Doença de Petri da Videira - UTL Repository - Universidade Técnica ...
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2.4 PATOGÉNESE<br />
<strong>Doença</strong> <strong>de</strong> <strong>Petri</strong><br />
A severi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong>, numa vi<strong>de</strong>ira, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do local on<strong>de</strong> se iniciou a<br />
infecção e do tempo <strong>de</strong> actuação <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um dos fungos envolvidos na doença. Depen<strong>de</strong><br />
ain<strong>da</strong> <strong>da</strong> extensão <strong>da</strong> colonização, <strong>da</strong> predominância <strong>de</strong> um fungo em relação aos outros,<br />
<strong>da</strong> produção <strong>de</strong> metabolitos secundários por parte dos patogénios ou <strong>da</strong> planta e <strong>da</strong><br />
presença <strong>de</strong> enzimas constitutivas ou produzi<strong>da</strong>s em resposta à interacção fungo (s) -<br />
hospe<strong>de</strong>iro. Em vi<strong>de</strong>ira, os mecanismos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa mais conhecidos e melhor<br />
caracterizados são a acumulação <strong>de</strong> compostos fenólicos, que incluem taninos, ácidos<br />
fenólicos, flavonói<strong>de</strong>s e stilbenos, e a síntese <strong>de</strong> enzimas extracelulares (Jan<strong>de</strong>t et al.,<br />
2002; Del Rio et al., 2004). Vários grupos <strong>de</strong> fitoalexinas, que na vi<strong>de</strong>ira são compostos<br />
fenólicos, têm sido <strong>de</strong>scritos e a sua produção, por parte <strong>da</strong> planta, é consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> como<br />
um mecanismo importante <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa. A capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> que alguns fungos têm <strong>de</strong> <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>r<br />
os compostos fenólicos, como é o caso <strong>de</strong> Pa. chlamydospora (Bruno & Sparapano, 2006)<br />
po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> como uma estratégia importante utiliza<strong>da</strong> pelo fungo para<br />
ultrapassar esta barreira química do hospe<strong>de</strong>iro, facilitando a sua colonização. Estas<br />
estratégias po<strong>de</strong>m ain<strong>da</strong> incluir a produção <strong>de</strong> enzimas <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>tivas ou mecanismos <strong>de</strong><br />
fluxo que previnam a acumulação <strong>de</strong> compostos intracelulares com acção anti-fúngica.<br />
As enzimas têm um papel importante na manifestação <strong>de</strong> sintomas por parte do<br />
hospe<strong>de</strong>iro. Marchi et al. (2001) <strong>de</strong>tectaram a produção <strong>de</strong> enzimas como a<br />
poligalacturonase e polimetilgalacturonase, conheci<strong>da</strong>s por promoverem o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento do fungo no hospe<strong>de</strong>iro. Estas enzimas atacam a lenhina <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ndo-a.<br />
Outras enzimas, tais como a peroxi<strong>da</strong>se <strong>da</strong> lenhina, a lacase (Mugnai et al., 1997; Del<br />
Rio et al., 2004) ou a tanase (Freitas et al., 2009) têm sido igualmente <strong>de</strong>scritas e, no<br />
seu conjunto, irão permitir um melhor crescimento dos fungos no tecido lenhoso, ou por<br />
<strong>de</strong>gra<strong>da</strong>rem compostos antimicrobianos (ex., taninos e resveratrol) ou por contribuírem<br />
para a <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> constituintes do lenho (ex. lenhina, através <strong>da</strong> lacase ou <strong>da</strong><br />
peroxi<strong>da</strong>se).<br />
Parte <strong>da</strong> sintomatologia exibi<strong>da</strong> pelas vi<strong>de</strong>iras com doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong> ou esca (em vinhas<br />
adultas) é atribuí<strong>da</strong> ao efeito <strong>de</strong> toxinas: pululanas e compostos <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong><br />
naftalenonas (Sparapano et al., 2000; Abou-Mansour et al., 2004). Supõe-se que as<br />
toxinas sejam produzi<strong>da</strong>s nos locais <strong>de</strong> infecção/colonização <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira e circulem no<br />
xilema, acumulando-se em folhas e frutos, on<strong>de</strong> os sintomas se manifestam (Mugnai et<br />
al., 1999). Foi <strong>de</strong>monstrado que as pontuações necróticas nos bagos se <strong>de</strong>vem a grupos<br />
<strong>de</strong> células epidérmicas e hipodérmicas, próximas <strong>da</strong> parte terminal dos vasos xilémicos.<br />
Também se supõe que po<strong>de</strong>m resultar <strong>da</strong> difusão pelo sistema vascular <strong>de</strong> enzimas<br />
oxi<strong>da</strong>tivas, ou ain<strong>da</strong>, <strong>da</strong> translocação para o epicarpo <strong>de</strong> toxinas fúngicas, produzi<strong>da</strong>s<br />
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