Doença de Petri da Videira - UTL Repository - Universidade Técnica ...
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Introdução<br />
Em Portugal a doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong> começou a ser relata<strong>da</strong> pela primeira vez na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
90, na sequência <strong>de</strong> um intensivo esforço <strong>de</strong> replantação <strong>de</strong> vinhas velhas e com baixa<br />
produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, por novos encepamentos, o que obrigou a um aumento <strong>da</strong> produção <strong>de</strong><br />
materiais <strong>de</strong> propagação vegetativa a nível nacional e ao incremento <strong>de</strong> trocas<br />
comerciais internas e externas. Rego et al. (2000) referiram pela primeira vez os fungos<br />
Pa. chlamydospora e Pm. aleophilum, num estudo feito na região do Ribatejo e Oeste e<br />
na Beira Litoral, em que avaliaram a situação fitossanitária <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> propagação<br />
vegetativa <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira e <strong>de</strong> materiais doentes provenientes <strong>de</strong> vinhas jovens.<br />
Paralelamente, Chicau et al. (2000) referiram a presença <strong>de</strong>stes fungos na região dos<br />
Vinhos Ver<strong>de</strong>s e na Região Noroeste <strong>de</strong> Portugal.<br />
Interessa salientar que os fungos referidos, Phaeoacremonium spp. e Pa. chlamydospora<br />
são hoje em dia consi<strong>de</strong>rados os principais agentes causais <strong>da</strong> esca <strong>da</strong> vi<strong>de</strong>ira, embora<br />
outros fungos surjam também associados a esta doença, <strong>de</strong>signa<strong>da</strong>mente<br />
basidiomicetas, responsáveis pela podridão branca <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira (Fomitiporia spp. e, em<br />
menor extensão Stereum hirsutum) (Mostert et al., 2006). Consi<strong>de</strong>ra-se, por isso, que<br />
vi<strong>de</strong>iras muito jovens infecta<strong>da</strong>s por Pa. chlamydospora (doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong>), <strong>de</strong>senvolverão<br />
a curto prazo sintomas <strong>de</strong> esca (Surico et al., 2006). Por conseguinte, a doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong><br />
e a esca <strong>da</strong> vi<strong>de</strong>ira (“proper”) estão interliga<strong>da</strong>s, partilham agentes causais, sendo esta<br />
última mais comum em vi<strong>de</strong>iras adultas, exibindo sintomas <strong>de</strong> “amadou”, ou podridão<br />
branca, resultante <strong>da</strong> acção <strong>de</strong> fungos basidiomicetas.<br />
A esca <strong>da</strong> vinha é praticamente conheci<strong>da</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que as vi<strong>de</strong>iras são cultiva<strong>da</strong>s. É uma<br />
doença complexa que inclui uma diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sintomas, pelos quais a doença é<br />
também conheci<strong>da</strong>, como por exemplo apoplexia ou no caso <strong>da</strong> Califórnia sarampo preto,<br />
<strong>de</strong>vido às pontuações negras que os bagos apresentam quando infectados (Mugnai et al.,<br />
1999). A pesquisa <strong>da</strong> etiologia <strong>de</strong>sta doença, iniciou-se no fim do século XIX em França e<br />
po<strong>de</strong> ser dividi<strong>da</strong> em três períodos.<br />
O primeiro período começou em 1898 com Ravaz e terminou em 1926 com Viala. Estes<br />
autores concluíram que Stereum hirsutum (Willd.) Pers. e Phellinus igniarius (L.:Fr.)<br />
Quél. eram os agentes causais <strong>da</strong> esca. Contudo, não o conseguiram <strong>de</strong>monstrar através<br />
<strong>de</strong> testes <strong>de</strong> patogenici<strong>da</strong><strong>de</strong>. Em 1912 em Itália, <strong>Petri</strong> conseguiu reproduzir alguns<br />
sintomas internos <strong>da</strong> esca com duas espécies in<strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Cephalosporium e<br />
Acremonium que também foram associados com a doença.<br />
Em 1912 na Sicília, <strong>Petri</strong> conduziu uma pesquisa que não era especificamente dirigi<strong>da</strong> à<br />
esca mas sim a problemas do <strong>de</strong>clínio <strong>da</strong> vinha provocado pela filoxera. Observou<br />
acastanhamentos ao longo do sistema vascular <strong>de</strong> vinhas em <strong>de</strong>clínio acompanha<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />
formação <strong>de</strong> goma em tecidos lenhosos. Das estrias castanhas isolou consistentemente<br />
duas espécies <strong>de</strong> Cephalosporium e uma <strong>de</strong> Acremonium. Os três fungos revelaram ser<br />
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