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Resumo de Anatomia da Medula Espinhal, Tronco Encefalico e ...

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NEUROANATO – P1 (MEDULA MACRO E MICRO, TRONCO MACRO E<br />

MICRO, CEREBELO MACRO, NERVOS CRANIANOS)<br />

MACRO:<br />

MEDULA<br />

Massa cilindrói<strong>de</strong> situa<strong>da</strong> <strong>de</strong>ntro do canal vertebral, mas sem preenchê-lo totalmente.<br />

Limites: Cranial: Forame Magno. Cau<strong>da</strong>l: 2ª vértebra lombar. Chegando em L2, a<br />

medula vai se afunilando, tornando-se uma estrutura chama<strong>da</strong> cone medular.<br />

Possui forma cilíndrica, tendo duas dilatações laterais <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong>s intumescência<br />

cervical e intumescências lombar. Essas dilatações correspon<strong>de</strong>m às saí<strong>da</strong>s do plexo<br />

braquial e lombosacral, respectivamente.<br />

Sua superfície apresenta alguns sulcos que a acompanham por to<strong>da</strong> sua extensão:<br />

-Fissura mediana anterior, sulco mediano posterior, sulco lateral anterior, sulco lateral<br />

posterior e sulco intermédio posterior (este último presente apenas na região torácica<br />

alta e cervical).<br />

Do sulco lateral posterior sai a raiz dorsal (sensitiva) enquanto do lateral anterior sai a<br />

raiz ventral (motora) do nervo espinal.<br />

Dentro <strong>da</strong> medula, temos a substância cinzenta em forma <strong>de</strong> H, dividi<strong>da</strong> em coluna<br />

anteror, coluna posterior e coluna lateral (presente apenas na medula torácica e parte <strong>da</strong><br />

lombar)<br />

A substancia branca, que envolve a substância cinzenta, é forma<strong>da</strong> por fibras<br />

mieliniza<strong>da</strong>s, sendo separa<strong>da</strong> em tres grupos, chamados <strong>de</strong> funículos: O anterior (entre<br />

fissura mediana anterior e sulco lateral anterior), posterior (entre sulco lateral posterior e<br />

sulco mediano posterior) e o lateral (entre os sulcos lateral anterior e lateral posterior).<br />

Jonatas F. Villa – Medicina Unicamp Turma XLIX Pg 1


Apenas na medula cervical, o sulco intermédio posterior, juntamente com o septo<br />

intermédio posterior, divi<strong>de</strong>m o funículo posterior em fascículo grácil (medial) e<br />

fascículo cuneiforme (lateral).<br />

Os nervos espinais se formam a partir <strong>da</strong> junção <strong>da</strong>s raizes dorsal e ventral (que, por sua<br />

vez, são forma<strong>da</strong>s por filamentos radiculares). Essa junção ocorre distalmente ao<br />

gânglio <strong>da</strong> raiz dorsal. Portanto, todo nervo espinal é misto (sensitivo e motor).<br />

Essa formação é a base <strong>da</strong> segmentação medular. Os nervos são <strong>de</strong>nominados a partir <strong>de</strong><br />

on<strong>de</strong> saem os filamentos radiculares que os compoem. Complicado <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r pois na<br />

cervical há 8 pares cervicais mas só sete vértebras, <strong>de</strong> modo que o nervo C1 emerge<br />

entre o osso occipital e a 1ª vertebra cervical. C8 entre a 7ª vertebra e a 1ª torácica. Daí<br />

em diante, o nervo correspon<strong>de</strong>nte vem sempre <strong>de</strong> baixo <strong>da</strong> vértebra (ou seja, nervo L1<br />

está entre a segun<strong>da</strong> e a 1ª vértebra lombar e assim sucessivamente.<br />

Temos 8 nervos cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e 1 coccígeo.<br />

A medula termina na segun<strong>da</strong> vértebra lombar (L2). Após essa vértebra há apenas, no<br />

canal vertebral, as raízes dos nervos espinais e as meninges que os recobrem, formando<br />

a cau<strong>da</strong> equina. Isso ocorre <strong>de</strong>vido ao crescimento diferencial <strong>da</strong> medula e <strong>da</strong> coluna,<br />

pois após o 4º mês <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> intra-uterina o crescimento <strong>da</strong> coluna é muito mais rapído<br />

que o crescimento <strong>da</strong> medula. Como as raízes mantém sua correspondência, os nervos a<br />

partir <strong>de</strong> L2 se alongam para formar a cau<strong>da</strong> equina.<br />

Essa visão é importante pois uma lesão na vértebra T11 pega to<strong>da</strong> a parte lombar dos<br />

nervos, enquanto lesão em L3 (que já é cau<strong>da</strong> quina) pegará somente os nervos e não a<br />

medula, o que gera prognósticos totalmente diferentes.<br />

Regra prática: Entre C2 e T10 = Nº vértebra + 2 = Nº nervo; T11 e T12 = 5 segmentos<br />

lombares. L1 = Segmento nervoso sacral e coccígeo.<br />

Os envoltórios <strong>da</strong> medula são: Dura-máter, aracnói<strong>de</strong> e pia-mater.<br />

A dura-máter é a mais externa. Sua resistência tem base em sua formação com<br />

colágeno. Envolve a medula, continuando-se com a dura-máter craniana e terminando<br />

em um fundo-saco ao nível <strong>da</strong> vértebra S2, o saco dural. Continua-së com o epineuro<br />

nos nervos espinais.<br />

Aracnói<strong>de</strong> é a cama<strong>da</strong> do meio. Abaixo <strong>de</strong>la e ‘cola<strong>da</strong>’ na medula está a pia-mater.<br />

Quando a medula termina no cone medular, a pia-mater se continua como um filamento,<br />

<strong>de</strong>nominado filamento terminal. Ele perfura o fundo do saco dural, recebe<br />

prolongamentos <strong>da</strong> dura mater e é chamado <strong>de</strong> filamento <strong>da</strong> dura-mater espinal. Ele se<br />

insere na parte dorsal do cóccix, formando o ligamento coccígeo.<br />

A pia-mater forma, em ambos os lados <strong>da</strong> medula, o ligamento <strong>de</strong>nticulado, ligando a<br />

medula à dura-mater. Esses ligamentos se alternam com a saí<strong>da</strong> dos nervos espinais.<br />

Há, em relação a essas meninges, três espaços notáveis: Espaço epidural (acima <strong>da</strong><br />

dura-máter, contendo o plexo venoso interno, importante via <strong>de</strong> possíveis infecções e<br />

Jonatas F. Villa – Medicina Unicamp Turma XLIX Pg 2


metástases), subdural (espaço virtual entre a aracnói<strong>de</strong> e dura-mater) e subaracnói<strong>de</strong>o<br />

(entre pia-mater e aracnói<strong>de</strong>).<br />

O líquido cefalorraquidiano, que po<strong>de</strong> ser retirado para diagnóstico ou ter sua pressão<br />

aferi<strong>da</strong> é mais acessível entre L2 e S2, pois espaço subaracnói<strong>de</strong>o (on<strong>de</strong> ele se localiza)<br />

é maior e, portanto, há menos risco <strong>de</strong> lesão.<br />

Para o espaço subaracnói<strong>de</strong>o ser acessado (em punções ou anestesias), as cama<strong>da</strong>s<br />

ultrapassa<strong>da</strong>s são: Pele, subcutânea, ligamento interespinhoso, ligamento amarelo, duramater<br />

e aracnói<strong>de</strong>.<br />

MICRO:<br />

Há diferenças entre os vários níveis <strong>de</strong> medula. Quanto mais alto o nível, maior a<br />

quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> substância branca em relação à cinzenta. A parte lateral só existe <strong>de</strong> T1 a<br />

L2.<br />

Substância cinzenta: É dividi<strong>da</strong> em: Coluna anterior = cabeça + base (base em contato<br />

com a sbst. Cinzenta intermediária lateral).<br />

Coluna posterior = base + pescoço + ápice (base em contato com substância cinzenta<br />

intermediária lateral). No ápice encontramos um tecido rico em células neurogliais e<br />

pequenos neurônios, a substância gelatinosa.<br />

Os neurônios medulares são <strong>de</strong> 3 tipos: Cordonais, radiculares ou <strong>de</strong> axônio curto.<br />

Os radiculares são os neurônios que formam a raiz ventral (motora) do nervo espinal.<br />

São divididos em dois grupos: viscerais, que são neruônios radiculares que inervam m.<br />

liso, coração e glândulas, tendo seus corpos celulares na substância cinzenta<br />

intermediária lateral, <strong>de</strong> T1 a L2 ou <strong>de</strong> S2 a S4. O outro grupo é o dos neurônios<br />

radiculares somáticos, que invervam m. esquelético e estão localizados na coluna<br />

anterior. São também chamados <strong>de</strong> neurônio motor inferior. Há dois tipos: Alfa e Gama.<br />

Os alfas inervam fibras que <strong>de</strong> fato coman<strong>da</strong>m a contração muscular, enquanto os<br />

gamas inervam fibras que atuam no controle fino <strong>da</strong> contração.<br />

Os neurônios cordonais são aqueles cujo axônio inva<strong>de</strong> a substância branca, po<strong>de</strong>ndo<br />

ser ipsilateral ou contralateral, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>da</strong> direção que o axônio toma em relação ao<br />

corpo celular. Possui dois tipos: Os <strong>de</strong> projeção e os <strong>de</strong> associação. Os <strong>de</strong> projeção são<br />

<strong>de</strong> axônios longos e terminam fora <strong>da</strong> medula, integrando as vias ascen<strong>de</strong>ntes. Já os <strong>de</strong><br />

associação possuem axônios menores que se bifurcam cranialmente e cau<strong>da</strong>lmente,<br />

formando um mecanismo <strong>de</strong> integração <strong>de</strong> segmentos medulares. Esses neurônios <strong>de</strong><br />

associação formam os fascículos próprios.<br />

Neurônios <strong>de</strong> axônio curto fazem conexões, sendo importantes para o arco reflexo e<br />

para o controle <strong>da</strong> ação neuronal (ex: célula <strong>de</strong> Renshaw, que atua por meio <strong>de</strong> feedback<br />

negativo na passagem <strong>de</strong> potenciais <strong>de</strong> ação).<br />

Os neurônios se agrupam em núcleos. Na coluna anterior e lateral <strong>da</strong> medula eles<br />

po<strong>de</strong>m ser agrupados em núcleos mediais e laterais. Os do grupo medial originam<br />

nervos que inervam os músculos do esqueleto axial, enquanto o grupo lateral origina<br />

nervos que atuam nos músculos dos membros inferiores e superiores . Exatamente por<br />

Jonatas F. Villa – Medicina Unicamp Turma XLIX Pg 3


isso, os núcleos laterais estão presentes apenas nas regiões <strong>de</strong> intumescência cervical e<br />

lombar. No núcleo lateral, os núcleos que estão em posição mais medial inervam as<br />

partes proximais dos membros, enquanto as partes <strong>da</strong> extrema lateral originam nervos<br />

que atuam nas partes mais distais dos membros (pés e mãos).<br />

Na coluna posterior há dois núcleos: O núcleo torácico, que está evi<strong>de</strong>nte apenas na<br />

região torácica e na lombar alta (L1-L2) e relaciona-se com a propriocepção<br />

inconsciente. Há ain<strong>da</strong> a substância gelatinosa, que recebe fibras sensitivas e é<br />

conheci<strong>da</strong> como ‘portão <strong>da</strong> dor’ (entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> estímulo doloroso no SNC).<br />

A medula cinzenta po<strong>de</strong>, ain<strong>da</strong>, ser dividi<strong>da</strong> em lâminas <strong>de</strong> Rexed, enumera<strong>da</strong>s <strong>de</strong> I a X.<br />

I a IV são mais dorsais e estão relaciona<strong>da</strong>s com a recepção <strong>de</strong> estimulos. V e VI são<br />

lâminas relaciona<strong>da</strong>s com a propriocepção e IX é a lâmina dos núcleos motores.<br />

Na substância branca, estão as vias medulares, que se divi<strong>de</strong>m em ascen<strong>de</strong>ntes,<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes e vias <strong>de</strong> associação (essas últimas são forma<strong>da</strong>s por prolongamentos dos<br />

neurônios cordonais <strong>de</strong> associação).<br />

As vias <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes se divi<strong>de</strong>m em dois grupos: Vias pirami<strong>da</strong>is, que passam pelas<br />

pirâmi<strong>de</strong>s do bulbo, e vias extrapirami<strong>da</strong>is. Ambas, no entanto, são vias motoras<br />

somáticas. Há ain<strong>da</strong> algumas outras, menos <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>s, como as que terminam na<br />

coluna posterior e participam <strong>de</strong> vias sensoriais ou as <strong>de</strong>sc<strong>de</strong>n<strong>de</strong>ntes viscerais.<br />

As vias pirami<strong>da</strong>is são duas: A córtico-espinhal anterior e a córtico-espinhal lateral<br />

(este último possui mais fibras, sendo, portanto, mais importante clinicamente). Ambas<br />

se originam no córtex cerebral e são originados do mesmo feixe no bulbo, o córticoespinhal.<br />

Na <strong>de</strong>cussação <strong>da</strong>s pirami<strong>de</strong>s ocorre a divisão <strong>de</strong>sse tracto bulbar único nos<br />

dois tractos medulares.<br />

O tracto córtico-espinhal lateral, que está localizado no funículo lateral, é chamado <strong>de</strong><br />

pirami<strong>da</strong>l cruzado e o tracto córtico-espinhal anterior <strong>de</strong> pirami<strong>da</strong>l direto. Entretanto, o<br />

anterior também cruza o plano mediano <strong>da</strong> medula antes <strong>de</strong> terminar, o que explica<br />

porque um lado do cérebro controla o outro lado do músculos do corpo.<br />

A localização <strong>da</strong>s vias extrapirami<strong>da</strong>is não tem tanta importância clínica, sendo<br />

necessário saber apenas suas funções:<br />

O tracto tecto-espinhal, que vai do tecto do mesencéfalo (colículo superior) até os<br />

neurônios motores espinhais, controlando uma parte bem específica <strong>da</strong> contração<br />

muscular <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> estímulos visuais.<br />

O tracto rubro-espinhal liga-se a neurônios medulares laterais, fazendo a mesma função<br />

do tracto córtico-espinhal lateral (razão pela qual ele foi, ao longo <strong>da</strong> evolução, tendo<br />

função ca<strong>da</strong> vez mais reduzi<strong>da</strong>).<br />

O tracto vestibulo-espinhal, que sai <strong>da</strong> área vestibular no IV ventrículo e o tracto<br />

reticulo-espinhal, que origina-se na formação reticular do tronco encefálico, são os mais<br />

importantes <strong>da</strong>s vias extrapirami<strong>da</strong>is e estão relacionados com o equilíbrio e postura,<br />

além <strong>de</strong>, no caso do reticulo-espinhal, ter alguma relação com a motrici<strong>da</strong><strong>de</strong> voluntária<br />

axial e apendicular proximal.<br />

Jonatas F. Villa – Medicina Unicamp Turma XLIX Pg 4


As vias ascen<strong>de</strong>ntes <strong>da</strong> medula po<strong>de</strong>m ser forma<strong>da</strong>s por dois modos: Por ramos dos<br />

fascículos grácil e cuneiforme ou por axônios <strong>de</strong> neurônios cordonais <strong>de</strong> projeção<br />

situados na coluna posterior.<br />

Temos as vias ascen<strong>de</strong>ntes do funículo posterior, que correspon<strong>de</strong>m ao fascículo<br />

grácil e cuneiforme. O grácil é evi<strong>de</strong>nte por to<strong>da</strong> a medula, sendo responsável por trazer<br />

estímulos dos membros inferiores e torácico, enquanto o cuneiforme, por trazer apenas<br />

estimulos dos membros superiores, está evi<strong>de</strong>nte apenas a partir <strong>da</strong> medula torácica alta.<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista funcional, ambos são iguais: Recebem e transmitem os seguintes<br />

estímulos: Tato epicrítico (também chamado <strong>de</strong> tato <strong>de</strong>scriminativo), propriocepção<br />

consciente, sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> vibrátoria e estereognosia (capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> perceber, com os<br />

olhos fechados, a forma <strong>de</strong> um objeto por meio do tato).<br />

Além <strong>de</strong>ssas, há ain<strong>da</strong> as vias ascen<strong>de</strong>ntes do funículo anterior e do funículo lateral,<br />

que são:<br />

Tracto espino-talâmico anterior: único tracto do funículo anterior, é formado por<br />

axônios <strong>de</strong> neuronios cordonais <strong>de</strong> projeção. É responsável por impulsos <strong>de</strong> pressão e<br />

tato leve (este tato é menos preciso que o epicrítico).<br />

Tracto espino-talâmico lateral: Responsável pelos impulsos <strong>da</strong> dor e temperatura, é<br />

formado por axônios <strong>de</strong> neurônios cordonais <strong>de</strong> projeção. Junto <strong>de</strong>sse tracto segue a via<br />

<strong>de</strong> fibras espino-reticulares. Ao chegar no tronco, essas fibras fazem sinapse com o<br />

tracto espino-talâmico lateral, constituindo a via espino-retículo-talâmica, também<br />

chama<strong>da</strong> <strong>de</strong> via <strong>da</strong> dor. Dor crônica = via reticulo-talâmica. Dor agu<strong>da</strong> = tracto espinotalâmico<br />

lateral.<br />

Tracto espino-cerebelar posterior: Formado por axônios <strong>de</strong> neurônios cordonais <strong>de</strong><br />

projeção do núcleo torácico. Entram no cerebelo pelo pedúnculo cerebelar inferior e<br />

levam informações relaciona<strong>da</strong>s a propriocepção inconsciente.<br />

Tracto espino-cerebelar anterior: Formado por axônios <strong>de</strong> neurônios cordonais <strong>de</strong><br />

projeção. Esses axônios ascen<strong>de</strong>r tanto ipsilateralmente como contralateralmente. Suas<br />

fibras penetram no cerebelo pelo pedúnculo cerebelar superior e transmitem, além <strong>de</strong><br />

informação sobre a propriocepção inconsciente, informações sobre os níveis <strong>de</strong><br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> do tracto córtico-espinhal (ou seja, sobre a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> motora do corpo).<br />

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TRONCO ENCEFÁLICO<br />

Está entre a medula e o encéfalo, dividindo-se em bulbo, ponte e mesencéfalo.<br />

MACRO:<br />

BULBO<br />

Tem formato <strong>de</strong> um cone, com o ápice para a medula e base para a ponte. Seu limite<br />

inferior está no nível imediatamente superior à saí<strong>da</strong> do primeiro nervo espinal cervical<br />

(+- na altura do forame magno). Limite superior: sulco bulbo-pontino.<br />

A fissura mediana anterior <strong>da</strong> medula continua no bulbo e termina no limite superior do<br />

bulbo (no forame cego do sulco bulbo-pontino). De ca<strong>da</strong> lado <strong>de</strong>ssa fissura temos uma<br />

saliência alonga<strong>da</strong> chama<strong>da</strong> <strong>de</strong> pirâmi<strong>de</strong>. Essa área liga os neurônios motores cerebrais<br />

aos neurônios motores <strong>da</strong> medula, <strong>de</strong>nominando-se tracto pirami<strong>da</strong>l. Na parte cau<strong>da</strong>l do<br />

bulbo essas fibras cruzam o plano mediano, sendo então chama<strong>da</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>cussação <strong>da</strong>s<br />

pirâmi<strong>de</strong>s.<br />

Entre o sulco lateral anterior e o sulco lateral posterior observa-se a presença <strong>de</strong> uma<br />

intumescência chama<strong>da</strong> <strong>de</strong> oliva. Logo abaixo <strong>de</strong> sua superfície encontra-se o núcleo<br />

olivar inferior.<br />

Do sulco lateral anterior saem fibras do nervo hipoglosso (XII). Do sulco lateral<br />

posterior saem fibras dos nervos glossofaríngeo (IX) e do vago (X), além <strong>de</strong> filamentos<br />

que constituem a raiz craniana do nervo acessório (XI), que se une à raiz espinal para<br />

formar o nervo acessório.<br />

O sulco mediano posterior termina na meta<strong>de</strong> do bulbo, pois este se abre (tornando-se a<br />

porção aberta do bulbo) para formar o IV ventrículo. Entre o sulco mediano posterior e<br />

o lateral posterior está a área posterior do bulbo, continuaçãodo funículo posterior <strong>da</strong><br />

medula. Essa área é dividi<strong>da</strong> em fascículo grácil e cuneiforme, terminando, na porção<br />

mais cranial do bulbo (logo antes <strong>de</strong>le <strong>de</strong>limitar o IV ventrículo), em duas<br />

protuberâncias chama<strong>da</strong>s <strong>de</strong> tubérculos do núcleo grácil e tubérculo do núcleo<br />

cuneiforme, respectivamente. Esses tubérculos gra<strong>da</strong>tivamente se afastam para a<br />

formação do IV ventrículo, formando as margens laterais inferiores do mesmo (neste<br />

ponto, essa margem inferior recebe o nome <strong>de</strong> pedúnculo cerebelar inferior).<br />

MICRO:<br />

No tronco como um todo temos a presença <strong>de</strong> todos os núcleos (conjunto <strong>de</strong> corpos<br />

celulares dos neurônios) dos nervos cranianos (exceto I e II par). As regiões em que há<br />

esses núcleos são chama<strong>da</strong>s <strong>de</strong> substância cinzenta homóloga. A substância cinzenta<br />

própria <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> parte do tronco é aquela que não tem relação com a medula ou algum<br />

outro segmento do tronco. Há ain<strong>da</strong> a formação reticular, que preenche os espaços<br />

existentes entre os núcleos e os tractos.<br />

*São <strong>de</strong>scritos apenas um <strong>de</strong> dois pares dos núcleos. Logo, <strong>de</strong>ve-se lembrar que em<br />

ca<strong>da</strong> <strong>de</strong>scrição o mesmo se aplica para o núcleo que está do outro lado <strong>da</strong> estrutura<br />

em questão em relação ao plano mediano.<br />

Jonatas F. Villa – Medicina Unicamp Turma XLIX Pg 6


Substância cinzenta do bulbo:<br />

No bulbo encontramos sete núcleos dos nervos cranianos:<br />

- Núcleo ambíguo: Emite fibras motoras para laringe e faringe (IX, X e XI par).<br />

- Núcleo do hipoglosso: Núcleo motor <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se originam fibras eferentes para a<br />

músculatura <strong>da</strong> lingua. Está no trígono do hipoglosso.<br />

- Núcleo dorsal do vago: Aqui estão os corpos celulares <strong>de</strong> neurônios cujos axônios<br />

saem pelo nervo vago (X par). Está no assoalho do IV ventrículo.<br />

-Núcleos vestibulares: Núcleos sensitivos que penetram na área vestibular do VIII par.<br />

No bulbo estão apenas o núcleo inferior e medial.<br />

-Núcleos do tracto solitário: Sensitivo. Recebe fibras viscerais gerais e especiais que<br />

entram do VII, IX e X par. Antes <strong>de</strong> penetrarem no núcleo, as fibras tem trajeto<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte pelo tracto solitário, que é circun<strong>da</strong>do pelo núcleo. As fibras especiais<br />

estão relaciona<strong>da</strong>s com o pala<strong>da</strong>r.<br />

-Núcleo do tracto espinhal do trigêmeo: A este núcleo chegam fibras sensitivias <strong>de</strong><br />

quase to<strong>da</strong> à cabeça. Correspon<strong>de</strong> à substância gelatinosa <strong>da</strong> medula.<br />

-Núcleo salivatório inferior: Fibras pré-ganglionares que, via IX par, inervam a<br />

paróti<strong>da</strong>.<br />

Memorização: Lembrar a sequencia <strong>de</strong> movimentos para chupar um sorvete (está no<br />

Machado!!). Primeiro coloca-se a língua para fora (núcleo do hipoglosso) <strong>de</strong>pois<br />

certifica-se que é um sorvete pela temperatura (núcleo do tracto espinhal do trigêmeo) e<br />

salivamos (núcleo salivatório inferior). Após isso, sentimos o gosto do sorvete (núcleo<br />

do tracto solitário) e engolimos o sorvete (núcleo ambíguo). O sorvete vai até as<br />

visceras (núcleo dorsal do vago). Fizemos tudo isso mantendo o equilíbrio (núcleos<br />

vestibulares).<br />

Já a substância cinzenta própria do bulbo possui menor quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estruturas:<br />

- Núcleos grácil e cuneiformes (já vistos na micro <strong>da</strong> medula).<br />

-Núcleo olivar inferior: Recebe maior numero <strong>de</strong> fibras <strong>da</strong> medula, córtex cerebral e<br />

núcleo rubro. Se comunica com o cerebelo pelas fibras olivo-cerebelares, que entram<br />

no carebelo via pedunculo cerebelar inferior e estão relaciona<strong>da</strong>s com a aprendizagem<br />

motora repetitiva.<br />

- Nucleos olivares acessórios medial e dorsal: núcleos acessórios que formam, junto<br />

com o núcleo olivar inferior, o complexo olivar inferior.<br />

Obs: Há ain<strong>da</strong> um tracto chamado cuneo-cerebelar, que vai do nucleo cuneiforme<br />

acessório até o cerebelo e constitui pare <strong>da</strong>s fibras arquea<strong>da</strong>s externas.<br />

Jonatas F. Villa – Medicina Unicamp Turma XLIX Pg 7


A substância branca do bulbo é constitui<strong>da</strong> por fibras transversais chama<strong>da</strong>s <strong>de</strong> fibras<br />

arquea<strong>da</strong>s internas e externas.<br />

As fibras arquea<strong>da</strong>s internas são forma<strong>da</strong>s por 2 grupos: Um <strong>de</strong>les é constituído por<br />

axônios dos núcleos grácil e cuneiforme no trajeto entre esses grupos e o lemnisco<br />

medial. Outro grupo é formado por fibras olivo-cerebelares que cruzam o plano<br />

mediano, entrando contra-lateralmente no cerebelo.<br />

As fibras externas tem trajetória próxima à superfície bulbar, penetrando no cerebelo via<br />

pedúnculo cerebelar inferior.<br />

Fibras longitudinais:<br />

Vias ascen<strong>de</strong>ntes: São vias que passam pelo bulbo e vão para o cerebelo ou para o<br />

tálamo:<br />

-Fásciculos grácil e cuneiforme.<br />

-Lemnisco medial: Fita <strong>de</strong> fibras ventral ao tracto tecto-espinal.<br />

-Tracto espino-talâmico lateral e tracto espino-talâmico medial.<br />

-Tracto espino-cerebelar anterior, que fica na área lateral do bulbo, entre o núcleo olivar<br />

inferior e o tracto espino-talamico lateral. Esse tracto continua até a ponte e acaba no<br />

pedunculo cerebelar superior.<br />

- Tracto espino-cerebelar posterior: Postero-lateral ao anterior. Entra no pedunculo<br />

cerebelar inferior.<br />

-Pedunculo cerebelar inferior (ou corpo restiforme): Percorre bor<strong>da</strong> infero-lateral do IV<br />

ventrículo, sendo constituído por fibras olivo-cerebelares, tracto espino-cerebelar<br />

posterior e fibras arquea<strong>da</strong>s externas (tracto cuneo-cerebelar).<br />

Nas vias <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, temos:<br />

- Tracto córtico-espinal: Vai do córtex até a espinha, separando-se, na área <strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>cussação <strong>da</strong>s pirâmi<strong>de</strong>s, nos dois tratos cortico-espinhais <strong>da</strong> medula.<br />

-Tracto córtico-nuclear: Vai do córtex até os núcleos <strong>de</strong> nervos motores (no bulbo =<br />

ambíguo, hipoglosso), permitindo o controle voluntários dos mm. <strong>da</strong> laringe, faringe e<br />

língua.<br />

- Tractos extrapirami<strong>da</strong>is: São vários e vão <strong>de</strong> vários pontos do tronco até a medula.<br />

São: Tracto tecto-espinhal, rubro-espinhal, reticulo-respinhal e vestibulo-espinhal.<br />

- Tracto espinhal do nervo trigêmeo (V par): constituido por fibras sensitivas que<br />

penetram na ponte. As fibras <strong>de</strong>sse trato <strong>de</strong>scem lateralmente ao núcleo do tracto<br />

espinhal do trigêmeo, vão tendo suas fibras diminuí<strong>da</strong>s até acabar no núcleo do tracto<br />

espinhal.<br />

Jonatas F. Villa – Medicina Unicamp Turma XLIX Pg 8


Vias <strong>de</strong> associação:<br />

São fibras que constituem o fascículo longitudinal medial, presente em níveis altos <strong>da</strong><br />

medual e em todo o tronco encefálico. É correspon<strong>de</strong>nte ao fascículo próprio <strong>da</strong> medula,<br />

sendo <strong>de</strong> extrema importância pois é ele o responsável por comunicar um núcleo <strong>de</strong><br />

nervo craniano a outro, sendo vital na resposta integra<strong>da</strong> <strong>de</strong> vários nervos, como ao<br />

mexer os olhos (III, IV e VI), além <strong>de</strong> receber impulsos que informam a posição <strong>da</strong><br />

cabeça (VIII).<br />

A formação reticular do bulbo ocupa uma gran<strong>de</strong> área <strong>de</strong>ssa estrutura (to<strong>da</strong> área não<br />

preenchi<strong>da</strong> por núcleos cranianos). Nessa formação encontramos o centro respiratório,<br />

vasomotor e o centro do vômito, o que torna lesões bulbares perigosas.<br />

Imagens:<br />

Jonatas F. Villa – Medicina Unicamp Turma XLIX Pg 9


MACRO:<br />

PONTE<br />

Está entre o bulbo e o mesencéfalo. Situa-se ventralmente ao cerebelo e repousa sobre a<br />

parte basilar do osso occipital e sobre o dorso <strong>da</strong> sela túrcica. O sulco basilar, na face<br />

ventral, abriga a artéria basilar.<br />

Possui, em sua base, várias estriações <strong>de</strong>vido às numerosas fibras ali presentes. Essas<br />

fibras convergem para formar o pedúnculo cerebelar médio, também chamado <strong>de</strong> braço<br />

<strong>da</strong> ponte, um volumoso feixe <strong>de</strong> fibras que penetra, um <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> lado, no cerebelo. O<br />

limite entre ponte e braço <strong>da</strong> ponte é a raiz do nervo trigêmeo (possui duas raízes, sendo<br />

a maior = sensitiva e a menor = motora).<br />

Jonatas F. Villa – Medicina Unicamp Turma XLIX Pg 10


No sulco bulbo-pontino há a saí<strong>da</strong> <strong>de</strong> 3 pares <strong>de</strong> NC, o VI, VII e VIII. O abducente (VI)<br />

emerge mais medialmente, próximo ao forame cego. O VIII (vestibulo-coclear) emerge<br />

lateralmente, próximo ao flóculo do cerebelo. O VII (facial) emerge medialmente ao<br />

VIII, enquanto o intermédio, raiz adjacente e sensitiva do VII, está entre o vestibulococlear<br />

e o facial. Essa gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> nervos resulta em riqueza <strong>de</strong> sintomas em<br />

caso <strong>de</strong> tumores nessa região (sindrome do ângulo ponto-cerebelar).<br />

MICRO:<br />

A ponte é forma<strong>da</strong> por uma parte ventral, a base, e uma parte dorsal, o tegmento. Esse<br />

tegmento é muito semelhante ao bulbo e ao tegmento do mesencéfalo.<br />

A base <strong>da</strong> ponte é composta por 3 fibras longitudinais:<br />

- Tracto cortico-espinhal: Igual ao do bulbo, com a diferença que, nessa região, seus<br />

feixes são mais dissociados.<br />

-Tracto cortico-nuclear: Vai <strong>da</strong>s áreas motoras do cortex até núcleos <strong>de</strong> nervos<br />

cranianos motores (na ponte = nervo facial, trigêmeo e abducente).<br />

- Tracto cortico-pontino: Segue do córtex até o corpo celular <strong>de</strong> neurônios que estão no<br />

núcleo pontino (conjunto <strong>de</strong> neurônios <strong>da</strong> ponte)<br />

As fibras transversais <strong>da</strong> ponte são também chama<strong>da</strong>s <strong>de</strong> fibras pontinas ou pontocerebelares.<br />

Essas vias cruzam o plano mediano e entram no cerebelo pelo pedunculo<br />

cerebelar medio. Forma-se, então, a via cortico-ponto-cerebelar.<br />

O tegmento <strong>da</strong> ponte é formado pelas seguintes estruturas:<br />

- Nucleo do nervo vestibulo-coclear (VIII): São constituidos por 2 partes: Vestibular e<br />

coclear.<br />

Os núcles cocleares são dois: Dorsal e ventral. Situam-se no nível em que o pedunculo<br />

cerebelar inferior entra no cerebelo. Daí, essas fibras sensitivas cruzam para o lado<br />

oposto (ou seja, será contralateral), constituindo o corpo trapezoi<strong>de</strong> (no cruzamento<br />

entre as duas fibras vin<strong>da</strong>s uma <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> lado), contornando o núcleo olivar superior e<br />

infletindo-se crianialmente para formar o lemnisco lateral, que vai até o colículo inferior<br />

e <strong>de</strong> lá para o corpo geniculado medial. Essa via po<strong>de</strong>, ain<strong>da</strong>, parar no nucleo olivar<br />

superior.<br />

Os núcleos vestibulares são 4: Superior, inferior, lateral e medial. Recebem informação<br />

do ouvido interno e são responsáveis pela percepção <strong>de</strong> posição e movimentos <strong>da</strong><br />

cabeça. O cerebelo tambem envia fibras relaciona<strong>da</strong>s ao equilíbrio. A via vestibular é<br />

relaciona-se com os seguintes ‘caminhos’:<br />

Fascículo vestibulo-cerebelar<br />

Fascículo longitudinal medial: Gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> suas fibras vem dos nucleos<br />

vestibulares.<br />

Tracto vestibulo-espinal<br />

Fibras vestibulo-talâmicas.<br />

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-Núcleo dos nervos facial (VII) e abducente (VI):<br />

O nervo facial incialmente tem direção dorsal. Quando atinge o dorso <strong>da</strong> ponte ele vira,<br />

formando uma elevação no assoalho do IV ventrículo, conheci<strong>da</strong> como colículo facial.<br />

A curvatura <strong>da</strong>s fibras do nervo facial em torno do núcleo do abducente é <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong><br />

joelho interno do facial.<br />

-Nucleo salivatório superior e núcleo lacrimal.<br />

Dão origem, via nervo intermédio (ramo sensitivo do nervo facial), a fibras préganglionares<br />

que inervam as glândulas submandibular, sublingual e lacrimais.<br />

-Núcleos do trigêmeo (V)<br />

Além do núcleo no bulbo, há mais 3 núcleos <strong>de</strong>sse nervo na ponte: Núcleo sensitivo<br />

(também chamado <strong>de</strong> principal, é a continuação do nucleo que fica no bulbo), núcleo do<br />

tracto mesencefálico e núcleo motor.<br />

O núcleo motor, responsável pela inervação dos musculos <strong>da</strong> mastigação, é medial,<br />

enquanto o sensitivo, cujas fibras saem <strong>de</strong>sse núcleo e vão até o tálamo via lemnisco<br />

trigeminal, é lateral.<br />

O núcleo mesencefálico é cranial ao núcleo sensitivo e é acompanhado pelo tracto<br />

mesencefálico do trigêmeo.<br />

Há ain<strong>da</strong> duas estruturas notáveis, que não são núcleos: O Lemnisco medial, que na<br />

ponte é transversal, perpendicular ao corpo trapezoi<strong>de</strong>; O Lemnisco espinhal que é o<br />

equivalente ao tracto espino-talâmico lateral + tracto espino-talâmico anterior<br />

Imagens:<br />

Parte inferior <strong>da</strong> ponte.<br />

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Parte media <strong>da</strong> ponte:<br />

*tractos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes = cortico-espinhal, cortico-nuclear e cortico-pontino.<br />

IV VENTRÍCULO:<br />

Cavi<strong>da</strong><strong>de</strong> em forma <strong>de</strong> losango entre o bulbo/ponte e o cerebelo. Se continua com o<br />

arqueduto cerebral e se comunica com III ventrículo.<br />

-Possui recessos laterais na superfície do pedúnculo cerebelar inferior.<br />

Há 2 aberturas importantes: As laterais e a abertura mediana. Por meio <strong>de</strong>ssas fissuras o<br />

líquido cerebro-espinhal passa para o espaço subaracnói<strong>de</strong>o.<br />

O assoalho (parte ventral) do IV ventrículo é formado, infero-lateralmente pelos<br />

pedúnculos cerebelares inferiores e pelos tubercúlos grácil e tubérculo cuneiforme.<br />

Supero-lateralmente é limitado pelos pedunculos cerebelares superiores. Seu assoalho é<br />

Jonatas F. Villa – Medicina Unicamp Turma XLIX Pg 13


percorrido pelo sulco mediano (limitado superiormente pelo arqueduto cerebral e<br />

inferiormente pelo canal central do bulbo). De ca<strong>da</strong> lado <strong>de</strong>ste sulco há uma eminência<br />

medial, que é limita<strong>da</strong>, lateralmente, pelo sulco limitante (este sulco é importante pois<br />

medialmente a ele estão os núcleos motores, enquanto lateralmente estão os núcleos<br />

sensitivos).<br />

Esse sulco limitante se alarga para formar 4 <strong>de</strong>pressões (duas por lado), conheci<strong>da</strong>s<br />

como fóvea superior e fóvea inferior. Medialmente à fóvea superior encontra-se o<br />

colículo facial, elevação arredon<strong>da</strong><strong>da</strong> que é forma<strong>da</strong> por fibras do nervo facial.<br />

Na parte cau<strong>da</strong>l <strong>da</strong> eminência medial temos uma pequena área triangular, o trígono do<br />

nervo hipoglosso, que contém o núcleo <strong>de</strong>sse nervo. O trígono do n. vago,<br />

correspon<strong>de</strong>nte ao núcleo dorsal do vago, é lateral ao núcleo do n. hipoglosso.<br />

Lateralmente ao sulco limitante há uma gran<strong>de</strong> área triangular, a área vestibular (que<br />

contém os núcleos vestibulares do nervo vestibulo-coclear). Essa área é cruza<strong>da</strong> pelas<br />

estrias medulares do IV ventrículo. Há ain<strong>da</strong> o locus-ceruleus, área que fica lateralmente<br />

à eminência medial e relaciona-se com o sono.<br />

O tecto do IV ventrículo (parte dorsal) é formado cranialmente pelo véu medular<br />

superior, que vai <strong>de</strong> um pedúnculo cerebelar superior a outro. Na parte cau<strong>da</strong>l do tecto,<br />

encontramos o veú medular inferior e uma parte do nódulo do cerebelo. Unindo essas<br />

duas estruturas ao assoalho do IV ventrículo encontra-se a tela coriói<strong>de</strong> (epitélio<br />

ependimário, que reveste o IV ventrículo conjuntamente com a pia-mater<br />

externamente). A tela coriói<strong>de</strong> emite prolongamentos conhecidos como plexo coriói<strong>de</strong>,<br />

que produz o líquido cérebro-espinal.<br />

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MACRO:<br />

MESENCÉFALO<br />

Está entre a ponte e o cérebro. É atravessado pelo arqueduto cerebral, que une o III ao<br />

IV ventrículo. Em sua poarte dorsal em relação ao arqueduto, temos o tecto do<br />

msencéfalo. Ventralmente temos duas regiões: O tegmento, mais dorsal, e a base. Base<br />

+ Tegmento = Pedúnculo cerebral. Separando a base do tegmento temos a substância<br />

negra, que contém neurônios com melanina. Dois sulcos correspon<strong>de</strong>m à superfície <strong>da</strong><br />

substância negra: Suclo medial e o sulco lateral, que marcam o limite entre a base e o<br />

tegmento. Do sulco medial sai o nervo oculomotor (III par).<br />

Seu tecto é formado por quatro eminências arredon<strong>da</strong><strong>da</strong>s, os colículos. Um pouco acima<br />

<strong>de</strong>les está o corpo pineal, que já pertence ao diencéfalo.<br />

O nervo troclear (IV par) emerge cau<strong>da</strong>lmente a ca<strong>da</strong> um dos colículos inferiores, sendo<br />

o único nervo craniano a emergir dorsalmente, contornando o mesencéfalo.<br />

Os colículos se ligam através <strong>de</strong> fibras superficiais nervosas a estruturas do diencéfalo<br />

chamados corpos geniculados (essas fibras são <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong>s braço do colículo superior<br />

ou inferior.<br />

Vista dorsal do msesncéfalo<br />

Os pedúnculos cerebrais são dois gran<strong>de</strong>s feixes <strong>de</strong> fibras que surgem na parte superior<br />

<strong>da</strong> ponte e penetram no cérebro. Limitam, entre eles, a fossa inerpeduncular. Esta é,<br />

ain<strong>da</strong>, limita<strong>da</strong> anteriormente pelos corpos mamilares. No fundo há diversos furos para<br />

a passagem <strong>de</strong> vasos (<strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> substância perfura<strong>da</strong> posterior).<br />

MICRO:<br />

O colículo superior é formado por cama<strong>da</strong>s alterna<strong>da</strong>s <strong>de</strong> substância branca e cinzenta.<br />

É responsável pela visão, tendo fibras oriun<strong>da</strong>s <strong>da</strong> retina, que chegam via tracto óptico e<br />

braço do colículo superior, além <strong>de</strong> fibras que vem do córtex occipital via braço do<br />

colículo superior e fibras que formam o tracto tecto-espinhal. Ele é, ain<strong>da</strong>, responsável<br />

por regular movimentos oculares verticais, sendo, portanto, ligado por fibras nervosas<br />

até o núcleo do nervo oculomotor, situado no tegmento do mesencéfalo.<br />

O colículo inferior difere do superior por ser uma massa cinzenta bem <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>, o<br />

núculo do colículo inferior. Relaciona-se com a audição, recebdno fibras via lemnisco<br />

lateral e enviando informações via braço do colículo inferior. Algumas fibras cruzam <strong>de</strong><br />

um colículos para o outro, formando, mais dorsalmente no mesencéfalo, a comissura do<br />

colículo inferior.<br />

Jonatas F. Villa – Medicina Unicamp Turma XLIX Pg 15


A área pré-tectal está situa<strong>da</strong> no limite entre o mesencéfalo e o diencéfalo, relaciona<strong>da</strong><br />

com o reflexo pupilar.<br />

A base do pedúnculo cerebral é forma<strong>da</strong> pelas fibras: Tracto cortico-nuclear, corticoespinhal<br />

e cortico-pontino. O tegmento apresenta, assim como o tegmento <strong>da</strong> ponte,<br />

formação reticular, substância cinzenta e substância branca.<br />

Os núcleos <strong>de</strong> nervos cranianos no msencéfalo são os núcleos dos pares III, IV e V.<br />

Os dois primeiros estão <strong>de</strong> fato no mesencéfalo, enquanto o trigêmeo (V par) tem<br />

apenas seu lemnisco passando por essa região.<br />

- O núcleo do nervo troclear (IV) está no nível do colículo inferior, sendo que seus<br />

axônios emergem dorsalmente (única excessão do SN). Ao sairem, eles se cruzam<br />

(também ocorre apenas nessa NC) e vão inervar o músculo oblíquo superior do globo<br />

ocular.<br />

- O núcleo do nervo oculomotor (III) está no nível do colículo superior, em forma <strong>de</strong> V<br />

próximo ao fascículo longitudinal medial. É um núcleo complexo, po<strong>de</strong>ndo ser<br />

chamado <strong>de</strong> complexo oculomotor. Esse complexo é dividido em parte somática e parte<br />

visceral. A parte somática tem fibras que emergem <strong>da</strong> fossa interpeduncular para inervar<br />

ca<strong>da</strong> um dos músculos do olho: Reto medial, reto superior, reto inferior e levantador <strong>da</strong><br />

pálpebra. A parte visceral do complexo também é chama<strong>da</strong> <strong>de</strong> núcleo <strong>de</strong> Edinger-<br />

Westphal, que contém: neurônios pré-ganglionares que relacionam-se com a inervação<br />

do músculo ciliar e do músculo esfíncter <strong>da</strong> pupila (importantíssimo para o controle <strong>da</strong><br />

pupila em resposta a luminosi<strong>da</strong><strong>de</strong>).<br />

A substância cinzenta própria do mesencéfalo contém apenas duas estruturas<br />

notáveis:<br />

O núcleo rubro, que é envolvido por um pedunculo cerebelar superior. Está<br />

ligeiramente envolvido com a motrici<strong>da</strong><strong>de</strong> somática, <strong>da</strong>ndo origem ao tracto rubroespinhal.<br />

A substância negra, que fica entre a base o tegmento mesencefálicos, contém neurônios<br />

dopaminérgicos que contém dopamina. 2 conexões são importantes: A via nigroestriatal<br />

e a via estriato-nigral. As fibras nigro-estriatas são dopaminérgicas, <strong>de</strong> modo<br />

que uma diminuição <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa via causa diminuição <strong>de</strong> dopamina no corpo<br />

estriado, o que caracteriza o Mal <strong>de</strong> Parkinson.<br />

A substância branca do mesencéfalo possui, além dos tractos já vistos na base, 4<br />

lemniscos no tegmento: O lemnisco medial, lemnisco lateral, lemnisco trigeminal e<br />

lemnisco espinhal. Seguindo a sequência, a organização espacial fica: Plano Medial LM<br />

– LE – LT – LL Plano Lateral.<br />

Todos os lemniscos seguem no colículo superior, menos o lateral, que se relaciona com<br />

a audição e, portanto, para no colículo inferior. Nota-se, ain<strong>da</strong>, a presença do fascículo<br />

longitudinal medial por to<strong>da</strong> a extensão do tegmento do mesencéfalo.<br />

Jonatas F. Villa – Medicina Unicamp Turma XLIX Pg 16


Imagens:<br />

Parte inferior do mesencéfalo.<br />

Parte superior do mesencéfalo<br />

CORRELAÇÕES ANATOMO-CLÍNICAS<br />

Paralisia <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> lesão <strong>de</strong> neurônio motor superior = hiperreflexia,<br />

hipertonici<strong>da</strong><strong>de</strong> e não há atrofia muscular evi<strong>de</strong>nte.<br />

Paralisia <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> lesão <strong>de</strong> neurônio motor inferior = hiporreflexia, hipotonici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

e há atrofia muscular evi<strong>de</strong>nte.<br />

As lesões <strong>de</strong> medula po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>scritas como:<br />

- Lesão <strong>de</strong> coluna anterior, que ocorre frequentemente na poliomielite. Ocorre<br />

<strong>de</strong>struição dos neurônios motores <strong>da</strong> coluna anterior, levando aos sintomas <strong>de</strong>scritos <strong>de</strong><br />

lesão <strong>de</strong> neurônio motor inferior.<br />

Jonatas F. Villa – Medicina Unicamp Turma XLIX Pg 17


- Tabes Dorsalis: Em <strong>de</strong>corrência <strong>da</strong> neurosifilis, ocorre <strong>de</strong>struição <strong>da</strong>s raízes dorsais <strong>da</strong><br />

medula, em especial <strong>da</strong>s raízes mediais. Como essas raízes formam os facículos grácil e<br />

cuneiforme, temos, como sintomas, a per<strong>da</strong> <strong>da</strong> esterognasia, <strong>da</strong> propriocepção, do tato<br />

epicrítico e <strong>da</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> vibratória.<br />

- Hemissecção <strong>da</strong> medula: Produz no homem um conjunto <strong>de</strong> sintomas, conhecido<br />

como síndrome <strong>de</strong> Brown-Séquard, que <strong>de</strong>correm <strong>da</strong> interrupção <strong>de</strong> certos tractos e<br />

vias. Os sintomas po<strong>de</strong>m se manifestar do mesmo lado <strong>da</strong> lesão ou do lado oposto,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>da</strong> via cruzar ou não o plano mediano. Assim temos:<br />

Sintomas que se manifestam do mesmo lado <strong>da</strong> lesão:<br />

Paralisia espástica, com aparecimento <strong>de</strong> sinal <strong>de</strong> Babinski, em virtu<strong>de</strong> <strong>da</strong> interrupção<br />

<strong>de</strong> fibras do tracto córtico-espinhal lateral.<br />

Per<strong>da</strong> <strong>da</strong> propriocepção consciente e do tato epicrítico em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> lesão dos funículos<br />

grácil e cuneiforme.<br />

Sintomas que se manifestam do lado oposto ao lesado:<br />

Per<strong>da</strong> <strong>de</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> térmica e dolorosa um ou dois <strong>de</strong>rmátomos abaixo <strong>da</strong> lesão do<br />

tracto espino-talâmico lateral. Esse tracto cruza a medula para o outro lado assim que<br />

entra na mesma, o que justifica os sintomas contra-lateralmente à lesão.<br />

Ligeira diminuição do tato protopático e <strong>da</strong> percepção <strong>de</strong> pressão por comprometimento<br />

do tracto espino-talâmico anterior. Este comprometimento, em geral, é pequeno, pois<br />

essa via emite muitas vias colaterais enquanto ascen<strong>de</strong>, o que dificulta uma lesão<br />

localiza<strong>da</strong>.<br />

- Siringomielia: É uma doença na qual há uma cavitação no canal central <strong>da</strong> medula<br />

(principalmente na área <strong>da</strong> intumescência cervical) <strong>de</strong>struindo os tractos espinotalâmicos<br />

laterais quando eles cruzam a medula próximos ao canal central. Ocorre,<br />

então, per<strong>da</strong> <strong>de</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> dolorosa e térmica em ambos os lados, nos <strong>de</strong>rmátomos<br />

relacionados à área lesa<strong>da</strong>. A lesão, no entanto, não atinge o funículo posterior, ficando<br />

as funções dos fascículos grácil e cuneiforme intactas. Os tractos espino-talâmicos<br />

anteriores também são afetados, mas <strong>de</strong>vido às suas diversas vias colaterais, os sintomas<br />

relacionados a esse tracto são bem menores.<br />

- Transecção <strong>da</strong> medula: Po<strong>de</strong> haver secção completa ou esmagamento. No primeiro<br />

caso, não há recuperação motora ou sensitiva <strong>da</strong> área abaixo do segmento medular<br />

afetado.<br />

- Compressão <strong>da</strong> medula por tumor: O tumor po<strong>de</strong> crescer tanto <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro para fora<br />

quanto <strong>de</strong> fora para <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> medula. Ocorrem perturbações motoras, <strong>de</strong>vido à lesão do<br />

tracto córtico-espinhal lateral e per<strong>da</strong> <strong>de</strong> sensibli<strong>da</strong><strong>de</strong> térmica e dolorosa por<br />

compressão do tracto espino-talâmico lateral. Convém notar que, se o tumor crescer <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ntro para fora <strong>da</strong> medula, afetará primeiro a parte dos tractos que correspon<strong>de</strong>m aos<br />

<strong>de</strong>rmátomos mais próximos <strong>da</strong> lesão e por último os <strong>de</strong>rmátomos mais afastados <strong>da</strong><br />

lesão, pois os mais afastados estão mais lateralmente no tracto (ou seja, mais longe do<br />

centro <strong>da</strong> medula, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> o tumor cresce). Assim, um tumor na medula torácica afeta<br />

Jonatas F. Villa – Medicina Unicamp Turma XLIX Pg 18


primeiramente a sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e motrici<strong>da</strong><strong>de</strong> do tórax, sendo a ultima área afeta<strong>da</strong> a<br />

parte sacral, ocorrendo a chama<strong>da</strong> preservação sacral. No caso <strong>de</strong> um tumor que cresce<br />

<strong>de</strong> fora para <strong>de</strong>ntro, acontece o inverso, e a parte sacral é a primeira a ser afeta<strong>da</strong>.<br />

- Secção cirúrgica dos tractos espino-talâmicos laterais: Tratamento para dor resistente<br />

a medicamentos. Devem ser secciona<strong>da</strong>s as áreas dos tractos citados contra-lateralmente<br />

e superiormente à área <strong>da</strong> dor, pois o tracto espino-talâmico lateral cruza a medula<br />

assim que entra na mesma. Em dores viscerais, <strong>de</strong>vem ser seccionados os tractos <strong>de</strong><br />

ambos os lados, para evitar que as fibras não-cruza<strong>da</strong>s, relaciona<strong>da</strong>s com este tipo<br />

específico <strong>de</strong> dor, continuem carregando os impulsos dolorosos.<br />

As lesões do bulbo são as seguintes:<br />

- Lesões <strong>da</strong> base do bulbo: Em geral, comprometem as pirâmi<strong>de</strong>s e o nervo hipoglosso,<br />

comprometendo, portanto, o tracto córtico-espinhal, causando hemiparesia (fraqueza<br />

muscular) contra-lateralmente (pois o tracto se cruza na <strong>de</strong>cussação <strong>de</strong> pirâmi<strong>de</strong>s, num<br />

nível abaixo do lesado). A lesão do hipoglosso causa alteração na motrici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> língua,<br />

causando o <strong>de</strong>svio <strong>da</strong> língua para o lado lesado, pois os músculos <strong>de</strong>sse lado <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong><br />

antagonizar os músculos opostos.<br />

- Síndrome <strong>da</strong> artéria cerebelar inferior posterior: Decorrem <strong>de</strong> trombose <strong>da</strong> artéria<br />

cita<strong>da</strong>, comprometendo várias estruturas: Lesão <strong>de</strong> pedúnculo cerebelar inferior, com<br />

incoor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> movimentos ipsilateralmente. Lesão do tracto espinhal do trigêmeo e<br />

seu núcleo: Per<strong>da</strong> <strong>de</strong> sensibli<strong>da</strong><strong>de</strong> térmica e dolorosa <strong>da</strong> face ipsilateralmente. Lesão do<br />

tracto espino-talâmico lateral: per<strong>da</strong> <strong>de</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> térmica e dolorosa no corpo<br />

contra-lateralmente ao lado lesado. Lesão do núcleo ambíguo: Perturbações <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>glutição e <strong>da</strong> fonação por paralisia dos músculos <strong>da</strong> faringe e <strong>da</strong> laringe.<br />

Lesões <strong>da</strong> ponte:<br />

- Lesões do nervo facial (VII): Este nervo sai <strong>de</strong> seu núcleo na ponte, emergindo<br />

próximo do cerebelo (no ângulo ponto-cerebelar). Emergindo do crânio via forame<br />

estilomastói<strong>de</strong> para estimular os músculos <strong>da</strong> mímica facial (se lesar antes <strong>de</strong> sair por<br />

esse forame, po<strong>de</strong> ain<strong>da</strong> ain<strong>da</strong> haver manifestações nos nervos vestibulo-coclear e nervo<br />

intermédio). Lesões <strong>de</strong>sser nervo causam, portanto, alterções dos músculos na meta<strong>de</strong><br />

facial lesa<strong>da</strong> (ipsilateral). Logo, po<strong>de</strong> haver salivação evi<strong>de</strong>nte por ausência <strong>de</strong> função<br />

do bucinador ou paralisia do músculo responsável pelo fechamento <strong>da</strong> pálpebra, fazendo<br />

que ela fique constantemente aberta, sujeitando o olho a infecções e lesões. Doente não<br />

consegue, ain<strong>da</strong>, nem soprar, assoviar ou pestanejar.<br />

Esse tipo <strong>de</strong> paralisia, a chama<strong>da</strong> paralisia periférica (quando o nervo em si é lesado)<br />

<strong>de</strong>ve ser diferencia<strong>da</strong> <strong>da</strong> paralisia central, que ocorre quando há lesão dos tractos<br />

córtico-nucleares. Na periférica, os sintomas ocorrem do mesmo lado (ipsilateralmente),<br />

enquanto na central ocorrem no lado oposto (pois o tracto córtico-nuclear cruza a<br />

medula). As paralisias periféricas são totais, enquanto as centrais, no nervo facial, se<br />

manifestam apenas na meta<strong>de</strong> inferior <strong>da</strong> face, pois a meta<strong>de</strong> superior é inerva<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

modo direto e <strong>de</strong> modo cruzado, ou seja, quando há lesão <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sses dois ‘modos’ o<br />

outro ain<strong>da</strong> consegue inervar a parte superior <strong>da</strong> face, o que não ocorre na parte inferior,<br />

que é inerva<strong>da</strong> apenas pelo modo cruzado. Há ain<strong>da</strong> uma terceira diferença, pois as<br />

paralisias centrais ain<strong>da</strong> mantém movimentos <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> emoções, pois o estímulo<br />

po<strong>de</strong> seguir por outras vias, enquanto nas periféricas isso não ocorre.<br />

Jonatas F. Villa – Medicina Unicamp Turma XLIX Pg 19


- Lesão <strong>da</strong> base <strong>da</strong> ponte: Compromete o tracto córtico-espinhal e as fibras do nervo<br />

abducente, resultando em hemiplegia cruza<strong>da</strong> com paralisia do músculo ocular reto<br />

lateral, que é inervado pelo abducente e impe<strong>de</strong> movimentação do olho em direção<br />

lateral no mesmo lado do nervo lesado, resultando em diplopia (visão dupla <strong>de</strong> um<br />

mesmo objeto).<br />

- Lesão <strong>da</strong> ponte ao nível <strong>de</strong> emergência do trigêmeo: Po<strong>de</strong> ocorrer lesão nesse nível <strong>da</strong><br />

ponte, causando, além <strong>de</strong> lesão do tracto córtico-espinhal, lesão <strong>da</strong>s fibras do trigêmeo,<br />

resultando em alterações motoras (mm. Da mastigação) e sensitivas no lado lesado. A<br />

lesão po<strong>de</strong>, ain<strong>da</strong>, se esten<strong>de</strong>r ao lemnisco medial, causando alterações <strong>de</strong> funículo<br />

posterior contra-lateralmente.<br />

Há ain<strong>da</strong> as lesões <strong>de</strong> mesencéfalo:<br />

- Lesões <strong>da</strong> base do pedúnculo cerebral: Geralmente compromete o tracto córticoespinhal<br />

e nervo oculomotor. Da lesão do oculomotor (que controla quase todos os<br />

músculos do bulbo ocular) resultam: impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> mover o olho para cima, para<br />

baixo e medialmente por paralisias dos músculos oculares. Diplopia, <strong>de</strong>sbio <strong>de</strong> bulbo<br />

ocular lateralmente, ptose palpebral e dilatação pupilar (esta última por falta <strong>de</strong> ação do<br />

músculo constritor <strong>da</strong> pupila).<br />

- Lesão do tegmento do mesnecéfalo: Compromete o núcleo do oculomotor, o núcleo<br />

rubro e os lemniscos medial, espinhal e trigeminal. Além <strong>da</strong> lesão do oculomotor, já<br />

cita<strong>da</strong> acima, ocorre anestesia <strong>da</strong> meta<strong>de</strong> oposta do corpo e <strong>da</strong> cabeça (esta última por<br />

lesão do lemnisco trigeminal.) e tremores com movimentos anormais do lado oposto à<br />

lesão do núcleo rubro.<br />

NERVOS CRANIANOS<br />

Possuem origens funcionais e origens aparentes:<br />

Jonatas F. Villa – Medicina Unicamp Turma XLIX Pg 20


Possuem, ain<strong>da</strong>, componentes aferentes (sensitivos) e eferentes (motores). Nas fibras<br />

aferentes temos a divisão entre fibras gerais e fibras especiais. Entre as especiais estão<br />

as fibras <strong>da</strong> retina, do ouvido interno e dos receptores gustativos e olfatórios.<br />

A divisão e nomenclatura dos pares cranianos é a seguinte:<br />

I par, nervo olfatório: Origina-se na região olfatoria <strong>da</strong> fossa nasal, passando pela<br />

lâmina cribiforme e terminando no bulbo olfatório. É exclusivamente sensitivo com<br />

vibras viscerais especiais.<br />

II par, nervo optico: Origem na retina, vai até o crânio via canal óptico, cruzando para o<br />

lado oposto via quiasma óptico, chegando no corpo geniculado lateral.<br />

III par, nervo oculomotor: Inerva todos os músculos do globo ocular, exceto o reto<br />

lateral e o oblíquo superior. Inerva ain<strong>da</strong> músculos intrínsecos do olho, como o que<br />

controla o cristalino e o esfíncter <strong>da</strong> pupila.<br />

IV par, nervo troclear: Inerva apenas o músculo oblíquo superior do globo ocular.<br />

Assim como o III e o VI par, tem origem no crânio pela fissura orbital superior.<br />

V par, nervo trigêmeo: Nervo misto, sendo a maior parte sensitiva. A parte motora é<br />

responsável pelos músculos <strong>da</strong> mastigação. Responsável por impulsos sensitivos <strong>da</strong><br />

maior parte <strong>da</strong> cabeça.<br />

VI par, nervo abducente: Inerva o músculo reto lateral, sendo responsável pela abdução<br />

do olho (olhar para o lado). Sai <strong>da</strong> base <strong>da</strong> ponte, no sulco bulbo-pontino.<br />

VII par, nervo facial: Possui duas raizes, uma ti<strong>da</strong> como ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira, conheci<strong>da</strong> como<br />

nervo facial propriamente dito e uma raiz sensitiva, o nervo intermédio. As duas raízes<br />

entram no crânio, junto com o VIII par pelo meato acustico interno. Lá, suas duas raízes<br />

se fun<strong>de</strong>m em uma só e o nervo facial dobra para trás, fazendo o joelho externo do<br />

facial (local on<strong>de</strong> está o gânglio geniculado). Possui 3 fibras importantes: A eferente<br />

visceral especial, que inerva os músculos <strong>da</strong> mímica, a eferente visceral geral, que<br />

inerva to<strong>da</strong>s as glândulas <strong>da</strong> cabeça menos a paróti<strong>da</strong>, e a aferente visceral especial, que<br />

leva as sensações gustativas dos 2/3 anteriores <strong>da</strong> língua.<br />

VIII par, nervo vestibulo-coclear: Compoe-se <strong>de</strong> uma parte vestibular (relaciona<strong>da</strong> com<br />

o equilíbrio) e uma parte coclear (relaciona<strong>da</strong> com a audição). Fazem sua conexão com<br />

o lemnisco lateral na região <strong>da</strong> ponte. Frequentemente lesado por compressão<br />

juntamente com o VII e V pares, caracterizando a síndrome do ângulo ponto-cerebelar).<br />

IX par, nervo glossofaríngeo: Emerge do sulco lateral posterior do bulbo, vindo via<br />

forame jugular para fora do crânio. Ramifica-se, nessa saí<strong>da</strong>, no ramo <strong>da</strong> língua e ramo<br />

<strong>da</strong> faringe. Por ser um nervo misto, possui ain<strong>da</strong> fibras sensitivas que inervam a úvula,<br />

tonsila e corpos carotí<strong>de</strong>os. Emite ain<strong>da</strong> fibras que inervam a paróti<strong>da</strong>.<br />

X par, nervo vago: O maior <strong>de</strong> todos os nervos cranianos, é essencialmente visceral.<br />

Emerge do crânio pelo forame jugular, <strong>da</strong>ndo origem a vários plexos. Possui uma<br />

imensa diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fibras: As aferentes viscerais gerais que conduzem impulsos<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a faringe até o abdome, as eferentes viscerais gerais, que inervam as vísceras<br />

Jonatas F. Villa – Medicina Unicamp Turma XLIX Pg 21


abdominais e torácicas, além <strong>da</strong>s eferentes viscerais especiais, que inervam os músculos<br />

<strong>da</strong> faringe e <strong>da</strong> laringe, sendo seu ramo mais importante o laríngeo recorrente (fibras<br />

conjuntas com a do XI par).<br />

XI par, nervo acessório: Possui duas raízes, a bulbar e a espinhal. A raiz espinhal vem<br />

dos cinco ou seis segmentos cervicais <strong>da</strong> medula e penetra no crânio via forame magno.<br />

Junta-se a essa raiz a parte que vem do sulco lateral posterior do bulbo (origem no<br />

núcleo ambíguo). Esse tronco comum sai do crânio pelo forame jugular e emite dois<br />

ramos: O interno, que se une ao vago e se distribui com ele e o externo, que inerva o<br />

esternocleidomastói<strong>de</strong>o e o trapézio.<br />

XII par, nervo hipoglosso: É principalmente motor. Emerge do sulco lateral anterior do<br />

bulbo. Sai do crânio via canal do hipoglosso para inervar os músculos extrínsecos e<br />

intrínsecos <strong>da</strong> língua.<br />

REFLEXOS INTEGRADOS DOS NERVOS CRANIANOS<br />

Reflexo mentual: Percurtindo-se o mento ocorre fechamento brusco <strong>da</strong> boca. Esse<br />

reflexo tem base na aferência <strong>de</strong> impulsos via nervo trigêmeo (ramo mandibular),<br />

atingindo o núcleo do tracto mesencefálico do trigêmeo. Os axônios <strong>de</strong>sse local fazem<br />

sinapse com ramos motores do trigêmeo, <strong>de</strong>terminando a contração dos músculos<br />

mastigadores e, consequentemente, o fechamento <strong>da</strong> boca. É um reflexo miotático, pois<br />

o estiramento leva à contração dos mastigadores. É importante para manter a boca<br />

fecha<strong>da</strong> em condições normais.<br />

Reflexo corneano: Toca-se ligeiramente a córnea com um algodão, fazendo com que<br />

fibras aferentes do ramo oftálmico do trigêmeo levem essa informação até o núcleo<br />

sensitivo principal e núcleo do tracto espinhal <strong>de</strong>sse nervo. Lá, ocorrem sinapses diretas<br />

e cruza<strong>da</strong>s com o núcleo do nervo facial, que é responsável pelo fechamento dos dois<br />

olhos. Logo, lesão em um dos lados do trigêmeo abole o fechamento dos dois olhos,<br />

enquanto quando é tocado o lado contrário ao lesado os dois olhos se fecham. Já quando<br />

o nervo facial é lesado não ocorre fechamento do olho no lado lesado, qualquer que seja<br />

o estímulo. Reflexo importante para proteção do olho. Convém citar que, no caso <strong>de</strong><br />

secção do trigêmeo, esse reflexo é abolido, enquanto na secção do tracto espinhal do<br />

trigêmeo o reflexo continua normalmente, pois o mesmo é in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do tracto,<br />

necessitando apenas <strong>da</strong> funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong> do nucléo sensitvo principal.<br />

Reflexo lacrimal: O toque <strong>da</strong> córnea ou presença <strong>de</strong> corpo estranho faz com que<br />

aumente secreção lacrimal. Sua via aferente é idêntica à do reflexo corneano, com<br />

mu<strong>da</strong>nças somente na eferente, que se faz via VII par (nervo intermédio), que inerva as<br />

glândulas lacrimais.<br />

Reflexo <strong>de</strong> piscar: Ocorre quando alguém chega perto (mas não encosta) com um objeto<br />

do olho. A informação visual chega na retina, viaja via tracto óptico até o colículo<br />

superior, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vai para o nervo facial (também <strong>de</strong> modo direto e cruzado, o que faz<br />

com que o indivíduo feche ambos os olhos), que acionará o músculo orbicular do olho,<br />

fechando a pálpebra e fazendo o indivíduo piscar. Se o estímulo for muito forte, po<strong>de</strong><br />

chegar até a medula espinhal nos tractos motores, fazendo com que haja manifestações<br />

motoras (Colocar a mão na frente).<br />

Jonatas F. Villa – Medicina Unicamp Turma XLIX Pg 22


Reflexo <strong>de</strong> movimentação dos olhos por estímulos vestibulares: É um dos reflexos mais<br />

importantes. Consiste no reposicionamento do globo ocular com base nos movimentos<br />

<strong>da</strong> cabeça, <strong>de</strong> modo a manter o olhar fixo num objeto. Esse reflexo tem como base as<br />

sensações vin<strong>da</strong>s do ouvido interno, mais especificamente <strong>da</strong> endolinfa. Esse líquido se<br />

move <strong>de</strong>ntro dos canais semicirculares do ouvido interno, gerando impulsos nas cristas<br />

<strong>de</strong>sses canais. Esses estímulos vão para os núcleos vestibulares via aferências do VIII<br />

par, passando pelo fascículo longitudinal medial até os núcleos dos III, IV e VI par, que<br />

controlam o movimento do globo ocular <strong>de</strong> modo a manter o movimento do olho em<br />

sentido contrário ao <strong>da</strong> cabeça. Esse reflexo po<strong>de</strong> ser superestimulado ao girar uma<br />

pessoa numa ca<strong>de</strong>ira, <strong>de</strong> modo a provocar uma movimentação excessiva <strong>da</strong> endolinfa, o<br />

que causará, por esse reflexo, movimento exacerbado dos olhos, chamado <strong>de</strong> nistagmo.<br />

Isso po<strong>de</strong> ser provocado, também, colocando água quente ou fria no meato acústico<br />

externo, o que levará a movimentos <strong>de</strong> convecção <strong>da</strong> endolinfa e ao nistagmo.<br />

Reflexo fotomotor direto: Quando um olho é estimulado luminosamente, o estímulo<br />

sobe pelo tracto óptico, chegando ao corpo geniculado lateral. Essas fibras, ao contrário<br />

<strong>da</strong>s relaciona<strong>da</strong>s a estímulos mais visuais, não fazem sinapse nesse local, mas acabam<br />

em neurônios <strong>da</strong> área pré-tectal, fazendo sinapse no núcleo eferente visceral do III par<br />

(núcleo <strong>de</strong> Edinger-Westphal), que emitirá fibras que terminarão no músculo esfíncter<br />

<strong>da</strong> pupila, <strong>de</strong>terminando sua contração. Esse reflexo é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância, pois po<strong>de</strong><br />

estar ausente em lesões do tracto óptico, retina ou nervo oculomotor.<br />

Reflexo consensual: É praticamente o mesmo reflexo que o fotomotor direto, só que se<br />

manifesta no olho contra-lateral (ou seja, ocorre dilatação pupilar contrária ao olho<br />

estimulado por luz). Tem base no cruzamento <strong>de</strong> fibras aferentes tanto no quiasma<br />

óptico quando em fibras cruza<strong>da</strong>s na área pré-tectal.<br />

Reflexo do vômito: Po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ado por toxici<strong>da</strong><strong>de</strong> na mucosa gastrointestinal<br />

(alcool). Estimula visceroceptores que geram impulsos aferentes que sobem pelas fibras<br />

aferentes do vago (X par), chegano no núcleo do tracto solitário. Deste núcleo os<br />

impulsos passam para o centro do vômito, localizado na formação reticular do bulbo.<br />

Daí saem respostas motoras que vão <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar o vômito, que são:<br />

Fibras para o núcleo dorsal do vago, que gera fibras pré-ganglionares. Essas fibras<br />

estimulam neurônios pós-ganglionares que estão na pare<strong>de</strong> do estômago, garantindo a<br />

abertura <strong>da</strong> cárdia e aumentando a contração gástrica.<br />

Fibras seguem pelo tracto reticulo-espinhal até a coluna lateral <strong>da</strong> medula, gerando<br />

estimulos nas fibras dos nervos esplâncnicos e plexos celíacos, o que <strong>de</strong>termina o<br />

fechamento do piloro.<br />

Fibras que seguem via tracto reticulo-espinhal chegam aos neurônios motores <strong>da</strong><br />

medula, provocando a contração dos músculos abdominais, para aumentar a pressão<br />

intra-abdominal (fator mais importante para o vômito. Ocorre via nervos toracoabdominais).<br />

Fibras que chegam à medula cervical, originando impulsos que vão, via frênico,<br />

estimular os movimentos do diafragma.<br />

Fibras para o núcleo do hipoglosso, que fazem a protrusão <strong>da</strong> língua.<br />

Jonatas F. Villa – Medicina Unicamp Turma XLIX Pg 23


MACRO:<br />

CEREBELO<br />

Está situado dorsalmente ao bulbo e à ponte, contribuindo para formação do tecto do IV<br />

ventrículo, repousando no crânio na fossa cerebelar, sendo separado do lobo occipital do<br />

cérebro por uma prega <strong>de</strong> dura-mater chama<strong>da</strong> <strong>de</strong> ten<strong>da</strong> do cerebelo. Liga-se à medula e<br />

ao bulbo pelos pedúnculos cerebelares inferiores e à ponte e mesencéfalo pelos<br />

pedunculos cerebelares médios e superiores, respectivamente.<br />

São dinstinguíveis, no cerebelo, uma porção mediana e ímpar, chama<strong>da</strong> <strong>de</strong> vérmis. Essa<br />

parte é liga<strong>da</strong> a duas massas laterais, os hemisférios cerebelares. Na face superior o<br />

vérmis é pouco separado dos hemisférios, enquanto na face inferior essa divisão é<br />

explicita<strong>da</strong> por dois sulcos evi<strong>de</strong>ntes.<br />

A superfície <strong>de</strong>sse orgão apresenta, ain<strong>da</strong>, sulcos <strong>de</strong> direção transversal, <strong>de</strong>nominando<br />

lâminas finas chama<strong>da</strong>s <strong>de</strong> folhas do cerebelo. Os sulcos mais profundos, chama<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />

fissuras do cerebelo, <strong>de</strong>limitam lóbulos.<br />

Interiormente, o cerebelo é dividido em um centro <strong>de</strong> substância branca, chamado <strong>de</strong><br />

corpo medular do cerebelo, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> saem as lâminas brancas (corpo medular + lâminas<br />

= árvore <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>), revesti<strong>da</strong>s externamente por substância cinzenta, o córtex cerebelar.<br />

No interior do corpo medular temos os núcleos centrais do cerebelo (são 4: <strong>de</strong>nteado,<br />

que é o mais vísivel macroscopicamente, globoso, emboliforme e fastigial).<br />

Os lóbulos e fissuras do cerebelo não tem significado funcional. Os lóbulos são<br />

<strong>de</strong>nominados <strong>de</strong> modo diferente no vérmis e nos hemisférios (ca<strong>da</strong> lóbulo no vérmis = 2<br />

nos hemisférios). Dois lóbulos são separados por uma fissura. O flóculo (2x) é um<br />

lóbulo importante, pois está logo abaixo do ponto em que o pedunculo cereberal medio<br />

entra no cerebelo. Também convém lembrar <strong>da</strong> existência do nódulo, uma estrutura que<br />

está no vérmis e se liga ao flóculo pelo pedúnculo do flóculo. As tonsilas são bem mais<br />

evi<strong>de</strong>ntes, projetando-se medialmente sobre a face dorsal do bulbo (lembrar que<br />

hipertensão craniana po<strong>de</strong> levar à compressão do bulbo pelas tonsilas cerebelares. Isso<br />

Jonatas F. Villa – Medicina Unicamp Turma XLIX Pg 24


po<strong>de</strong> ocorrer na retira<strong>da</strong> <strong>de</strong> líquor, o que fará com que diminua a pressão no espaço subaracnói<strong>de</strong>o<br />

<strong>da</strong> medula. Essa diminuição, alia<strong>da</strong> à hipertensão craniana, joga as tonsilas<br />

para baixo via forame magno e pressiona o bulbo)<br />

A divisão ontogenética. Divi<strong>de</strong> o cerebelo em duas partes <strong>de</strong>siguais: O lobo flóculonodular,<br />

formado pelo flóculo e pelo nódulo, e o corpo do cerebelo, que equivale ao<br />

resto do orgão. A fissura prima divi<strong>de</strong> o corpo em lobo anterior e lobo posterior.<br />

Vista ventral do cerebelo<br />

GRANDES VIAS EFERENTES<br />

Esse capítulo é basicamente uma recapitulação <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as vias já vistas. Alguns pontos<br />

<strong>de</strong> alguns tractos, entretando, merecem <strong>de</strong>staque:<br />

O Tracto córtico-espinhal sofre <strong>de</strong>ucssação nas pirâmi<strong>de</strong>s do bulbo, gerando o tracto<br />

córtico-espinhal anterior e o lateral. O lateral é o mais importante clinicamente. Esse<br />

tracto faz sinapses, geralmente, com interneurônios, po<strong>de</strong>ndo causar ação inibitória ou<br />

excitatória. No homem essas fibras também fazem algumas sinapses diretas com os<br />

motoneurônios alfa e gama, sendo sua principal função, portanto, a <strong>da</strong> motrici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

voluntária. No caso <strong>de</strong> uma lesão completa <strong>de</strong>sse tracto, no entanto, não ocorre per<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>ssa capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> muscular, pois os tractos rubro-espinhal e retículo-espinhal suprem<br />

sua função relativamente bem. Um sintoma que fica evi<strong>de</strong>nte na lesão do córticoespinhal<br />

é a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar movimentos isola<strong>da</strong>mente, como ao mexer apenas<br />

um <strong>de</strong>do para abotoar uma camisa, mostrando que essa capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>, ao contrário <strong>da</strong><br />

contração muscular geral, é exclusiva <strong>de</strong>sse tracto.<br />

Jonatas F. Villa – Medicina Unicamp Turma XLIX Pg 25


O tracto córtico-nuclear é, junto com o córtico-espinhal, formador <strong>da</strong>s chama<strong>da</strong>s vias<br />

pirami<strong>da</strong>is. Relaciona-se com o controle motor dos núcleos dos nervos cranianos, mas<br />

também com o controle <strong>de</strong> impulsos sensoriais. Possui fibras bilaterais (ou seja, vão<br />

tanto ipsilateralmente quanto contralateralmente na face). Essas fibras inervam<br />

principalmente músculos <strong>de</strong> motrici<strong>da</strong><strong>de</strong> não voluntária, como os <strong>da</strong> faringe, laringe e<br />

músculos motores do olho. Para músculos voluntários, como os <strong>da</strong> mímica (que são<br />

inervados pelo VII par), essa inervação bilateral só ocorre na parte superior <strong>da</strong> face, <strong>de</strong><br />

modo que uma lesão <strong>de</strong>sse tracto não paralisará em na<strong>da</strong> músculos involuntários, mas<br />

paralisará apenas a parte inferior contralateral.<br />

O tracto rubro-espinhal, que controla os músculos mais distais nos membros do<br />

homem, faz parte <strong>da</strong>s vias extrapirami<strong>da</strong>is. O tracto tecto-espinhal também faz parte<br />

<strong>de</strong>ssas vias, controlando movimentos <strong>da</strong> cabeça que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> estímulos visuais.<br />

Temos ain<strong>da</strong> o tracto vestibulo-espinhal, que envia estímulos vestibulares para a<br />

medula, <strong>de</strong> modo que seja corrigi<strong>da</strong> a postura para manter o equilíbrio.<br />

O tracto reticulo-espinhal é o mais importante dos extrapirami<strong>da</strong>is no homem. É<br />

responsável pelo controle voluntário <strong>da</strong> musculatura axial e proximal dos membros.<br />

Controla também o grau <strong>de</strong> contração <strong>de</strong>sses músculos, colocando o corpo em posição<br />

‘<strong>de</strong> parti<strong>da</strong>’ para a execução <strong>de</strong> movimentos finos (o que mostra uma integração com o<br />

tracto córtico-espinhal lateral, que é o efetor <strong>de</strong>sses movimentos). Também possui a<br />

capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> controlar a ritmici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> movimentação, <strong>de</strong>vido a um centro locomotor<br />

situado na formação reticular do mesencéfalo.<br />

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