Relatório Monitoramento UHE Emborcação 2006 - Cemig
Relatório Monitoramento UHE Emborcação 2006 - Cemig Relatório Monitoramento UHE Emborcação 2006 - Cemig
MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA MONITORAMETO DE ICTIOFAUNA NO RESERVATÓRIO E A JUSANTE DA UHE DE SÃO SIMÃO, RIO PARANAÍBA, BACIA DO PARANÁ RELATÓRIO ANUAL OUTUBRO / 2006 Acamari, casa 123 - Acamari - Viçosa - MG 36570-000 - (31)3891-7798/3892-5944(fax) - tecneves@uai.com.br 1
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MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA<br />
MONITORAMETO DE ICTIOFAUNA NO RESERVATÓRIO<br />
E A JUSANTE DA <strong>UHE</strong> DE SÃO SIMÃO, RIO PARANAÍBA,<br />
BACIA DO PARANÁ<br />
RELATÓRIO ANUAL<br />
OUTUBRO / <strong>2006</strong><br />
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EQUIPE DE TRABALHO E APOIO:<br />
RESPONSABILIDADE TÉCNICA<br />
TECNEVES Ltda.<br />
Profissional responsável:<br />
Eng. Augusto Luis Ruegger Almeida Neves<br />
CREA/MG: 53/719/D<br />
Bernardo Pereira Moreira – Aluno do curso de Ciências Biológicas (UFV)<br />
David Pereira Neves – Médico Veterinário, PhD<br />
Juliane Fagundes Fernandes– Aluna do curso de Ciências Biológicas (UFV)<br />
Tuane Santos de Oliveira – Aluna do curso de Ciências Biológicas (UFV)<br />
Viviana Carla Nunes Duarte – Apoio Administrativo<br />
Tiago Leão Pereira – Consultoria externa (Biólogo, M.S. Genética)<br />
Jorge Abdala Dergam – Consultoria externa (prof. UFV)<br />
REGISTRO CONTRATO CREA – ART N. 50122671 de 22/março/<strong>2006</strong><br />
CONTRATO N. 4570009454. – REGISTRADO- MS/AS CEMIG<br />
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SUMÁRIO<br />
1. INTRODUÇÃO 4<br />
2. OBJETIVOS 6<br />
3. ÁREA DE ESTUDOS 7<br />
4. METODOLOGIA 9<br />
4.1 – Amostragem e processamento material coletado 9<br />
4.2 – Análise de diversidade de espécies 10<br />
4.3 – Analise de similaridade e agrupamento 10<br />
4.4 – Analise de captura por unidade de esforço (CPUE) em número e biomassa 11<br />
4.5 – Análise da atividade reprodutiva 12<br />
4.6 – Avaliação da atividade profissional e artesanal de pesca no reservatório 13<br />
5. RESULTADOS 14<br />
5.1 – Composição ictiofaunística 14<br />
5.1.1 – Ocorrência das espécies exóticas 16<br />
5.1.2 – Ocorrência de Espécies Ameaçadas 17<br />
5.2 – Padrão de Distribuição de Espécies 17<br />
5.3– Riqueza e Diversidade 18<br />
5.4 – Análise da Similaridade Ictiofaunística 19<br />
5.5 – Dados biométricos e CPUEs 21<br />
5.5.1 – Analise da captura por unidade de esforço em número e biomassa (CPUE) 23<br />
5.6 – Analise da Atividade Reprodutiva 24<br />
5.7 – Diagnóstico da atividade profissional e artesanal de pesca no reservatório 27<br />
5.7.1– Entrevista com os Pescadores 28<br />
6 – CONCLUSÕES 31<br />
7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 31<br />
8 – ANEXOS 34<br />
Anexo 01 – Fotos de espécies coletadas na área de influência da <strong>UHE</strong> 34<br />
Anexo 02 – Lista das espécies da bacia 35<br />
Anexo 03 - Modelo de questionário aplicado a pescadores ribeirinhos 38<br />
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APRESENTAÇÃO<br />
O presente relatório é parte do contrato celebrado entre a <strong>Cemig</strong> Geração e Transmissão<br />
S.A., através da Gerência de Ações e Programas Ambientais, e a TECNEVES Ltda. O contrato<br />
foi registrado na MS/AS - Gerência de Aquisição de Serviços sob o nº 4570009454.<br />
O objeto de pesquisa do contrato é o monitoramento da ictiofauna e pesca profissional na<br />
área do reservatório e a jusante da Usina Hidrelétrica de São Simão, seguindo as especificações<br />
do documento nº 11.158-RE-M90-037 – Manuais de operação de Meio ambiente, capítulo 6 –<br />
<strong>Monitoramento</strong> da Ictiofauna e Cuidados na operação.<br />
1- INTRODUÇÃO<br />
O atual monitoramento visa o atendimento às necessidades de conhecimento técnico e a<br />
formação de um banco de dados sobre a ictiofauna e pesca profissional no rio Paranaíba, a<br />
montante e a jusante da usina de São Simão, bem como o atendimento aos programas e projetos<br />
estabelecidos no Sistema de Gestão Ambiental, conforme especificação técnica<br />
GA/PA_UAT_001/<strong>2006</strong>.<br />
A partir da década de 1980, a legislação brasileira inseriu a exigência da elaboração de<br />
estudos ambientais como condicionamento para o licenciamento de atividades modificadoras do<br />
meio ambiente, conforme previstas nas Resoluções 001/86, 011/86 do Conselho Nacional do<br />
Meio Ambiente (CONAMA).<br />
A legislação federal acima citada, corroborada por instrumentos legais dos Estados,<br />
prevê o monitoramento dos empreendimentos potencialmente impactantes e o licenciamento<br />
ambiental corretivo dos mesmos, ao término do prazo concedido para exploração de bens<br />
públicos, como a água dos rios para geração de energia elétrica (Alves, <strong>2006</strong>).<br />
1.1- Ictiofauna do rio Paranaíba: estado do conhecimento<br />
O Rio Paranaíba, com uma área de drenagem de 22.711 km 2 , é uma das principais bacias<br />
de drenagem de Minas Gerais, formando com o rio Grande a parte alta da Bacia do Paraná, a<br />
segunda maior bacia hidrográfica da América do Sul. Estudos sobre a ictiofauna da bacia são<br />
4<br />
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elativamente recentes, iniciados no final da década de 1970 e início da década de 1980.<br />
Entretanto, apesar do escasso conhecimento da fauna de peixes (característico para a maioria<br />
das bacias Neotropicais), a bacia do Rio Paranaíba é a segunda maior em riqueza de espécies no<br />
estado, apesar da baixa taxa de endemismo (Godinho e Vieira; in Costa et al., 1998). Ainda<br />
segundo Godinho e Vieira (1998) esta bacia apresenta cerca de 112 espécies de peixes, sendo as<br />
porções dos rios Quebra Anzol, Araguari, Tijuco e alto Paranaíba indicadas como de extrema<br />
importância biológica para conservação da ictiofauna no estado de Minas Gerais, consideradas<br />
como áreas de recrutamento para espécies migratórias e ocorrência de espécies diádromas, e<br />
agrupadas como “remanescentes lóticos do rio Paranaíba”. Entretanto, o intenso processo de<br />
represamento na região tem modificado a estrutura da paisagem e criado potenciais riscos á<br />
ictiofauna, e segundo Drumond et al. (2005). a área do baixo rio Araguari já não figura entre as<br />
áreas prioritárias para conservação, tendo em vista a transformação do trecho pela instalação das<br />
usinas de Capim Branco I e II.<br />
Com a necessidade de estudos de levantamento da ictiofauna ligados aos processos de<br />
licenciamento de grandes empreendimentos e a necessidade de Planos Diretores para as bacias<br />
hidrográficas brasileiras, um maior volume de informações tem sido gerado sobre esta<br />
comunidade de peixes.<br />
Godinho et al. (1991), em estudo sobre a eficiência de mecanismo de transposição para<br />
peixes no rio Tijuco, afluente da margem esquerda do Paranaíba, em Minas Gerais,<br />
apresentaram uma lista com 41 espécies. No mesmo ano, Bazzoli et al. (1991) apresentaram<br />
uma lista para o trecho superior do rio Paranaíba, onde estava projetada a <strong>UHE</strong> Bocaina (a<br />
montante da atual <strong>Emborcação</strong>), e em 1997 a <strong>Cemig</strong> realizou levantamento no trecho do<br />
reservatório a jusante da <strong>UHE</strong> <strong>Emborcação</strong> (Alves e Santos, 1997). Em 1999 foi concluído o<br />
Plano Diretor de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Paranaíba (PDBHRP), a cargo da<br />
Universidade Federal de Viçosa (UFV) (Dergam et al., 1999) e, no mesmo ano em estudo dos<br />
reservatórios de Furnas, Santos (1999) apresenta dados inéditos da área da <strong>UHE</strong> Itumbiara. Três<br />
anos depois, Vono (2002) conclui amplo levantamento de dados do rio Paranaíba, no estado de<br />
Minas Gerais e em 2005 Alves procedeu um levantamento em áreas de influência das <strong>UHE</strong> São<br />
Simão e <strong>Emborcação</strong>, como parte de um projeto de monitoramento da influência destes<br />
reservatórios sobre a ictiofauna local. Os trabalhos acima citados são de especial importância<br />
pois abrangem áreas proximamente relacionadas ao presente estudo, além de servirem como<br />
base para determinação de pontos amostrais deste.<br />
O presente trabalho teve como objetivo dar continuidade ao processo de monitoramento<br />
da ictiofauna sob influência dos processos de represamento na <strong>UHE</strong> São Simão.<br />
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2- OBJETIVOS<br />
O trabalho desenvolvido teve por objetivos:<br />
• Determinar a ocorrência e distribuição das espécies de peixes na área de influência da<br />
<strong>UHE</strong> São Simão, através de amostragens quantitativas e qualitativas;<br />
• Caracterizar a riqueza e a diversidade de espécies nas estações de coleta;<br />
• Determinar a similaridade da composição da fauna presente nas estações de coleta, com<br />
base na presença e ausência de espécies;<br />
• Analisar a abundância das espécies através da Captura por Unidade de Esforço (CPUE)<br />
• Analisar parâmetros da atividade reprodutiva de espécies selecionadas<br />
• Monitorar a pesca profissional na área de estudo.<br />
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3- ÁREA DE ESTUDO<br />
A <strong>UHE</strong> São Simão situada no município de São Simão (GO), dista cerca de 280<br />
quilômetros de Uberlândia, com reservatório abrangendo os municípios de Bom Jesus de Goiás,<br />
Cachoeira Dourada, Gouvelândia, Inaciolândia, Paranaiguara e Quirinópolis (GO) e Cachoeira<br />
Dourada, Capinópolis, Gurinhatã, Ipiaçu, Ituiutaba e Santa Vitória (MG).<br />
A pesca experimental foi realizada em 4 pontos na área de influência da <strong>UHE</strong> São<br />
Simão, assim distribuídos:<br />
• SSI-01 – No rio Paranaíba, no terço final do reservatório, representando o trecho de<br />
montante, próximo à barragem de Cachoeira Dourada, no município de mesmo nome.<br />
Coordenadas: 18º28’38’’S e 49º30’16’’W; altitude aproximada: 399,8 m (Figura 1);<br />
• SSI-02 – No corpo do reservatório, em seu terço médio, no braço formado pelo rio<br />
Tijuco, próximo à travessia de balsa entre os municípios de Ipiaçu e Santa Vitória.<br />
Coordenadas: 18º46’44’’S e 49º58’57’’W; altitude aproximada: 395,4 m (Figura 2);<br />
• SSI-03 – No corpo do reservatório próximo à barragem, no município de São Simão.<br />
Coordenadas: 19º00’59’’S e 50º29’01’’W; altitude aproximada: 395,5 m (Figuras 3a e<br />
3b);<br />
• SSI-04 – No rio Paranaíba, imediatamente a jusante da barragem, no município de São<br />
Simão. Coordenadas: 19º01’09’’S e 50º29’49’’W; altitude aproximada: 320,2 m<br />
(Figuras 4a e 4b).<br />
Os pontos amostrais foram determinados a partir de relatórios anteriores (ver Alves,<br />
<strong>2006</strong>) para permitir resultados comparativos quanto a riqueza e diversidade das espécies de<br />
peixes. Pequenos desvios nas coordenadas devem-se às condições de seca da barragem (na<br />
época da coleta o reservatório apresentava apenas 40% de suas capacidade) resultando em que<br />
pontos amostrados anteriormente estivessem fora da lâmina d’água no período da presente<br />
coleta.<br />
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Figura 1 – ponto SSI – 01. Figura 2 – ponto SSI – 02.<br />
Figura 3 – ponto SSI - 01, trecho de montante, próximo a cachoeira Dourada.<br />
Figura 4 – ponto SSI – 04, a jusante da <strong>UHE</strong> São Simão.<br />
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4- METODOLOGIA<br />
A coleta descrita neste relatório foi realizada no período de 25 a 27 de setembro de <strong>2006</strong>.<br />
Foram amostrados 2 pontos em cada dia totalizando os 4 pontos determinados pela CEMIG.<br />
4.1– Amostragens e processamento do material coletado<br />
Na coleta de campo utilizou-se redes de espera com malhas variando de 2 a 16 cm,<br />
medidos entre nós opostos, com 30 m de comprimento e altura aproximadamente de 1,30 m<br />
para as amostragens quantitativas. As redes foram amarradas a tarde e retiradas na manhã<br />
seguinte, permanecendo opostas na coluna d’água por aproximadamente 14 horas. O esforço de<br />
pesca empregado é apresentado na tabela 1. Foram colocadas 12 redes por ponto, totalizando<br />
um esforço de pesca de 1872 m². Todos os exemplares coletados foram separados por ponto de<br />
coleta e tamanho de malha, etiquetados e fixados em formalina a 10%. Os peixes coletados<br />
foram fotografados em campo, para caracterização das espécies com sua coloração natural. No<br />
anexo 1 serão apresentadas fotografias das espécies mencionadas no texto e registradas em<br />
campo.<br />
Tabela 1 - Esforço de pesca empregado no rio Paranaíba, na área de<br />
influência da <strong>UHE</strong> São Simão, em setembro/<strong>2006</strong> (em m²).<br />
Malha<br />
Locais de Amostragem<br />
(cm) SSI-01 SSI-02 SSI-03 SSI-04<br />
Total<br />
2 78 78 78 78 312<br />
3 78 78 78 78 312<br />
4 39 39 39 39 156<br />
5 39 39 39 39 156<br />
6 39 39 39 39 156<br />
7 39 39 39 39 156<br />
10 39 39 39 39 156<br />
12 39 39 39 39 156<br />
14 39 39 39 39 156<br />
16 39 39 39 39 156<br />
Total 468 468 468 468 1872<br />
Para as coletas qualitativas, cujos objetivos são o de complementar o levantamento<br />
através da captura de espécies de pequeno porte e de capturar jovens de espécies maiores<br />
(comprovação de recrutamento), utilizou-se redes de arrasto de tela mosqueteira (2 mm) nas<br />
margens rasas dos reservatórios, peneiras e tarrafas. As tarrafas foram utilizadas nas margens da<br />
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epresa e as peneiras junto à vegetação das margens do rio ou macrófitas flutuantes dos<br />
reservatórios.<br />
Todos os peixes coletados foram levados para laboratório para determinação<br />
taxonômica. Estes foram contados, pesados e medidos, e posteriormente transferidos para álcool<br />
70º GL. Todo o material coletado será mantido no Museu João Moojen de Oliveira da<br />
Universidade Federal de Viçosa.<br />
A lista das espécies está atualizada de acordo com Reis et al (2003): Checklist of the<br />
Frewshwater Fishes of South and Central América. A identificação foi realizada de acordo com<br />
a bibliografia disponível, tendo sido consultados os seguintes trabalhos científicos: Britski<br />
(1970), Britski et al. (1988), Britski et al.(1999), Burgess (1989), Castro (1990), Garavello<br />
(1979), Garutti & Britski (2000), Gosline (1947), Gosse (1975), Kullander (1983), Pavanelli<br />
(1999) e página da internet http://www.fishbase.org/search.cfm.<br />
4.2– Análise da diversidade de espécies<br />
Para o cálculo da diversidade de espécies foram empregados os dados quantitativos<br />
obtidos através das capturas com redes de emalhar, levando-se em conta a riqueza absoluta de<br />
espécies e suas abundâncias relativas. Para tal, utilizou-se o índice de diversidade de Shannon-<br />
Weaver (ver Magurran, 2004), descrito pela equação:<br />
S = número total de espécies na amostra;<br />
pi = proporção do número de indivíduos da espécie i na amostra.<br />
4.3 – Análise de similaridade e agrupamento<br />
Para o cálculo da similaridade entre os pontos de amostragem, foi feita uma análise de<br />
agrupamento para uma matriz binária de dados baseada na presença e ausência das espécies,<br />
distribuídas através dos pontos amostrados. A matriz de dissimilaridade entre os pontos foi<br />
calculada como o complemento ao índice de similaridade de Jaccard (1-Sii`). O coeficiente de<br />
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Jaccard reconhece como similaridade apenas a presença compartilhada de espécies, ao contrário<br />
da distância euclidiana que consideraria também a ausência da espécie. A matriz de<br />
dissimilaridade, então, apresenta um índice que compara cada par de pontos amostrados, sendo<br />
utilizada para montagem do dendrograma. Para o agrupamento utilizou-se o método do vizinho<br />
mais distante (ligação completa).<br />
O índice de Jaccard apresenta três medidas, sendo: a, número de espécies compartilhadas<br />
entre dois pontos a serem comparados; b, número de espécies ocorrentes no primeiro e ausentes<br />
no segundo ponto comparado; c, número de espécies ocorrentes no segundo e ausentes no<br />
primeiro ponto da comparação (Magurran, 2004).<br />
Sii` = a/ a + b + c<br />
O Índice de Similaridade de Sorensen foi utilizado para comparação, ponto a ponto,<br />
entre o atual trabalho e os dados obtidos por Alves (<strong>2006</strong>):<br />
Onde:<br />
IS = índice de similaridade<br />
J = número de espécies em comum<br />
IS = 2j/ (a + b)<br />
a + b = número de espécies em dois pontos<br />
4.4– Análise de captura por unidade de Esforço (CPUE) em número e biomassa<br />
Os dados quantitativos da ictiofauna foram analisados através da Captura por Unidade<br />
de Esforço (CPUE), em número e biomassa, com base nos dados obtidos através das redes de<br />
espera. São apresentadas comparações entre os valores das CPUE’s em número e biomassa e de<br />
diversidade das espécies por locais. Os dados foram comparados com a campanha realizada por<br />
Alves (<strong>2006</strong>).<br />
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O cálculo da CPUE foi estimado usando as seguintes equações.<br />
Onde:<br />
CPUE(n) = captura em número por unidade de esforço;<br />
CPUE(b) = captura em biomassa (peso corporal) por unidade de esforço;<br />
Nm = número de peixes total capturado na malha m;<br />
Bm = biomassa total capturada na malha m;<br />
EPm = esforço de pesca, que representa a área em m² das redes de malha m;<br />
m = tamanho da malha (2, 3, 4, 5, 6, 7, 10, 12, 14 e 16 cm).<br />
4.5 - Avaliação da atividade Reprodutiva<br />
Para a avaliação da idade reprodutiva, os peixes foram submetidos à incisão ventral para<br />
determinação do sexo e do diagnóstico macroscópico de maturação gonodal. Esta análise<br />
baseou-se principalmente no volume relativo da gônada na cavidade abdominal, integridade da<br />
rede sanguínea (machos e fêmeas), presença e tamanho dos diversos tipos de ovócitos (ovócitos<br />
I, II e III) e integridade das lamelas ovarianas (fêmeas). Foram considerados os seguintes<br />
estágios de maturação, seguindo as características propostas por Vono et al. (2002).<br />
1) Repouso – 1: ovários delgados e íntegros, translúcidos, sem ovócitos visíveis a olho<br />
nu; testículos delgados e íntegros, predominantemente hialinos.<br />
2) Maturação Intermediária – 2: ovários com maior aumento de volume, grande número<br />
de ovócitos evidentes, porém ainda com áreas a serem preenchidas, testículos com maior<br />
aumento de volume, leitosos.<br />
3) Maturação avançada – 3: ovários com aumento máximo de volume, ovócitos<br />
vitelogênicos distribuídos uniformemente, testículos também com aumentos máximos de<br />
volume, túrgidos, leitosos.<br />
16<br />
CPUE ( n)<br />
= ( Σ<br />
CPUE ( b)<br />
( =<br />
m= 3<br />
16<br />
m= 3<br />
Σ<br />
Nm / EPm)<br />
x 100<br />
Bm / EPm)<br />
x 100<br />
4) Esgotado (desovado ou espermiado) – 4: ovários flácidos e sanguinolentos, com<br />
número de ovócitos vitelogênicos remanescentes: testículos flácidos e sanguinolentos.<br />
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12
4.6 Avaliação da existência de pesca artesanal e profissional no reservatório<br />
Foram realizadas inspeções no reservatório e em seu entorno, visando a identificação de<br />
atividade de pesca profissional como a presença de embarcações, concentração de pescadores e<br />
locais de comercialização de pescados. Obtiveram-se ainda informações sobre esta atividade<br />
junto ao Destacamento da Policia Ambiental do município de Grupiara. Além disso, alguns<br />
pescadores artesanais foram entrevistados informalmente para avaliação da pesca de<br />
subsistência amadora no reservatório da <strong>UHE</strong> de <strong>Emborcação</strong> e proximidades.<br />
Foram realizadas quatro entrevistas utilizando-se questionários padrões (anexo 3) com<br />
pescadores profissionais e quatro com pescadores amadores. As informações foram prestadas de<br />
maneira espontânea sem nenhuma interferência de quem estava aplicando o questionário. Para<br />
caracterização da pesca comercial, exercida por pescadores profissionais, cujo objetivo é obter<br />
dados sobre a pesca nos reservatórios, foram aplicados questionários em colônias de pescadores,<br />
mercados e peixarias que são abastecidos com pescado proveniente do reservatório, além de<br />
obtenção de dados secundários desta atividade junto à pescadores da cidade de São Simão-Go e<br />
Chaveslandia-MG<br />
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13
5 - RESULTADOS<br />
5.1 - Composição Ictiofaunística<br />
Foram registradas 18 espécies de peixes, distribuídas em 3 ordens e 8 famílias, na<br />
amostragem realizada em setembro de <strong>2006</strong> na área de influência da <strong>UHE</strong> São Simão (Tabela<br />
2). A baixa amostragem pode ser um reflexo do período de coleta que antecedeu a entrada das<br />
chuvas. Pontos de amostragem, determinados por GPS em relatórios anteriores, tiveram que ser<br />
deslocados devido a esta seca, tendo a equipe que caminhar por vários metros até a lâmina<br />
d’água. Neste período a represa de São Simão apresentava-se com apenas 40% de sua<br />
capacidade.<br />
Um reflexo do período de seca foi a não obtenção de espécimes na coleta qualitativa. No<br />
caso, o baixo volume de água expôs um grande volume de troncos, impedindo um bom<br />
manuseio de tarrafas e redes de arrasto. Além disso, as porções rasas, de acesso para coletas<br />
com peneiras, eram lodosas e sem “ilhas vegetacionais”, dificultando o deslocamento dos<br />
coletores além de não apresentar microhabitats onde se costumam agrupar cardumes de espécies<br />
pequenas e filhotes. Tais condições devem responder a ausência de algumas espécies como<br />
Apareiodon spp. e Characidium spp., comumente encontrados em vegetações de borda, ou<br />
mesmo de espécies maiores como Brycon spp. e Prochilodus spp. que devem se afastar das<br />
bordas eutrofizadas da represa. Em Alves (<strong>2006</strong>) a amostra qualitativa revelou várias espécies<br />
não acessadas na coleta quantitativa, como, por exemplo o jeju Erythrinus erythrinus.<br />
Segundo Agostinho & Júlio Jr. (1999) a ictiofauna da porção brasileira da bacia do<br />
Paraná é composta de mais 250 espécies, entretanto os levantamentos de ictiofauna na bacia do<br />
rio Paraná (a qual pertence o rio Paranaíba) são incompletos, assim como nas outras grandes<br />
bacias hidrográficas brasileiras. Os dados compilados no anexo 2 revelam a ocorrência de pelo<br />
menos 129 espécies de peixes para a bacia do rio Paranaíba, número que pode ser considerado<br />
representativo para o que se conhece sobre a fauna de peixes do Paraná Superior, mesmo<br />
considerando que não há informações sobre todos os ambientes e tributários do trecho entre a<br />
nascente e o encontro com o Rio Grande.<br />
O conhecimento da ictiofauna esbarra na amostragem deficitária e na pequena<br />
compreensão das relações taxonômicas entre vários grupos (Vari e Malabarba, 1998), no<br />
entanto, várias espécies continuam sendo descritas, mesmo para a bacia do rio Paranaíba, como<br />
Creagrutus varii em Ribeiro et al. (2004), e o crescente estudo tem resultado em mudanças<br />
taxonômicas sobre grupos antes reconhecidos como de ampla distribuição. Um reflexo disto é<br />
14<br />
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apresentado em Drummond et al. (2005), com diminuição no número de espécies em cinco das<br />
sete maiores bacias hidrográficas de Minas Gerais. No caso, a própria bacia do Paranaíba, citada<br />
por Godinho e Vieira (1998) como provedora de 112 espécies, teve sua riqueza reduzida à 103,<br />
como um provável reflexo da resolução taxonômica de alguns grupos. Nota-se que o anexo 2<br />
apresenta 129 espécies, incluindo daí algumas espécies exóticas (não nativas da bacia) e outras<br />
que provavelmente se enquadrem neste contexto de imprecisão taxonômica.<br />
Tabela 2 - Lista das espécies coletadas nas amostragens qualitativas e<br />
quantitativas na área de influência da <strong>UHE</strong> São Simão, em setembro de <strong>2006</strong>,<br />
com respectivos nomes populares.<br />
Ordem / Família / Espécies Nome Popular<br />
Ordem CHARACIFORMES<br />
Família Anostomidae<br />
Leporinus sp. Timburé<br />
Leporinus friderici Piau-três-pintas<br />
Família Characidae<br />
Astyanax altiparanae Lambari<br />
Charax cf. leticiae Lambari-cachorro<br />
Galeocharax knerii Cigarra, Peixe-cadela<br />
Oligosarcus paranensis Peixe-cachorro<br />
Serrasalmus spilopleura Pirambeba<br />
Família Cynodontidae<br />
Raphiodon vulpinus Cachorra<br />
Família Erythrinidae<br />
Hoplias malabaricus Traíra<br />
Ordem SILURIFORMES<br />
Família Pimelodidae<br />
Pimelodus maculatus Mandi amarelo, mandi chorão<br />
Pimelodus fur Mandi-prata<br />
Pirinampus pirinampu Barbado<br />
Família Loricariidae<br />
Hypostomus spp Cascudo<br />
Megalancistrus parananus Cascudo-abacaxi<br />
Ordem PERCIFORMES<br />
Família Cichlidae<br />
Cichla sp* Tucunaré<br />
Geophagus surinamensis* Acará, cará<br />
Satanoperca pappaterra* Zoiúdo<br />
Família Sciaenidae<br />
Plagioscion squamosissimus* Curvina<br />
* = Espécies consideradas exóticas à bacia do rio Paranaíba<br />
Para não incorrer em erros de nomenclatura, aplicou-se uma padronização dos dados<br />
obtidos na literatura, tendo em vista atualizações sistemáticas e espécies identificadas<br />
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precariamente ao nível de gênero: Astyanax bimaculatus = Astyanax altiparanae; Cichla<br />
ocellaris e Cichla monoculus = Cichla sp.; Satanoperca jurupari = Satanoperca pappaterra;<br />
Geophagus sp. = Geophagus surinamensis. Divergências moleculares e citogenéticas sugerem,<br />
também, a existência de vários grupos reconhecidos popularmente como traíras (Bertollo et al.,<br />
2000; Pereira, 2005), no entanto, para o presente trabalho estas ainda são reconhecidas como<br />
único táxon Hoplias malabaricus para o continente.<br />
5.1.1 - Ocorrência de espécies exóticas<br />
Foram encontradas 4 espécies dadas como exóticas na bacia do rio Paranaíba: o tucunaré<br />
(Cichla sp.), o acará (Geophagus surinamensis), o zoiúdo (Satanoperca pappaterra) e a corvina<br />
(Plagioscion squamosissimus). A ausência do apaiari (Astronotus ocellatus) e do pacu<br />
(Metynnis maculatus) podem ser um indício de que estes exóticos, coletados no último relatório<br />
de acompanhamento da ictiofauna na <strong>UHE</strong> São Simão (Alves, <strong>2006</strong>), não estejam bem<br />
estabelecidos. De fato, esse deve ser o caso de A. ocellatus, registrado para bacia unicamente no<br />
relatório supracitado (anexo 2), entretanto a não amostragem de M. maculatus deve estar<br />
correlacionado, na verdade, ao período de estiagem e/ ou eventos estocásticos, o que também<br />
responde pela ausência de muitas espécies nativas no presente estudo.<br />
A incidência de espécies exóticas em represamentos artificiais é comum, chegando a ser<br />
uma “doença crônica” que ameaça a biodiversidade aquática neotropical. Estes eventos de<br />
introdução são muitas vezes motivados pela ilusão de ganho comercial, pesca desportiva,<br />
acidentalmente ou até mesmo pela falsa idéia de “contribuir com a biodiversidade e com a<br />
beleza natural”, introduzindo espécies de interesse para aquarismo como o apaiari (A. ocellatus).<br />
Entretanto, quando estabelecidas, estas espécies são muitas vezes danosas aos peixes nativos,<br />
atuando como predadoras e competidoras e levando muitas vezes a extinção de várias espécies<br />
locais (Godinho e Formagio, 1992; Latini e Petrere., 2003).<br />
A presença constante de Cichla sp. e G. surinamensis nos últimos inventários feitos na<br />
bacia, sugerem que tais espécies estejam bem estabelecidas, e seu evento introdutório deve ter<br />
sido motivado por algum dos eventos acima relatados. Já S. pappaterra e P. squamosissimus,<br />
além de bem estabelecidas, devem configurar numa outra classe de introdução: a dispersão<br />
natural de espécies historicamente limitadas por obstáculos naturais (como cachoeiras) que<br />
deixaram de existir no processo de represamento.<br />
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5.1.2 - Ocorrência de Espécies Ameaçadas<br />
Das 18 espécies registradas, nenhuma está ameaçada de extinção, com base na Lista<br />
Nacional das Espécies de Invertebrados Aquáticos e Peixes Ameaçados de Extinção (MMA,<br />
2004), Lista Oficial da Fauna Ameaçada de Extinção de Minas Gerais (Lins et al., 1997) e Livro<br />
Vermelho das Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna de Minas Gerais (Machado et al.,<br />
1998).<br />
Essas listas mencionam algumas espécies cuja ocorrência é possível na bacia do rio<br />
Paranaíba, como a pirapitinga Brycon natterei, piracanjuba Brycon orbignyanus, pacu-prata<br />
Myleus tiete, surubim Steindachneridion scripta, Stemarchorhynchus britski, Crenicichla<br />
jupiaiensis e ainda o jaú Zungaro jahu, sendo Brycon orbignyanus presente em Alves (<strong>2006</strong>).<br />
Como já fora relatado, a ausência de algumas espécies pode dever-se a fatores como a estação<br />
de coleta ou a eventos estocásticos, mas uma atenção especial deve ser dada para espécies que<br />
necessitam se deslocar rio acima no processo reprodutivo, podendo ter sua fase de reprodução<br />
comprometida pelo processo de barramento. Dentre estas espécies destaca-se alguns Brycon que<br />
devem ser considerados como de grande importância em programas de manejos para a<br />
ictiofauna da bacia.<br />
5.2 – Padrão de distribuição das espécies<br />
tabela 3.<br />
A distribuição das espécies coletadas nos 4 pontos de amostragem é apresentada na<br />
Os pontos com maior número de registro foram SSI-04, representativo do trecho lótico<br />
da jusante da <strong>UHE</strong> São Simão, e SSI-02, localizado na porção média do reservatório. O ponto<br />
do reservatório próximo à barragem, SSI-03 apresentou o menor número de espécies, sendo o<br />
ponto mais afetado devido a baixa capacidade da represa.<br />
A única espécie que ocorreu nos quatro pontos foi o acará (Geophagus surinamensis),<br />
sendo este exótico na bacia do rio Paranaíba. Apenas 5 espécies (29%) ocorreram em apenas um<br />
dos locais. É esperado que, com a intensificação das amostragens, os registros aumentem e que<br />
as espécies apresentem uma distribuição mais ampla pelos pontos.<br />
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17
Tabela 3 - Distribuição e abundância das espécies nos pontos de amostragem na<br />
área de influência da <strong>UHE</strong> São Simão, em setembro de 2005.<br />
Espécie SSI-01 SSI-02 SSI-03 SSI-04<br />
1 Astyanax altiparanae 8 1 5<br />
2 Charax cf. leticiae 3<br />
3 Cichla sp. 5 1 1<br />
4 Galeocharax knerii 3<br />
5 Geophagus surinamensis 5 12 1 3<br />
6 Hoplias malabaricus 4 7<br />
7 Hypostomus spp. 1<br />
8 Leporinus friderici 6 4 4<br />
9 Leporinus sp 1<br />
10 Megalancistrus parananus 1<br />
11 Oligosarcus paranensis 2 1<br />
12 Pimelodus fur 4<br />
13 Pimelodus maculatus 2 2 1<br />
14 Pirinampus pirinampu 1 1<br />
15 Raphiodon vulpinus 1<br />
16 Satanoperca pappaterra 8<br />
17 Plagioscion squamosissimus 7 33 12<br />
18 Serrasalmus spilopleura 2 2<br />
Total de Espécies 9 13 2 11<br />
5.3- Riqueza e diversidade<br />
A figura 5 apresenta os resultados de riqueza e diversidade de espécies de peixes nos<br />
quatro pontos de amostragem. Como as coletas qualitativas não obtiveram resultados, os dados<br />
se referem apenas às coletas quantitativas.<br />
Apesar do maior número de espécies (riqueza), o ponto SS-02 apresentou diversidade<br />
menor (H’= 1,8619) que SS-01 (H’= 2,1270) e SS-04 (H’= 2,0853) devido a alta freqüência de<br />
curvina (Plagioscion squamosissimus), ou seja, baixa equitabilidade, com 33 espécimes entre os<br />
76 coletados no ponto. O índice de diversidade em SS-03 (H’= 0,6365) é um reflexo da baixa<br />
riqueza e pode se aproximar dos demais pontos se amostrado em outros períodos do ano.<br />
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18
Riqueza e Diversidade H`<br />
14<br />
12<br />
10<br />
8<br />
6<br />
4<br />
2<br />
0<br />
<strong>UHE</strong> São Simão – Rio Paranaíba (Setembro/<strong>2006</strong>)<br />
SS-01 SS-02 SS-03 SS-04<br />
Figura 5 - Riqueza (azul) e diversidade (vermelho) verificados nos pontos<br />
amostrais na área de influência da <strong>UHE</strong> São Simão, em setembro de <strong>2006</strong>.<br />
5.4 – Análise da Similaridade Ictiofaunística<br />
A figura 6 apresenta a comparação entre Alves (<strong>2006</strong>) e o presente trabalho em relação<br />
às composições das espécies dos diferentes pontos de amostragem enquanto a figura 7 apresenta<br />
a comparação entre os pontos de amostragem do presente trabalho.<br />
Índice<br />
<strong>UHE</strong> São Simão – Rio Paranaíba (Setembro/<strong>2006</strong>)<br />
0,8<br />
0,6<br />
0,4<br />
0,2<br />
0<br />
0,275<br />
Índice de Similaridade<br />
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0,5<br />
0,235<br />
0,695<br />
SSI-01 SSI-02 SSI-03 SSI-04<br />
Pontos <strong>UHE</strong> São Simão<br />
Figura 6 - Comparação da composição de espécies pelo Índice de Similaridade de<br />
Sorensen por diferentes pontos de amostragem entre o presente trabalho e Alves<br />
(<strong>2006</strong>) na área de influência da <strong>UHE</strong> São Simão.<br />
19
A pequena similaridade entre as coletas deve-se a baixa amostragem do presente<br />
trabalho, evidenciado pelos pontos com menos espécies. O ponto SS-04, único ponto a jusante<br />
da <strong>UHE</strong>, foi o que apresentou menos espécies em Alves (<strong>2006</strong>) (n = 12), enquanto aqui foram<br />
registradas 11 espécies, sendo provavelmente o menos afetado pela baixa da barragem e,<br />
conseqüentemente, o que atingiu maior similaridade.<br />
<strong>UHE</strong> São Simão – Rio Paranaíba (Setembro/<strong>2006</strong>)<br />
1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0<br />
SSI - 02<br />
SSI - 04<br />
SSI - 01<br />
SSI - 03<br />
Figura 7 - Dendrograma de similaridade ictiofaunística entre os pontos de<br />
amostragem na área de influência da <strong>UHE</strong> São Simão, em setembro de <strong>2006</strong>.<br />
Pode-se observar uma dissimilaridade entre SSI – 03 e os demais pontos superior a 0,8,<br />
provavelmente como reflexo da baixa amostragem. Segundo Alves (<strong>2006</strong>) SSI – 03 e SSI – 04<br />
apresentam as comunidades mais semelhantes entre si, o que é esperado devido a proximidade<br />
geográfica. Entretanto, SSI – 04 é o único ponto a jusante da barragem, podendo apresentar uma<br />
ictiofauna característica, impedida de migrar a montante da <strong>UHE</strong> devido a falta de mecanismos<br />
de transposição. No presente trabalho as duas espécies de cascudos foram as únicas que<br />
ocorreram somente no ponto SSI – 04, não corroborando a hipótese de barreira para migração.<br />
Aqui, SSI – 01 encontra-se numa posição intermediária, mas, por tratar-se de um trecho<br />
lótico, com condições diferentes daquelas impostas pelo represamento, é plausível apresentar<br />
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uma composição diferenciada, como apresentado por Alves (<strong>2006</strong>). Mais uma vez essa condição<br />
deve ter sido viesada (estatisticamente tendenciosa) pela baixa amostragem em SSI – 03.<br />
Um índice adicional que poderia medir a conectividade entre os pontos amostrados seria<br />
uma análise molecular. Utilizando-se de marcadores moleculares com baixos custos (RAPD,<br />
ISSR) poder-se-ia estimar a similaridade genética de uma espécie entre os pontos de<br />
amostragem. As espécies de Astyanax são sempre abundantes neste tipo de estudo e, para<br />
execução de uma análise genética paralela seria necessário apenas um esforço de pesca extra<br />
(obtenção de cerca de 20 indivíduos por ponto), voltado para esta espécie.<br />
Além do agrupamento entre as populações, um acompanhamento anual da diversidade<br />
genética poderia revelar reflexos de mudanças bióticas e abióticas na área de influência das<br />
<strong>UHE</strong>s, não perceptíveis apenas nas amostragens por comunidades. Essa filosofia reflete o<br />
conceito de biodiversidade, que pode ser entendida como a variação em níveis de ecossistemas,<br />
diversidade específica e diversidade genética.<br />
5.5 – Dados biométricos e CPUEs<br />
Tabela 4 - Número de indivíduos, amplitudes de comprimento padrão (CP, em centímetros)<br />
e peso corporal (PC, em gramas) e biomassa total por espécie capturada na área de<br />
influência da <strong>UHE</strong> São Simão, em setembro de <strong>2006</strong>.<br />
Espécies N<br />
CP<br />
Min<br />
CP<br />
Máx PC Min PC Máx<br />
Biomassa<br />
Total<br />
Astyanax altiparanae 14 8 9,5 5 10 117,00<br />
Charax cf. leticiae 3 10 13 10 15 38,00<br />
Cichla sp. 7 15 21 27 117 547,00<br />
Galeocharax knerii 3 13 17 60 110 250,00<br />
Geophagus surinamensis 22 7,5 20,5 5 108 958,00<br />
Hoplias malabaricus 11 12 44 30 900 2869,00<br />
Hypostomus spp. 1 10,5 10,5 22 22,00 22,00<br />
Leporinus friderici 14 15 27 50 412 2341,00<br />
Leporinus sp 1 12 12 21 21 21,00<br />
Megalancistrus parananus 1 38 38 1475 1475 1475,00<br />
Oligosarcus paranensis 3 17 18,5 50 130 280,00<br />
Pimelodus fur 4 17 22,5 70 287 569,00<br />
Pimelodus maculatus 5 12 41,5 10 1410 1830,00<br />
Pirinampus pirinampu 2 17,5 38,5 32 850 882,00<br />
Raphiodon vulpinus 1 37 37 273 273 273,00<br />
Satanoperca pappaterra 8 11 16,5 17 121 616,50<br />
Plagioscion squamosissimus 52 11 32 10 575 7307,00<br />
Serrasalmus spilopleura 4 7 10,5 5 30 63,00<br />
Total 156 - - - - 20.458,50<br />
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21
Número de indivíduos<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
<strong>UHE</strong> São Simão – Rio Paranaíba (Setembro/<strong>2006</strong>)<br />
M. parananus<br />
A. altiparanae<br />
C.leticiae<br />
Cichla sp.<br />
G. knerii<br />
G. surinamensis<br />
H. malabaricus<br />
Hypostomus spp.<br />
L. friderici<br />
Leporinus sp<br />
O. paranensis<br />
P. fur<br />
P. maculatus<br />
P. pirinampu<br />
R. vulpinus<br />
S. pappaterra<br />
P. squamosissimus<br />
S. spilopleura<br />
Figura 8 - Número de indivíduos por espécie, na área da <strong>UHE</strong> São Simão, em setembro de <strong>2006</strong>.<br />
Biomassa (em g)<br />
8000<br />
7000<br />
6000<br />
5000<br />
4000<br />
3000<br />
2000<br />
1000<br />
0<br />
M. parananus<br />
A. altiparanae<br />
C.leticiae<br />
Cichla sp.<br />
G. knerii<br />
G. surinamensis<br />
H. malabaricus<br />
Hypostomus spp.<br />
L. friderici<br />
Leporinus sp<br />
O. paranensis<br />
P. fur<br />
P. maculatus<br />
P. pirinampu<br />
R. vulpinus<br />
S. pappaterra<br />
P. squamosissimus<br />
S. spilopleura<br />
Figura 9 - Biomassa por espécie (g), na área da <strong>UHE</strong> São Simão, em setembro de <strong>2006</strong>.<br />
As espécies mais abundantes em número foram a curvina (Plagioscion squamosissimus)<br />
e o acará (Geophagus surinamensis). Em biomassa, as 3 espécies mais representativas foram a<br />
curvina (Plagioscion squamosissimus), a traíra (Hoplias malabaricus), e o piau-três-pintas<br />
(Leporinus friderici). Os maiores indivíduos foram um cascudo-abacaxi (Megalancistrus<br />
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parananus) e um mandi-amarelo (Pimelodus maculatus). Os dados são apresentados na tabela 4<br />
e figuras 8 e 9.<br />
5.5.1 - Análise de Captura por Unidade de Esforço (CPUE) em número e biomassa:<br />
A análise da Captura por Unidade de Esforço (CPUE) em número e biomassa por local<br />
de amostragem é apresentada nas figuras 10 e 11, respectivamente.<br />
Valor CPUE(n)<br />
20,00<br />
15,00<br />
10,00<br />
5,00<br />
0,00<br />
<strong>UHE</strong> São Simão – Rio Paranaíba (Setembro/<strong>2006</strong>)<br />
9,62<br />
CPUE(n) (ind/100m²)<br />
16,24<br />
0,64<br />
5,13<br />
SSI-01 SSI-02 SSI-03 SSI-04<br />
Pontos <strong>UHE</strong> São Simão<br />
Figura 10 - Captura por Unidade de Esforço (CPUE), em número, por local<br />
de amostragem na área da <strong>UHE</strong> São Simão, em setembro de <strong>2006</strong>.<br />
Na área da <strong>UHE</strong> São Simão os pontos do reservatório SSI- 01 e SSI 02 foram os que<br />
mais se destacaram na capturas em número, além de também terem expressiva captura em<br />
biomassa. Já no ponto SSI-04, há concentração de espécies de maior porte, destacadamente<br />
piscívoros, ou seja, mesmo com uma relativamente baixa CPUEn o ponto se mostrou<br />
suficientemente alto em produção de biomassa.<br />
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Valor CPUE(b)<br />
<strong>UHE</strong> São Simão – Rio Paranaíba (Setembro/<strong>2006</strong>)<br />
2<br />
1,5<br />
1<br />
0,5<br />
0<br />
1,26<br />
CPUE(b) (kg/100m²)<br />
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1,75<br />
0,355<br />
1,02<br />
SSI-01 SSI-02 SSI-03 SSI-04<br />
Pontos <strong>UHE</strong> São Simão<br />
Figura 11 - Captura por Unidade de Esforço (CPUE), em biomassa,<br />
por local de amostragem na área da <strong>UHE</strong> São Simão, em setembro de<br />
<strong>2006</strong>.<br />
5.6- Análise da Atividade reprodutiva<br />
Inicialmente, é importante ressaltar que as análises a serem apresentadas refletem as<br />
condições reprodutivas das espécies na época da amostragem setembro é um mês caracterizado<br />
pelo início do período chuvoso e aumento das temperaturas, com mais disponibilidade de<br />
alimentos através do incremento de nutrientes que ocorre nas épocas de cheias, determinante<br />
para o ritmo reprodutivo dos peixes. A duração e a época da desova são afetadas por essa<br />
disponibilidade alimentar, além de fatores bióticos como a predação e a competição inter e<br />
intra-especifica. Em geral, o período reprodutivo é de novembro a fevereiro. Em outubro os<br />
peixes se encontram em processo de maturação gonadal, para que a desova ocorra alguns meses<br />
adiante.<br />
Foram analisadas 94% dos indivíduos capturados nas amostragens quantitativas. Essa<br />
parcela dos exemplares coletados foi diagnosticada quanto a parâmetros reprodutivos. Em<br />
campo, o levantamento foi macroscópico e nos casos duvidosos esse diagnóstico foi confirmado<br />
em laboratório. Escalas disponíveis na literatura (Godinho,1984; Vazzoler, 1996) foram<br />
adaptadas para determinação dos estádios de maturação gonadal (EMG) das espécies de<br />
interesse: as mais freqüentes e aquelas migradoras ou reofílicas, de maior importância para o<br />
24
presente estudo. Dessa forma, foram considerados os seguintes estádios: (1) repouso<br />
reprodutivo, (2) maturação inicial, (3) maturação avançada, e (4) desovado/esgotado.<br />
Os indivíduos em estádio de repouso representaram cerca de 54,48% do total, 55,29%<br />
machos e 44,71% fêmeas, e entre eles estão os jovens, exemplares de pequeno porte que ainda<br />
não entraram em processo de maturação. Houve um pequeno aumento desse estádio em relação<br />
ao levantamento anterior, o que pode refletir a época (setembro) de coleta, devido à algumas<br />
espécies ainda não entrarem em seu processo de maturação gonadal. Vale atentar, que alguns<br />
grupos de peixes são extremamente sensíveis a mudanças ambientais, reagindo negativamente<br />
de forma brusca e sendo assim, podem estar passando sob uma forte pressão seletiva. Dentre<br />
eles podemos destacar algumas espécies de caráter econômico como os Brycon natterei,<br />
(piracanjuba), Brycon orbignyanus (pacu-prata), Prochilodus lineatus (curimatá) e o Leporinus<br />
elongatus (piau verdadeiro) no qual nenhuma destas espécies foram amostradas na presente<br />
coleta, mas apresentam o registro de ocorrência para o rio Paranaiba. Dados na literatura<br />
(Lamas, 1993), constatam que estas espécies sofrem com problemas de barramentos e podem<br />
não estar se adaptando as novas condições ambientais impostas, sendo assim, não completando<br />
o seu ciclo reprodutivo, o que pode indicar perda da sua diversidade. Tais resultados não foram<br />
comprovados neste estudo, mas novos estudos mais específicos poderiam ser realizados nesse<br />
sentido.<br />
Vale lembrar que isso não se aplica a todos os grupos, já que em alguns, a migração e a<br />
desova estão associadas a uma época restrita do ano, desovando uma única vez, em uma grande<br />
quantidade de ovos, que eclodem rapidamente e não são assistidos pelos pais.<br />
No outro oposto, verificou-se que cerca de 45% dos espécimes capturados (dos quais<br />
36,6% são machos e 63,4% são fêmeas) apresentaram-se nos estádios de maturação<br />
intermediária e avançada. Isto pode se dever, ao fato de que as condições e pressões ambientais<br />
impostas, até agora, não influenciaram severamente no período reprodutivo de alguns grupos,<br />
sendo diferenciados pela sua capacidade de resistir a mudanças ambientais. Em se tratando<br />
especificamente do estádio 4 esgotado podemos inferir que algumas espécies têm vários ciclos<br />
reprodutivos durante grande parte do ano (reprodução múltipla) o que poderia indicar que<br />
alguns indivíduos estariam então no final de um dos seus ciclos.<br />
Em geral, vale ressaltar, que o período reprodutivo é de novembro a fevereiro o que pode<br />
está refletindo a alta incidência do estagio de repouso já que a maturidade reprodutiva poderia<br />
ser iniciada no mês seguinte (outubro).<br />
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25
As figuras 12 e 13 representam a freqüência dos Estádios de Maturação Gonadal (EMG)<br />
em machos e fêmeas, respectivamente, das espécies de peixes registradas na área de influência<br />
da <strong>UHE</strong> São Simão.<br />
Frequência (%)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
<strong>UHE</strong> São Simão – Rio Paranaíba (Setembro/<strong>2006</strong>)<br />
64,38<br />
Atividade Reprodutiva (Machos)<br />
27,39<br />
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8,36<br />
1 2 3 4<br />
Estádios de Maturação Gonadal<br />
Figura 12 - Freqüência relativa dos Estádios de Maturação Gonadal, das<br />
espécies (machos) capturadas na área de influência da <strong>UHE</strong> São Simão, em<br />
setembro de <strong>2006</strong>.<br />
Frequência (%)<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
<strong>UHE</strong> São Simão – Rio Paranaíba (Setembro/<strong>2006</strong>)<br />
Atividade Reprodutiva (Fêmeas)<br />
45,79<br />
31,33<br />
19,28<br />
1 2 3 4<br />
Estádios de Maturação Gonadal<br />
Figura 13 - Freqüência relativa dos Estádios de Maturação Gonadal, das<br />
espécies (fêmeas) capturadas na área de influência da <strong>UHE</strong> São Simão, em<br />
setembro de <strong>2006</strong>.<br />
0<br />
3,6<br />
26
5.7 – Diagnóstico da atividade profissional e artesanal de pesca no reservatório<br />
Os dados apresentados nesse item foram coletados através de entrevistas com pescadores<br />
profissionais ao longo do Rio Paranaíba, nas áreas de influência da usina de São Simão e<br />
complementados por relatório do Instituto Estadual de Florestas (IEF, 2003). A pesca é uma<br />
atividade típica da região estudada. Tanto a pesca esportiva quanto a comercial são atividades<br />
disseminadas por toda a bacia e alguns afluentes principais. Sinais de declínio da pesca podem<br />
ser observados pela queda do numero de pescadores, segundo entrevistas, e pelo maior controle<br />
e fiscalização por parte dos órgãos responsáveis (IEF, IBAMA e Polícia Ambiental). Também é<br />
de conhecimento geral que o estado de Goiás possui um aparato mais rígido nesse quesito.<br />
Espécies de maior porte, geralmente migradoras, e as que ocorrem em maior abundância são<br />
aquelas que apresentam maior importância comercial.<br />
Outra informação relevante se refere à pesca esportiva. Essa atividade foi incrementada<br />
após a introdução e estabelecimento do tucunaré (Cichla sp.), principalmente na área de São<br />
Simão. O tucunaré foi uma das espécies mais introduzidas nas usinas hidrelétricas brasileiras<br />
tanto para pesca de caráter econômico já que este possui um valor comercial relevante, como<br />
para repovoamento de estoques pesqueiros. Esta espécie introduzida é ictiófaga, proveniente da<br />
bacia do rio Amazonas e vem causando o declínio de espécies nativas, predando-as ou<br />
competindo com outras de mesmo habito alimentar (Latini e Petrere., 2003). Os dados da pesca<br />
profissional atestam esse fato.<br />
Essa situação também se repete na área de outros reservatórios da bacia do rio Paranaíba,<br />
caso do Itumbiara. Na região estão localizadas duas colônias de pesca: Cachoeira Dourada -<br />
GO (Z-07) e Chaveslândia – MG (Z-08). Segundo o IEF, a primeira possui 403 pescadores e a<br />
segunda 600 pescadores cadastrados. O levantamento do IEF aponta ainda dados quantitativos<br />
de desembarque pesqueiro no ano de 2003 na região do rio Paranaíba, por espécie e município<br />
(Tabela 5). As espécies mais importantes são o mandi, curimba, traíra, piau, cascudos (acaris),<br />
barbado e tucunaré. As quatro primeiras são nativas da bacia. O barbado, cuja colonização na<br />
região parece ser recente, apesar de ocorrer naturalmente em trechos do baixo Paranaíba e no rio<br />
Paraná, e o tucunaré que é uma espécie exótica (proveniente da bacia amazônica) merecem<br />
destaque. Os peixes de maior valor comercial, surubim (pintado) e dourado, possuem pouca<br />
relevância no total desembarcado. Pescadores mais antigos relatam que eram mais abundantes<br />
no passado, Alves (<strong>2006</strong>).<br />
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27
Tabela 5 - Desembarque pesqueiro, por espécie e município, na região do rio Paranaíba (em kg), no ano de<br />
2003.<br />
Espécie Cachoeira<br />
Dourada<br />
Ipiaçú Santa Vitória Grupiara TOTAL<br />
Mandi 28.800 5.520 123.420 154.740<br />
Curimatá 40.800 10.100 69.428 30.210 150.538<br />
Traíra 800 250 89.140 7.000 97.190<br />
Piau 11.000 6.200 64.457 81.657<br />
Acari 1.080 300 72.857 74.237<br />
Barbado 15.440 5.000 32.550 52.990<br />
Tucunaré 41.142 5.250 46.392<br />
Surubim 3.200 1.100 9.428 18.678<br />
Corvina 2.340 1.600 8.297 395 12.237<br />
Jaú 1.800 280 3.428 2.560 50903<br />
Pacu-caranha 2.000 750 3.650 5.310<br />
Piranha 2.034 3.650<br />
Dourado 1.200 2.034<br />
Tambaqui 1.150 1.200<br />
Piracanjuba 1.150<br />
104.260 31.100 514.147 58.399 707.906<br />
5.7.1 - Entrevista com os Pescadores<br />
Foram entrevistados alguns pescadores profissionais na Colônia de Pescadores de<br />
Chaveslândia como Kelven Aparecido de Almeida e José Ferreira de Oliveira. Todos vivem da<br />
pesca, e também usam esse pescado como complemento alimentar. A pesca é realizada<br />
diariamente, e é praticada com petrechos como vara de bambu, vara com molinete, espinhel,<br />
linhada de mão, rede de emalhar (8-24 cm) e tarrafa. As iscas utilizadas são minhoca, carne,<br />
milho, peixe, massinha, fígado e iscas artificiais. Os locais do rio Paranaíba de maior<br />
preferência variam de acordo com a época do ano. Na época de seca, por exemplo, a represa de<br />
São Simão é o local preferido.<br />
Segundo os pescadores, os peixes têm diminuído muito nos últimos anos, com<br />
desaparecimento de algumas espécies como dourado, pintado, juripoca e o surubim. Essa<br />
situação leva os pescadores a se deslocarem o dia todo com os barcos e não pescarem nada, ou<br />
somente um peixe. Por outro lado, algumas espécies que antes não eram comuns nessa região,<br />
apareceram nos últimos anos, tais como tilápia, cará, tucunaré, curvina, piranha, cachara e<br />
barbado.<br />
Algumas sugestões foram dadas para a melhoria da pesca e proteção do rio Paranaíba,<br />
como proibição da pesca na época reprodutiva e construção de escadas em usinas, para que os<br />
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peixes possam subir na época da piracema. Porém, segundo os pescadores, não basta proibir a<br />
pesca durante a piracema se eles não receberem nenhum incentivo, pois se essa prática é<br />
realizada para a sua subsistência, eles não terão renda durante tal período.<br />
A implementação de um programa de criação de espécies nativas de interesse comercial<br />
pode ser uma consideração para melhoria nas condições de subsistências para comunidades<br />
ribeirinhas. Uma sugestão é a criação de lambaris, já que são encontrados em grandes<br />
quantidades. Estes servem tanto como iscas para predadores, alimentos para mesas de bar<br />
(petiscos) e possui facilidade para cultivo. Reproduzem-se com facilidade, se adaptam bem as<br />
condições adversas e não são precisos muitos cuidados para produzir lambaris de qualidade.<br />
Não é preciso de tanques grandes, desde que sejam afunilados e redondos para movimentação e<br />
oxigenação da água. Sabemos que a criação desses peixes está relacionada às condições de<br />
temperatura e águas boas circulantes e quentes. Estes se alimentam de uma a vasta variedade de<br />
alimentos ajudando na diminuição do custo.<br />
Sabemos que só com a conscientização e apoio das comunidades locais pode-se chegar a<br />
resultados mais positivos e encorajadores para a recuperação não só das espécies importantes<br />
comercialmente como também das espécies nativas, um patrimônio que será vital pra futuras<br />
gerações.<br />
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29
6 - CONCLUSÕES<br />
Este trabalho junto com os anteriores vem permitindo levantar o conhecimento acerca da<br />
ictiofauna sob a influência da <strong>UHE</strong> São Simão. Aqui, foram registradas apenas 18 espécies,<br />
cerca de 14 % do total conhecido para toda a bacia do rio Paranaíba, o que parece ser reflexo do<br />
baixo nível da barragem, apenas 40 % de sua capacidade, que prejudicou a obtenção de<br />
espécimes na coleta qualitativa. O ponto próximo à barragem foi o mais afetado pelo baixo nível<br />
da represa, com apenas duas espécies amostradas e baixa similaridade com a coleta do ano<br />
anterior. O ponto SSI – 02, no terço médio do reservatório, foi o que apresentou maior número<br />
de espécies, mas não foi o trecho de maior diversidade, devido a um desproporcional número de<br />
Plagioscion squamosissimus. Esforços de amostragem em outras estações do ano e em outros<br />
tipos de ambientes, como lagoas marginais e afluentes, podem trazer mais informações<br />
biológicas, ampliar a lista atual e minimizar erros de sazonalidade da coleta.<br />
O presente trabalho é bastante relevante, podendo encorajar e estimular projetos de<br />
pesquisa futuros como, por exemplo, estratégias de manejo e medidas de adoção para a<br />
conservação e uso do recurso pesqueiro, tendo também como vista certos conhecimentos sobre<br />
as variáveis ecológicas, fisiológicas e comportamentais importantes para definir como uma<br />
população sobrevive e se reproduz. Pesquisas futuras com outras ferramentas poderão ser<br />
realizadas em parceria com universidades, dentre elas o estudo sobre a genética de populações<br />
de peixes, que pode fornecer uma melhor elucidação sobre a estruturação de populações<br />
selvagens ou cultivadas para se saber sua origem e características peculiares tais com sucesso<br />
reprodutivo, taxa de divergências genéticas entre populações, migração seleção natural e seus<br />
eventos históricos.<br />
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30
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33
8- ANEXOS<br />
Anexo 1 – Fotos de peixes amostrados na área de influência da <strong>UHE</strong> São Simão<br />
Figura 14 – Geophagus surinamensis Figura 15 – Satonoperca pappaterra<br />
Figura 16 - Leporinus friderici Figura 17- Charax cf. leticiae<br />
Figura 18- Pimelodus fur Figura 19 – Cichla sp.; Astyanax altiparanae;<br />
e Serrasalmus spilopleura<br />
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34
Anexo 2 - Lista atualizada das espécies de peixes do rio Paranaíba, com base nos dados<br />
atuais da literatura disponível<br />
Espécie<br />
Godinho<br />
et al.,<br />
1991<br />
Bazzoli<br />
et al.,<br />
1991<br />
Alves &<br />
Santos,<br />
1997<br />
Dergam et<br />
al., 1999<br />
Calha<br />
Dergam et<br />
al., 1999<br />
Total<br />
Santos,<br />
1999<br />
1 Acestrorhyncus lacustris X X X X X X<br />
2 Ageneiosus valenciennesi X X X<br />
3 Apareiodon affinis X X X X<br />
4 Apareiodon ibitiensis X X<br />
5 Apareiodon piracicabae X X X X X<br />
6 Aphyocarax cf. anisitsi X X X<br />
7 Apteronotus brasiliensis X X X<br />
8 Astronotus ocellatus<br />
Acamari, casa 123 - Acamari - Viçosa - MG 36570-000 - (31)3891-7798/3892-5944(fax) - tecneves@uai.com.br<br />
Vono,<br />
2002<br />
Alves,<br />
C.B.M,<br />
2005<br />
9 Astyanax altiparanae X X X X X X X X X<br />
10 Astyanax eigenmaniorum X<br />
11 Astyanax fasciatus X X X X X X X X X<br />
12 Astyanax scabripinnis X X<br />
13 Astyanax schubartii X<br />
14 Astyanax sp. X<br />
15 Brycon nattereri X X<br />
16 Brycon orbignyanus X X X<br />
17 Bryconamericus stramineus X X X<br />
18 Cetopsorhamdia iheringi X<br />
19 Characidium aff. Zebra X X<br />
20 Characidium fasciatum X X<br />
21 Characidium sp. X<br />
22 Charax cf. leticiae X X<br />
23 Cichla sp. X X X X X X X<br />
24 Cichlasoma facetum X<br />
25 Cichlasoma paranaense X X X<br />
26 Corydoras sp. X<br />
27 Crenicichla haroldoi X X<br />
28 Crenicichla jaguarensis X<br />
29 Crenicichla sp. X<br />
30 Ctenopharyngodno idella X<br />
31 Cyphocharax gillii X<br />
32 Cyphocharax modestus X X X<br />
33 Cyphocarax nagelii X X X X<br />
34 Cyprinus carpio X<br />
35 Eigenmannia virescens X X X X<br />
36 Erythrinus erythrinus<br />
37 Galeocharax knerii X X X X X X X X<br />
38 Geophagus brasiliensis X X<br />
39 Geophagus surinamensis X X X X X<br />
40 Gymnotus carapo X X X X<br />
41 Hemigrammus marginatus X X X<br />
35<br />
Neves<br />
<strong>2006</strong>
42 Hemisorubim platyrhynchos X X<br />
43 Heptapterus sp. 1 X<br />
44 Heptapterus sp. 2 X<br />
45 Hoplerithryinus unitaeniatus X X<br />
46 Hoplias lacerdae X X X X X X<br />
47 Hoplias malabaricus X X X X X X X X X<br />
48 Hoplosternum littorale X X X X<br />
49 Hyphessobrycon eques X<br />
50 Hyphessobrycon sp. X<br />
51 Hypostomus albopuctatus X<br />
52 Hypostomus ancistroides X<br />
53 Hypostomus cf. margaritifer X<br />
54 Hypostomus cf. strigaticeps X<br />
55 Hypostomus variipidus X<br />
56 Hypostomus ssp. X X X X X X X X X<br />
57 Iheringichthys labrosus X X X X X X<br />
58 Leporellus vittatus X X X X X<br />
59 Leporinus amblyrhynchus X X X<br />
60 Leporinus elongatus X X X X X X X<br />
61 Leporinus friderici X X X X X X X X X<br />
62 Leporinus lacustris X X X<br />
63 Leporinus macrocephalus X<br />
64 Leporinus microphthalmus X<br />
65 Leporinus obtusidens X<br />
66 Leporinus octofasciatus X X X X X X X X<br />
67 Leporinus paranensis X<br />
68 Leporinus sp. X X X X X X<br />
69 Leporinus striatus X X<br />
70 Liposarcus cf. anisitsi<br />
71 Loricaria cf.carinata X<br />
72 Loricariichthys sp. X<br />
73 Megalancistrus parananus X X X X X X<br />
74 Megalonema platanus X<br />
75 Metynnis maculatus X X X X X<br />
76 Microlepidogaster sp. X<br />
77 Micropterus salmoides X<br />
78 Moenkhausia intermedia X X X X X<br />
79 Myleus tiete X X X X X<br />
80 Nannorhamdia schubarti X<br />
81 Neoplecostomus paranensis X X<br />
82 Odontostilbe microcephala X X X<br />
83 Oligosarcus paranensis X X<br />
84 Oligosarcus pintoi X<br />
85 Oreochromis sp. X<br />
86 Parauchenipterus galeatus X<br />
87 Paradon tortuosus X X X<br />
88 Phalloceros caudimaculatus X<br />
89 Piabina argentea X X X<br />
Acamari, casa 123 - Acamari - Viçosa - MG 36570-000 - (31)3891-7798/3892-5944(fax) - tecneves@uai.com.br<br />
36
90 Piaractus mesopotamicus X<br />
91 Pimelodella sp. X X X X X<br />
92 Pimelodus cf.blochii X<br />
93 Pimelodus fur X X X X X X X X<br />
94 Pimelodus maculatus X X X X X X X X X<br />
95 Pimelodus paranaensis X X X X<br />
96 Pirinampus pirinampu X X X X<br />
97 Plagioscion squamosissimus X X X X<br />
98 Planaltina myersi X<br />
99 Poecillia reticulata X<br />
100 Prochilodus lineatus X X X X X X X X<br />
101 Pseudauchenipterus nodosus X<br />
102 Pseudocetopsis gobioides X<br />
103 Pseudopimelodus mangurus X X X X<br />
104 Pseudoplatystoma corruscans X X X X X<br />
105 Rhamdia quelen X X X X X<br />
106 Rhaphiodon vulpinus X X X X<br />
107 Rhinodoras dorbignyi X X X X X X X<br />
108 Rineloricaria latirostris X X<br />
109 Salminus hilarii X X X X X X X X<br />
110 Salminus maxillosus X X X X<br />
111 Satanoperca pappaterra X X X X X X<br />
112 Schizodon altoparanae X<br />
113 Schizodon borellii X X X<br />
114 Schizodon nasutus X X X X X X X X X<br />
115 Serrapinnus heterodon X X<br />
116 Serrapinnus notomelas X X X<br />
117 Serrasalmus spilopleura X X X X X X X X<br />
118 Steindachneridion scripta X<br />
119 Steindachnerina corumbae X<br />
120 Steindachnerina insculpta X X X X X<br />
121 Sternopygus macrurus X<br />
122 Synbranchus marmotatus X<br />
123 Tatia aulopygia X<br />
124 Tatia neivai X<br />
125 Tilapia rendalli X X X X<br />
126 Trichomycterus sp.1 X<br />
127 Trichomycterus sp.2 X<br />
128 Triportheus cf. angulatus X<br />
129 Zungaro jahu X X<br />
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Anexo 3 – Modelo de questionário aplicado a pescadores ribeirinhos ao reservatório <strong>UHE</strong><br />
São Simão.<br />
Caracterização da Pesca e do pescador do Rio Paranaíba, Reservatório da <strong>UHE</strong> São Simão<br />
Data: Período: ( ) Dia da Semana:<br />
Nº questionário : Entrevistador:<br />
1. Estação:<br />
Entrevistado:<br />
2. Sexo e idade:<br />
2.1 Feminino adulto ( )<br />
2.2 Masculino adulto ( )<br />
2.3 Feminino jovem ( )<br />
2.4 Masculino jovem ( )<br />
3. Condição social, renda:<br />
3.1 Desempregado ( )<br />
3.2 Menos de 1 salário mínimo ( )<br />
3.3 1 salário mínimo ( )<br />
3.4 de 1 até 2 salários mínimos ( )<br />
3.5 de 2 a 3 salários mínimos ( )<br />
3.6 de 3 até 4 salários mínimos ( )<br />
3.7 mais de 4 salários mínimos ( )<br />
4. Escolaridade:<br />
4.1 Analfabeto ( )<br />
4.2 1º grau incompleto ( )<br />
4.3 1º grau completo ( )<br />
4.4 2º grau incompleto ( )<br />
4.5 2º grau completo ( )<br />
4.6 Superior ( )<br />
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38
5. Petrecho de pesca:<br />
5.1 vara de bambu ( )<br />
5.2 vara com molinete ( )<br />
5.3 Espinhel ( )<br />
5.4 Linhada de mão ( )<br />
5.5 rede de emalhar ( )<br />
5.6 tarrafa ( )<br />
5.6 peneira ( )<br />
5.8 outros ( ) qual?<br />
6. Tipo de isca:<br />
6.1 Minhoca ( ) motivo:<br />
6.2 Carne ( ) motivo:<br />
6.3 Milho ( ) motivo:<br />
6.4 Peixe ( ) motivo:<br />
6.5 Massinha ( ) motivo:<br />
6.6 Artificial ( ) motivo:<br />
6.7 Outro ( ) qual?<br />
7. Tipo de pesca praticada:<br />
7.1 Esportiva ( ) 7.2 Subsistência ( ) 7.3 Profissional ( )<br />
8. Utiliza o pescado como complemento alimentar?<br />
8.1 Sempre ( ) 8.2 às vezes ( ) 8.3 Nunca ( )<br />
9. Com que freqüência você costuma vir ao Rio Paranaíba?<br />
9.1 Diariamente ( ) 9.2 Semanalmente ( ) 9.3 Mensalmente ( ) 9.4 Raramente ( )<br />
10. Quais os lugares do Rio Paranaíba você mais gosta de pescar?<br />
.<br />
11. Na sua opinião, nos últimos anos, a quantidade de peixes deste rio tem:<br />
11.1 Aumentado ( ) 11.2 Diminuído ( ) 11.3 Continua igual ( )<br />
Acamari, casa 123 - Acamari - Viçosa - MG 36570-000 - (31)3891-7798/3892-5944(fax) - tecneves@uai.com.br<br />
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12. Tem algum tipo de peixe que era freqüente e desapareceu? Qual?<br />
13. Apareceram novas espécies? Quais?<br />
14. Sugestões para a melhoria da pesca e proteção do Rio Paranaíba.<br />
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