<br />
Pretende-se perceber at<strong>é</strong> que ponto <strong>é</strong> viável o aproveitamento<br />
deste tipo de energia renovável.<br />
Quadro 1 – Comparação da quantidade de combustível para<br />
a obtenção <strong>do</strong> mesmo valor de energia obtida por um metro<br />
cúbico normaliza<strong>do</strong> de biogás 6<br />
A biomassa em Portugal tem ti<strong>do</strong> pontos altos e baixos, e as<br />
diretivas comunitárias que impõem a redução de emissões de gases<br />
de efeito de estufa têm contribuí<strong>do</strong> para o desenvolvimento de<br />
t<strong>é</strong>cnicas de produção de energias alternativas e a implementação<br />
de polos de produção específicos. Em Portugal existem centrais<br />
de biomassa já implementadas e outras em projeto.<br />
De acor<strong>do</strong> com da<strong>do</strong>s da EDP, apresenta-se de seguida uma<br />
imagem com a localização e especificação das centrais de<br />
biomassa. De salientar que maioritariamente se encontram<br />
no norte uma vez que há necessidade da sua localização ser<br />
próxima de locais arboriza<strong>do</strong>s (florestas, culturas dedicadas)<br />
para que os custos de transporte sejam minimiza<strong>do</strong>s.<br />
5 - http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/atlas/biomassa/images/fig5_7.jpg<br />
6 - http://cenbio.iee.usp.br/saibamais/brasil.htm
Figura 6 – Localização das centrais de biomassa com base em<br />
da<strong>do</strong>s da EDP 7<br />
A central de Mortágua <strong>é</strong> a que mais atividade produtiva tem<br />
ti<strong>do</strong> desde 1999 e a partir de uma apresentação de 2010<br />
podemos verificar os valores produzi<strong>do</strong>s por ano pelas centrais<br />
de biomassa em Portugal.<br />
Quadro 2 – Centrais de Biomassa em 2010 8<br />
Legenda :<br />
MTG – Mortágua; VVR<br />
Vila Velha de Rodão; CST<br />
Contância; FFZ<br />
Figueira da Foz<br />
É evidente que as quantidades de resíduos queima<strong>do</strong>s para a<br />
obtenção destes valores de energia são bastante elevadas e<br />
podemos dizer que a floresta fica sobre uma pressão acrescida,<br />
bem como a biodiversidade e as consequências que poderão<br />
refletir-se nos ecossistemas afeta<strong>do</strong>s. Há, no entanto, inúmeras<br />
vantagens tais como:<br />
Contribuição para a economia local;<br />
Criação de postos de trabalho;<br />
Eliminação de resíduos e redução de fogos florestais;<br />
Requalificação ambiental (por prevenirem o fenómeno<br />
erosivo, por aumentarem os elementos nutritivos <strong>do</strong><br />
solo e reduzir a possibilidade de cheias).<br />
VOZ DA CIÊNCIA<br />
Qualquer decisão sobre o uso de energias renováveis deve ser<br />
ponderada, uma vez que tem sempre, seja qual for o ponto<br />
de vista, vantagens e desvantagens. No entanto há que ter<br />
conhecimento de todas elas e pesar na balança o valor de cada<br />
uma, não só económico como ambiental.<br />
Portugal deve aproveitar de forma eficiente e rentável as suas<br />
capacidades, os seus recursos, de forma a cumprir com os<br />
objetivos a que se propôs quan<strong>do</strong> da ratificação <strong>do</strong> Protocolo<br />
de Quioto.<br />
Como costumo dizer aos nossos alunos, devemos ter consciência<br />
das vantagens e consequências de qualquer atitude que<br />
tomamos e acima de tu<strong>do</strong> aproveitar da melhor forma as nossas<br />
capacidades quer de trabalho quer intelectuais. O nosso tempo<br />
deve ser rentabiliza<strong>do</strong> ao máximo e muitas vezes só pelo facto<br />
de estarmos atentos na aula reduzimos em muito o tempo de<br />
estu<strong>do</strong> necessário para o sucesso escolar.<br />
Para finalizar apenas se refere este pequeno texto, retira<strong>do</strong> de<br />
um trabalho de mestra<strong>do</strong> de uma aluna da Universidade de<br />
Aveiro, de Engenharia Ambiental:<br />
“When the last tree is cut, the last river poisoned, and the last<br />
fish dead, we will discover that we can’t eat money...”<br />
[quan<strong>do</strong> a última árvore for cortada, o último rio envenena<strong>do</strong> e<br />
o último peixe morto, descobriremos que o dinheiro não serve<br />
para comer…]<br />
Greenpeace 9<br />
Ana Paula Oliveira<br />
7 - Apresentação sobre Centrais de Biomassa em 2007, EDP em parceria com ALTRI.<br />
8 - Gil Patrão, “Geração de Energia El<strong>é</strong>trica a partir de Biomassa”, comunicação apresentada na “4ª<br />
Conferência Nacional de Avaliação de Impactes”.<br />
Vila Real – UTAD – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro – 20 a 22 de outubro de 2010.<br />
9 - Sara Sofia de Sousa Maurício, A Produção de Biodiesel a partir de Óleos Alimentares Usa<strong>do</strong>s [texto<br />
policopia<strong>do</strong>], Dissertação para cumprimento <strong>do</strong>s requisitos necessários à obtenção <strong>do</strong> grau de Mestre em<br />
Engenharia <strong>do</strong> Ambiente apresentada à Universidade de Aveiro, 2008, citação final.<br />
37
E por falar em saudade...<br />
A redação deste texto coincide com a proximidade de minha<br />
despedida de Portugal. Com o chegar <strong>do</strong> mês de março, retorno<br />
ao Brasil, mais precisamente, para Porto Alegre no Rio Grande<br />
<strong>do</strong> Sul.<br />
Quero agradecer a generosidade e atenção com que fui recebida<br />
nesta escola. Levo no coração as amizades feitas. Amizades às<br />
quais, espero o tempo só faça reforçar os laços. Dizem que a<br />
palavra saudade só existe na língua portuguesa. Não sei se <strong>é</strong><br />
verdade. Mas sei que este sentimento, que, em nossa língua,<br />
denominamos saudade, <strong>é</strong> algo presente em quem tem mania<br />
de querer bem, de construir afetos. Não há escapatória: sentirei<br />
saudades <strong>do</strong>s amigos e amigas portugueses.<br />
Nas minhas visitas ao <strong>Instituto</strong> <strong>do</strong>s <strong>Pupilos</strong>, muito aprendi sobre<br />
a história da escola, sobre suas instalações e tradições. Reconheci<br />
o sentimento de pertencimento como uma das marcas que esta<br />
instituição de ensino forja em seus integrantes e ex-alunos.<br />
A escola cujo quadro <strong>do</strong>cente eu faço parte <strong>é</strong> tamb<strong>é</strong>m uma<br />
instituição ligada à caserna, <strong>do</strong>na e produtora de tradições,<br />
onde uma das marcas <strong>é</strong>, justamente, o sentimento de pertença<br />
gera<strong>do</strong> em grande parte de seus alunos e ex-alunos e demais<br />
integrantes.<br />
Retornarei ao Col<strong>é</strong>gio Militar de Porto Alegre (CMPA) no mês de<br />
seu aniversário e nos festejos, mais uma vez, assistirei ao desfile<br />
<strong>do</strong> Batalhão da Saudade.<br />
O Batalhão da Saudade <strong>é</strong> o desfile de ex-alunos, que acontece<br />
ao final da formatura comemorativa <strong>do</strong> aniversário da escola.<br />
Neste momento, os ex-alunos de várias <strong>é</strong>pocas entram em forma<br />
e marcham cruzan<strong>do</strong> o pátio <strong>do</strong> Col<strong>é</strong>gio como em seus tempos<br />
discentes. Os alunos atuais e a plateia os aplaudem. Creio que<br />
os aplausos fogem ao protocolo, mas eles pipocam e tornam o<br />
momento mais emocionante.<br />
Este Batalhão tem um aspecto co-geracional: jovens que rec<strong>é</strong>m<br />
aposentaram a boina escolar desfilam ao la<strong>do</strong> de senhores de<br />
cabelos bem branquinhos.<br />
Recentemente, alegan<strong>do</strong> o grande número de ex-alunos que se<br />
apresentam para o desfile, algu<strong>é</strong>m da escola resolveu organizar<br />
38<br />
ECOS DO CMpA<br />
o Batalhão da Saudade por turmas. Eu, pessoalmente, gostava<br />
mais quan<strong>do</strong> as gerações desfilavam misturadas. Era bonito ver<br />
várias gerações desfilan<strong>do</strong> na mesma fileira. Muitas vezes, avós<br />
e netos la<strong>do</strong> a la<strong>do</strong>.<br />
O Batalhão da Saudade, por muito tempo, foi um pelotão<br />
composto, apenas por homens. Por<strong>é</strong>m, a partir <strong>do</strong> ano de<br />
1989, meninas puderam ingressar na qualidade de alunas<br />
no CMPA. Um <strong>do</strong>s reflexos desta decisão são os desfiles <strong>do</strong><br />
Batalhão da Saudade, que a cada ano que passa, conta com<br />
mais mulheres entre os seus integrantes. Ainda são poucas em<br />
relação ao efetivo que desfila, mas suas presenças não passam<br />
despercebidas: saltos, saias e, algumas vezes, crianças de colo ou<br />
ainda no ventre fazem parte deste conjunto.<br />
O Batalhão da Saudade traz alguns estudantes de outrora de<br />
volta ao pátio escolar. Em seus risos, causos, emoções e alegria<br />
de reencontro com colegas de outrora parecem, novamente,<br />
apresentar as turmas aos professores, temer as provas, aprontar<br />
peraltices de a<strong>do</strong>lescentes, jogar truco escondi<strong>do</strong> <strong>do</strong>s monitores<br />
e professores, sonhar que foram de pantufas para a escola.<br />
As paredes da escola, o piso <strong>do</strong> pátio, as memórias que ecoam<br />
pelos corre<strong>do</strong>res, trazem marcas <strong>do</strong>s estudantes que vivenciam e<br />
vivenciaram parte de sua vida no Casarão da Várzea, nome pelo<br />
qual, carinhosamente, tamb<strong>é</strong>m aludimos ao CMPA.<br />
São com estas palavras que, por ora, despeço-me de Portugal e<br />
agradeço to<strong>do</strong> carinho com que fui recebida, deixan<strong>do</strong> tamb<strong>é</strong>m<br />
traços de saudade.<br />
Professora Patrícia Rodrigues Augusto Carra (CMPA)
Texto alusivo à Cerimónia de Apadrinhamento<br />
<strong>do</strong>s Novos Alunos <strong>do</strong> IPE<br />
É com enorme orgulho, por ter si<strong>do</strong> o ex-aluno <strong>do</strong>s <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong><br />
Ex<strong>é</strong>rcito escolhi<strong>do</strong> e convida<strong>do</strong> para proferir algumas palavras<br />
nesta cerimónia, que me dirijo a to<strong>do</strong>s vós.<br />
Exmo. Senhor Diretor <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong>: fico muito grato por V. Exa<br />
se ter lembra<strong>do</strong> de mim.<br />
Caríssimos novos alunos <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong>, que hoje ides ser<br />
apadrinha<strong>do</strong>s:<br />
Na minha evocação inicial fostes os últimos a ser referi<strong>do</strong>s, mas<br />
são para vós as minhas primeiras e sentidas palavras – Sede bem-<br />
-vin<strong>do</strong>s a esta família que <strong>é</strong> o <strong>Instituto</strong> <strong>do</strong>s <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito.<br />
Hoje, aqui, a presença de tantas personalidades tem uma bela<br />
e distinta razão de ser – to<strong>do</strong>s vós – que sois a esperança e a<br />
garantia de um amanhã melhor, caso consigais, como esperamos,<br />
ser porta<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s ensinamentos que já começastes e ides<br />
continuar a receber e a pôr em prática, no vosso dia-a-dia, nos<br />
<strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito.<br />
Oxalá, daqui a alguns anos, sejam tamb<strong>é</strong>m os alunos de agora a<br />
transmitir esses ensinamentos às gerações vin<strong>do</strong>uras.<br />
Senhor Tenente-General Carvalho <strong>do</strong>s Reis:<br />
A presença de V. Exa. presidin<strong>do</strong> a esta efem<strong>é</strong>ride, que <strong>é</strong> talvez das<br />
cerimónias mais simples organizadas pelo <strong>Instituto</strong>, mas, estou<br />
certo, das de maior significa<strong>do</strong> pelo simbolismo que representa<br />
o ato a que vamos assistir dentro de momentos, denota a alta<br />
consideração de V. Exa. e da Presidência da República pela nossa<br />
casa, que muito nos apraz, publicamente, registar.<br />
Como cerimónia cheia de sentimentos e necessariamente<br />
emotiva, pelo que nela em concreto acontece, marca-se no<br />
EFEMÉRIDES E EVENTOS<br />
tempo, nos nossos corações e oficialmente na ordem de serviço<br />
a iniciação, direi mesmo o “batismo”, <strong>do</strong>s novos Pilões no seu<br />
caminhar rumo ao futuro, que se quer longo, próspero e feliz.<br />
Estas verdades, que a presença de V. Exa. confirma, engrandecem<br />
este ato e impelem-nos a solicitar que seja porta<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s nossos<br />
melhores cumprimentos a Sua Excelência o Presidente da<br />
República.<br />
Permita-me tamb<strong>é</strong>m agradecer na pessoa de V. Exa., como pai<br />
de uma antiga aluna <strong>do</strong>s <strong>Pupilos</strong>, a to<strong>do</strong>s os nossos pais que<br />
viram no <strong>Instituto</strong> uma possibilidade para o nosso crescimento.<br />
Senhor General Carvalho <strong>do</strong>s Reis – Bem-haja!<br />
Senhor Major-General Alves Rosa:<br />
Tamb<strong>é</strong>m a presença <strong>do</strong> anterior Diretor <strong>do</strong>s <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito se<br />
revela, para nós, de enorme importância. Ela faz-nos relembrar<br />
que, na vida, para existir um futuro, tem de existir um presente<br />
e teve de haver um passa<strong>do</strong>.<br />
As grandes obras não aparecem <strong>do</strong> nada e V. Exa. contribuiu,<br />
como agora se diz, de forma colossal para a modernização e<br />
engrandecimento <strong>do</strong>s <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito durante os últimos 4<br />
anos.<br />
Atrevo-me a transcrever o comentário que efetuei na rede<br />
social <strong>do</strong> facebook referin<strong>do</strong>-me à reportagem fotográfica e<br />
respetiva cerimónia de despedida de V. Exa. <strong>do</strong> cargo de Diretor<br />
<strong>do</strong>s <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito e inserida na página da Associação <strong>do</strong>s<br />
Antigos Alunos.<br />
Foi mais ou menos assim:<br />
“General Alves Rosa: um Diretor muito dedica<strong>do</strong> que<br />
engrandeceu a nossa casa. Conseguiu algo importante na vida:<br />
passou pelos <strong>Pupilos</strong>, foi útil e deixou rasto! Muitas felicidades<br />
nas novas funções. Muito obriga<strong>do</strong>. Um abraço amigo.”<br />
Estamos muito gratos e sensibiliza<strong>do</strong>s com a presença de V. Exa.<br />
Bem-haja, meu General.<br />
Senhoras e Senhores convida<strong>do</strong>s:<br />
Caben<strong>do</strong>-me a mim este ano o privil<strong>é</strong>gio de ser o ora<strong>do</strong>r de<br />
serviço deixem-me pedir-vos que seja aos alunos que me dirija<br />
mais diretamente, deixem-me aproveitar esta oportunidade<br />
pública, quiçá singular, de falar aos atuais alunos <strong>do</strong>s <strong>Pupilos</strong><br />
enquanto antigo aluno, eu que, tantas vezes, enquanto aluno,<br />
o fiz com enorme alegria e espírito de serviço, dadas as funções<br />
que então desempenhava.<br />
Tamb<strong>é</strong>m, em muitas ocasiões, fui um ouvinte atento daquilo que<br />
os ex-alunos vinham partilhar connosco ao <strong>Instituto</strong>.<br />
Esta ideia estabelece a relação entre o passa<strong>do</strong>, o presente e o<br />
futuro, de que vos falei inicialmente.<br />
Caros Alunos<br />
Caríssimos Novos Alunos <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> <strong>do</strong>s <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito<br />
Temos a sorte de pertencer a uma grande família alicerçada<br />
em valores permanentes, desde a fundação <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> e que<br />
continuam a perpetuar-se no tempo.<br />
De entre as grandes vantagens e diferenças da nossa família,<br />
39
EFEMÉRIDES E EVENTOS<br />
relativamente a tantas outras organizações sociais existentes,<br />
devo salientar:<br />
A guarda e o fomento daquilo que <strong>é</strong> essencial – os valores e as<br />
virtudes humanas.<br />
Ou seja, só conseguimos ultrapassar um s<strong>é</strong>culo de existência com<br />
as inúmeras alterações políticas e sociais ocorridas e a ocorrer<br />
no país, porque aquilo que <strong>é</strong> essencial permaneceu, permanece<br />
e permanecerá na formação <strong>do</strong>s alunos <strong>do</strong>s <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito.<br />
O passa<strong>do</strong>, o presente e o futuro.<br />
Este desiderato <strong>é</strong> possível com a ajuda e empenho de to<strong>do</strong>s<br />
quantos servem esta casa “tão bela e tão ridente” e <strong>é</strong> alicerçada<br />
em âncoras internas e externas muito fortes.<br />
Como âncoras internas devo destacar, de entre muitas outras,<br />
as seguintes:<br />
O Funda<strong>do</strong>r – General António Xavier Correia Barreto.<br />
Homem enorme quer na quantidade de atos e serviços<br />
desempenha<strong>do</strong>s, quer na qualidade com que serviu todas as<br />
causas em que se empenhou, de que respigo:<br />
O assentar praça como voluntário – foi solda<strong>do</strong>.<br />
A elaboração <strong>do</strong> manual de Química sobre o estu<strong>do</strong> e<br />
desenvolvimento da pólvora sem fumo, tamb<strong>é</strong>m designada de<br />
pólvora Barreto.<br />
A presidência da Câmara Municipal de Lisboa.<br />
A presidência <strong>do</strong> Sena<strong>do</strong>.<br />
Foi Ministro da Guerra.<br />
A própria criação <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> com o firme objetivo de formar<br />
cidadãos úteis à Pátria.<br />
O Patrono – D. João de Castro.<br />
Homem nobre, militar, cartógrafo, administra<strong>do</strong>r colonial,<br />
governa<strong>do</strong>r e capitão general, 13.º governa<strong>do</strong>r e 4.º vice-Rei <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> Português da Índia.<br />
Ficou para a história portuguesa e para os Pilões de quem <strong>é</strong><br />
guardião de inúmeras virtudes a atitude <strong>do</strong> empenho das<br />
próprias barbas, por mais nada ter de seu, não em proveito<br />
próprio, mas em proveito <strong>do</strong> reino que era Portugal.<br />
Após vigoroso combate em Diu e para reedificar a respetiva<br />
Fortaleza, que depois da vitória portuguesa ficara derribada<br />
at<strong>é</strong> ao cimento, D. João de Castro escreveu aos verea<strong>do</strong>res<br />
da Câmara de Goa, a fim de obter um empr<strong>é</strong>stimo de 20.000<br />
pardaus para as obras da reedificação, a c<strong>é</strong>lebre carta, datada<br />
de 23 de Novembro de 1546, em que ele dizia que mandara<br />
desenterrar o seu filho D. Fernan<strong>do</strong>, que os mouros mataram<br />
nesta fortaleza, para empenhar os seus ossos, mas que o cadáver<br />
fora acha<strong>do</strong> de tal maneira que não se pudera tirar da terra;<br />
pelo que o único penhor que lhe restava eram as suas próprias<br />
barbas, que mandava por Diogo Rodrigues de Azeve<strong>do</strong>; porque<br />
to<strong>do</strong>s sabiam que não possuía ouro nem prata, nem móvel, nem<br />
coisa alguma de raiz, por onde pudesse segurar as suas fazendas,<br />
e só uma verdade seca e breve que Nosso Senhor lhe dera.<br />
É heroico este ato.<br />
40<br />
Tanta era a consciência da própria honra, que empenhava os<br />
ossos <strong>do</strong> filho e depois as barbas, para pagamento duma soma<br />
que pedia para o serviço <strong>do</strong> rei, e não para si. O povo de Goa<br />
respondeu a esta carta com quantia muito superior à que fora<br />
pedida, ven<strong>do</strong> que tinham um governa<strong>do</strong>r tão humilde para os<br />
rogar, e tão grande para os defender. Remeteram-lhe aquele<br />
honra<strong>do</strong> penhor, acompanha<strong>do</strong> <strong>do</strong> dinheiro e duma carta<br />
muito respeitosa, solicitan<strong>do</strong> por mercê que aceitasse aquela<br />
importância, que a cidade de Goa e o seu povo emprestavam da<br />
sua boa e livre vontade, como leais vassalos <strong>do</strong> rei. A carta tem<br />
a data de 27 de dezembro de 1547.<br />
As condecorações ostentadas pelo Estandarte Nacional <strong>do</strong><br />
<strong>Instituto</strong>.<br />
Como marca visível de reconhecimento <strong>do</strong> trabalho resiliente<br />
efetua<strong>do</strong> no dia-a-dia <strong>do</strong>s alunos, pelos alunos e por tantos<br />
que aqui servem ou serviram, o <strong>Instituto</strong> foi agracia<strong>do</strong> com as<br />
seguintes condecorações:<br />
Comenda<strong>do</strong>r da Ordem Militar de Cristo (1953) – Concedida<br />
pelo General Craveiro Lopes (Presidente da República);<br />
Comenda<strong>do</strong>r da Ordem de Instrução Pública (1957) – Concedida<br />
pelo General Craveiro Lopes (Presidente da República);<br />
Membro Honorário da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada<br />
(1982) – Concedida pelo General Ramalho Eanes (Presidente da<br />
República);<br />
Membro Honorário da Ordem Militar de Avis (1988) –<br />
Concedida pelo Dr. Mário Soares (Presidente da República);<br />
Medalha Militar de Serviços Distintos (1996) – Imposta pelo<br />
Ministro da Defesa Nacional Dr. António Vitorino;<br />
Membro Honorário da Ordem <strong>do</strong> Infante D. Henrique – foi a<br />
última condecoração portuguesa atribuída (em Maio de 2011<br />
ano <strong>do</strong> centenário). Concedida por Sua Excelência o Senhor<br />
Presidente da República, Professor Doutor Cavaco Silva, esta<br />
Ordem Nacional destina-se a assinalar “serviços relevantes a<br />
Portugal, no País e no estrangeiro” ou “ serviços de expansão da<br />
cultura portuguesa ou para conhecimento de Portugal, da sua<br />
História e <strong>do</strong>s seus valores”.
O Hino <strong>do</strong>s <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito<br />
No qual se destaca o canto vivo e alegre por to<strong>do</strong>s os alunos,<br />
desde os mais tenros 10 anos de idade <strong>do</strong> amor à Pátria com<br />
desprezo da própria vida, o amor ao estu<strong>do</strong>, ao trabalho com<br />
alma e prazer para engrandecimento e enobrecimento <strong>do</strong><br />
<strong>Instituto</strong> que culmina na divisa a<strong>do</strong>tada para lema <strong>do</strong>s <strong>Pupilos</strong>:<br />
QUERER É PODER<br />
A adesão voluntária e crítica a uma formação espiritual<br />
O papel muito importante que o Capelão desempenha no<br />
<strong>Instituto</strong> implementan<strong>do</strong> e desenvolven<strong>do</strong> a vivência das virtudes<br />
judaico-cristãs (em senti<strong>do</strong> lato os valores e virtudes humanas<br />
e teológicas) e que poderão ser aprofundadas espiritualmente,<br />
caso o aluno sinta essa necessidade intrínseca.<br />
Esta preparação sistemática <strong>do</strong> aluno <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> correlaciona o<br />
crescimento integral daquele com aquilo a que resolvi designar<br />
de âncoras externas, a saber:<br />
O amor e respeito pela Pátria e pelos seus símbolos, como são<br />
a Bandeira Nacional e o Hino Nacional, sempre muito presentes<br />
na vivência quotidiana <strong>do</strong>s alunos.<br />
A letra <strong>do</strong> Hino Nacional não <strong>é</strong> letra morta ou um faz de conta,<br />
mas algo que se sente sempre e não só quan<strong>do</strong> se canta ou ouve.<br />
O respeito pelos Órgãos de Soberania, como garantes de uma<br />
identidade nacional adquirida que <strong>é</strong> tamb<strong>é</strong>m a <strong>do</strong> próprio aluno.<br />
O respeito e admiração pelas instituições civis e militares <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong>, a separação de poderes vigente no Esta<strong>do</strong> de Direito, a<br />
vontade de vir a participar nessas mesmas instituições, de ser elo<br />
de perpetuação dessa mesma identidade e realidade.<br />
A vivência objetiva atrav<strong>é</strong>s da participação direta nas festividades<br />
nacionais que marcam datas relevantes na história de Portugal.<br />
O passa<strong>do</strong>, o presente e o futuro.<br />
Caros Alunos:<br />
É esta a realidade insofismável que, na mente <strong>do</strong> aluno <strong>do</strong>s<br />
<strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito, como ousa dizer-se, primeiro se estranha e<br />
depois se entranha.<br />
Posso dizer-vos, por experiência própria, que esta cultura de<br />
exigência no início se reflete num choque brutal – mas <strong>é</strong> um<br />
bom choque, que deixa de o ser na exata medida em que começa<br />
a fazer parte de nós.<br />
Reparem que nesta família aprendemos a viver juntos, na<br />
camarata, fomentamos a camaradagem – partilhamos a câmara.<br />
Estamos, por idades e saberes, dividi<strong>do</strong>s por companhias –<br />
partilhamos o pão.<br />
O aluno <strong>do</strong>s <strong>Pupilos</strong> quan<strong>do</strong> chega cá a casa deve saber e sentir<br />
que, para bem de to<strong>do</strong>s, a obediência, a sinceridade e a ordem<br />
são fundamentais para aprendermos a viver juntos – ningu<strong>é</strong>m<br />
tem o direito de apontar o de<strong>do</strong> ao outro – se estas virtudes<br />
não estão ainda bem alicerçadas nos alunos, vamos ensiná-los<br />
a viver e reviver as mesmas com objetividade. Isto faz parte <strong>do</strong><br />
processo formativo inicial <strong>do</strong> aluno.<br />
Lembro-me bem que, com 10 anos, <strong>do</strong>rmia numa camarata<br />
EFEMÉRIDES E EVENTOS<br />
de 14 setores, com 110 alunos, onde não existiam chaves nem<br />
cadea<strong>do</strong>s! Vivia na minha casa!<br />
E este pragmatismo tão objetivo da cultura castrense <strong>do</strong><br />
respeito pelo outro, pelo subordina<strong>do</strong>, pelo superior, pelo aluno<br />
gradua<strong>do</strong>, <strong>é</strong> como o Latim na Língua Portuguesa – <strong>é</strong> a nossa<br />
Base!<br />
A partir desta base os alunos vão crescen<strong>do</strong> e vão experimentan<strong>do</strong><br />
e não apenas ouvin<strong>do</strong> dizer, vão efetivamente pon<strong>do</strong> em prática<br />
e sentin<strong>do</strong> aquilo que lhes <strong>é</strong> transmiti<strong>do</strong>, conjuntamente com os<br />
conhecimentos t<strong>é</strong>cnicos e científicos.<br />
Valores e virtudes como a camaradagem, a amizade, a lealdade,<br />
o trabalho, a fortaleza, a perseverança, a laboriosidade, a<br />
paciência, a justiça, a responsabilidade, o respeito pelo outro,<br />
a simplicidade, a sociabilidade, a sobriedade, a resiliência, o<br />
patriotismo, a humildade, a compreensão e o otimismo devem<br />
ser características <strong>do</strong> “Pilão IN”, isto <strong>é</strong>, da formação integral <strong>do</strong><br />
aluno, científica, t<strong>é</strong>cnica e humana – o mesmo <strong>é</strong> dizer: Mente<br />
Sã em Corpo São!<br />
Por tu<strong>do</strong> isto, o sucesso da escola pode aferir-se atrav<strong>é</strong>s <strong>do</strong><br />
produto acaba<strong>do</strong>, ou seja, com recurso à análise das carreiras<br />
<strong>do</strong>s seus antigos alunos. Na realidade, na carreira das armas,<br />
cerca de 50 alunos atingiram as estrelas <strong>do</strong> generalato ou <strong>do</strong><br />
almiranta<strong>do</strong>, a que se seguirão, estamos certos, muitos outros.<br />
Centenas são oficiais superiores <strong>do</strong>s diversos ramos das forças<br />
armadas e de segurança. Como curiosidade registe-se o facto<br />
de, na d<strong>é</strong>cada de 80, cerca de 30% das Espadas de Tole<strong>do</strong> da<br />
Academia Militar terem si<strong>do</strong> atribuídas a antigos alunos <strong>do</strong>s<br />
<strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito, revelan<strong>do</strong> este indica<strong>do</strong>r um altíssimo<br />
grau de desempenho face ao número total de alunos entra<strong>do</strong>s<br />
naquela prestigiada instituição.<br />
Da mesma forma, muitos outros antigos alunos se distinguiram,<br />
distinguem e continuarão a distinguir, nos campos empresarial,<br />
da engenharia, da contabilidade e da gestão, da medicina, <strong>do</strong><br />
desporto, da investigação, <strong>do</strong> ensino superior universitário e<br />
polit<strong>é</strong>cnico, no governo, na administração pública e local, etc...<br />
O passa<strong>do</strong>, o presente e o futuro.<br />
Excelentíssimas Senhoras e Excelentíssimos Senhores:<br />
Pelo que foi e está dito, <strong>é</strong> fácil perceber e entender o <strong>Instituto</strong><br />
<strong>do</strong>s <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito como uma grande família, preparada para<br />
ser instrumento de desenvolvimento <strong>do</strong> País e instrumento de<br />
Cooperação Internacional, assim o queira e deseje o próprio País.<br />
Com efeito não estamos em tempo (e ainda que estiv<strong>é</strong>ssemos –<br />
seria sempre um ato de estranha soberba) de desbaratar aquilo<br />
que de bom o <strong>Instituto</strong> e Portugal têm para oferecer.<br />
Destaco, quanto a este aspeto, as necessidades <strong>do</strong> próprio País,<br />
da nossa diáspora e <strong>do</strong> espaço lusófono.<br />
A cooperação com o espaço Lusófono tem nos <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong><br />
Ex<strong>é</strong>rcito provas dadas atrav<strong>é</strong>s da frequência de alunos oriun<strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong>s países amigos e de língua oficial portuguesa.<br />
Esta cooperação deveria, a bem de to<strong>do</strong>s, ser intensificada. A<br />
toda a hora nos chegam à Associação <strong>do</strong>s <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito<br />
questões sobre a melhor forma de estudar e de implementar<br />
nos países lusófonos escolas semelhantes e com as características<br />
41
EFEMÉRIDES E EVENTOS<br />
formativas idênticas às existentes nos <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito.<br />
Os protocolos com os países amigos da CPLP devem ser<br />
intensifica<strong>do</strong>s e acarinha<strong>do</strong>s a bem e com proveito para to<strong>do</strong>s.<br />
Por outro la<strong>do</strong>, a realidade Europeia, em geral, e a realidade<br />
Portuguesa, em particular, revelam a necessidade da existência<br />
de instituições como os <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito, no senti<strong>do</strong> de prover<br />
o futuro das novas gerações. Num mun<strong>do</strong> muito globaliza<strong>do</strong>,<br />
em que a diáspora tem vin<strong>do</strong> a aumentar significativamente,<br />
torna-se necessário uma oferta educacional viável, segura,<br />
exigente, s<strong>é</strong>ria e útil aos alunos, às famílias e ao país. Estou<br />
certo que a procura da diáspora será cada vez mais significativa.<br />
Por último, permitam-me que refira aquilo a que posso chamar “a<br />
cereja em cima <strong>do</strong> bolo”.<br />
Os <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito são uma escola T<strong>é</strong>cnica – o ensino<br />
profissional <strong>é</strong> o seu ex-libris, e a própria escola poderá ser, se já<br />
não o for de facto, o ex-libris <strong>do</strong> ensino profissional em Portugal.<br />
O Jornal Expresso referia num <strong>do</strong>s títulos na sua edição online da<br />
passada 2.ª feira, dia 12 de Novembro, o seguinte: “Minist<strong>é</strong>rio da<br />
Educação quer duplicar número de alunos no ensino profissional”,<br />
(fim de citação).<br />
Está visto que o <strong>Instituto</strong>, mais uma vez, consegue estar à frente<br />
<strong>do</strong> seu tempo. Na realidade, dispõe de uma oferta educativa muito<br />
necessária quer ao país quer aos países da área da lusofonia.<br />
Exmo. Senhor General Carvalho <strong>do</strong>s Reis,<br />
Excelentíssimas Senhoras e Excelentíssimos Senhores,<br />
Caros Alunos,<br />
Espero ter consegui<strong>do</strong> passar-vos a ideia de que estas minhas<br />
42<br />
sentidas e emotivas palavras não são apenas as de um antigo<br />
aluno sau<strong>do</strong>sista que ama a sua casa e não consegue ver a<br />
realidade objetivamente e, por isso, exprime aquilo que lhe vai<br />
no coração; antes pelo contrário, elas refletem a verdade que<br />
tamb<strong>é</strong>m vivi nos <strong>Pupilos</strong>.<br />
Caros Alunos,<br />
Ao abrir e ao fechar são para vós as minhas últimas palavras: honrai<br />
a vossa casa, ponde em prática aquilo que vos <strong>é</strong> transmiti<strong>do</strong>, vede<br />
no amor ao trabalho a virtude para coisas maiores e vede nele<br />
uma oportunidade para devolverdes à sociedade aquilo que vos<br />
<strong>é</strong> da<strong>do</strong>.<br />
Como nos diz o poeta:<br />
“Ver só com os olhos <strong>é</strong> fácil e vão. Por dentro das coisas <strong>é</strong> que as<br />
coisas são”<br />
Querer <strong>é</strong> Poder!<br />
Disse.<br />
Muito obriga<strong>do</strong>.<br />
Francisco Vaz Baptista (1982.0543)<br />
1.º Encontro de Natação Nível II – Desporto Escolar<br />
No dia 23 de janeiro de 2013, na piscina <strong>do</strong> Casal Vistoso<br />
decorreu o 1.º Encontro <strong>do</strong> Desporto Escolar de Natação, Nível<br />
II. Participaram os alunos da ACC de Natação, ten<strong>do</strong> obti<strong>do</strong> os<br />
seguintes resulta<strong>do</strong>s:<br />
Bruno Nunes; Cláudio Martins; Bruno Correia; Diogo Viegas; Paulo Pedrinho;<br />
Daniel Vlas; Bruno Neves; João Santos; Carolina Bergano; Ana Pontes; Henrique<br />
Gonçalves; Frederico Nogueira.
Carnaval no ipe<br />
Na manhã <strong>do</strong> dia 8 de fevereiro, a parada superior da 1ª secção<br />
encheu-se de cor e entusiasmo. Os alunos <strong>do</strong> 5º, 6º e 7º anos<br />
vestiram-se a rigor para participar no desfile de Carnaval das<br />
escolas de Benfica.<br />
No presente ano, os nossos alunos, com a colaboração das<br />
professoras de Educação Visual, procuraram sensibilizar a<br />
comunidade fazen<strong>do</strong> “arte com lixo”, dan<strong>do</strong> o seu contributo ao<br />
projeto Eco-Escola. Realizaram máscaras-óculos gigantes com<br />
materiais recicla<strong>do</strong>s, a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> um tema que obrigava a uma<br />
pequena introspeção: “Ver o mun<strong>do</strong> com outros olhos!”<br />
Os alunos criaram a sua visão criativa e colorida <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Foi<br />
muito interessante ver a diversidade de temáticas que surgiram:<br />
amor, ecologia, riqueza, fogo/água, novas tecnologias, natureza<br />
e mitologia, etc.<br />
Mais uma vez, o trabalho realiza<strong>do</strong> compensou, não só pela<br />
diversão e convívio durante o cortejo de Carnaval e no espetáculo<br />
final no ginásio da 2.ª secção, mas tamb<strong>é</strong>m por termos venci<strong>do</strong> a<br />
categoria de melhor tema.<br />
Finalmente, gostaríamos de agradecer à direção que mais uma<br />
vez autorizou a nossa participação, aos pais e encarrega<strong>do</strong>s<br />
de educação que colaboraram na indumentária vestida pelos<br />
alunos e a to<strong>do</strong>s os que nos ajudaram a reciclar e a tornar este<br />
desafio possível.<br />
Elsa Calafate<br />
Corta-mato Concelhio <strong>do</strong> Desporto Escolar<br />
no Parque da Bela Vista – 8 de fevereiro de 2013<br />
No passa<strong>do</strong> dia 8 de fevereiro, uma delegação de 33 alunos <strong>do</strong><br />
IPE participou no Corta-mato Concelhio que tal como no ano<br />
transato decorreu no Parque da Bela Vista.<br />
A nível individual, os melhores resulta<strong>do</strong>s foram alcança<strong>do</strong>s<br />
pelos alunos Joel Salva<strong>do</strong>r (11º juvenil) e Rachid Pachire (15º<br />
júnior).<br />
A nível coletivo, a equipa de juvenis <strong>do</strong> IPE foi a que obteve<br />
melhor desempenho, ten<strong>do</strong> os quatro elementos termina<strong>do</strong> a<br />
sua prova entre os 61 primeiros classifica<strong>do</strong>s:<br />
EFEMÉRIDES E EVENTOS<br />
11º lugar: Joel Salva<strong>do</strong>r (nº 149);<br />
44º lugar: S<strong>é</strong>rgio Faísca (nº 394);<br />
59º lugar: Reinal<strong>do</strong> Colombo (nº 145);<br />
61º lugar: Bogdan Herashchenko (nº 1248), a fechar a equipa<br />
de juvenis.<br />
Outras classificações de relevo <strong>do</strong>s alunos <strong>do</strong> IPE, ten<strong>do</strong> em conta<br />
que foi a sua primeira participação em Corta-mato Concelhio:<br />
Samuel Agu<strong>do</strong> em 25º lugar, nos infantis A, masculinos, e Bruno<br />
Correia em 50º lugar, nos inicia<strong>do</strong>s masculinos (o escalão com<br />
mais participantes).<br />
Professores cantam as janeiras<br />
No dia 7 de janeiro de 2013, alguns professores foram cantar as<br />
janeiras à direção e aos alunos <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong>, prolongan<strong>do</strong> uma tradição<br />
popular com raízes muito antigas. Para tal, contaram com a<br />
orientação da professora de Educação Musical, Irene Aleixo.<br />
O texto da canção <strong>é</strong> o seguinte:<br />
Canção popular<br />
Letra adaptada pelo professora Irene Aleixo<br />
Vamos cantar as janeiras<br />
E um bom ano desejar<br />
Nós somos <strong>do</strong> IPE<br />
P’ra vós ciemos cantar.<br />
Viva aos nossos alunos<br />
E a toda a companhia<br />
Nós gostamos de cantar<br />
Com carinho e alegria.<br />
Cantemos e recantemos<br />
Para um bom ano desejar<br />
Acabou-se a cantoria<br />
P’rò ano vamos voltar.<br />
43
EFEMÉRIDES E EVENTOS<br />
Jantar de despedida <strong>do</strong> MGen Diretor <strong>do</strong> IPE<br />
A comunidade escolar e os militares <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> <strong>do</strong>s <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong><br />
Ex<strong>é</strong>rcito juntaram-se no dia 9 de novembro de 2012 e ofereceram<br />
um jantar de despedia ao Exmo. MGen Alves Rosa, Diretor <strong>do</strong> IPE.<br />
Durante o jantar o Coronel Subdiretor proferiu a seguinte<br />
alocução:<br />
«Meu General,<br />
Srs Oficiais,<br />
Srs Professores,<br />
Caros Sargentos e Praças,<br />
Caros Alunos,<br />
Há precisamente 4 anos, nestas mesmas instalações, realizava-<br />
-se o jantar de despedida ao antigo Diretor. Quatro anos!<br />
Muita coisa mu<strong>do</strong>u: no País e no <strong>Instituto</strong>. Quan<strong>do</strong> olhamos<br />
em re<strong>do</strong>r, vemos poucas caras desse longínquo ano de 2008. O<br />
Dr Miguel Gonçalves, num artigo que escreveu para a Revista<br />
e que por sinal foi premia<strong>do</strong>, apelidava os que permanecem de<br />
Resistentes. Persistentes ou teimosos, acrescento eu. Estes 4<br />
anos foram de Persistência, de Teimosia. Muito obriga<strong>do</strong>, meu<br />
General, pelo seu estar, pela sua persistência.<br />
Portugal tamb<strong>é</strong>m se fez e faz de Resistência, de Persistência, de<br />
Teimosia. Alexandre Herculano dizia que só a nossa vontade e<br />
o nosso querer justificam Portugal. Há 800 anos, não tínhamos<br />
fronteiras naturais que definissem o nosso território, a língua era<br />
a mesma de Castela e nem a Religião nos separava. Só uma visão<br />
e um querer diferente nos distinguiam e distinguem. Hoje somos<br />
livres e independentes, pelo nosso sonho, pela nossa vontade.<br />
Somos um povo de Príncipes, como diz Lobo Antunes. O mar<br />
passou a fazer parte da nossa fronteira, a língua autonomizou-se<br />
e encheu o mun<strong>do</strong>. Escolhemos a República. Éramos iguais e pela<br />
vontade tornámo-nos diferentes e necessários. O mun<strong>do</strong> não seria<br />
o mesmo sem a Língua de Camões, sem a Lusofonia.<br />
Como disse Jos<strong>é</strong> R<strong>é</strong>gio, no Cântico Negro, não fomos por ali. Nos<br />
últimos 4 anos, o <strong>Instituto</strong> tamb<strong>é</strong>m não foi por ali. Amámos o<br />
Longe e a Miragem e não fomos por ali.<br />
Há 4 anos, falou-se aqui de História e de Tradição. Olhava-se para<br />
o passa<strong>do</strong> e procuravam-se as âncoras, as amarras, os <strong>do</strong>gmas,<br />
para uma visão de futuro. Houve momentos de hesitação, mas<br />
sabíamos que não íamos por ali.<br />
Seguimos o Poeta:<br />
“Tendes estradas,<br />
Tendes jardins, tendes canteiros,<br />
Tendes pátria, tendes tetos,<br />
E tendes regras, e trata<strong>do</strong>s, e filósofos, e sábios…<br />
Eu tenho a minha Loucura!”<br />
O meu General, veio olhar connosco para o passa<strong>do</strong>, mas não<br />
ficou agarra<strong>do</strong> aos <strong>do</strong>gmas. Ensinou-nos a desconstruir os mitos<br />
e a reconstruí-los com o material <strong>do</strong>s nossos dias.<br />
44<br />
Muito obriga<strong>do</strong>, meu General!<br />
Alguns desses mitos, nomeadamente os mais difíceis de desfazer,<br />
foi o meu General que tomou a iniciativa e liderou o combate<br />
perante o ceticismo de muitos de nós, ou de to<strong>do</strong>s nós.<br />
Hoje, somos uma escola diferente e que precisa de preservar essas<br />
diferenças arduamente trilhadas, nomeadamente:<br />
– O relacionamento que existe entre os alunos, independentemente<br />
da graduação, da idade, <strong>do</strong> sexo, ou de ser externo ou interno, <strong>é</strong><br />
hoje uma imagem de marca <strong>do</strong> IPE;<br />
e<br />
– A implementação e a consolidação de um ensino profissional<br />
de qualidade.<br />
Poderia elencar muitas outras alterações operadas e que marcam<br />
a Direção <strong>do</strong> meu General. Para não me alongar, cito apenas a<br />
abertura <strong>do</strong> ensino a discentes <strong>do</strong> sexo feminino, a redução<br />
significativa de mensalidades e a extraordinária melhoria das<br />
infraestruturas e <strong>do</strong> equipamento escolar. Em resumo, deixámos<br />
de ser a Escola Cinzenta, da farda Cinzenta e recuperámos o azul<br />
<strong>do</strong> mar, das novas fronteiras. O azul <strong>do</strong> querer e da determinação.<br />
Mais uma vez, como disse o poeta:<br />
“Preferimos escorregar nos becos lamacentos,<br />
Redemoinhar aos ventos,<br />
Como farrapos, arrastar os p<strong>é</strong>s sangrentos,<br />
A ir por aí…”<br />
Meu General:<br />
Nos últimos 4 anos, o IPE passou de uma instituição cinzenta e<br />
condenada, a um <strong>Instituto</strong> que reconhecidamente faz falta ao<br />
País e cujo modelo <strong>é</strong> aponta<strong>do</strong> pelo Minist<strong>é</strong>rio da Educação como<br />
solução para Portugal.<br />
Esperamos que o bom senso prevaleça e que triunfe a dignificação<br />
<strong>do</strong> estu<strong>do</strong> e <strong>do</strong> trabalho producente sobre os títulos ocos de uma<br />
pretensa nobreza falida, como escrevia Júlio Dinis há mais de<br />
150 anos, nos Fidalgos da Casa Mourisca. Ou como nos chama<br />
a atenção Jorge Ama<strong>do</strong>, na Tenda <strong>do</strong>s Milagres: o conhecimento<br />
acad<strong>é</strong>mico tem que ser completa<strong>do</strong> com o conhecimento
empírico, sob pena de criarmos elites arrogantes que bloqueiam<br />
sistematicamente a promoção social <strong>do</strong>s melhores ou <strong>do</strong>s que são<br />
diferentes.<br />
Queremos ser diferentes e temos a ambição de ascender pelo<br />
m<strong>é</strong>rito sem ficarmos presos aos favores de ningu<strong>é</strong>m. Queremos<br />
continuar a trilhar o nosso caminho.<br />
Não queremos ir por ali.<br />
Meu General: terminou o seu quarto de sentinela, chegou a altura<br />
de render a guarda e de lhe manifestarmos a nossa profunda<br />
estima e consideração.<br />
Fique tranquilo que continuamos a não ir por ali.<br />
Querer <strong>é</strong> Poder!»<br />
“Natal, a mais bela história”… com 99% de<br />
transpiração<br />
A aventura de representar “a mais bela história” começou em<br />
novembro nas salas de aula de Educação Visual, com o objetivo de<br />
realizar um pres<strong>é</strong>pio original e concorrer ao concurso promovi<strong>do</strong>,<br />
há cerca de 20 anos, pela Junta de Freguesia de Benfica e pelo<br />
Centro Comercial Fonte Nova.<br />
Após estudar a história e efetuar a pesquisa sobre o tema,<br />
EFEMÉRIDES E EVENTOS<br />
iniciaram-se as dificuldades… Ter ideias originais para resolver e<br />
concretizar o desafio.<br />
Não foi nada fácil… at<strong>é</strong> posso acrescentar que para muitos alunos<br />
foi desesperante, demora<strong>do</strong>, angustiante, ansioso… mas PORQUÊ?<br />
Perguntava-lhes eu. Desespera<strong>do</strong>s respondiam:<br />
− Não sabemos. Por favor, a professora dê-nos uma ideia!<br />
− As ideias não se dão. Têm-se! − respondia eu.<br />
O que se passa com estas gerações que têm acesso facilita<strong>do</strong> a<br />
mais e melhor informação/conhecimento e apresentam mais<br />
problemas no desenvolvimento da criatividade?<br />
Penso que o problema reside precisamente na quantidade<br />
de informação com que são “bombardea<strong>do</strong>s diariamente” e<br />
na ausência de reflexão crítica que ajude a filtrar e digerir tal<br />
informação. Com uma agravante, estas gerações tiveram o<br />
privil<strong>é</strong>gio da “ausência de esforço. To<strong>do</strong>s os que lhes são queri<strong>do</strong>s<br />
tu<strong>do</strong> fizeram para que eles tivessem o que desejavam, mesmo que<br />
bens sup<strong>é</strong>rfluos. A sua intenção era a melhor, mas será que foi a<br />
melhor? Pergunto eu.<br />
Diz-se que estamos na sociedade da informação, mas estaremos<br />
perante umas gerações conscientemente informada, que processa<br />
a informação para o seu desenvolvimento e para a resolução <strong>do</strong>s<br />
problemas com que se deparam?<br />
Do que tenho observa<strong>do</strong>, penso que muitas vezes, não. É urgente<br />
(e hoje já se vem falan<strong>do</strong> que a criatividade ou a imaginação<br />
vão ser determinantes no combate à crise), enquanto pais e<br />
educa<strong>do</strong>res, criarmos situações que desafiem a zona de conforto,<br />
que obriguem os jovens a esforçarem-se e a investirem na procura<br />
de soluções que não são imediatas nem óbvias. Relembro que<br />
“<strong>é</strong> na capacidade criativa, que existe a chave da capacidade de<br />
evolução da humanidade” (Sanchez, 2003).<br />
Após três aulas “em branco”, decidi que era o momento de<br />
sentirem o clique e testemunharem este processo fascinante de<br />
ter uma ideia, inovar e realizar algo de que ningu<strong>é</strong>m se lembrou.<br />
Receitas não existem, to<strong>do</strong>s são diferentes, mas era meu objetivo<br />
fazer com que to<strong>do</strong>s experienciassem este processo fascinante.<br />
Assim, vou dar a conhecer as duas situações que foram distinguidas<br />
nos <strong>do</strong>is lugares cimeiros <strong>do</strong> concurso.<br />
1ª – No 9.º A, os alunos chegaram à terceira e última aula de<br />
esboços e relativamente à apresentação de ideias… “em branco”…<br />
conforme já foi referi<strong>do</strong>. O clique deu-se quan<strong>do</strong> lhes foi pedi<strong>do</strong><br />
que verbalizassem materiais que usassem noutras situações e que<br />
nunca pensassem ver num pres<strong>é</strong>pio. Após olharem uns para os<br />
outros estupefactos com a sugestão da professora, começaram a<br />
surgir palavras como papel, sabão, talheres (vinham <strong>do</strong> almoço),<br />
bolo…<br />
Mais admira<strong>do</strong>s ficaram ainda quan<strong>do</strong> a <strong>do</strong>cente aceitou e<br />
incentivou a realização de pres<strong>é</strong>pios com talheres de plástico<br />
e sabão, pois a questão económica era fundamental. Depois<br />
depararam-se com as questões t<strong>é</strong>cnicas e est<strong>é</strong>ticas que em<br />
conjunto foram ultrapassadas.<br />
2ª – No 7.º B, um aluno chegou à sala com um botão da farda<br />
descosi<strong>do</strong>. Outra aluna queria aprender a coser. O clique deu-se<br />
quan<strong>do</strong> aliámos interesses e necessidades e se desenvolveu um<br />
projeto com materiais de costura. Conheceram os materiais e os<br />
45
EFEMÉRIDES E EVENTOS<br />
instrumentos e aprenderam a manuseá-los e trabalhá-los.<br />
Os produtos finais e consequente exposição e concurso foram<br />
determinantes no desenvolvimento <strong>do</strong> processo criativo,<br />
porque contribuíram para a consciencialização <strong>do</strong> problema e<br />
das dificuldades envolvidas, da procura, conjugação e seleção<br />
de soluções, sua concretização e avaliação interna e externa.<br />
Esta última com bastante êxito, pois os nossos alunos foram<br />
distingui<strong>do</strong>s com o 1.º, 2.º e 3.º pr<strong>é</strong>mios <strong>do</strong> escalão B.<br />
Deste mo<strong>do</strong>, espero que os alunos tenham percebi<strong>do</strong> que<br />
a “<strong>do</strong>lorosa” experiência inicial (“1% de inspiração e 99%<br />
de transpiração”), o <strong>“Querer</strong> <strong>é</strong> <strong>Poder”</strong> que muito referimos,<br />
compensou. Realizaram novas aprendizagens, ultrapassaram<br />
problemas, foram al<strong>é</strong>m <strong>do</strong> que pensaram ser capazes, inovaram<br />
e… venceram!<br />
No dia cinco de janeiro, foi “a cereja no topo <strong>do</strong> bolo”, a Cerimónia/<br />
Festa de Entrega <strong>do</strong>s Pr<strong>é</strong>mios no Centro Comercial Fonte Nova.<br />
Estiveram presentes alunos, pais e encarrega<strong>do</strong>s de educação,<br />
professores e um oficial <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito. Os alunos desfrutaram <strong>do</strong><br />
reconhecimento público <strong>do</strong> seu trabalho, estavam descontraí<strong>do</strong>s,<br />
felizes e participaram com entusiasmo nas animações. To<strong>do</strong>s os<br />
acompanhantes estavam orgulhosos <strong>do</strong>s mais novos. Foi com<br />
muito alegria que ouvi elogiarem os nossos “pilões” pela sua<br />
postura, pelo empenho que manifestaram no seu trabalho, pela<br />
honra na farda e na instituição, sem deixarem de ser crianças<br />
alegres e participativas.<br />
Será, sem dúvida, uma experiência a recordar.<br />
Agora termino com outro desafio. Enfrentem a vida e os<br />
problemas… com CRIATIVIDADE!<br />
Professora de EV – Ana Gomes<br />
Visita de Estu<strong>do</strong> - Compal e Renova<br />
Os alunos <strong>do</strong> 11.º e 12.º Anos, turmas A1, A2 e A4, <strong>do</strong>s <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong><br />
Ex<strong>é</strong>rcito, no dia 21 de novembro de 2012, acompanha<strong>do</strong>s pelos<br />
professores Luís Ferreira e Paula Francisco, visitaram as fábricas<br />
Compal e Renova.<br />
O principal objetivo era verificarem a importância das análises<br />
físicas e químicas nos laboratórios de controlo de qualidade.<br />
Foram muito frutíferas e extremamente enriquece<strong>do</strong>ras as visitas<br />
foi possível consolidar conhecimentos que jamais esquecerão. Os<br />
alunos tomaram conhecimento de inúmeras operações que são<br />
realizadas nestas fábricas, desde a simples preparação de soluções<br />
at<strong>é</strong> às mais elaboradas, os ensaios específicos de controlo de<br />
qualidade desde a mat<strong>é</strong>ria-prima ao produto acaba<strong>do</strong>.<br />
Usufruíram de uma visita excelentemente conduzida pelas guias<br />
“Compal” e “Renova” que os acompanharam esclarecen<strong>do</strong> sempre<br />
todas as questões colocadas.<br />
46<br />
Sonhan<strong>do</strong> com a Força A<strong>é</strong>rea<br />
No passa<strong>do</strong> dia 19 de fevereiro, os alunos <strong>do</strong> 9º ano, Turmas A e<br />
B, deslocaram-se em visita de estu<strong>do</strong> ao Museu <strong>do</strong> Ar, na Granja<br />
<strong>do</strong> Marquês em Sintra, acompanha<strong>do</strong>s pelos professores Maria<br />
de Jesus Caimoto Duarte e Luís Ferreira.<br />
O objetivo da visita era promover nos discentes o conhecimento<br />
da História da Aviação, bem como o conhecimento da evolução<br />
da aeronáutica ao longo <strong>do</strong>s tempos, frisan<strong>do</strong> a importância<br />
da Força A<strong>é</strong>rea na Primeira Grande Guerra e conflitos arma<strong>do</strong>s<br />
subsequentes.<br />
Cumprin<strong>do</strong> o que estava programa<strong>do</strong>, o Sargento-ajudante<br />
Paulo Moreira foi elucidan<strong>do</strong> os visitantes sobre os muitos aviões<br />
civis e militares, bem como helicópteros existentes no Museu.<br />
Os alunos seguiram com muita atenção tu<strong>do</strong> o que era explica<strong>do</strong><br />
e foi com pena que viram que a visita tinha chega<strong>do</strong> ao fim.<br />
A comitiva <strong>do</strong> IPE agradece o eficiente e atencioso atendimento<br />
no Museu <strong>do</strong> Ar com especial referência ao Sargento-ajudante<br />
Paulo Moreira.<br />
Participação <strong>do</strong> IPE nos IX Jogos Desportivos<br />
Maristas de Lisboa – 8 de janeiro de 2013<br />
Acontecimento – Encontro de Abertura de Desportos Gímnicos<br />
Local – Pavilhão <strong>do</strong> Casal Vistoso, Olaias, Lisboa<br />
Data – 12 de janeiro de 2013<br />
No sába<strong>do</strong>, por volta das oito horas e um quarto, entrei<br />
apressadamente no IPE e dirigi-me para o ponto de encontro
combina<strong>do</strong> — a parada superior.<br />
Enquanto me aproximava, ia notan<strong>do</strong> a agitação e o nervosismo<br />
<strong>do</strong>s alunos. Para que tu<strong>do</strong> ficasse pronto, ainda tinham de<br />
pedir empresta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is casacos de fato de treino, de procurar<br />
umas sapatilhas desaparecidas e ir buscar os lanches.<br />
Perto das oito e meia, estávamos to<strong>do</strong>s dentro da carrinha com<br />
o equipamento completo e o reforço alimentar. O condutor<br />
ligou a viatura e seguimos em direção ao pavilhão das Olaias.<br />
O evento teve início às 9:30 e o IPE esteve representa<strong>do</strong> com<br />
catorze alunos-ginastas com idades compreendidas entre os<br />
10 e os 15 anos. Simultaneamente, decorreu um curso de juízes<br />
que os alunos Maria Pereira, Catarina Moura e Luís Martins<br />
frequentaram. Ainda contámos com a colaboração <strong>do</strong>s alunos<br />
nº 127, Furta<strong>do</strong>, e nº 160, Vieira, que nos deram apoio logístico.<br />
O primeiro encontro <strong>do</strong> Desporto Escolar tem como finalidade<br />
o convívio entre os alunos e a sensibilização e experimentação<br />
de diversas modalidades da Ginástica.<br />
Participaram na atividade mais de duas centenas de alunos<br />
pertencentes a Escolas <strong>do</strong> concelho de Lisboa.<br />
O aquecimento teve lugar no praticável central e foi orienta<strong>do</strong><br />
por uma professora de Educação Física que a partir da plateia<br />
realizou os exercícios para que to<strong>do</strong>s vissem e executassem.<br />
Posteriormente, os alunos tiveram oportunidade de<br />
experimentar as modalidades gímnicas que constam no quadro<br />
competitivo <strong>do</strong> Desporto Escolar, como a Ginástica Acrobática,<br />
a Ginástica Artística e os Trampolins.<br />
Os nossos protagonistas, que a seguir serão menciona<strong>do</strong>s,<br />
gostaram muito de participar e embora ainda não fosse um<br />
momento de competição, destaco a sua boa prestação motora<br />
e o seu correto comportamento.<br />
Nota: Uma semana após o evento, recebemos as classificações<br />
<strong>do</strong> curso de juízes e os três alunos <strong>do</strong> IPE receberam a menção<br />
de apto.<br />
A professora - Irma Pinheiro<br />
pASSATEMpOS<br />
Prov<strong>é</strong>rbios <strong>do</strong>s meses <strong>do</strong> ano<br />
“Janeiro fora mais uma hora.”<br />
“Quan<strong>do</strong> não chove em Fevereiro, nem bom pra<strong>do</strong> nem bom<br />
celeiro.”<br />
“Março marçagão, de manhã inverno, de tarde verão.”<br />
Letrário – certo ou erra<strong>do</strong>?<br />
«O semítico <strong>do</strong> João não empresta dinheiro a ningu<strong>é</strong>m».<br />
× “Semítico” significa “o que <strong>é</strong> relativo ou pertencente aos judeus”,<br />
não significa “avarento”.<br />
√ «O somítico <strong>do</strong> João não empresta dinheiro a ningu<strong>é</strong>m».<br />
«Tenho uma amiga minha que estuda piano».<br />
× Não se deve dizer a mesma coisa duas vezes. Ao dizer que tem<br />
uma amiga, já diz que <strong>é</strong> sua.<br />
√ «Tenho uma amiga que estuda piano» ou «Uma amiga minha<br />
estuda piano».<br />
Ane<strong>do</strong>tas<br />
No liceu, durante uma prova escrita, o professor desconfian<strong>do</strong><br />
que um <strong>do</strong>s alunos estava a “cabular”, aproxima-se dele e<br />
pergunta-lhe:<br />
− Mostra-me o que tens debaixo <strong>do</strong> teu teste!<br />
O aluno, um pouco atrapalha<strong>do</strong> e surpreendi<strong>do</strong>, responde-lhe:<br />
− São rosas, sr. professor!<br />
O professor levantan<strong>do</strong> a folha de teste verifica que, na realidade,<br />
ele tinha uma cábula por onde estava a copiar.<br />
O aluno apressadamente diz:<br />
− Bolas, afinal não se deu o milagre!<br />
<br />
− Algu<strong>é</strong>m me sabe dizer <strong>do</strong>nde vem a luz el<strong>é</strong>trica? − pergunta o<br />
professor.<br />
Responde o João, muito rápi<strong>do</strong>:<br />
− Da Selva!<br />
− Da Selva? − admira-se o professor.<br />
− Pois, ainda esta manhã o meu pai disse, quan<strong>do</strong> estava a tomar<br />
banho: “Estes macacos cortaram outra vez a luz.”<br />
<br />
− Está bem, eu tomo nota. O Luizinho não pode vir às aulas hoje<br />
porque está com gripe. Já agora, quem <strong>é</strong> que está ao telefone?<br />
− É o meu paizinho, sra. professora!<br />
Adivinhas – O que <strong>é</strong> que <strong>é</strong>?<br />
O que <strong>é</strong> que nasce grande e morre pequeno?<br />
Porque <strong>é</strong> que as rodas <strong>do</strong>s comboios são de ferro e não são de<br />
borracha?<br />
Porque <strong>é</strong> que o jovem, quan<strong>do</strong> vai ao cinema, se senta na última<br />
cadeira?<br />
Porque <strong>é</strong> que o boi se baba?<br />
47
«Criatividade <strong>é</strong> saber cometer erros. Arte <strong>é</strong> distinguir os que<br />
guardar».<br />
Scott Adams<br />
«Educai as crianças e não será preciso punir os homens». Pitágoras<br />
«Não quero ser um g<strong>é</strong>nio… Já tenho problemas suficientes ao<br />
tentar ser um homem».<br />
Albert Camus<br />
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