Doença de Petri da Videira - UTL Repository - Universidade Técnica ...
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<strong>Doença</strong> <strong>de</strong> <strong>Petri</strong> <strong>da</strong> Vi<strong>de</strong>ira:<br />
Avaliação <strong>da</strong> eficácia <strong>de</strong> fungici<strong>da</strong>s na protecção <strong>de</strong><br />
feri<strong>da</strong>s <strong>de</strong> po<strong>da</strong><br />
Patrícia Sofia Gonçalves Carvalho Pinto<br />
Dissertação para obtenção do Grau <strong>de</strong> Mestre em<br />
Engenharia Agronómica<br />
Orientador: Licencia<strong>da</strong> Maria Cecília Nunes Farinha Rego<br />
Co-orientador: Doutora Maria Helena Men<strong>de</strong>s <strong>da</strong> Costa Ferreira Correia <strong>de</strong> Oliveira<br />
Júri:<br />
Presi<strong>de</strong>nte: Doutora Cristina Maria Moniz Simões <strong>de</strong> Oliveira, Professora Associa<strong>da</strong> do<br />
Instituto Superior <strong>de</strong> Agronomia <strong>da</strong> Universa<strong>de</strong> <strong>Técnica</strong> <strong>de</strong> Lisboa<br />
Vogais: Doutora Maria Helena Men<strong>de</strong>s <strong>da</strong> Costa Ferreira Correia <strong>de</strong> Oliveira, Professora<br />
Associa<strong>da</strong> do Instituto Superior <strong>de</strong> Agronomia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Técnica</strong> <strong>de</strong> Lisboa<br />
- Doutor Arlindo Lima, Professor Auxiliar do Instituto Superior <strong>de</strong> Agronomia <strong>da</strong><br />
Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Técnica</strong> <strong>de</strong> Lisboa<br />
- Doutor Pedro Manuel Vieira Talhinhas, Investigador Auxiliar do Centro <strong>de</strong> Investigação<br />
<strong>da</strong>s Ferrugens do Cafeeiro do Instituto <strong>de</strong> Investigação Científica Tropical<br />
- Licencia<strong>da</strong> Maria Cecília Nunes Farinha Rego, Investigadora Auxiliar do Instituto<br />
Superior <strong>de</strong> Agronomia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Técnica</strong> <strong>de</strong> Lisboa<br />
Lisboa, 2010
AGRADECIMENTOS<br />
À Eng.ª Cecília Rego, que me orientou neste trabalho e me sugeriu este tema. Um<br />
especial agra<strong>de</strong>cimento pelo seu apoio, pelos ensinamentos e disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, que tornou<br />
a execução <strong>de</strong>ste trabalho possível. Um obrigado ain<strong>da</strong> pelas boas conversas, pela<br />
amiza<strong>de</strong> e pelos bons momentos passados ao longo <strong>de</strong>stes meses.<br />
À Prof. Doutora Helena Oliveira, co-orientadora <strong>de</strong>ste trabalho, pela simpatia,<br />
disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e apoio <strong>de</strong>monstrado, pela aju<strong>da</strong> na revisão do manuscrito e também pela<br />
indicação do caminho a seguir para começar este trabalho e por todos os ensinamentos<br />
ao longo do curso.<br />
Quero também agra<strong>de</strong>cer a disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> total e aju<strong>da</strong> na parte <strong>de</strong> biologia molecular, à<br />
Eng.ª Teresa Nascimento, por to<strong>da</strong> a paciência e esclarecimentos que se dispôs a<br />
fornecer, um muito obrigado. À Eng.ª Ana Cabral e Dr. Damiano Vesentini, um<br />
agra<strong>de</strong>cimento, pelas sugestões e aju<strong>da</strong>s também nesta área.<br />
A todos os funcionários do Laboratório <strong>de</strong> Patologia Vegetal “Veríssimo <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong>”,<br />
Amélia Marques, Olga Nogueira e Joaquim Antunes, por to<strong>da</strong> a aju<strong>da</strong> presta<strong>da</strong> nos<br />
trabalhos <strong>de</strong> laboratório e estufa executados ao longo <strong>de</strong>ste trabalho.<br />
Um especial agra<strong>de</strong>cimento ao colegas, Pedro Reis e Eng.ª Ana Teresa Vaz, pela enorme<br />
disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e aju<strong>da</strong> presta<strong>da</strong>s ao longo <strong>de</strong>stes meses.<br />
A to<strong>da</strong> a minha família e amigos pelo apoio, incentivo e carinho ao longo <strong>da</strong> minha vi<strong>da</strong> e<br />
principalmente nesta etapa.<br />
Ao mano para além do apoio e carinho um muito obrigado pela paciência e aju<strong>da</strong>,<br />
quando necessário praticar as apresentações orais, sem ti também isto não seria<br />
possível.<br />
Ao André pelo companheirismo, incentivo e por me escutar e apoiar em momentos mais<br />
difíceis, ao longo <strong>de</strong>stes anos. Um obrigado especial pela aju<strong>da</strong> e instrução na<br />
formatação e finalização <strong>de</strong>ste trabalho e em tantos outros, em que sempre te mostraste<br />
disponível e feliz por aju<strong>da</strong>r.<br />
Por fim, mas sem duvi<strong>da</strong> os mais importantes, aos meus Pais os meus pilares, pelo<br />
esforço, amor e <strong>de</strong>dicação que me <strong>de</strong>ram em to<strong>da</strong> a minha vi<strong>da</strong>, pelo que me<br />
proporcionaram e ensinaram tornando-me na pessoa que sou hoje, um gran<strong>de</strong> Obrigado.<br />
Sem o vosso apoio e incentivo, em momentos difíceis e <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> forças para continuar,<br />
nunca teria conseguido chegar até aqui.<br />
A todos MUITO OBRIGADA.<br />
I
RESUMO<br />
Phaeomoniella (Pa.) chlamydospora e Phaeoacremonium spp., são os agentes causais <strong>da</strong><br />
esca <strong>da</strong> vi<strong>de</strong>ira e <strong>da</strong> doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong>, em vi<strong>de</strong>iras jovens. A importância económica<br />
<strong>de</strong>stas doenças tem vindo a aumentar dramaticamente a nível mundial, tendo-se<br />
igualmente intensificado os estudos a seu propósito. No presente trabalho, confirmou-se<br />
a patogenici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sete isolados <strong>de</strong> Pa. chlamydospora em vi<strong>de</strong>iras Touriga Nacional,<br />
utilizando dois métodos <strong>de</strong> inoculação: discos miceliais e suspensões <strong>de</strong> esporos. A<br />
inoculação por discos miceliais revelou-se significativamente mais eficiente, pela maior<br />
dimensão <strong>da</strong>s necroses produzi<strong>da</strong>s e pela mais eleva<strong>da</strong> percentagem <strong>de</strong> reisolamento.<br />
Não se registaram diferenças <strong>de</strong> virulência entre isolados. Avaliou-se a eficácia <strong>de</strong><br />
fungici<strong>da</strong>s na protecção <strong>de</strong> feri<strong>da</strong>s <strong>de</strong> po<strong>da</strong>, nas castas Touriga Nacional e Syrah, usando<br />
como referência carben<strong>da</strong>zime+flusilazol (Escudo ® ). Entre os parâmetros avaliados, a<br />
percentagem <strong>de</strong> reisolamento e/ou a <strong>de</strong>tecção do patogénio por nested-PCR foram as<br />
que se revelaram mais fi<strong>de</strong>dignas. Observou-se que a colonização <strong>da</strong> vi<strong>de</strong>ira ocorria<br />
principalmente acima e abaixo do 3º nó. Para a casta Syrah, duas mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
reduziram significativamente a percentagem <strong>de</strong> reisolamento <strong>de</strong> Pa. chlamydospora,<br />
comparativamente à testemunha, não diferindo porém do fungici<strong>da</strong>-referência. Para a<br />
casta Touriga Nacional, apenas uma mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> proporcionou melhores resultados.<br />
Palavras-chave: Vitis vinifera, Phaeomoniella chlamydospora, Phaeoacremonium spp.,<br />
patogenici<strong>da</strong><strong>de</strong>, meios-<strong>de</strong>-luta.<br />
II
ABSTRACT<br />
<strong>Petri</strong> disease of grapevine: Evaluation of fungici<strong>de</strong> efficacy in the protection of<br />
pruning wounds.<br />
Phaeomoniella (Pa.) chlamydospora and Phaeoacremonium spp. are responsible for<br />
causing black measles (esca) and <strong>Petri</strong> disease of mature and young grapevines,<br />
respectively. The economic importance of these diseases has increased dramatically<br />
worldwi<strong>de</strong>, thus explaining why they have long been the subject of intense research. In<br />
this study, the pathogenicity of seven isolates of Pa. chlamydospora to Touriga Nacional<br />
vines was confirmed, using two methods of inoculation, spore suspensions and mycelial<br />
discs. The inoculation by mycelial discs was significantly more efficient, by the largest<br />
size of the necroses produced and the highest percentage of reisolation. There were no<br />
differences in virulence among isolates. The efficacy of fungici<strong>de</strong>s in the protection of<br />
pruning wounds was evaluated in the varieties Touriga Nacional and Syrah, using<br />
carben<strong>da</strong>zim+flusilazole as reference. Among the parameters evaluated, the percentage<br />
of reisolation and/or the <strong>de</strong>tection of the pathogen by nested-PCR were those which<br />
proved to be the most reliable. It was observed that the colonization of the vine occurred<br />
mainly above and below the 3rd no<strong>de</strong>. For the Syrah grape variety, two treatments<br />
significantly reduced the percentage of reisolation of Pa. chlamydospora compared to the<br />
control, but they did not differ from the reference fungici<strong>de</strong>. For Touriga Nacional, only<br />
one treatment was comparable to the reference (carben<strong>da</strong>zim+flusilazol).<br />
Key – words: Vitis vinifera, <strong>Petri</strong> disease, Phaeomoniella chlamydospora,<br />
Phaeoacremonium spp., pathogenicity, disease control.<br />
III
EXTENDED ABSTRACT<br />
Several species of Phaeoacremonium and the species Phaeomoniella chlamydospora are<br />
the causing agents of <strong>Petri</strong> disease in grapevines. These fungi also play an important role<br />
in the esca complex pathology. In recent years, these diseases have been responsible for<br />
sizeable <strong>da</strong>mages and losses in the production of table grapes and wine production.<br />
Therefore, it becomes imperative to advance the knowledge on these diseases, for better<br />
un<strong>de</strong>rstanding of their behavior and possible disease control.<br />
In the present study, the pathogenicity of seven isolates of Pa. chlamydospora was<br />
studied. For one of these isolates, studies were also carried out in the field to assess the<br />
efficiency of new fungici<strong>da</strong>l products. Pathogenicity tests were carried out with all the<br />
seven isolates in potted grapevine plants (in vivo assays) of the cultivar Touriga<br />
Nacional, growing un<strong>de</strong>r greenhouse conditions during four months in or<strong>de</strong>r to register<br />
canker <strong>de</strong>velopment and to perform re-isolations. Two infection methods were tested,<br />
using either mycelial fragments as inoculum (agar plugs) or spore suspensions (from<br />
liquid cultures). Pathogenicity was confirmed for all the isolates of Pa. chlamydospora,<br />
relative to control plants, which were not inoculated. It was possible to re-isolate Pa.<br />
chlamydospora from all inoculated plants, while the percentage of re-isolation for not<br />
inoculated plants was null. Isolate PL 2 produced the longest necroses. The highest<br />
percentages of re-isolation were obtained with isolate T21 L330 when inoculation<br />
occurred with spore suspensions or with isolate T16 L299 when inoculation occurred with<br />
mycelial disks. The best percentage of re-isolation was observed when mycelial disks<br />
were used as inoculum.<br />
The efficacy of six new fungici<strong>de</strong> formulations was tested un<strong>de</strong>r field conditions for the<br />
cultivars Syrah and Touriga Nacional. Results were compared to those obtained from<br />
plants treated with carben<strong>da</strong>zim+flusilazol (Escudo ® ), which was used as a stan<strong>da</strong>rd.<br />
Products were applied once on the pruning wound. For each treatment, 18 replicates (1-<br />
yr-old shoots) were used, which were inoculated with a spore suspension prepared from<br />
250 mL malt extract medium inoculated with 3 mm diameter agar plugs cut from the<br />
edge of colonies growing un<strong>de</strong>r <strong>da</strong>rkness at 20ºC. Liquid cultures were incubated for 14<br />
<strong>da</strong>ys on a reciprocal shaker at 90 rpm, filtrated and then diluted with SDW to a final<br />
concentration of 10 5 spores mL -1 . Inoculation of test plants occurred one <strong>da</strong>y after<br />
fungici<strong>da</strong>l application. Approximately 50 µL of the spore suspension of Pa. chlamydospora<br />
were applied on each pruning wound and the inoculated wounds were protected with<br />
“Parafilm”.<br />
Assessments were performed six months after inoculation by observation of the internal<br />
symptoms, browning tissues or presence of necroses. The length of the shoots, the<br />
IV
length from cut to the 3rd bud and the length of 1st plus 2nd interno<strong>de</strong>s were registered,<br />
as was the length of the necroses. Re-isolations were ma<strong>de</strong> for all replicates and for all<br />
experimental and control treatments. Each shoot was divi<strong>de</strong>d in different segments,<br />
<strong>de</strong>pending on the length of the necrosis, and re-isolation was ma<strong>de</strong> from each segment<br />
by taking five pieces of symptomatic wood tissue and placing them onto PDA plates, with<br />
250mg L -1 chloramphenicol.<br />
Conclusions were drawn based on the percentage of re-isolation, as these gave a more<br />
precise i<strong>de</strong>a of the efficacy of the fungici<strong>de</strong>s. For cv. Syrah all treatments revealed a level<br />
of re-isolation lower or similar to the reference carben<strong>da</strong>zim+flusilazol, except for the<br />
BUC 74700F F and BUC 40300 F treatments (8 and 6, respectively). However, when the<br />
prevention and slowing down of the disease progression were consi<strong>de</strong>red, the best<br />
results were obtained for treatments 3 (BUC 31300 F) and 7 (BUC 61700 F). In these<br />
cases Pa. chlamydospora was not reisolated from the segment 4. For cv. Touriga<br />
Nacional only treatment 7 (BUC 61700 F) was able to provi<strong>de</strong> a lower or similar level of<br />
fungal re-isolation than carben<strong>da</strong>zim+flusilazol. In this case, however, when prevention<br />
or slowing down the disease progression was consi<strong>de</strong>red, the best treatment was 7 (BUC<br />
61700 F). This was the only treatment from which Pa. chlamydospora was not re-<br />
isolated.<br />
To complement the classical method of re-isolation, a molecular approach based on<br />
nested-PCR method was used, in or<strong>de</strong>r to confirm the presence of Pa. chlamydospora in<br />
the grapevine wood tissues. This method involves two sets of primers, used in two<br />
successive runs of polymerase chain reaction. The first set (ITS4 and ITSF1) was used to<br />
amplify a fragment of the ITS region of fungi, and the second set (Pch1 and Pch2) to<br />
amplify, within the first run product, a specific fragment of 360 pb from the ITS region of<br />
Pa. chlamydospora. The results obtained by nested-PCR were not always in agreement<br />
with those obtained from the re-isolation method, but in general the PCR-based method<br />
was more sensitive.<br />
V
ÍNDICE<br />
AGRADECIMENTOS .............................................................................................. I<br />
RESUMO............................................................................................................. II<br />
ABSTRACT ........................................................................................................III<br />
EXTENDED ABSTRACT ....................................................................................... IV<br />
ÍNDICE ............................................................................................................. VI<br />
ÍNDICE DE FIGURAS ...................................................................................... VIII<br />
ÍNDICE DE QUADROS.......................................................................................... X<br />
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1<br />
2. DOENÇA DE PETRI ........................................................................................ 4<br />
2.1 AGENTES CAUSAIS ......................................................................................... 4<br />
2.1.1 Taxonomia ............................................................................................ 4<br />
2.1.2 Distribuição geográfica ...........................................................................10<br />
2.2 DETECÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DOS AGENTES CAUSAIS ................................................11<br />
2.3 SINTOMAS DA DOENÇA ...................................................................................11<br />
2.4 PATOGÉNESE ..............................................................................................14<br />
2.5 BIOECOLOGIA DE PHAEOMONIELLA E PHAEOACREMONIUM ..........................................15<br />
2.6 MEIOS DE LUTA ...........................................................................................17<br />
2.6.1 Luta cultural .........................................................................................18<br />
2.6.2 Luta física e biológica .............................................................................18<br />
2.6.3 Luta química .........................................................................................19<br />
2.7 OBJECTIVOS ...............................................................................................21<br />
3. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................... 22<br />
3.1 ISOLADOS EM ESTUDO ...................................................................................22<br />
3.2 ESTUDO DA PATOGENICIDADE DOS ISOLADOS DE PHAEOMONIELLA CHLAMYDOSPORA EM<br />
PLANTAS DE VIDEIRA ..............................................................................................22<br />
3.2.1 Obtenção do material vegetal .................................................................22<br />
3.2.2 Produção <strong>de</strong> inóculo, inoculação e condições <strong>de</strong> incubação .........................23<br />
3.2.3 Parâmetros avaliados .............................................................................24<br />
3.3 ENSAIOS DE CAMPO DE CAMPO PARA AVALIAÇÃO DE EFICÁCIA DE FUNGICIDAS NA PROTECÇÃO DE<br />
FERIDAS DE PODA ..................................................................................................25<br />
3.3.1 Avaliação <strong>da</strong> existência <strong>de</strong> necroses ........................................................26<br />
3.3.2 Extracção <strong>de</strong> DNA .................................................................................27<br />
VI
3.3.3 Detecção <strong>de</strong> Phaeomoniella chlamydospora por nested - PCR .....................28<br />
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 30<br />
4.1 PATOGENICIDADE DOS ISOLADOS DE PHAEOMONIELLA CHLAMYDOSPORA EM PLANTAS DE<br />
VIDEIRA .............................................................................................................30<br />
4.1.1 Dimensão <strong>da</strong>s necroses forma<strong>da</strong>s nos lançamentos em resultado do método<br />
<strong>de</strong> inoculação .................................................................................................30<br />
4.1.2 Percentagem <strong>de</strong> reisolamento .................................................................33<br />
4.2 ENSAIOS DE CAMPO – EFICÁCIA DE FUNGICIDAS NO TRATAMENTO DE FERIDAS DE PODA .......35<br />
4.2.1 Comprimento <strong>da</strong>s varas e dos entrenós ....................................................37<br />
4.2.2 Extensão <strong>da</strong>s necroses nas varas ............................................................37<br />
4.2.3 Percentagem <strong>de</strong> reisolamento <strong>de</strong> phaeomoniella chlamydospora .................41<br />
4.2.4 Detecção Molecular................................................................................44<br />
5. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS .................................................................. 46<br />
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 49<br />
ANEXOS ............................................................................................................ 58<br />
ANEXO A ............................................................................................................59<br />
ANEXO B ............................................................................................................62<br />
ANEXO C ............................................................................................................66<br />
VII
ÍNDICE DE FIGURAS<br />
Figura 2.1. Colónia <strong>de</strong> Phaeoacremonium aleophilum, em meio gelosado <strong>de</strong> extracto <strong>de</strong><br />
malte. .............................................................................................................. 7<br />
Figura 2.2. Exemplo <strong>de</strong> uma colónia <strong>de</strong> Phaeomoniella chlamydospora em gelose <strong>de</strong><br />
batata <strong>de</strong>xtrosa<strong>da</strong>. ............................................................................................ 9<br />
Figura 2.3. Sintomas produzidos por Phaeomoniella chlamydopora, em sarmentos,<br />
troncos e folhas. ...............................................................................................13<br />
Figura 3.1. Aspecto <strong>da</strong> feri<strong>da</strong> efectua<strong>da</strong> com um anel cortante num pâmpano <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira<br />
<strong>da</strong> casta Touriga Nacional (A) e <strong>da</strong> protecção <strong>da</strong> feri<strong>da</strong> com algodão e “Parafilm”(B),<br />
após inoculação com um isolado <strong>de</strong> Phaeomoniella chlamydospora. ........................24<br />
Figura 3.2. Aspecto geral dos ensaios <strong>de</strong> patogenici<strong>da</strong><strong>de</strong>; plantas <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira <strong>da</strong> casta<br />
Touriga Nacional inocula<strong>da</strong>s com isolados <strong>de</strong> Phaeomoniella chlamydospora (10<br />
repetições), manti<strong>da</strong>s durante 4 meses em estufa <strong>de</strong> campo, sob condições <strong>de</strong><br />
temperatura diurna <strong>de</strong> 24 ± 5ºC e nocturna <strong>de</strong> 18ºC e aproxima<strong>da</strong>mente 12 horas <strong>de</strong><br />
luz solar. .........................................................................................................24<br />
Figura 3.3. Ilustração do modo como foi efectua<strong>da</strong> a divisão dos lançamentos <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira<br />
usados para ensaios <strong>de</strong> fungici<strong>da</strong>s em feri<strong>da</strong>s <strong>de</strong> po<strong>da</strong>. .........................................27<br />
Figura 4.1. Sintomas causados por Phaeomoniella chlamydospora em sarmentos <strong>de</strong><br />
vi<strong>de</strong>ira e folhas <strong>da</strong> casta Touriga Nacional quatro meses após inoculação. ...............30<br />
Figura 4.2. Aspecto <strong>da</strong> necrose <strong>de</strong> um ramo inoculado com Phaeomoniella<br />
chlamydospora, em plantas envasa<strong>da</strong>s <strong>da</strong> casta Touriga Nacional, ao fim <strong>de</strong> quatro<br />
meses <strong>de</strong> incubação. .........................................................................................31<br />
Figura 4.3. Aspecto geral <strong>da</strong>s vi<strong>de</strong>iras <strong>da</strong>s castas Syrah e Touriga Nacional, seis meses<br />
após o tratamento <strong>da</strong>s feri<strong>da</strong>s <strong>da</strong> po<strong>da</strong> com diferentes fungici<strong>da</strong>s e inoculação com<br />
Phaeomoniella chlamydospora. ...........................................................................36<br />
Figura 4.4. Valores médios <strong>da</strong> percentagem <strong>de</strong> necrose que ultrapassam o 3º nó para a<br />
casta Syrah. ....................................................................................................39<br />
Figura 4.5. Valores médios <strong>da</strong> percentagem <strong>de</strong> necrose que ultrapassam o 3º nó, para a<br />
casta Touriga Nacional. .....................................................................................39<br />
Figura 4.6. Valores médios para a percentagem <strong>de</strong> necrose nas varas inocula<strong>da</strong>s com<br />
Phaeomoniella chlamydospora que ultrapassam do 2º nó, para a casta Syrah. .........40<br />
VIII
Figura 4.7. Valores médios para a percentagem <strong>de</strong> necroses nas varas inocula<strong>da</strong>s com<br />
Phaeomoniella chlamydospora que ultrapassam o 2º nó, para a casta Touriga<br />
Nacional. .........................................................................................................40<br />
Figura 4.8. Valores médios <strong>da</strong>s percentagens <strong>de</strong> reisolamento <strong>de</strong> Phaeomoniella<br />
chlamydospora obtidos a partir <strong>da</strong>s varas inocula<strong>da</strong>s <strong>da</strong> casta Syrah, consoante a<br />
mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fungici<strong>da</strong>. ...................................................................................41<br />
Figura 4.9. Valores médios <strong>da</strong>s percentagens <strong>de</strong> reisolamento <strong>de</strong> Phaeomoniella<br />
chlamydospora obtidos a partir <strong>da</strong>s varas inocula<strong>da</strong>s <strong>da</strong> casta Touriga Nacional,<br />
consoante a mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> do fungici<strong>da</strong>. .................................................................42<br />
Figura 4.10. Exemplo <strong>de</strong> Nested-PCR obtido com os primers Pch1 e Pch2, para a<br />
Phaeomoniella chlamydospora, para os tratamentos 2, 4, 3, 5 e 8. M – Marcador<br />
molecular “123 pb DNA Lad<strong>de</strong>r” (GibcoBRL). ........................................................45<br />
IX
ÍNDICE DE QUADROS<br />
Quadro 2.1. Lista <strong>da</strong>s espécies <strong>de</strong> Phaeoacremonium (Pm.) e Phaeomoniella (Pa.) que<br />
atacam a vi<strong>de</strong>ira e locais on<strong>de</strong> já foram assinala<strong>da</strong>s. .............................................10<br />
Quadro 3.1. Origem dos isolados <strong>de</strong> Phaeomoniella chlamydospora utilizados nos ensaios<br />
<strong>de</strong> patogenici<strong>da</strong><strong>de</strong> ............................................................................................22<br />
Quadro 3.2. Níveis em que foram divididos os talões. ................................................26<br />
Quadro 4.1. Dimensão média <strong>da</strong>s necroses obti<strong>da</strong>s em plantas <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira <strong>da</strong> casta Touriga<br />
Nacional por inoculação <strong>de</strong> uma suspensão <strong>de</strong> esporos ou <strong>de</strong> discos miceliais <strong>de</strong> Pa.<br />
chlamydospora. ................................................................................................32<br />
Quadro 4.2. Comparação <strong>da</strong> dimensão média <strong>da</strong>s necroses obti<strong>da</strong>s em sarmentos <strong>de</strong><br />
plantas <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira <strong>da</strong> casta Touriga Nacional, <strong>de</strong> acordo com o método <strong>de</strong> inoculação:<br />
suspensão <strong>de</strong> esporos ou discos miceliais <strong>de</strong> Pa. chlamydospora. ...........................32<br />
Quadro 4.3. Percentagem média <strong>de</strong> reisolamento <strong>de</strong> Phaeomoniella chlamydospora, a<br />
partir <strong>de</strong> sarmentos <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira <strong>da</strong> casta Touriga Nacional inoculados com diferentes<br />
isolados suspensão <strong>de</strong> esporos ou discos miceliais do fungo (teste <strong>de</strong> Tuckey HSD). .34<br />
Quadro 4.4. Comparação dos dois métodos <strong>de</strong> inoculação em estudo (suspensão <strong>de</strong><br />
esporos ou discos miceliais) na percentagem <strong>de</strong> reisolamento <strong>de</strong> Phaeomoniella<br />
chlamydospora (teste <strong>de</strong> Tuckey HSD). ...............................................................34<br />
Quadro 4.5. Comprimento médio <strong>da</strong>s varas e entrenós para as castas Syrah e Touriga<br />
Nacional. .........................................................................................................37<br />
Quadro 4.6. Valores médios <strong>da</strong> extensão <strong>da</strong>s necroses para as castas Syrah e Touriga<br />
Nacional (Teste <strong>de</strong> Tuckey HSD). ........................................................................38<br />
Quadro 4.7. Percentagem <strong>de</strong> reisolamento <strong>de</strong> Pa. chlamydospora para ca<strong>da</strong> região <strong>da</strong><br />
vara e para ca<strong>da</strong> tratamento na casta Syrah. .......................................................43<br />
Quadro 4.8. Percentagem <strong>de</strong> reisolamento <strong>de</strong> Pa. chlamydospora para ca<strong>da</strong> região <strong>da</strong><br />
vara e para ca<strong>da</strong> tratamento na casta Touriga Nacional. ........................................43<br />
Quadro 4.9. Resultados positivos obtidos através <strong>da</strong> <strong>de</strong>tecção por Nested-PCR e por<br />
reisolamento <strong>de</strong> Pa. chlamydospora e sua comparação para a casta Syrah. .............44<br />
X
LISTA DE ABREVIATURA<br />
ANOVA - análise <strong>de</strong> variância<br />
DNA - Ácido Desoxirribonucleico<br />
DPPF - Departamento <strong>de</strong> Protecção <strong>da</strong>s Plantas e Fitoecologia<br />
dNTP - Desoxirribonucleótidos trifosfatados<br />
EDTA - Ácido Etilenodiaminotetracético<br />
ISA - Instituto Superior <strong>de</strong> Agronomia<br />
LPVVA - Laboratório <strong>de</strong> Patologia Vegetal "Veríssimo <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong>"<br />
MEA - Gelose <strong>de</strong> Extracto <strong>de</strong> Malte<br />
OA - Gelose <strong>de</strong> Aveia<br />
Pa. - Phaeomoniella<br />
pb - pares <strong>de</strong> bases<br />
Pch - Phaeomoniella chlamydospora<br />
PCR - Reacção em ca<strong>de</strong>ia <strong>da</strong> Polimerase<br />
PDA - Gelose <strong>de</strong> batata <strong>de</strong>xtrosa<strong>da</strong><br />
PI – Protecção Integra<strong>da</strong><br />
Pm. – Phaeoacremonium<br />
PVP - Polivinilpirrolidona<br />
rDNA – DNA ribossomal<br />
SDW – Água Destila<strong>da</strong> e Esteriliza<strong>da</strong><br />
TBE - Tris + Ácido Bórico + Ácido Etilenodiaminotetracético<br />
TE – Tris + Ácido clorídrico + Ácido Etilenodiaminotetracético<br />
XI
1. INTRODUÇÃO<br />
Introdução<br />
A doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong>, apesar <strong>de</strong> recente, é bem conheci<strong>da</strong> em todo o mundo vitivinícola,<br />
pelos prejuízos avultados que provoca quer em vi<strong>de</strong>iras <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>s à produção <strong>de</strong> vinho<br />
quer em uva <strong>de</strong> mesa, reduzindo a sua viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, originando<br />
frequentemente a morte <strong>da</strong>s plantas doentes (Dubos & Larignon, 1988; Morton, 2000;<br />
Oliveira et al., 2004; Rego, 2004; Edwards et al., 2007a, b). A doença afecta vi<strong>de</strong>iras<br />
muito jovens, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a fase <strong>de</strong> viveiro, e vinhas recém planta<strong>da</strong>s. Quando a incidência e a<br />
severi<strong>da</strong><strong>de</strong> são eleva<strong>da</strong>s, o arranque <strong>da</strong>s mesmas é, com frequência, a única <strong>de</strong>cisão a<br />
tomar, uma vez que os custos associados à manutenção <strong>de</strong>ssas vinhas doentes se<br />
revelam incomportáveis.<br />
A importância económica que a doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong> tem assumido em todo o mundo,<br />
principalmente no <strong>de</strong>curso <strong>da</strong> última déca<strong>da</strong>, tem motivado a intensificação <strong>de</strong> estudos<br />
etiológicos que resultaram na i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> novas espécies <strong>de</strong> fungos a ela associados.<br />
Também um conjunto <strong>de</strong> estudos epi<strong>de</strong>miológicos levados a efeito por todo o mundo têm<br />
permitido compreen<strong>de</strong>r, ain<strong>da</strong> que parcialmente, aspectos relacionados com a origem e a<br />
dispersão do inóculo e as principais vias <strong>de</strong> penetração <strong>de</strong>stes agentes patogénicos na<br />
vi<strong>de</strong>ira. Este conhecimento abre, pois, novas perspectivas a uma possível estratégia <strong>de</strong><br />
luta contra a doença, <strong>de</strong>signa<strong>da</strong>mente através <strong>da</strong> protecção <strong>de</strong> feri<strong>da</strong>s <strong>da</strong> po<strong>da</strong>, uma vez<br />
que estas constituem uma <strong>da</strong>s principais vias <strong>de</strong> penetração dos agentes causais <strong>da</strong><br />
doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong>. A legislação europeia respeitante à produção e distribuição <strong>de</strong> materiais<br />
certificados não contempla nenhum dos fungos envolvidos no <strong>de</strong>clínio, pois não existem<br />
meios <strong>de</strong> luta eficazes contra os agentes. O progresso tem sido lento, mas é possível<br />
adoptar estratégias que minimizem os efeitos dos fungos e obter materiais <strong>de</strong> boa<br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong> sanitária. A legislação actual impe<strong>de</strong> a plantação <strong>de</strong> viveiros para a produção<br />
<strong>de</strong> bacelos e <strong>de</strong> bacelos enxertados durante 2 anos consecutivos, para diminuir infecção,<br />
principalmente no caso do Cylindrocarpon spp. (Oliveira et al., 2004).<br />
Fungos do género Phaeoacremonium (Pm.) e em particular Phaeomoniella (Pa.)<br />
chlamydospora estão na origem <strong>da</strong> doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong> (Mugnai et al., 1999). Sintomas<br />
atribuíveis a esta doença terão sido relatados pela primeira vez por <strong>Petri</strong> (1912), quando,<br />
a partir <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>iras apresentando estrias castanhas no lenho, foram isolados<br />
consistentemente três fungos dois do género Cephalosporium e um do género<br />
Acremonium. Baseando-se na <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> <strong>Petri</strong>, estes fungos foram referidos, mais<br />
tar<strong>de</strong>, como Phaeoacremonium chlamydosporum e Pm. aleophilum respectivamente<br />
(Mugnai et al., 1999), tendo a primeira <strong>de</strong>stas espécies sido posteriormente<br />
reclassifica<strong>da</strong> em Phaeomoniella chlamydospora (Crous & Gams, 2000).<br />
1
Introdução<br />
Em Portugal a doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong> começou a ser relata<strong>da</strong> pela primeira vez na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
90, na sequência <strong>de</strong> um intensivo esforço <strong>de</strong> replantação <strong>de</strong> vinhas velhas e com baixa<br />
produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, por novos encepamentos, o que obrigou a um aumento <strong>da</strong> produção <strong>de</strong><br />
materiais <strong>de</strong> propagação vegetativa a nível nacional e ao incremento <strong>de</strong> trocas<br />
comerciais internas e externas. Rego et al. (2000) referiram pela primeira vez os fungos<br />
Pa. chlamydospora e Pm. aleophilum, num estudo feito na região do Ribatejo e Oeste e<br />
na Beira Litoral, em que avaliaram a situação fitossanitária <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> propagação<br />
vegetativa <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira e <strong>de</strong> materiais doentes provenientes <strong>de</strong> vinhas jovens.<br />
Paralelamente, Chicau et al. (2000) referiram a presença <strong>de</strong>stes fungos na região dos<br />
Vinhos Ver<strong>de</strong>s e na Região Noroeste <strong>de</strong> Portugal.<br />
Interessa salientar que os fungos referidos, Phaeoacremonium spp. e Pa. chlamydospora<br />
são hoje em dia consi<strong>de</strong>rados os principais agentes causais <strong>da</strong> esca <strong>da</strong> vi<strong>de</strong>ira, embora<br />
outros fungos surjam também associados a esta doença, <strong>de</strong>signa<strong>da</strong>mente<br />
basidiomicetas, responsáveis pela podridão branca <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira (Fomitiporia spp. e, em<br />
menor extensão Stereum hirsutum) (Mostert et al., 2006). Consi<strong>de</strong>ra-se, por isso, que<br />
vi<strong>de</strong>iras muito jovens infecta<strong>da</strong>s por Pa. chlamydospora (doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong>), <strong>de</strong>senvolverão<br />
a curto prazo sintomas <strong>de</strong> esca (Surico et al., 2006). Por conseguinte, a doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong><br />
e a esca <strong>da</strong> vi<strong>de</strong>ira (“proper”) estão interliga<strong>da</strong>s, partilham agentes causais, sendo esta<br />
última mais comum em vi<strong>de</strong>iras adultas, exibindo sintomas <strong>de</strong> “amadou”, ou podridão<br />
branca, resultante <strong>da</strong> acção <strong>de</strong> fungos basidiomicetas.<br />
A esca <strong>da</strong> vinha é praticamente conheci<strong>da</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que as vi<strong>de</strong>iras são cultiva<strong>da</strong>s. É uma<br />
doença complexa que inclui uma diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sintomas, pelos quais a doença é<br />
também conheci<strong>da</strong>, como por exemplo apoplexia ou no caso <strong>da</strong> Califórnia sarampo preto,<br />
<strong>de</strong>vido às pontuações negras que os bagos apresentam quando infectados (Mugnai et al.,<br />
1999). A pesquisa <strong>da</strong> etiologia <strong>de</strong>sta doença, iniciou-se no fim do século XIX em França e<br />
po<strong>de</strong> ser dividi<strong>da</strong> em três períodos.<br />
O primeiro período começou em 1898 com Ravaz e terminou em 1926 com Viala. Estes<br />
autores concluíram que Stereum hirsutum (Willd.) Pers. e Phellinus igniarius (L.:Fr.)<br />
Quél. eram os agentes causais <strong>da</strong> esca. Contudo, não o conseguiram <strong>de</strong>monstrar através<br />
<strong>de</strong> testes <strong>de</strong> patogenici<strong>da</strong><strong>de</strong>. Em 1912 em Itália, <strong>Petri</strong> conseguiu reproduzir alguns<br />
sintomas internos <strong>da</strong> esca com duas espécies in<strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Cephalosporium e<br />
Acremonium que também foram associados com a doença.<br />
Em 1912 na Sicília, <strong>Petri</strong> conduziu uma pesquisa que não era especificamente dirigi<strong>da</strong> à<br />
esca mas sim a problemas do <strong>de</strong>clínio <strong>da</strong> vinha provocado pela filoxera. Observou<br />
acastanhamentos ao longo do sistema vascular <strong>de</strong> vinhas em <strong>de</strong>clínio acompanha<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />
formação <strong>de</strong> goma em tecidos lenhosos. Das estrias castanhas isolou consistentemente<br />
duas espécies <strong>de</strong> Cephalosporium e uma <strong>de</strong> Acremonium. Os três fungos revelaram ser<br />
2
Introdução<br />
patogénicos para a vi<strong>de</strong>ira, reproduzindo as estrias castanhas no lenho, anteriormente<br />
referi<strong>da</strong>s.<br />
O segundo período começou na Califórnia em 1957 com Hewitt e foi até 1959, quando<br />
Chiarappa <strong>de</strong>tectou a relação entre as manchas pretas que apareciam nos bagos<br />
(sarampo preto) e a morte do lenho. Também <strong>de</strong>monstrou que o fungo Cephalosporium<br />
sp. reproduzia in vivo alguns sintomas observados no lenho <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>iras doentes e que<br />
Phellinus ignarius (basidiomiceta) causava morte do lenho in vitro.<br />
O terceiro período iniciou-se com Larignon e Dubos, em 1987, que consi<strong>de</strong>raram a<br />
ocorrência <strong>de</strong> um complexo <strong>de</strong> fungos que actuavam sozinhos ou em conjunto com<br />
basiodiomicetas e que causavam a esca e doenças relaciona<strong>da</strong>s (Mugnai et al., 1999).<br />
Nos anos subsequentes os estudos sobre as doenças do lenho expandiram-se a Itália,<br />
África do Sul e Califórnia; as razões para este ressurgimento <strong>de</strong> interesse são duas, a<br />
primeira foi a restrição ou proibição do uso <strong>de</strong> arsenito <strong>de</strong> sódio para o controlo <strong>da</strong> esca e<br />
consequente aumento <strong>de</strong> incidência <strong>da</strong> doença. A segun<strong>da</strong> foi a <strong>de</strong>scoberta do <strong>de</strong>clínio<br />
<strong>da</strong>s vi<strong>de</strong>iras em muitas vinhas jovens. Em Portugal os sintomas <strong>de</strong> <strong>de</strong>clínio em vinhas<br />
jovens foram observados pela primeira vez no início dos anos 90, maioritariamente em<br />
áreas on<strong>de</strong> houve substituição <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>iras antigas por vi<strong>de</strong>iras novas (Rego et al., 2000).<br />
3
2. DOENÇA DE PETRI<br />
<strong>Doença</strong> <strong>de</strong> <strong>Petri</strong><br />
Tal como referido anteriormente, a doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong> foi <strong>de</strong>scoberta no início do século XX,<br />
na Sicília (<strong>Petri</strong>, 1912), sendo hoje em dia atribuí<strong>da</strong> essencialmente a Pa. chlamydospora<br />
e a várias espécies <strong>de</strong> Phaeoacremonium (Sheck et al., 1998; Mugnai et al., 1999;<br />
Groenewald et al., 2001). Provoca crescimento vegetativo reduzido e morte <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>iras<br />
jovens e vi<strong>de</strong>iras adultas. Po<strong>de</strong>-se manifestar através <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>sfoliação repentina,<br />
mas, normalmente, começa com um <strong>de</strong>clínio lento que se traduz num crescimento<br />
reduzido e vários sintomas, tais como: cloroses, necroses <strong>da</strong>s folhas e emurchecimento.<br />
Ataca principalmente vi<strong>de</strong>iras jovens e tem causado gran<strong>de</strong>s prejuízos em vinhas recém<br />
planta<strong>da</strong>s (Bertelli et al., 1998; Scheck et al., 1998; Ferreira et al., 1999; Mugnai et al.,<br />
1999; Morton, 2000; Pascoe & Cottral, 2000).<br />
Os sintomas internos po<strong>de</strong>m ser observados quando se fazem cortes transversais ou<br />
longitudinais nos troncos e rebentos, observando-se pontuações negras e estrias<br />
castanhas ou pretas nos tecidos xilémicos. Os vasos <strong>da</strong>nificados po<strong>de</strong>m exsu<strong>da</strong>r seiva<br />
negra, <strong>da</strong>í ter sido atribuí<strong>da</strong> também a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> ‘black goo’ para esta doença.<br />
2.1 AGENTES CAUSAIS<br />
Os fungos associados à doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong> pertencem aos géneros Phaeomoniella e<br />
Phaeoacremonium, sendo a espécie Pa. chlamydospora uma <strong>da</strong>s mais frequentemente<br />
isola<strong>da</strong>s <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>iras com sintomas. Em simultâneo, ou posteriormente, as vi<strong>de</strong>iras jovens<br />
po<strong>de</strong>m ser infecta<strong>da</strong>s e coloniza<strong>da</strong>s por outros fungos como Cylindrocarpon spp.,<br />
Phomopsis viticola, Botryosphaeria spp., Eutypa lata, Fomitiporia mediterranea, F.<br />
punctata, Stereum hirsutum, pertencentes ao complexo <strong>de</strong> fungos causadores <strong>da</strong> esca.<br />
2.1.1 TAXONOMIA<br />
O género Phaeoacremonium W. Gams, Crous & M.J. Wingf. foi <strong>de</strong>scrito por Crous et al.<br />
(1996) e pertence à or<strong>de</strong>m Magnaportales (Diaporthales). Inicialmente foram <strong>de</strong>scritas<br />
seis espécies: Pm. parasiticum, consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> espécie tipo, Pm. aleophilum, Pm. angustius,<br />
Pm. chlamydosporum, Pm. inflatipes e Pm. rubrigenum. Mais tar<strong>de</strong>, Dupont et al. (2000)<br />
<strong>de</strong>screvem Pm. viticola e Groenewald et al. (2001) Pm. mortoniae, mas uma espécie é<br />
reclassifica<strong>da</strong>, Pm. chlamydosporum. Estudos mais pormenorizados mostraram que<br />
4
<strong>Doença</strong> <strong>de</strong> <strong>Petri</strong><br />
Phaeoacremonium chlamydosporum W. Gams, Crous & M.J. Wingf. & L. Mugnai era<br />
morfologicamente e filogeneticamente diferente <strong>da</strong>s outras espécies do mesmo género<br />
passando a <strong>de</strong>signar-se Phaeomoniella chlamydospora, formando-se assim um novo<br />
género, Phaeomoniella Crous & W. Gams (Pa.) (Crous & Gams, 2000), que resi<strong>de</strong> na<br />
família Chaetothyriales. Posteriormente, <strong>de</strong>screveram-se as espécies, Pm. australiense,<br />
Pm. kraj<strong>de</strong>nii, Pm. venezuelense e Pm. scolyti. Em 2006, Mostert et al. <strong>de</strong>screveram seis<br />
novas espécies, entre as quais, Pm. austroafricanum e Pm. iranianum. Recentemente,<br />
Essakhi et al. (2008) <strong>de</strong>screveram mais quatro novas espécies, Pm. croatiense, Pm.<br />
hungaricum, Pm. sicilianum e Pm. tuscanum. No total neste momento estão <strong>de</strong>scritas<br />
cerca <strong>de</strong> 25 espécies <strong>de</strong> Phaeoacremonium.<br />
O uso combinado <strong>de</strong> técnicas clássicas e biomoleculares, aplica<strong>da</strong>s aos estudos<br />
taxonómicos do género Phaeoacremonium, permitiu a reclassificação ou a criação <strong>de</strong><br />
novas espécies <strong>de</strong>ntro do género, uma vez que a distinção entre espécies, apenas por<br />
critérios morfológicos, se revelou pouco consistente. Dentre as técnicas biomoleculares<br />
mais usa<strong>da</strong>s, <strong>de</strong>stacam-se PCR-RFLP <strong>da</strong> região ITS, ou <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> sequenciação <strong>da</strong> região<br />
ITS do DNA ribossomal, <strong>de</strong> parte dos genes <strong>da</strong> β-tubulina, <strong>da</strong> actina ou <strong>da</strong> calmodulina<br />
(Mostert et al., 2006; Gramaje et al., 2009).<br />
Phaeoacremonium aleophilum W. Gams, Crous, M.J. Wingf. & L. Mugnai é a espécie mais<br />
dissemina<strong>da</strong> e mais comum nas vinhas (Larignon & Dubos, 1997; Mugnai et al., 1999;<br />
Groenewald et al., 2001), seguindo-se as espécies Pm. parasiticum (Dupont et al., 2002)<br />
e Pm. viticola (Dupont et al., 2000).<br />
O género Togninia é teleomorfo <strong>de</strong> Phaeoacremonium. A ligação entre Togninia e o seu<br />
anamorfo, Phaeoacremonium, é <strong>de</strong> confirmação recente (Mostert et al., 2003; Pascoe et<br />
al., 2004; Rooney-Latham et al., 2005).<br />
As espécies <strong>de</strong> Phaeoacremonium atacam vários substratos, maioritariamente plantas<br />
lenhosas, como a cidreira, mas também infecta humanos e larvas <strong>de</strong> caruncho e até o<br />
solo (Crous & Gams, 2000; Dupont et al., 2002; Mostert et al., 2006).<br />
PHAEOACREMONIUM W. GAMS, CROUS & M.J.WINGF., MYCOL. 88:789.1996<br />
Este género <strong>de</strong> fungos, morfologicamente, situa-se entre os géneros Acremonium Link:<br />
Fr. e Phialophora Medlar. As colónias, em meio gelosado <strong>de</strong> extracto <strong>de</strong> malte, são<br />
normalmente lisas, <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> média, aspecto feltroso e por vezes lembrando lanoso.<br />
A cor varia entre tonali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> castanho, amarelo pálido a bege ou rosa a rosa escuro<br />
(Mostert et al., 2006).<br />
5
<strong>Doença</strong> <strong>de</strong> <strong>Petri</strong><br />
O micélio apresenta hifas ramifica<strong>da</strong>s e septa<strong>da</strong>s, isola<strong>da</strong>s ou agrega<strong>da</strong>s. No centro <strong>da</strong><br />
colónia é castanho, tornando-se castanho pálido a hialino nas margens Po<strong>de</strong> ser liso,<br />
verrugoso ou ligeiramente verrugoso (Mostert et al., 2006).<br />
Os clamidósporos po<strong>de</strong>m estar ausentes ou presentes (Mostert et al., 2006).<br />
Os conidióforos po<strong>de</strong>m ser ramificados ou simples, aéreos ou submersos. São erectos,<br />
quase cilíndricos quando não ramificados, ligeiramente afunilados, direitos ou ondulados.<br />
O comprimento é variável po<strong>de</strong>ndo ser <strong>de</strong> 2 – 4 µm com 1 – 7 septos; maioritariamente<br />
são castanhos claros, empali<strong>de</strong>cendo em direcção à extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Pequenas verrugas<br />
po<strong>de</strong>m ser observa<strong>da</strong>s na base; normalmente são monofialídicos na extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> com<br />
uma ou duas fiáli<strong>de</strong>s adicionais (Mostert et al., 2006).<br />
As células conidiogénicas são fiáli<strong>de</strong>s discretas ou integra<strong>da</strong>s nos conidióforos, terminais<br />
ou laterais, maioritariamente monofialídicas, mas por vezes polifialídicas. Po<strong>de</strong>m ser<br />
pouco verrugosas, ligeiramente verrugosas ou lisas, <strong>de</strong> cor castanho pálido a hialino,<br />
com um “collarete” imperceptível <strong>de</strong> forma afunila<strong>da</strong>. Po<strong>de</strong>m-se observar 3 classes<br />
diferentes <strong>de</strong> fiáli<strong>de</strong>s (Mostert et al., 2006).<br />
Os conídios apresentam-se agregados em estruturas redon<strong>da</strong>s e viscosas, nos ápices <strong>da</strong>s<br />
fiáli<strong>de</strong>s, são hialinos, asseptados <strong>de</strong> pare<strong>de</strong> lisa. A forma po<strong>de</strong> variar entre oblonga-<br />
elipsoi<strong>de</strong>, ovói<strong>de</strong>, cilíndrica, alantói<strong>de</strong> ou reniforme. Po<strong>de</strong> ain<strong>da</strong> ser invulgarmente<br />
fusiforme-elipsoi<strong>da</strong>l ou globosa (Mostert et al., 2006).<br />
Teleomorfo: Togninia Berl., Icon. Fung. (Abellini) 3:9. 1900.<br />
Espécie tipo: Phaeoacremonium parasiticum (Ajello, Georg & C.J.K. Wang) W. Gams,<br />
Crous & M.J. Wingf.<br />
Phaeoacremonium aleophilum W. Gams, Crous, M. J. Wingf. & Mugnai Mycol.<br />
88:789.1996<br />
O micélio apresenta hifas ramifica<strong>da</strong>s e septa<strong>da</strong>s, isola<strong>da</strong>s ou agrupa<strong>da</strong>s, tubercula<strong>da</strong>s<br />
com verrugas <strong>de</strong> 1,5 µm <strong>de</strong> diâmetro <strong>de</strong> cor castanho pálido (Crous et al., 1996).<br />
Os conidióforos são curtos e normalmente não ramificados, formam-se em hifas aéreas<br />
ou submersas. São erectos, simples po<strong>de</strong>ndo ter até 3 septos, muitas vezes com uma<br />
fiáli<strong>de</strong> como célula apical, <strong>de</strong> cor castanho pálido empali<strong>de</strong>cendo em direcção à<br />
extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>; são lisos, ligeiramente verrugosos com 15 – 46 µm <strong>de</strong> comprimento e 1,5<br />
– 2,5 µm <strong>de</strong> largura (Crous et al., 1996).<br />
6
As células conidiogénicas (fiáli<strong>de</strong>s) são terminais ou laterais maioritariamente<br />
monofialídicas, lisas a verrugosas, subhialinas; subhialinas apresentam “collarettes” com 1 – 1,5 µm<br />
<strong>de</strong> comprimento e 1,5 – 2 µm <strong>de</strong> largura (Mostert et al., 2006).<br />
Os conídios são oblongos – elipsoi<strong>da</strong>is elipsoi<strong>da</strong>is ou ou cilíndricos, cilíndricos, ocasionalmente ocasionalmente reniformes com 3<br />
3 –<br />
5 µm <strong>de</strong> comprimento e 1 – 2 µm <strong>de</strong> largura. Agregam-se se nos ápices <strong>da</strong>s células<br />
conidiogénicas e são hialinos (Mostert et al., 2006).<br />
Características culturais: Em MEA (Figura 2.1) as s colónias atingem um raio <strong>de</strong> 2, 2,5 – 11<br />
mm, ao fim <strong>de</strong> 8 dias à temperatura <strong>de</strong> 25ºC. A temperatura mínima <strong>de</strong> crescimento é <strong>de</strong><br />
10ºC, a temperatura óptima <strong>de</strong> 30ºC e a temperatura máxima é <strong>de</strong> 37 – 40 ºC. São lisas<br />
<strong>de</strong> textura feltrosa, brancas – amarela<strong>da</strong>s e laranja – acinzenta<strong>da</strong>, no verso são amarelas<br />
páli<strong>da</strong>s ou castanho alaranjado. Em PDA são lisas <strong>de</strong> textura feltrosa ou llanosa.<br />
A<br />
coloração po<strong>de</strong> ir <strong>de</strong> castanho a cinzento – alaranjado e no verso erso são laranja -<br />
acinzenta<strong>da</strong>s. No meio gelosado <strong>de</strong> aveia (OA, , Difco Laboratories, Detroit, MI, EUA EUA), são<br />
lisas, feltrosas, com m tufos <strong>de</strong> lã, po<strong>de</strong>m ser branco – amarela<strong>da</strong>s, a amarelo –<br />
acinzentado no verso. As colónias colónias produzem produzem um um pigmento pigmento amarelo amarelo em em PDA e OA<br />
(Mostert et al., 2006).<br />
Teleomorfo: Togninia minima (Tul. & C. Tul.) Berl., Icon.<br />
Figura 2.1. Colónia <strong>de</strong> Phaeoacremonium aleophilum, aleophilum em meio gelosado <strong>de</strong> extracto <strong>de</strong> malte.<br />
PHAEOMONIELLA CROUS & W. GAMS AMS.,PHYTOPA. MEDIT.39:1, 2000<br />
É um género muito recente e difere ligeiramente do género Phaeoacremonium<br />
Phaeoacremonium, pois tem<br />
como sinanamorfo um Phoma; em cultura tem um crescimento semelhante às leveduras leveduras.<br />
Os s conidióforos são proeminentes e escuros na parte basal, os conídios são sub sub-hialinos<br />
e direitos (Crous & Gams, , 2000).<br />
<strong>Doença</strong> <strong>de</strong> <strong>Petri</strong>
<strong>Doença</strong> <strong>de</strong> <strong>Petri</strong><br />
O micélio consiste em hifas septa<strong>da</strong>s e ramifica<strong>da</strong>s, simples ou filamentoso; as hifas são<br />
verrugosas a tubercula<strong>da</strong>s, castanho – esver<strong>de</strong>a<strong>da</strong>s, tornando-se mais claras a hialinas<br />
em direcção à região conidiogénica (Crous & Gams,2000)<br />
Os clamidósporos estão presentes e formam microesclerotos em meio <strong>de</strong> água <strong>de</strong> agar<br />
(Crous & Gams, 2000).<br />
Os conidióforos erguem-se <strong>de</strong> hifas aéreas ou submersas, erectos, simples,<br />
subcilíndricos, castanhos – esver<strong>de</strong>ados, tornando-se mais claros em direcção à<br />
extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>, verrugosos a lisos e septados (Crous & Gams, 2000).<br />
As células conidiogénicas são terminais, monofialídicas, alonga<strong>da</strong>s, ampuliformes a<br />
lageniformes ou subcilíndricas, com um “collarette” terminal estreito e afunilado (Crous &<br />
Gams,2000).<br />
Os conídios apresentam-se agregados em forma globosa e mucilaginosa nos ápices <strong>da</strong>s<br />
células conidiogénicas. São pigmentados, asseptados, <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s lisas, oblongos –<br />
elipsoi<strong>da</strong>is a ovói<strong>de</strong>s e direitos (Crous & Gams, 2000).<br />
As colónias em MEA apresentam uma cor cinzento oliváceo a preto oliváceo, com micélio<br />
aéreo disperso (Crous & Gams,2000).<br />
Teleomorfo: <strong>de</strong>sconhecido.<br />
Sinanamorfo: do tipo Phoma, obtém-se em cultura e ramos infectados.<br />
Espécie tipo: Phaeomoniella chlamydospora (W. Gams, Crous, M.J. Wingf. & L. Mugnai)<br />
Crous & W. Gams, comb. nov.<br />
Phaeomoniella chlamydospora (W. Gams, Crous, M.J. Wingf. & L. Mugnai) Crous & W.<br />
Gams, comb., Phytopa. Medit.39:1, 2000<br />
Sinonimia: Phaeoacremonium chlamydosporum W. Gams, Crous, M.J. Wingf. & L.<br />
Mugnai, Mycol. 88, 792. 1996.<br />
O micélio consiste em hifas septa<strong>da</strong>s e ramifica<strong>da</strong>s, que aparecem isola<strong>da</strong>s ou em grupos<br />
<strong>de</strong> até 10, tubercula<strong>da</strong>s, com verrugas <strong>de</strong> 1 µm, pare<strong>de</strong>s castanhas – esver<strong>de</strong>a<strong>da</strong>s e<br />
septos mais escuros, tornando-se mais claros em direcção à região conidiogénica, 2 – 4<br />
µm <strong>de</strong> largura (Crous & Gams, 2000).<br />
Os clamidósporos são abun<strong>da</strong>ntes em estirpes tipo, mas escassas noutras, globosos a<br />
subglobosos, maioritariamente isolados, raramente em ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> até cinco, oliváceos e<br />
lisos a castanho – esver<strong>de</strong>ados, tuberculados, com 7 – 15 µm <strong>de</strong> comprimento e 5 – 7<br />
µm <strong>de</strong> diâmetro (Crous & Gams, 2000).<br />
8
<strong>Doença</strong> <strong>de</strong> <strong>Petri</strong><br />
Conidióforos surgem <strong>de</strong> hifas aéreas ou submersas, erectos, simples, cilíndricos com uma<br />
célula apical <strong>de</strong> forma alonga<strong>da</strong> – ampuliforme a lageniforme, castanhos – esver<strong>de</strong>ados,<br />
com pare<strong>de</strong> espessa na base, mas com pare<strong>de</strong> fina e castanho – esver<strong>de</strong>ado mais claro<br />
em direcção ao ápice, verrugosos a lisos, com 1 – 3 septos e 12 – 70 µm <strong>de</strong> altura e 1,5<br />
– 4 µm <strong>de</strong> largura (Crous & Gams, 2000).<br />
As fiáli<strong>de</strong>s são isola<strong>da</strong>s, terminais e monofialídicas, ver<strong>de</strong> claras a subhialinas, lisas, <strong>de</strong><br />
forma alonga<strong>da</strong> e ampuliforme a lageniforme ou subcilíndricas, com 8 – 20 µm <strong>de</strong><br />
comprimento e 1,5 – 4 µm <strong>de</strong> largura na zona mais larga, no ápice têm 1 – 1,5 µm <strong>de</strong><br />
largura, com um “collarette” terminal <strong>de</strong> forma afunila<strong>da</strong> e estreita, tem 0,5 – 2 µm <strong>de</strong><br />
comprimento e largura (Crous & Gams, 2000).<br />
Os conídios apresentam-se agregados com forma globosa e mucilaginosa nos ápices <strong>da</strong>s<br />
células conidiogénicas, sub-hilainos, oblongos – elipsoi<strong>da</strong>is a ovói<strong>de</strong>s e direitos. O<br />
comprimento é <strong>de</strong> 3 – 4 µm e a largura <strong>de</strong> 1 – 1,5 µm (Crous & Gams, 2000).<br />
Sinanamorfo: conidiomata castanho, picnidial, globoso, com 70 µm <strong>de</strong> diâmetro. Os<br />
conidióforos são castanhos pálidos, subcilíndricos, lisos, com 1 septo ou multiseptado,<br />
com 5 – 18 µm <strong>de</strong> comprimento e 2 – 3 µm <strong>de</strong> largura. As fiáli<strong>de</strong>s são monofialídicas,<br />
terminais e intercalares, <strong>de</strong> formas varia<strong>da</strong>s, mas frequentemente subcilindricos a<br />
oblongos – elipsoi<strong>da</strong>is, com 3 – 9 µm <strong>de</strong> comprimento e 2 – 3 µm <strong>de</strong> largura. Os<br />
picnósporos são, hialinos, oblongos – elipsoi<strong>da</strong>is a ovói<strong>de</strong>s, direitos, com 2 – 2,5 µm <strong>de</strong><br />
comprimento e 1 – 1,5 µm <strong>de</strong> largura (Crous & Gams, 2000).<br />
Características culturais: As colónias em MEA são cinzento –<br />
oliváceo a preto – oliváceo, atingem um raio <strong>de</strong> 5 – 6 mm a<br />
25ºC em 8 dias e na obscuri<strong>da</strong><strong>de</strong> (Figura 2.2). As<br />
temperaturas <strong>de</strong> crescimento são, mínima 15 ºC, óptima <strong>de</strong><br />
25 ºC e máxima <strong>de</strong> 35 ºC (Crous & Gams, 2000).<br />
Figura 2.2. Exemplo <strong>de</strong> uma colónia <strong>de</strong> Phaeomoniella chlamydospora em gelose <strong>de</strong> batata <strong>de</strong>xtrosa<strong>da</strong>.<br />
9
2.1.2 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA<br />
<strong>Doença</strong> <strong>de</strong> <strong>Petri</strong><br />
As espécies <strong>de</strong> Phaeoacremonium e Phaeomoniella estão distribuí<strong>da</strong>s por todo o mundo,<br />
como se po<strong>de</strong> observar pelo Quadro 2.1. Estão presentes principalmente nas áreas em<br />
que as vinhas são cultiva<strong>da</strong>s.<br />
Quadro 2.1. Lista <strong>da</strong>s espécies <strong>de</strong> Phaeoacremonium (Pm.) e Phaeomoniella (Pa.) que atacam a vi<strong>de</strong>ira e<br />
locais on<strong>de</strong> já foram assinala<strong>da</strong>s.<br />
Espécies Hospe<strong>de</strong>iros Países<br />
Pa. chlamydospora Vitis vinifera<br />
Pm. aleophilum<br />
Pm. angustius<br />
Pm. australiense<br />
Pm. austroafricanum<br />
Pm. cinereum<br />
Pm. croatiense<br />
Pm. hispanicum<br />
Pm hungaricum<br />
Pm. inflatites<br />
Pm. iranianum<br />
Pm. kraj<strong>de</strong>nii<br />
Pm. mortoniae<br />
Pm. parasiticum<br />
Pm. rubrigenum<br />
Pm. scolyti<br />
Pm. sicilianum<br />
Pm. subulatum<br />
Pm. tuscanum<br />
Pm. venezuelense<br />
Pm. viticola<br />
Actinidia chinensis, Vitis vinifera,<br />
Olea europaea, Prunus<br />
pennsylvanica, Prunus sp., Salix sp.,<br />
Solo<br />
Vitis vinifera<br />
Vitis vinifera<br />
Vitis vinifera<br />
Vitis vinifera<br />
Vitis vinifera<br />
Vitis vinifera<br />
Vitis vinifera<br />
Hypoxylon truncatum, Nectandra sp.,<br />
Quercus virginia, Vitis vinifera<br />
Actinidia chinensis, Vitis vinifera<br />
Humanos, Vitis vinifera<br />
Fraxinus excelsior, Fraxinus latifolia,<br />
Fraxinus pennsylvanica, Vitis vinifera<br />
Actinidia chinensis, Aquilaria<br />
agallocha, Cupressus sp., Cães,<br />
Humanos, Nectandra sp., Phoenix<br />
<strong>da</strong>ctylifera, Prunus armeniacae,<br />
Prunus avium, Quercus virginiana,<br />
Solo, Vitis vinifera<br />
Humanos, Vitis vinifera<br />
Vitis vinifera, larvas <strong>de</strong> Scolytus<br />
intricatus<br />
Vitis vinifera<br />
Vitis vinifera<br />
Vitis vinifera<br />
Humanos, Vitis vinifera<br />
Sorbus intermedia, Vitis vinifera<br />
África do Sul, Argentina, Austrália, Chile, EUA,<br />
França, Itália, Nova Zelândia, Portugal<br />
Argentina, Austrália, Áustria, Cana<strong>da</strong>, Chile, Irão,<br />
Itália, França, África do Sul, Espanha, Turquia, EUA,<br />
Jugoslávia<br />
Portugal, USA<br />
Austrália<br />
África do Sul<br />
Espanha, Irão<br />
Croácia<br />
Espanha<br />
Hungria<br />
Chile, Costa Rica, USA<br />
Irão, Itália<br />
África do Sul<br />
Suécia, USA<br />
Argentina, Austrália, Chile, Costa Rica, Irão, Iraque,<br />
Itália, África do Sul, Tunísia<br />
USA, Croácia<br />
França, África do Sul, República Checa<br />
Itália<br />
África do Sul<br />
Itália<br />
África do Sul<br />
Irão, França, Alemanha, África do Sul, USA<br />
Fonte: Crous & Gams (2000); Mostert et al. (2006); Essakhi et al. (2008); Gramaje et al. (2009).<br />
10
2.2 DETECÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DOS AGENTES CAUSAIS<br />
<strong>Doença</strong> <strong>de</strong> <strong>Petri</strong><br />
O isolamento e a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> Phaeoacremonium spp. e Pa.<br />
chlamydospora não são fáceis. Normalmente recorre-se a métodos clássicos <strong>de</strong><br />
isolamento em cultura pura e à subsequente <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> características morfológicas e<br />
culturais, com auxílio <strong>de</strong> chaves dicotómicas. É, no entanto, um processo difícil e moroso,<br />
pois o fungo tem um crescimento lento, havendo a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> contaminações por<br />
parte <strong>de</strong> outros fungos que se sobrepõem a estes. O diagnóstico <strong>da</strong> doença po<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>morar até 4 semanas, mostrando a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> existência <strong>de</strong> um método rápido e<br />
sensível, para i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>stes fungos.<br />
Em 1998, a sequenciação <strong>de</strong> parte <strong>da</strong> região ITS do DNA ribossomal <strong>de</strong> isolados <strong>de</strong><br />
vi<strong>de</strong>ira, i<strong>de</strong>ntificados como Phaeoacremonium spp., confirmou que alguns divergiam<br />
claramente dos restantes (Dupont et al., 1998). Com base nestes e noutros <strong>da</strong>dos <strong>de</strong><br />
sequenciação (ITS1, 5.8S, ITS2, β-tubulina), a par do estudo <strong>de</strong> características<br />
morfológicas e culturais, Crous & Gams (2000) <strong>de</strong>screveram pela primeira vez o género<br />
Phaeomoniella e a nova combinação Pa. chlamydospora, que permitiu o enquadramento<br />
<strong>de</strong>sses isolados divergentes nesta nova espécie. Também Tegli et al. (2000)<br />
<strong>de</strong>monstraram, através <strong>de</strong> RAPD-PCR e RAMS-PCR, que os dois géneros eram distintos.<br />
Paralelamente, estes autores, com base em sequências <strong>da</strong> região ITS, <strong>de</strong>senharam<br />
iniciadores específicos que permitem distinguir a espécie Phaeoacremonium aleophilum<br />
(através do par Pal1N/Pal2) <strong>de</strong> Phaeomoniella chlamydospora (pelo par Pch1/Pch2).<br />
Posteriormente, Dupont et al. (2002) distinguiram cinco espécies <strong>de</strong> Phaeoacremonium,<br />
Pm. aleophilum, Pm. inflatipes, Pm. parasiticum, Pm. rubrigenum e Pm. viticola usando<br />
marcadores PCR-RFLP <strong>da</strong>s regiões ITS e <strong>de</strong> parte do gene β-tubulina. Por sua vez Mostert<br />
et al. (2005) <strong>de</strong>senvolveram uma metodologia polifásica para i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> espécies<br />
do género Phaeoacremonium com recurso a marcadores morfo-culturais e também a<br />
sequências <strong>de</strong> parte do gene <strong>da</strong> β-tubulina. Com os resultados obtidos, construíram uma<br />
base <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos para o género Phaeoacremonium, que se encontra disponível no website<br />
do Centralbureau voor Schimmelcultures (CBS).<br />
2.3 SINTOMAS DA DOENÇA<br />
Os sintomas <strong>da</strong> doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong> po<strong>de</strong>m variar <strong>de</strong> ano para ano <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>da</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s<br />
vi<strong>de</strong>iras e <strong>da</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ataque. O tipo <strong>de</strong> sintomas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> inúmeros factores,<br />
dos quais se <strong>de</strong>stacam, a severi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> doença, a composição <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> fúngica<br />
presente em ca<strong>da</strong> planta e as condições <strong>de</strong> stresse a que estas estão sujeitas, sobretudo<br />
11
<strong>Doença</strong> <strong>de</strong> <strong>Petri</strong><br />
nos primeiros anos após plantação. Certos sintomas <strong>da</strong> doença po<strong>de</strong>m facilmente ser<br />
confundidos com os causados por agentes <strong>de</strong> natureza biótica e abiótica, como falta <strong>de</strong><br />
nutrientes, ataques <strong>de</strong> vírus, como o do enrolamento foliar, po<strong>da</strong>s em que se <strong>de</strong>ixa carga<br />
excessiva nos lançamentos (Mugnai et al., 1999), ou outras doenças como pé negro <strong>da</strong><br />
vi<strong>de</strong>ira (Rego, 2004). As vi<strong>de</strong>iras po<strong>de</strong>m permanecer assintomáticas, ou seja, não<br />
<strong>de</strong>monstram sintomas pois estes fungos são endófitos capazes <strong>de</strong> viver no hospe<strong>de</strong>iro<br />
sem que haja sintomas visiveis (Scheck et al., 1998).<br />
A doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong> po<strong>de</strong> causar a apoplexia ou morte repentina mas, mais<br />
frequentemente, ocorre um lento <strong>de</strong>clínio com murchidão <strong>da</strong>s folhas, morte <strong>de</strong> ramos e<br />
crescimento reduzido, po<strong>de</strong>ndo começar logo a manifestar-se no primeiro ano <strong>de</strong>pois <strong>da</strong><br />
plantação (Bertelli et al., 1998).<br />
Externamente, po<strong>de</strong>-se observar crescimento reduzido com entre-nós curtos, folhas,<br />
troncos e ramos pequenos e necróticos (Figura 2.3 B). Nas folhas observam-se manchas<br />
<strong>de</strong> coloração ver<strong>de</strong> clara ou clorótica, <strong>de</strong> dimensões irregulares entre as nervuras ou ao<br />
longo <strong>da</strong> margem <strong>da</strong> folha. As áreas cloróticas inicialmente são pequenas e dispersas<br />
pelo limbo, espalhando-se gradualmente e tornando-se parcialmente necróticas. À<br />
medi<strong>da</strong> que o tecido clorótico se torna amarelo-acastanhado (nas castas brancas) ou<br />
vermelho-acastanhado (nas castas tintas) (Figura 2.3 C), as folhas infecta<strong>da</strong>s assumem<br />
o padrão chamado ‘listas <strong>de</strong> tigre’ (Larignon & Dubos, 1997; Mugnai et al., 1999;<br />
Edwards et al., 2001; Calzarano & Di Marco, 2007).<br />
Nos bagos po<strong>de</strong>m aparecer pontuações negras a que se chama “black measles” ou<br />
sarampo preto, nome pelo qual chegou a ser conheci<strong>da</strong> a doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong> (Vasquez et<br />
al., 2007). Também se po<strong>de</strong> observar, num estado mais avançado <strong>da</strong> doença<br />
<strong>de</strong>ssecamento dos bagos (Bruno et al., 2007). De salientar que alguns dos sintomas<br />
<strong>de</strong>scritos, <strong>de</strong>signa<strong>da</strong>mente o padrão “listas <strong>de</strong> tigre” em folhas e “black-measles” em<br />
bagos, correspon<strong>de</strong>m a manifestações <strong>de</strong> estádios avançados <strong>da</strong> doença, típicos <strong>de</strong> esca<br />
em vi<strong>de</strong>iras adultas.<br />
Internamente, em corte transversal, observam-se pontos castanhos ou pretos dispersos<br />
no xilema necrótico, como se po<strong>de</strong> observar na figura 2.3 A, muitas vezes com a<br />
exsu<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> uma goma viscosa preta (‘black goo’). Longitudinalmente, observam-se<br />
estrias necróticas, ao longo do xilema, <strong>de</strong> cor castanha ou negras. Por vezes, no lenho<br />
dos ramos ou do tronco ocorrem sectores necróticos, ou com podridão branca (‘white rot’<br />
ou “amadou”), assim como fendilhamentos no ritidoma e no lenho. Neste último caso,<br />
quando a ma<strong>de</strong>ira já exibe podridão branca, está-se perante um caso típico <strong>de</strong> esca<br />
“proper” (Surico et al., 2006).<br />
12
<strong>Doença</strong> <strong>de</strong> <strong>Petri</strong><br />
O enegrecimento dos tecidos xilémicos é causado pela formação <strong>de</strong> tiloses, gomas e<br />
acumulação <strong>de</strong> compostos fenólicos produzidos pelo hospe<strong>de</strong>iro como resposta <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa<br />
à presença do fungo (Mugnai et al., 1999; Del Rio et al., 2001; Martin et al., 2009).<br />
Estas barreiras impe<strong>de</strong>m o fluxo ascensional <strong>de</strong> água e sais minerais e conduzem a uma<br />
captação <strong>de</strong> água <strong>de</strong>ficiente, levando ao aparecimento <strong>de</strong> cloroses nas folhas. Edwards et<br />
al. (2007a, b) mostram que há uma interferência com as relações hídricas <strong>da</strong> vi<strong>de</strong>ira,<br />
quando esta está infecta<strong>da</strong>. Estas alterações nos vasos xilémicos, <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>s à presença dos<br />
agentes patogénicos nas vi<strong>de</strong>iras afecta<strong>da</strong>s, po<strong>de</strong>m reduzir o crescimento <strong>da</strong>s plantas<br />
(Fragoeiro, 2001). Estes sintomas estão muitas vezes associados à produção <strong>de</strong> toxinas e<br />
enzimas por parte dos fungos.<br />
A morte repentina <strong>da</strong>s cepas (apoplexia) está relaciona<strong>da</strong> com estações quentes e<br />
também com a diminuição <strong>da</strong> condutivi<strong>da</strong><strong>de</strong> no xilema e consequentemente a um rápido<br />
aumento <strong>da</strong> concentração e activi<strong>da</strong><strong>de</strong> dos compostos tóxicos na parte aérea, quando a<br />
taxa <strong>de</strong> transpiração é eleva<strong>da</strong> (Bruno & Sparapano, 2006; Chicau, 2006; Edwards et al.,<br />
2007c).<br />
A B C<br />
Figura 2.3. Sintomas produzidos por Phaeomoniella chlamydopora, em sarmentos, troncos e folhas.<br />
É <strong>de</strong> salientar que alguns dos sintomas atrás referidos não são específicos <strong>de</strong>stas<br />
doenças. Po<strong>de</strong>m também ser consequência <strong>de</strong> problemas fisiológicos, como a carência <strong>de</strong><br />
magnésio ou o stress hídrico extremo. No caso particular <strong>da</strong> morte repentina <strong>da</strong>s vi<strong>de</strong>iras<br />
(apoplexia), a sua origem po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> ao fungo Armillaria mellea (Chicau, 2006).
2.4 PATOGÉNESE<br />
<strong>Doença</strong> <strong>de</strong> <strong>Petri</strong><br />
A severi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong>, numa vi<strong>de</strong>ira, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do local on<strong>de</strong> se iniciou a<br />
infecção e do tempo <strong>de</strong> actuação <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um dos fungos envolvidos na doença. Depen<strong>de</strong><br />
ain<strong>da</strong> <strong>da</strong> extensão <strong>da</strong> colonização, <strong>da</strong> predominância <strong>de</strong> um fungo em relação aos outros,<br />
<strong>da</strong> produção <strong>de</strong> metabolitos secundários por parte dos patogénios ou <strong>da</strong> planta e <strong>da</strong><br />
presença <strong>de</strong> enzimas constitutivas ou produzi<strong>da</strong>s em resposta à interacção fungo (s) -<br />
hospe<strong>de</strong>iro. Em vi<strong>de</strong>ira, os mecanismos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa mais conhecidos e melhor<br />
caracterizados são a acumulação <strong>de</strong> compostos fenólicos, que incluem taninos, ácidos<br />
fenólicos, flavonói<strong>de</strong>s e stilbenos, e a síntese <strong>de</strong> enzimas extracelulares (Jan<strong>de</strong>t et al.,<br />
2002; Del Rio et al., 2004). Vários grupos <strong>de</strong> fitoalexinas, que na vi<strong>de</strong>ira são compostos<br />
fenólicos, têm sido <strong>de</strong>scritos e a sua produção, por parte <strong>da</strong> planta, é consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> como<br />
um mecanismo importante <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa. A capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> que alguns fungos têm <strong>de</strong> <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>r<br />
os compostos fenólicos, como é o caso <strong>de</strong> Pa. chlamydospora (Bruno & Sparapano, 2006)<br />
po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> como uma estratégia importante utiliza<strong>da</strong> pelo fungo para<br />
ultrapassar esta barreira química do hospe<strong>de</strong>iro, facilitando a sua colonização. Estas<br />
estratégias po<strong>de</strong>m ain<strong>da</strong> incluir a produção <strong>de</strong> enzimas <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>tivas ou mecanismos <strong>de</strong><br />
fluxo que previnam a acumulação <strong>de</strong> compostos intracelulares com acção anti-fúngica.<br />
As enzimas têm um papel importante na manifestação <strong>de</strong> sintomas por parte do<br />
hospe<strong>de</strong>iro. Marchi et al. (2001) <strong>de</strong>tectaram a produção <strong>de</strong> enzimas como a<br />
poligalacturonase e polimetilgalacturonase, conheci<strong>da</strong>s por promoverem o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento do fungo no hospe<strong>de</strong>iro. Estas enzimas atacam a lenhina <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ndo-a.<br />
Outras enzimas, tais como a peroxi<strong>da</strong>se <strong>da</strong> lenhina, a lacase (Mugnai et al., 1997; Del<br />
Rio et al., 2004) ou a tanase (Freitas et al., 2009) têm sido igualmente <strong>de</strong>scritas e, no<br />
seu conjunto, irão permitir um melhor crescimento dos fungos no tecido lenhoso, ou por<br />
<strong>de</strong>gra<strong>da</strong>rem compostos antimicrobianos (ex., taninos e resveratrol) ou por contribuírem<br />
para a <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> constituintes do lenho (ex. lenhina, através <strong>da</strong> lacase ou <strong>da</strong><br />
peroxi<strong>da</strong>se).<br />
Parte <strong>da</strong> sintomatologia exibi<strong>da</strong> pelas vi<strong>de</strong>iras com doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong> ou esca (em vinhas<br />
adultas) é atribuí<strong>da</strong> ao efeito <strong>de</strong> toxinas: pululanas e compostos <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong><br />
naftalenonas (Sparapano et al., 2000; Abou-Mansour et al., 2004). Supõe-se que as<br />
toxinas sejam produzi<strong>da</strong>s nos locais <strong>de</strong> infecção/colonização <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira e circulem no<br />
xilema, acumulando-se em folhas e frutos, on<strong>de</strong> os sintomas se manifestam (Mugnai et<br />
al., 1999). Foi <strong>de</strong>monstrado que as pontuações necróticas nos bagos se <strong>de</strong>vem a grupos<br />
<strong>de</strong> células epidérmicas e hipodérmicas, próximas <strong>da</strong> parte terminal dos vasos xilémicos.<br />
Também se supõe que po<strong>de</strong>m resultar <strong>da</strong> difusão pelo sistema vascular <strong>de</strong> enzimas<br />
oxi<strong>da</strong>tivas, ou ain<strong>da</strong>, <strong>da</strong> translocação para o epicarpo <strong>de</strong> toxinas fúngicas, produzi<strong>da</strong>s<br />
14
<strong>Doença</strong> <strong>de</strong> <strong>Petri</strong><br />
pelos patogénios nos tecidos lenhosos. Contudo, o envolvimento <strong>de</strong> algumas substâncias<br />
<strong>de</strong> resposta por parte do hospe<strong>de</strong>iro ou compostos oxi<strong>da</strong>tivos não po<strong>de</strong> ser excluído<br />
(Bruno et al., 2006), nem tão pouco a infecção directa dos bagos por esporos do fungo,<br />
através <strong>da</strong>s lentículas ou <strong>de</strong> feri<strong>da</strong>s (Gubler et al., 2004).<br />
2.5 BIOECOLOGIA DE PHAEOMONIELLA E PHAEOACREMONIUM<br />
Uma vez <strong>de</strong>scritos os aspectos mais importantes relacionados com a taxonomia dos<br />
agentes causais <strong>da</strong> doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong>, os critérios e processos disponíveis para a sua<br />
<strong>de</strong>tecção e i<strong>de</strong>ntificação, os sintomas que provocam em vi<strong>de</strong>ira e as razões pelas quais a<br />
vi<strong>de</strong>ira os manifesta, interessa referir alguns <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> epi<strong>de</strong>miologia <strong>da</strong> doença, uma vez<br />
que o conhecimento aprofun<strong>da</strong>do <strong>da</strong> mesma condicionará o êxito dos eventuais meios <strong>de</strong><br />
luta a adoptar no controlo <strong>da</strong> mesma. Destacam-se, por um lado, as fontes <strong>de</strong> inóculo e<br />
as vias <strong>de</strong> penetração no hospe<strong>de</strong>iro e, por outro, os factores que condicionam a<br />
dispersão <strong>de</strong> Pa. chlamydospora e Phaeoacremonium spp. e a manifestação <strong>da</strong> doença<br />
(doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong> ou esca).<br />
As principais fontes <strong>de</strong> inóculo na vinha são os materiais <strong>de</strong> propagação vegetativa<br />
infectados, solos infectados e o inóculo aéreo (Mostert et al., 2006). As plantas-mãe <strong>de</strong><br />
porta-enxertos e <strong>de</strong> garfos encontram-se frequentemente infecta<strong>da</strong>s (Rego et al., 2001;<br />
Oliveira et al., 2004; Pinto et al., 2005), <strong>da</strong>ndo origem a estacas portadoras <strong>de</strong> inóculo.<br />
Ain<strong>da</strong> que os fungos Phaeoacremonium spp. e Pa. chlamydospora não sejam <strong>de</strong>tectados<br />
nesta fase, existem evidências experimentais <strong>de</strong> que os materiais são contaminados no<br />
<strong>de</strong>curso <strong>da</strong>s várias operações leva<strong>da</strong>s a efeito nos viveiros. Estudos levados a efeito na<br />
Nova Zelândia (Whiteman et al., 2003), África do Sul (Retief et al., 2005) e Austrália<br />
(Waite & Morton, 2007), permitiram concluir que os materiais eram infectados durante as<br />
operações <strong>de</strong> hidratação, enxertia (instrumentos contaminados) e calogénese.<br />
A contaminação também po<strong>de</strong> ocorrer durante o processo <strong>de</strong> enraizamento, em viveiro,<br />
através <strong>da</strong>s raízes ou <strong>de</strong> feri<strong>da</strong>s existentes no porta-enxerto, ou resultantes <strong>da</strong> po<strong>da</strong>. A<br />
infecção através <strong>da</strong>s raízes está pouco estu<strong>da</strong><strong>da</strong>, sendo <strong>de</strong> admitir que as feri<strong>da</strong>s,<br />
<strong>de</strong>signa<strong>da</strong>mente as <strong>da</strong> po<strong>da</strong>, constituam os locais preferenciais <strong>de</strong> penetração <strong>de</strong>stes<br />
fungos (Mostert et al., 2006).<br />
Nas vinhas, está amplamente documentado que os conídios <strong>de</strong> Pa. chlamydospora,<br />
quando transportados pelo vento, colonizam a vi<strong>de</strong>ira através <strong>da</strong>s feri<strong>da</strong>s <strong>da</strong> po<strong>da</strong>. O<br />
mesmo não se verifica no caso <strong>de</strong> Pm. aleophilum, crendo-se que este patogénio terá<br />
outra forma <strong>de</strong> infectar o hospe<strong>de</strong>iro (Larignon & Dubos, 2000). Também é <strong>de</strong> salientar<br />
15
<strong>Doença</strong> <strong>de</strong> <strong>Petri</strong><br />
que os esporos <strong>de</strong> Pa. chlamydospora po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>tectados durante todo o ano na<br />
vinha, incluindo o Inverno, ao contrário dos <strong>de</strong> Pm. aleophilum que apenas são<br />
<strong>de</strong>tectados durante o período <strong>de</strong> vegetação <strong>da</strong> vi<strong>de</strong>ira (Larignon & Dubos, 2000).<br />
Ain<strong>da</strong> em relação a Pm. aleophilum, a dispersão do inóculo ocorre sobretudo do início até<br />
meados do Verão, embora na Califórnia tenha sido possível <strong>de</strong>tectar esporos do fungo<br />
durante todo o ano (Eskalen & Gubler, 2001), o que indica que os mesmos po<strong>de</strong>rão<br />
infectar directamente os bagos, originado “black-measles” (Eskalen et al., 2001).<br />
As condições favoráveis à ocorrência <strong>de</strong> infecções por Pa. chlamydospora são<br />
temperaturas médias entre 7ºC e 15ºC e máximas entre 12ºC e 18ºC, acompanha<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />
chuva que facilita a disseminação dos esporos e a contaminação <strong>da</strong>s feri<strong>da</strong>s <strong>de</strong> po<strong>da</strong><br />
(Larignon & Dubos, 2000). Em França, estudos realizados por Larignon et al. (2000)<br />
numa vinha planta<strong>da</strong> em 1963, com sintomas <strong>de</strong> esca, permitiram concluir que os<br />
esporos <strong>de</strong> Pa. chlamydospora se encontram ao nível dos talões <strong>de</strong> po<strong>da</strong>, e que também<br />
existem micélio e esporos no ritidoma dos sarmentos, durante todo o ano. As feri<strong>da</strong>s são<br />
tanto mais susceptíveis quanto mais cedo for feita a po<strong>da</strong> (Larignon & Dubos, 2000). O<br />
isolamento <strong>de</strong> Pa. chlamydospora a partir <strong>de</strong> sarmentos não po<strong>da</strong>dos sugere que as<br />
estacas (garfos) utiliza<strong>da</strong>s para enxertia po<strong>de</strong>rão também constituir uma importante<br />
fonte <strong>de</strong> inóculo.<br />
Estudos realizados na Califórnia correlacionaram a libertação e dispersão dos esporos <strong>de</strong><br />
Pa. chlamydospora com episódios <strong>de</strong> chuva, durante o Inverno e o início <strong>da</strong> Primavera<br />
(Eskalen & Gubler, 2001). Também na África do Sul, van Niekerk et al. (2005) chegaram<br />
a conclusões idênticas, no que respeita Pa. chlamydospora, mas verificaram que a<br />
dispersão dos esporos <strong>de</strong> Phaeoacremonium spp. ocorria preferencialmente em situações<br />
e regiões com Verões chuvosos.<br />
Para Phaeoacremonium spp. com teleomorfo conhecido (ex., Togninia minima), a<br />
libertação <strong>de</strong> ascósporos a partir <strong>de</strong> peritecas forma<strong>da</strong>s na ma<strong>de</strong>ira <strong>da</strong> vi<strong>de</strong>ira não po<strong>de</strong><br />
também ser esqueci<strong>da</strong>. A dispersão aérea <strong>de</strong> conídios e ascósporos <strong>de</strong> Pm. aleophilum/T.<br />
mínima, em vinhas, po<strong>de</strong> ocorrer em simultâneo, em regra após que<strong>da</strong>s pluviométricas<br />
(Rooney-Latham et al., 2005).<br />
Não é possível <strong>de</strong>finir ain<strong>da</strong>, com precisão, as condições ambientais que beneficiam a<br />
manifestação <strong>da</strong> doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong> e <strong>da</strong> esca. Porém, no que respeita a esta última,<br />
verificou-se que Verões frescos e chuvosos eram mais propícios à manifestação <strong>da</strong><br />
doença na forma lenta, enquanto Verões secos e quentes eram mais favoráveis à<br />
manifestação <strong>de</strong> apoplexia (Surico et al., 2006).<br />
16
2.6 MEIOS DE LUTA<br />
<strong>Doença</strong> <strong>de</strong> <strong>Petri</strong><br />
Apesar dos gran<strong>de</strong>s esforços <strong>de</strong> investigação para controlar a doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong>, nenhum<br />
tratamento eficaz foi <strong>de</strong>scoberto até aos dias <strong>de</strong> hoje, sendo por isso, a prevenção <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong> importância. Muitos estudos já foram efectuados para <strong>de</strong>scobrir um método eficaz<br />
<strong>de</strong> controlar esta doença: foram testados, in vitro, alguns fungici<strong>da</strong>s inibidores do<br />
crescimento micelial e <strong>da</strong> germinação <strong>de</strong> esporos, como o benomil e a mistura ciprodinil<br />
+ fludioxinil (Bisiach et al., 1996; Groenewald et al., 2000; Jaspers, 2001). Na<br />
germinação e crescimento <strong>de</strong> Pa. chlamydospora em vinhas jovens o fosfanato, o<br />
procloraz, benomil e fenarimol, foram os fungici<strong>da</strong>s mais eficazes quando aplicados in<br />
vivo (Laukart et al., 2001; Jaspers, 2001).<br />
Como foi dito o controlo preventivo é muito importante e para isso é necessário tomar<br />
medi<strong>da</strong>s, entre elas estão, a redução dos factores <strong>de</strong> stresse e a protecção <strong>da</strong>s feri<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />
po<strong>da</strong>, pois é através <strong>de</strong>stas que ocorrem as mais importantes infecções, sobretudo nas<br />
vinhas.<br />
A higiene em viveiros comerciais é muito importante, pois estudos efectuados por Waite<br />
& Morton (2007), na Austrália, <strong>de</strong>monstraram a existência <strong>de</strong> Pa. chlamydospora em<br />
diversas etapas do processo <strong>de</strong> propagação vegetativa. Este estudo <strong>de</strong>monstra ain<strong>da</strong> a<br />
existência <strong>de</strong> esporos do fungo nos tanques <strong>de</strong> água quente e nos tanques com fungici<strong>da</strong><br />
concluindo ser necessário a adopção <strong>de</strong> melhores práticas <strong>de</strong> higiene na activi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
viveirista, conseguindo-se assim prevenir a contaminação <strong>de</strong> estacas e <strong>de</strong> plantas<br />
enxerta<strong>da</strong>s.<br />
A resistência do hospe<strong>de</strong>iro aos fungos causadores <strong>da</strong> doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong> é também muito<br />
importante. Mas apesar <strong>de</strong> já se terem efectuado alguns estudos sobre este assunto, os<br />
resultados obtidos não mostraram elevados níveis <strong>de</strong> resistência por parte <strong>da</strong> vi<strong>de</strong>ira,<br />
sendo por isso relevante a continuação dos estudos nesta área.<br />
É, acima <strong>de</strong> tudo, prioritário diminuir as fontes <strong>de</strong> inóculo responsáveis pelas infecções,<br />
restringir a dispersão dos esporos dos fungos envolvidos e evitar a contaminação dos<br />
diferentes órgãos <strong>da</strong> vi<strong>de</strong>ira, durante o Inverno e/ou período correspon<strong>de</strong>nte ao ciclo<br />
vegetativo. Estas práticas levarão à menor ocorrência <strong>de</strong> infecções, possibilitando um<br />
possível controlo <strong>da</strong> doença.<br />
17
2.6.1 LUTA CULTURAL<br />
<strong>Doença</strong> <strong>de</strong> <strong>Petri</strong><br />
A luta cultural, utiliza<strong>da</strong> como meio <strong>de</strong> luta preventivo, <strong>de</strong>verá basear-se na utilização <strong>de</strong><br />
materiais sãos na instalação <strong>da</strong> vinha, na adopção <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> condução que<br />
permitam po<strong>da</strong>s menos severas, evitar gran<strong>de</strong>s feri<strong>da</strong>s e protegê-las com fungici<strong>da</strong>s<br />
eficazes. Na vinha, a po<strong>da</strong> <strong>de</strong>ve ser realiza<strong>da</strong> o mais tar<strong>de</strong> possível para minorar a<br />
susceptibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s feri<strong>da</strong>s à contaminação por esporos <strong>de</strong> Pa. chlamydospora (Larignon<br />
et al., 2000). As cepas doentes <strong>de</strong>vem ser po<strong>da</strong><strong>da</strong>s em último lugar, acautelando a<br />
possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> contaminações, apesar <strong>de</strong> não existirem evidências experimentais que<br />
os instrumentos <strong>de</strong> po<strong>da</strong> veiculem o fungo (Sofia et al., 2006). Deve-se eliminar e<br />
queimar cepas mortas e tecidos doentes, aconselhando-se sempre a remoção <strong>da</strong> lenha<br />
<strong>de</strong> po<strong>da</strong> (Aboim-Inglez et al., 2004). Em alternativa, a lenha infecta<strong>da</strong> po<strong>de</strong> sofrer um<br />
processo <strong>de</strong> reciclagem e ser reincorpora<strong>da</strong> na vinha, após compostagem (Lecomte et<br />
al., 2006).<br />
2.6.2 LUTA FÍSICA E BIOLÓGICA<br />
O tratamento dos materiais <strong>de</strong> propagação vegetativa <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira com água quente, antes<br />
<strong>da</strong> enxertia, tem sido usado com sucesso na <strong>de</strong>sinfecção <strong>de</strong> estacas (porta-enxertos e<br />
garfos). Continua a ser o único meio eficaz para controlar um número importante <strong>de</strong><br />
pragas e patogénios, na produção <strong>de</strong> material <strong>de</strong> propagação <strong>da</strong> vi<strong>de</strong>ira, mas não é<br />
consi<strong>de</strong>rado um tratamento curativo, mas sim preventivo (Crous et al., 2001).<br />
Este tratamento consiste em colocar as plantas em água a 50ºC, durante 30 minutos,<br />
para reduzir o número <strong>de</strong> esporos e torná-los não viáveis controlando assim a<br />
disseminação do fungo (Crous et al., 2001). Esta prática é usa<strong>da</strong> regularmente em países<br />
como a África do Sul, Austrália e Nova Zelândia e contribui para a redução drástica do<br />
inóculo. Ain<strong>da</strong> assim, não evita que os materiais sejam contaminados, posteriormente.<br />
Em Espanha, Gramaje et al. (2009) sujeitaram vários porta-enxertos e combinações <strong>de</strong><br />
casta/porta-enxerto a diferentes mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> temperatura (<strong>da</strong> água) durante 30, 45<br />
ou 60 min. <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> exposição e conseguiram erradicar Pa. chlamydospora e reduzir<br />
o reisolamento <strong>de</strong> Pm. aleophilum, com um tratamento à temperatura <strong>de</strong> 53ºC , durante<br />
30 min. Estes autores admitem que a gama <strong>de</strong> temperaturas testa<strong>da</strong> po<strong>de</strong>rá causar<br />
efeitos negativos em materiais produzidos em países <strong>de</strong> clima mais frio (Crocker et al.,<br />
2002; Graham, 2007; Gramaje et al., 2008).<br />
18
<strong>Doença</strong> <strong>de</strong> <strong>Petri</strong><br />
Apesar dos efeitos positivos (fitossanitários), o tratamento com água quente induz algum<br />
stresse nas plantas, po<strong>de</strong> originar per<strong>da</strong> <strong>de</strong> material, ou quebras drásticas <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
se não for aplicado correctamente (Waite & Morton, 2007).<br />
No âmbito <strong>da</strong> luta biológica, têm sido testa<strong>da</strong>s diferentes formulações basea<strong>da</strong>s em<br />
Tricho<strong>de</strong>rma sp.. Mackenzie et al. (2000) referem que Tricho<strong>de</strong>rma sp. promove o<br />
crescimento radicular <strong>da</strong> vi<strong>de</strong>ira, aumentando a absorção <strong>de</strong> nutrientes e proporcionando<br />
maior tolerância <strong>da</strong>s plantas ao stresse. Em consequência, verificaram redução <strong>da</strong><br />
infecção por Pa. chlamydospora, ao longo do tempo.<br />
Na África do Sul, em viveiro vitícola, os tratamentos com formulações <strong>de</strong> Tricho<strong>de</strong>rma,<br />
quando conjugados com água quente e/ou <strong>de</strong>sinfecção com fungici<strong>da</strong>, resultaram na<br />
diminuição <strong>da</strong> incidência <strong>da</strong> doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong>. Ain<strong>da</strong> assim, os efeitos <strong>de</strong> Tricho<strong>de</strong>rma sp.,<br />
quando analisados isola<strong>da</strong>mente, originaram resultados inconsistentes (Fourie et al.,<br />
2001; Fourie & Halleen, 2004).<br />
Por sua vez, um estudo <strong>de</strong> Di Marco & Osti (2007), em estufa, <strong>de</strong>monstrou que os efeitos<br />
<strong>de</strong> Tricho<strong>de</strong>rma são mais benéficos quando usados para evitar infecções durante o<br />
período <strong>de</strong> enraizamento, confirmando resultados anteriormente obtidos (Di Marco et al.,<br />
2004).<br />
2.6.3 LUTA QUÍMICA<br />
A luta química contra a esca e a doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong> reduzia-se, até há uns anos atrás, ao<br />
uso do arsenito <strong>de</strong> sódio, permitido em Portugal e noutros países do mundo e muito<br />
eficaz na redução <strong>da</strong> incidência e severi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>stas doenças. Contudo, os efeitos<br />
nefastos para o Homem, alta toxici<strong>da</strong><strong>de</strong> e efeitos carcinogénicos, e para o ambiente,<br />
conduziram à sua proibição a nível mundial, o que coincidiu com o aumento <strong>de</strong> incidência<br />
<strong>de</strong>stas e <strong>de</strong> outras doenças do lenho <strong>da</strong> vi<strong>de</strong>ira.<br />
Até à <strong>da</strong>ta, ain<strong>da</strong> não foi encontrado um substituto do arsenito <strong>de</strong> sódio, com efeitos<br />
comparáveis aos proporcionados por aquele produto. Santos et al. (2006), que<br />
compararam o tiaben<strong>da</strong>zol, o resveratrol e o arsenito <strong>de</strong> sódio, concluíram que o arsenito<br />
não reduzia o crescimento micelial <strong>de</strong> Pa. chlamydospora, ao contrário do que ocorria<br />
com tiaben<strong>da</strong>zol, sugerindo assim o seu uso, em vez <strong>de</strong> arsenito, já que não apresentava<br />
riscos comparáveis <strong>de</strong> toxici<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> ecotoxici<strong>da</strong><strong>de</strong>. Também o resveratrol tem efeitos<br />
sobre o crescimento micelial dos fungos envolvidos na doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong> e também não<br />
provoca efeitos negativos no crescimento <strong>da</strong>s plantas. Assim estes produtos po<strong>de</strong>m vir a<br />
ser possíveis substitutos na prevenção <strong>da</strong> disseminação <strong>de</strong>stes fungos. Foi também<br />
19
<strong>Doença</strong> <strong>de</strong> <strong>Petri</strong><br />
<strong>de</strong>monstra<strong>da</strong> em Itália a eficácia do fosetil <strong>de</strong> alumínio em relação aos fungos <strong>de</strong> esca,<br />
Pa. chlamydospora e Pm. aleophilum (Di Marco et al., 2000).<br />
Jaspers (2001), ao estu<strong>da</strong>r 22 fungici<strong>da</strong>s, sistémicos e <strong>de</strong> contacto, contra a Pa.<br />
chlamydospora, obteve resultados promissores na inibição do crescimento micelial, tendo<br />
os fungici<strong>da</strong>s ciproconazol, bitertanol, tebuconazol, fenarimol, miclobutanil e procloraz<br />
apresentado os valores <strong>de</strong> EC50 mais baixos. Mas na inibição <strong>da</strong> germinação <strong>de</strong> esporos<br />
apenas para o benomil e as anilopirimidinas sozinhas ou combina<strong>da</strong>s com fenilpirrol, se<br />
obtiveram EC50 baixos (0,09 mg.L -1 , 0,086 mg.L -1 e 0,11 mg.L -1 , respectivamente). Os<br />
fungici<strong>da</strong>s <strong>de</strong> contacto revelaram melhor eficácia na inibição <strong>da</strong> germinação <strong>de</strong> conídios,<br />
comparativamente à inibição do crescimento micelial.<br />
O fungici<strong>da</strong> sulfato <strong>de</strong> hidroxiquinolina, foi bastante eficaz na redução <strong>da</strong> germinação <strong>de</strong><br />
esporos e menos eficaz contra o crescimento micelial.<br />
Também em Portugal foram testados os fungici<strong>da</strong>s tolifluani<strong>da</strong>, trifloxistrobina,<br />
tebuconazol e azoxistrobina, na inibição do crescimento micelial <strong>de</strong> Pa. chlamydospora. O<br />
tebuconazol foi o que apresentou melhor eficácia biológica para um maior número <strong>de</strong><br />
isolados, seguido <strong>da</strong> tolifluani<strong>da</strong> (Lourenço, 2001).<br />
Laukart et al. (2001) testaram oito fungici<strong>da</strong>s na redução <strong>de</strong> necroses causa<strong>da</strong>s por Pa.<br />
chlamydospora. O fosfanato foi a substância activa com maior eficácia na redução <strong>da</strong><br />
incidência <strong>de</strong> necroses na medula, já o tratamento com benzotiadiazol foi o que<br />
<strong>de</strong>monstrou menor eficácia.<br />
Recentemente foi estu<strong>da</strong>do o potencial <strong>da</strong> quitosana, um polímero não tóxico,<br />
biocompatível e bio<strong>de</strong>gradável, proveniente <strong>da</strong> <strong>de</strong>sacetilação <strong>da</strong> quitina, como<br />
biopestici<strong>da</strong>. A quitosana tem <strong>de</strong>monstrado activi<strong>da</strong><strong>de</strong> anti-fúngica e antibacteriana, para<br />
além <strong>de</strong> ser um activador <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa nas plantas (Bell et al., 1998;<br />
Sathiyabama & Balasubramanian, 1998; Bautista-Baños et al., 2003; Aït Barke et al.,<br />
2004). Os primeiros autores a registarem a sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Pa. chlamydospora à<br />
quitosana foram Bruno et al. (2001). O produto originou a inibição total do crescimento<br />
radial do fungo à concentração <strong>de</strong> 50 mg.L -1 . Resultados análogos foram obtidos por<br />
Nascimento et al. (2007), utilizando porém meta<strong>de</strong> <strong>da</strong> concentração do produto. No<br />
entanto, é <strong>de</strong> salientar que a comparação <strong>de</strong> resultados sobre eficácia <strong>da</strong> quitosana po<strong>de</strong><br />
variar entre autores, pois <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>sacetilação <strong>da</strong> quitina, do peso<br />
molecular e do pH do meio <strong>de</strong> cultura (Alfredsen et al., 2004; Wu et al., 2004; Torr et<br />
al., 2005).<br />
Nascimento et al. (2007) provaram ain<strong>da</strong> que a quitosana quando aplica<strong>da</strong> em<br />
pulverização foliar nas vi<strong>de</strong>iras infecta<strong>da</strong>s, originava redução <strong>da</strong> percentagem <strong>de</strong><br />
isolamento <strong>de</strong> Pa. chlamydospora evi<strong>de</strong>nciando a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do uso <strong>de</strong> quitosana como<br />
20
<strong>Doença</strong> <strong>de</strong> <strong>Petri</strong><br />
tratamento alternativo ou complementar aos fungici<strong>da</strong>s convencionais, na luta contra as<br />
doenças do lenho <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira<br />
2.7 OBJECTIVOS<br />
O presente estudo, realizado no âmbito <strong>da</strong> Dissertação <strong>de</strong> Mestrado em Engenharia<br />
Agronómica, especialização em Protecção <strong>da</strong>s Plantas, teve como principais objectivos:<br />
i) actualizar a informação disponível sobre diversos aspectos <strong>da</strong> doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong> (e esca<br />
<strong>da</strong> vi<strong>de</strong>ira);<br />
ii) comparar a eficácia <strong>de</strong> dois métodos <strong>de</strong> inoculação artificial <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>iras com o<br />
principal agente causal <strong>da</strong> doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong>/esca, Phaeomoniella chlamydospora;<br />
iii) avaliar, em condições <strong>de</strong> campo, a eficácia <strong>de</strong> diferentes pastas fungici<strong>da</strong>s na<br />
protecção/<strong>de</strong>sinfecção <strong>de</strong> feri<strong>da</strong>s <strong>de</strong> po<strong>da</strong>, inocula<strong>da</strong>s artificialmente com Pa.<br />
chlamydospora, em duas castas <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira, Syrah e Touriga Nacional.<br />
21
3. MATERIAL E MÉTODOS<br />
3.1 ISOLADOS EM ESTUDO<br />
Material e métodos<br />
Utilizou-se uma colecção <strong>de</strong> isolados <strong>de</strong> Phaeomoniella chlamydospora, obtidos a partir<br />
<strong>de</strong> porta-enxertos <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira e <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>iras com sintomas <strong>de</strong> doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong>. No quadro<br />
3.1. são referidos <strong>da</strong>dos sobre o local <strong>da</strong> colheita do material e hospe<strong>de</strong>iro, <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> sua<br />
obtenção, assim como a <strong>de</strong>signação atribuí<strong>da</strong> a esses isolados no <strong>de</strong>curso do presente<br />
trabalho.<br />
Quadro 3.1. Origem dos isolados <strong>de</strong> Phaeomoniella chlamydospora utilizados nos ensaios <strong>de</strong> patogenici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
Código do isolado Origem<br />
Data <strong>de</strong><br />
Isolamento<br />
ALPL2 Monforte, Alentejo 2007 1103P/Viogner<br />
Porta-enxerto/Casta<br />
T3 L20 Vidigueira, Alentejo 2008 169VO/Cabernet Sauvignon<br />
T6 L100 Vidigueira, Alentejo 2008 337MM/Cabernet Sauvignon<br />
T16 L299 Vidigueira, Alentejo 2008 400MM/Petit Verdot<br />
T20 L326 Vidigueira, Alentejo 2008 400VO/Petit Verdot<br />
T21 L330 Vidigueira, Alentejo 2008 76PB/Chardonnay<br />
PL 2 Monforte, Alentejo 2007 1103P/Arinto<br />
3.2 ESTUDO DA PATOGENICIDADE DOS ISOLADOS DE PHAEOMONIELLA<br />
CHLAMYDOSPORA EM PLANTAS DE VIDEIRA<br />
3.2.1 OBTENÇÃO DO MATERIAL VEGETAL<br />
Nos estudos <strong>de</strong> patogenici<strong>da</strong><strong>de</strong> foi segui<strong>da</strong> metodologia idêntica à <strong>de</strong>scrita por Rego et al.<br />
(2001) e Vaz (2008). Utilizaram-se estacas <strong>da</strong> casta Touriga Nacional, obti<strong>da</strong>s a partir <strong>de</strong><br />
varas do ano colhi<strong>da</strong>s na vinha do Almotivo do Instituto Superior <strong>de</strong> Agronomia, Lisboa.<br />
As estacas foram enraiza<strong>da</strong>s em banca<strong>da</strong> com sistema <strong>de</strong> aquecimento, à temperatura<br />
<strong>de</strong> 20ºC, em substrato composto por areia esteriliza<strong>da</strong> coberta por uma cama<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
perlite, numa estufa <strong>de</strong> campo com sistema “cooling” e sombreamento automático.<br />
22
Material e métodos<br />
O enraizamento <strong>de</strong>correu durante três meses, sob condições <strong>de</strong> nebulização automática<br />
por períodos <strong>de</strong> 5 segundos e frequência <strong>de</strong> 10 minutos. Após o enraizamento, as plantas<br />
foram envasa<strong>da</strong>s em sacos <strong>de</strong> polietileno negro <strong>de</strong> 1L <strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>, contendo uma<br />
mistura <strong>de</strong> terra vegetal, turfa e areia.<br />
3.2.2 PRODUÇÃO DE INÓCULO, INOCULAÇÃO E CONDIÇÕES DE INCUBAÇÃO<br />
No ensaio testou-se a patogenici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sete isolados <strong>de</strong> Pa. chlamydospora (Quadro<br />
3.1.). As inoculações do material vegetal foram efectua<strong>da</strong>s <strong>de</strong> acordo com uma<br />
a<strong>da</strong>ptação ao método <strong>de</strong>scrito por Mostert et al. (2000). Para a obtenção do inóculo,<br />
retiraram-se <strong>da</strong> extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s colónias dos isolados, em PDA, com 14 dias <strong>de</strong><br />
crescimento, discos miceliais <strong>de</strong> 3 mm que foram transferidos para dois tipos <strong>de</strong> meio <strong>de</strong><br />
cultura: meio sólido e meio líquido. Em meio sólido, a incubação <strong>de</strong>correu em placas <strong>de</strong><br />
<strong>Petri</strong> (90 mm <strong>de</strong> diâmetro) contendo gelose <strong>de</strong> batata <strong>de</strong>xtrosa<strong>da</strong> (PDA, Potato Dextrose<br />
Agar, Difco Laboratories, Detroit, MI, USA), durante 14 dias, a 22±1ºC na obscuri<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Em meio líquido, a incubação <strong>de</strong>correu em balões <strong>de</strong> Erlenmeyer contendo 250 mL <strong>de</strong><br />
extracto <strong>de</strong> malte a 2% (ME, Malt Extract, Bacto, Becton, Dickinson and Company,<br />
Sparks, MD, USA) durante 14 dias, a 20ºC na obscuri<strong>da</strong><strong>de</strong> e sob agitação contínua (90<br />
bati<strong>da</strong>s/minuto). Ao fim <strong>de</strong> 14 dias, as culturas líqui<strong>da</strong>s foram filtra<strong>da</strong>s e a concentração<br />
<strong>de</strong> esporos ajusta<strong>da</strong>, com o auxílio <strong>de</strong> um hemacitómetro, <strong>de</strong> forma a dosear cerca <strong>de</strong><br />
10 5 esporos/mL.<br />
Nas plantas envasa<strong>da</strong>s, efectuaram-se pequenas feri<strong>da</strong>s nos pâmpanos com um anel<br />
cortante (Figura 3.1 A), sobre as quais se colocaram discos miceliais <strong>de</strong> 3 mm ou 5 µL <strong>de</strong><br />
suspensão conidial, 10 5 esporos/mL, <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um dos isolados em estudo. Em segui<strong>da</strong>, os<br />
pâmpanos inoculados com discos miceliais foram envolvidos em algodão hume<strong>de</strong>cido em<br />
água <strong>de</strong>stila<strong>da</strong> esteriliza<strong>da</strong>, enquanto os que foram inoculados com suspensão conidial<br />
apenas se colocou algodão, no fim, colocou-se o “Parafilm” (Figura 3.1 B).<br />
23
Material e métodos<br />
Figura 3.1. Aspecto <strong>da</strong> feri<strong>da</strong> efectua<strong>da</strong> com um anel cortante num pâmpano <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira <strong>da</strong> casta Touriga<br />
Nacional (A) e <strong>da</strong> protecção <strong>da</strong> feri<strong>da</strong> com algodão e “Parafilm”(B), após inoculação com um isolado <strong>de</strong><br />
Phaeomoniella chlamydospora.<br />
Ca<strong>da</strong> planta foi inocula<strong>da</strong> com um isolado, tendo-se efectuado 10 repetições. Na<br />
mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> testemunha, igualmente com 10 repetições, foi utilizado um disco <strong>de</strong> PDA<br />
esterilizado ou 5 µL <strong>de</strong> água <strong>de</strong>stila<strong>da</strong> esteriliza<strong>da</strong>, em substituição, respectivamente, do<br />
disco micelial ou <strong>da</strong> suspensão conidial.<br />
O ensaio <strong>de</strong>correu em estufa <strong>de</strong> campo, sob temperaturas <strong>de</strong> 24±5ºC/18ºC (dia/noite),<br />
durante 4 meses (Figura 3.2).<br />
Figura 3.2. Aspecto geral dos ensaios <strong>de</strong> patogenici<strong>da</strong><strong>de</strong>; plantas <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira <strong>da</strong> casta Touriga Nacional<br />
inocula<strong>da</strong>s com isolados <strong>de</strong> Phaeomoniella chlamydospora (10 repetições), manti<strong>da</strong>s durante 4 meses em<br />
estufa <strong>de</strong> campo, sob condições <strong>de</strong> temperatura diurna <strong>de</strong> 24 ± 5ºC e nocturna <strong>de</strong> 18ºC e aproxima<strong>da</strong>mente 12<br />
horas <strong>de</strong> luz solar.<br />
3.2.3 PARÂMETROS AVALIADOS<br />
A B<br />
Decorridos 4 meses após a inoculação avaliaram-se os seguintes parâmetros:<br />
comprimento e largura <strong>da</strong>s necroses que se <strong>de</strong>senvolveram sobre os lançamentos<br />
inoculados e percentagem <strong>de</strong> reisolamentos (obtidos a partir <strong>da</strong> zona <strong>de</strong> transição <strong>da</strong>s<br />
necroses). Retiraram-se fragmentos <strong>de</strong> tecido necrosado para vidros <strong>de</strong> relógio e<br />
posteriormente foram <strong>de</strong>sinfectados superficialmente por imersão em etanol a 70%<br />
evaporado à chama (A<strong>da</strong>lat et al., 2000). De segui<strong>da</strong>, os fragmentos foram imersos
Material e métodos<br />
numa solução <strong>de</strong> hipoclorito <strong>de</strong> sódio (NaOCl) a 7%, durante 1 minuto. Por fim,<br />
passaram-se por água <strong>de</strong>stila<strong>da</strong> esteriliza<strong>da</strong> e secaram-se em papel <strong>de</strong> filtro.<br />
Transferiram-se, assepticamente, para placas <strong>de</strong> <strong>Petri</strong>, contendo 15-20 mL <strong>de</strong> PDA, ao<br />
qual se havia adicionado, após esterilização e arrefecimento até 45ºC, 250 mg <strong>de</strong><br />
cloranfenicol por litro <strong>de</strong> meio. As placas foram a incubar à temperatura <strong>de</strong> 22ºC,<br />
durante um período superior a 15 dias.<br />
Os resultados obtidos foram submetidos à ANOVA com efeitos fixos e distribuição normal,<br />
utilizando um <strong>de</strong>lineamento a dois factores (isolado; método <strong>de</strong> inoculação), totalmente<br />
casualizado e um nível <strong>de</strong> significância <strong>de</strong> 0,05. A comparação <strong>da</strong>s médias efectuou-se<br />
recorrendo ao teste <strong>de</strong> Tukey HSD (com nível <strong>de</strong> significância <strong>de</strong> 0,05) no programa<br />
STATISTICA 6.0. Todos os valores expressos em percentagem sofreram transformação<br />
angular arcsen√x, antes <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r à ANOVA.<br />
3.3 ENSAIOS DE CAMPO DE CAMPO PARA AVALIAÇÃO DE EFICÁCIA DE FUNGICIDAS<br />
NA PROTECÇÃO DE FERIDAS DE PODA<br />
Numa vinha com 5 anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>, situa<strong>da</strong> em Arru<strong>da</strong> dos Vinhos, região <strong>da</strong> Estremadura,<br />
foram efectuados dois ensaios <strong>de</strong> campo, um na casta Syrah e outro na casta Touriga<br />
Nacional, para avaliação <strong>da</strong> eficácia <strong>de</strong> seis fungici<strong>da</strong>s na protecção <strong>de</strong> feri<strong>da</strong>s <strong>de</strong> po<strong>da</strong>,<br />
relativamente a Pa. chlamydospora. Os seis fungici<strong>da</strong>s, com a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> código BUC<br />
(Quadro 3.2), foram fornecidos pela Empresa BASF, estando as respectivas substâncias<br />
abrangi<strong>da</strong>s por um acordo <strong>de</strong> confi<strong>de</strong>nciali<strong>da</strong><strong>de</strong>, estabelecido entre a Empresa e o<br />
Instituto Superior <strong>de</strong> Agronomia.<br />
Vi<strong>de</strong>iras aparentemente sãs (sem sintomas associados a doenças do lenho) foram<br />
po<strong>da</strong><strong>da</strong>s para que os talões ficassem com cerca <strong>de</strong> 2 cm acima do 3º nó. A aplicação do<br />
fungici<strong>da</strong> efectuou-se através <strong>de</strong> uma única pincelagem <strong>da</strong> feri<strong>da</strong> <strong>de</strong> po<strong>da</strong>. Foram<br />
efectua<strong>da</strong>s 18 repetições para ca<strong>da</strong> um dos fungici<strong>da</strong>s em estudo, para o fungici<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
referência (carben<strong>da</strong>zime+flusilazol, Escudo ® ) e para os controlos. Após um intervalo <strong>de</strong><br />
24 horas, as vi<strong>de</strong>iras foram inocula<strong>da</strong>s por <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> 50 µL <strong>de</strong> uma suspensão<br />
conidial, do isolado T20 L326, <strong>de</strong> Pa. chlamydospora, obti<strong>da</strong> tal como <strong>de</strong>scrito em 3.2.2<br />
em ca<strong>da</strong> secção <strong>de</strong> po<strong>da</strong>. Os locais <strong>de</strong> inoculação foram protegidos com “Parafilm”<br />
durante cerca <strong>de</strong> um mês. Na mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> testemunha, efectuou-se um procedimento<br />
análogo, mas o inóculo foi substituído por igual volume <strong>de</strong> água <strong>de</strong>stila<strong>da</strong> esteriliza<strong>da</strong>.<br />
Apesar dos resultados obtidos em vi<strong>de</strong>iras envasa<strong>da</strong>s indicarem superiori<strong>da</strong><strong>de</strong> do método<br />
<strong>de</strong> inoculação por discos miceliais, optou-se pela utilização <strong>de</strong> suspensões conidiais por<br />
simularem com maior fi<strong>de</strong>digni<strong>da</strong><strong>de</strong> as contaminações naturais.<br />
25
Material e métodos<br />
O esquema dos ensaios <strong>de</strong> campo, encontra-se representado no Anexo A. O<br />
<strong>de</strong>lineamento experimental usado foi o <strong>da</strong> casualização global <strong>da</strong>s mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s e os<br />
resultados foram submetidos a análise <strong>da</strong> variância (ANOVA) com efeitos fixos e<br />
distribuição normal, utilizando um <strong>de</strong>lineamento a um factor (tratamento fungici<strong>da</strong>),<br />
totalmente casualizados e um nível <strong>de</strong> significância <strong>de</strong> 0,05, com recurso ao programa<br />
STATISTICA 6.0. Os valores expressos em percentagens sofreram transformação angular<br />
(arcsen√x), antes <strong>de</strong> se proce<strong>de</strong>r à ANOVA. A comparação dos valores médios dos<br />
resultados obtidos foi realiza<strong>da</strong> através do teste <strong>de</strong> Tukey (com nível <strong>de</strong> significância <strong>de</strong><br />
0,05).<br />
As vi<strong>de</strong>iras em ensaio foram ain<strong>da</strong> alvo <strong>de</strong> po<strong>da</strong> em ver<strong>de</strong> (<strong>de</strong>sponta, mon<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
sarmentos, <strong>de</strong>sladroamento e <strong>de</strong>sfolha) não se tendo procedido à mon<strong>da</strong> <strong>de</strong> cachos. É<br />
ain<strong>da</strong> <strong>de</strong> referir que os tratamentos contra as principais doenças, pragas e infestantes<br />
foram realizados <strong>de</strong> acordo com o procedimento habitual <strong>da</strong> quinta on<strong>de</strong> foi instalado o<br />
ensaio.<br />
3.3.1 AVALIAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE NECROSES<br />
Após seis meses <strong>de</strong> incubação (Setembro/Outubro), recolheram-se as varas em ensaio<br />
para avaliação. Proce<strong>de</strong>u-se à medição do comprimento total <strong>da</strong>s varas, assim como do<br />
comprimento dos vários entrenós. Posteriormente to<strong>da</strong>s as varas foram corta<strong>da</strong>s<br />
longitudinalmente e registou-se a existência ou não <strong>de</strong> necroses e avaliou-se o seu<br />
comprimento. Segui<strong>da</strong>mente efectuou-se o reisolamento do fungo inoculado a partir <strong>de</strong><br />
fragmentos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira retirados <strong>da</strong> bor<strong>da</strong>dura <strong>da</strong>s necroses. No Quadro 3.3 e na Figura<br />
3.3 po<strong>de</strong>-se visualizar os vários níveis em que se dividiu ca<strong>da</strong> lançamento.<br />
Quadro 3.2. Níveis em que foram divididos os talões.<br />
Níveis Local do lançamento<br />
Região 1 abaixo do corte <strong>de</strong> po<strong>da</strong><br />
Região 2 acima do 3º nó<br />
Região 3 abaixo do 3º nó<br />
Região 4 acima do 2º nó<br />
Região 5 abaixo do 2º nó<br />
26
Material e métodos<br />
Figura 3.3. Ilustração do modo como foi efectua<strong>da</strong> a divisão dos lançamentos <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira usados para ensaios<br />
<strong>de</strong> fungici<strong>da</strong>s em feri<strong>da</strong>s <strong>de</strong> po<strong>da</strong>.<br />
De ca<strong>da</strong> região, com presença <strong>de</strong> necroses, cortaram-se cinco pe<strong>da</strong>ços, com auxílio <strong>de</strong><br />
uma tesoura <strong>de</strong> po<strong>da</strong>. Os pe<strong>da</strong>ços foram <strong>de</strong>sinfectados superficialmente por imersão em<br />
etanol a 70%, evaporado à chama (A<strong>da</strong>lat et al., 2000). Segui<strong>da</strong>mente, foram imersos<br />
numa solução <strong>de</strong> hipoclorito <strong>de</strong> sódio (NaOCl) a 7%, durante 1 min., passados por água<br />
<strong>de</strong>stila<strong>da</strong> esteriliza<strong>da</strong>, também durante 1 min. e por fim secos em papel <strong>de</strong> filtro. Foram,<br />
então, transferidos assepticamente para placas <strong>de</strong> <strong>Petri</strong> contendo 15-20 mL <strong>de</strong> PDA e<br />
250 mg/L <strong>de</strong> cloranfenicol. As placas foram coloca<strong>da</strong>s em estufa <strong>de</strong> incubação a 22ºC, na<br />
obscuri<strong>da</strong><strong>de</strong>, durante 2 semanas (Mugnai et al., 1996).<br />
3.3.2 EXTRACÇÃO DE DNA<br />
Região 2<br />
Região 5<br />
Po<strong>da</strong><br />
Na extracção do DNA, a partir dos lançamentos inoculados artificialmente com Pa.<br />
chlamydospora, utilizaram-se os protocolos <strong>de</strong>scritos por Cenis (1992) e Nascimento et<br />
al. (2001), introduzindo algumas modificações.<br />
Região 1<br />
Região 3<br />
Região 4<br />
Da margem <strong>da</strong>s necroses retiraram-se fragmentos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira que foram congelados em<br />
azoto líquido e macerados com o auxílio <strong>de</strong> um almofariz e pilão até ficarem reduzidos a<br />
um pó fino. Este foi então transferido para um tubo <strong>de</strong> microcentrífuga <strong>de</strong> 1,5 mL e<br />
adicionado 650 µL <strong>de</strong> tampão <strong>de</strong> extracção (200mM Tris-HCl, pH 8,0; 250 mM EDTA;<br />
0,5% SDS, p/v), suplementado com 1% <strong>de</strong> polivinilpirrolidona (PVP, Sigma Chemical<br />
Company, St. Louis, MO, USA). Posteriormente os tubos foram agitados por vortex<br />
durante 15 min., para homogeneização <strong>da</strong> mistura. De segui<strong>da</strong>, adicionaram-se 195 µL<br />
<strong>de</strong> acetato <strong>de</strong> sódio 3M (pH 5,2), e colocaram-se os tubos <strong>de</strong> microcentrífuga a -20ºC,<br />
durante 15 min. Passado este período, os tubos foram centrifugados a 13000 rpm
Material e métodos<br />
(Centrífuga Hettich 32R), à temperatura <strong>de</strong> 4ºC durante 10 min., e o sobrena<strong>da</strong>nte foi<br />
recolhido para um novo tubo. Repetiu-se este passo pelo menos duas vezes, até total<br />
eliminação <strong>da</strong>s partículas sóli<strong>da</strong>s. Ao sobrena<strong>da</strong>nte obtido adicionou-se igual volume <strong>de</strong><br />
isopropanol frio, para precipitação do DNA.<br />
Os tubos foram <strong>de</strong>ixados à temperatura ambiente durante 5 min. e <strong>de</strong> segui<strong>da</strong> agitados<br />
lentamente, por inversão, até se observar a formação <strong>de</strong> um “novelo”. Foram<br />
centrifugados durante 10 min. (13000 rpm, 4ºC), seguindo-se a eliminação do<br />
sobrena<strong>da</strong>nte e lavagem do “pellet” com 1mL <strong>de</strong> etanol a 70%, frio. Centrifugou-se<br />
novamente durante 2 min., nas condições acima <strong>de</strong>scritas, <strong>de</strong>cantou-se o sobrena<strong>da</strong>nte e<br />
<strong>de</strong>ixou-se o precipitado a secar à temperatura ambiente.<br />
Depois do “pellet” seco adicionaram-se 25 µL <strong>de</strong> TE (10mM Tris-HCl, pH 8,0; 1mM<br />
EDTA), para solubilizar os ácidos nucleicos e colocaram-se os tubos <strong>de</strong> microcentrífuga a<br />
4ºC até à utilização do DNA.<br />
3.3.3 DETECÇÃO DE PHAEOMONIELLA CHLAMYDOSPORA POR NESTED - PCR<br />
Depois <strong>de</strong> efectua<strong>da</strong> a extracção do DNA, proce<strong>de</strong>u-se à <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> Pa. chlamydospora<br />
recorrendo à técnica nested-PCR, uma variante <strong>da</strong> Reacção em Ca<strong>de</strong>ia <strong>da</strong> Polimerase<br />
(PCR).<br />
Na primeira reacção <strong>de</strong> amplificação utilizaram-se os primers ITS4 (primer universal) e<br />
ITSF1 (primer especifico para fungos) referidos por Hamelin et al. (1996), para amplificar<br />
parte <strong>da</strong> região ITS (Espaçador Internamente Transcrito) do rDNA <strong>da</strong> globali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos<br />
fungos presentes na ma<strong>de</strong>ira (Nascimento et al., 2001).<br />
Ca<strong>da</strong> reacção <strong>de</strong> amplificação foi realiza<strong>da</strong> num volume final <strong>de</strong> 25 µL em tubos <strong>de</strong><br />
microcentrífuga <strong>de</strong> 200 µL, contendo a seguinte mistura: 1x Tampão <strong>de</strong> PCR, 100 µM <strong>de</strong><br />
ca<strong>da</strong> dNTP, 1 µM <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> primer, 1,25 U <strong>de</strong> Taq DNA polimerase (Dream Taq,<br />
Fermentas, Lituania) e 2,5 µL <strong>de</strong> DNA previamente diluído 10X (a<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> Tegli et al.,<br />
2000). Como controlo negativo utilizou-se a mesma mistura <strong>de</strong> amplificação,<br />
substituindo o DNA por água miliQ esteriliza<strong>da</strong>.<br />
A reacção PCR <strong>de</strong>correu num termociclador Biometra-T-Gradient com o seguinte<br />
programa: pré-<strong>de</strong>snaturação a 95ºC, durante 3 min., segui<strong>da</strong> <strong>de</strong> 30 ciclos <strong>de</strong> 30 s a 92ºC<br />
(<strong>de</strong>snaturação), 30 s a 55ºC (hibri<strong>da</strong>ção), 1 min. a 72ºC (extensão), terminando com um<br />
período <strong>de</strong> 10 min. a 72ºC (extensão final).<br />
Os produtos <strong>de</strong> amplificação obtidos foram sujeitos a uma segun<strong>da</strong> reacção <strong>de</strong><br />
amplificação, em que se usaram os primers específicos para o fungo em estudo, Pch1 e<br />
28
Material e métodos<br />
Pch2 (Tegli et al., 2000) que amplificam um fragmento <strong>de</strong> 360 bp. A mistura <strong>de</strong> reacção,<br />
<strong>de</strong> volume 25 µL, foi a seguinte: 1x Tampão <strong>de</strong> PCR, 50 µM <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> dNTP, 0,5 µM <strong>de</strong><br />
ca<strong>da</strong> primer, 2 U <strong>de</strong> Taq DNA polimerase (Dream Taq, Fermentas) e 1µL do produto<br />
amplificado resultante <strong>da</strong> reacção PCR anterior. Como controlo negativo utilizou-se a<br />
mesma mistura <strong>de</strong> amplificação, substituindo o produto amplificado por água miliQ<br />
esteriliza<strong>da</strong>.<br />
O programa <strong>de</strong> amplificação utilizado consistiu numa pré-<strong>de</strong>snaturação <strong>de</strong> 3 min. a 95ºC,<br />
segui<strong>da</strong> <strong>de</strong> 15 ciclos <strong>de</strong> 20 s a 94 ºC (<strong>de</strong>snaturação), 30 s a 60ºC (hibri<strong>da</strong>ção), 1 min. a<br />
72ºC (extensão), terminando com um período <strong>de</strong> 1 min. a 72ºC (extensão final) (Tegli<br />
et al., 2000; Nascimento et al., 2001).<br />
Os produtos <strong>de</strong> amplificação foram separados por electroforese em gel <strong>de</strong> agarose a 2%<br />
(p/v) em tampão TBE a 0,5x (45 mM Tris-base, 45 mM acido bórico, 1mM EDTA, pH 8,0)<br />
(Sambrook et al., 1989), numa tina horizontal 20 x 25 cm (largura x comprimento)<br />
(“Horizon 20-25, Horizontal Gel Electrophoresis Apparatus, Life Technologies/GibcoBRL”).<br />
Em ca<strong>da</strong> um dos poços <strong>da</strong>s extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do gel colocaram-se 1,5 µL do marcador <strong>de</strong><br />
peso molecular 123 pb DNA lad<strong>de</strong>r (GibcoBRL) adicionados <strong>de</strong> 3 µL <strong>de</strong> “gel-loading<br />
buffer” (0,25%, p/v, <strong>de</strong> azul <strong>de</strong> bromofenol; 40%, p/v, <strong>de</strong> sacarose em TBE 0,5x),<br />
enquanto que nos restantes poços se proce<strong>de</strong>u à aplicação <strong>da</strong>s amostras constituí<strong>da</strong>s por<br />
18 µL dos produtos amplificados, nas mesmas condições do marcador. A electroforese<br />
<strong>de</strong>correu durante 1h 30m a 80 V, corrente gera<strong>da</strong> pela fonte “Electrophoresis Power<br />
Supply – EPS 100, Pharmacia Biotec”, em tampão TBE 0,5x, à temperatura ambiente.<br />
No fim <strong>da</strong> electroforese o gel foi corado com brometo <strong>de</strong> etídio (0,5 µg/L), durante 10<br />
min. e <strong>de</strong>pois lavado em água <strong>de</strong>stila<strong>da</strong>, <strong>de</strong> forma a retirar o excesso do corante, durante<br />
20 min. Os resultados foram visualizados num transiluminador <strong>de</strong> luz ultra-violeta (312<br />
nm) “BTX 20.M, UVItec Limited”, e impressos em papel fotográfico, utilizando uma<br />
impressora térmica “Mitsubishi Mo<strong>de</strong>l P91E”.<br />
29
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Resultados e Discussão<br />
4.1 PATOGENICIDADE DOS ISOLADOS DE PHAEOMONIELLA CHLAMYDOSPORA EM<br />
PLANTAS DE VIDEIRA<br />
Os resultados <strong>da</strong> patogenici<strong>da</strong><strong>de</strong> dos isolados <strong>de</strong> Pa. chlamydospora, inoculados em<br />
vi<strong>de</strong>iras envasa<strong>da</strong>s <strong>da</strong> casta Touriga Nacional, foram registados após quatro meses <strong>de</strong><br />
incubação <strong>da</strong> doença. Foram avaliados os seguintes parâmetros: comprimento e largura<br />
<strong>da</strong>s necroses forma<strong>da</strong>s em torno do ponto <strong>de</strong> inoculação e percentagem <strong>de</strong> reisolamento.<br />
Observando as plantas inocula<strong>da</strong>s, foi notória a redução no crescimento vegetativo assim<br />
como a alteração na coloração <strong>da</strong>s folhas, que se tornaram amarela<strong>da</strong>s ou avermelha<strong>da</strong>s.<br />
A realização <strong>de</strong> cortes longitudinais, nas plantas inocula<strong>da</strong>s, permitiu a observação <strong>de</strong><br />
estrias pretas nos tecidos corticais, sintomas associados à doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong> (Figura 4.1).<br />
Figura 4.1. Sintomas causados por Phaeomoniella chlamydospora em sarmentos <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira e folhas <strong>da</strong> casta<br />
Touriga Nacional quatro meses após inoculação.<br />
4.1.1 DIMENSÃO DAS NECROSES FORMADAS NOS LANÇAMENTOS EM RESULTADO DO<br />
MÉTODO DE INOCULAÇÃO<br />
Tal como referido anteriormente, para ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s necroses obti<strong>da</strong>s, avaliaram-se os<br />
seguintes parâmetros: comprimento e largura <strong>da</strong>s mesmas.<br />
Relativamente ao comprimento <strong>da</strong>s necroses, produzi<strong>da</strong>s pela inoculação <strong>de</strong> uma<br />
suspensão <strong>de</strong> esporos <strong>de</strong> Pa. chlamydospora nos lançamentos jovens <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira (Figura<br />
4.2.), a ANOVA dos resultados revelou a existência <strong>de</strong> diferenças significativas entre<br />
30
todos os isolados isolados e e a a testemunha, testemunha, exceptuando o isolado ALPL2. ALPL2. O isolado isolado PL PL 2 2 diferiu<br />
significativamente <strong>de</strong> todos os os outros produzindo uma necrose <strong>de</strong> <strong>de</strong> maiores maiores dimensões<br />
dimensões<br />
(Quadro 4.1). As médias dos comprimentos <strong>da</strong>s necroses necroses variaram variaram entre entre 9 9 mm para o<br />
isolado ALPL2 e 17,8 mm para o PL 2. Em relação às testemunhas, observaram<br />
observaram-se<br />
algumas necroses <strong>de</strong> pequena pequena dimensão, dimensão, mas mas <strong>de</strong> <strong>de</strong> on<strong>de</strong> on<strong>de</strong> não não se se reisolou Pa.<br />
chlamydospora.<br />
Figura 4.2. Aspecto <strong>da</strong> necrose <strong>de</strong> um ramo inoculado com Phaeomoniella chlamydospora<br />
chlamydospora, em plantas<br />
envasa<strong>da</strong>s <strong>da</strong> casta Touriga Nacional, ao fim <strong>de</strong> quatro meses <strong>de</strong> incubação.<br />
incubação<br />
No que respeita à largura <strong>da</strong>s necroses, a análise <strong>de</strong> resultados mostrou não ocorrer<br />
significativamente <strong>da</strong> testemunha (Quadro 4.1). Os valores médios variaram entre 2,55<br />
mm para ALPL2 e 4,10 mm para T20 L326. Também se po<strong>de</strong> verificar que ALPL2 diferiu difer<br />
significativamente dos isolados T20 L326 e PL 2.<br />
Por sua vez, a ANOVA dos dos valores valores do comprimento comprimento <strong>da</strong> necrose, relativos relativos às às inoculações<br />
efectua<strong>da</strong>s com com discos discos miceliais, revelou revelou que que todos os os isolados isolados diferiam<br />
diferiam<br />
significativamente amente <strong>da</strong> testemunha<br />
testemunha, não diferindo significativamente entre si. O<br />
(isolado PL 2). . Os Os resultados obtidos, obtidos, através através <strong>da</strong> <strong>da</strong> inoculação inoculação com com discos discos miceliais,<br />
miceliais,<br />
revelaram maior dimensão <strong>da</strong>s as necroses necroses e menor heterogenei<strong>da</strong><strong>de</strong>, heterogenei<strong>da</strong><strong>de</strong>, quando quando comparados<br />
comparados<br />
com os obtidos por inoculação com suspensão <strong>de</strong> esporos (Quadro 4.1).<br />
Em relação à largura largura <strong>da</strong>s necroses forma<strong>da</strong>s, quando se se proce<strong>de</strong>u proce<strong>de</strong>u à inoculação com<br />
com<br />
discos miceliais, verificou-se se igualmente a ocorrência <strong>de</strong> diferenças significativas entre os<br />
isolados e a testemunha; contudo, não houve houve diferença significativa entre entre eles. eles. Os<br />
valores médios médios variaram entre 3,50 mm mm para T21 T21 L330 L330 e e 4,40 4,40 mm mm para para o o isolado isolado T3 T3 L20<br />
(Quadro 4.1). Saliente-se se que algumas lesões pouco progrediram lateralmente, estando<br />
a necrose apenas apenas adjacente adjacente ao ao local local on<strong>de</strong> foi efectua<strong>da</strong> a a lesão lesão no no ramo, ramo, tendo uma<br />
largura muito semelhante a esta. Por esta esta razão razão não não se se consi<strong>de</strong>rou consi<strong>de</strong>rou este parâmetro parâmetro muito<br />
muito<br />
relevante e informativo.<br />
Resultados e Discussão<br />
gran<strong>de</strong> variação entre os isolados e a testemunha; apenas o isolado T20<br />
L326 diferiu<br />
comprimento médio <strong>da</strong>s lesões variou entre 33,30 mm (isolado T6 L100) e 43,90 mm
Resultados e Discussão<br />
Quadro 4.1. Dimensão média <strong>da</strong>s necroses obti<strong>da</strong>s em plantas <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira <strong>da</strong> casta Touriga Nacional por<br />
inoculação <strong>de</strong> uma suspensão <strong>de</strong> esporos ou <strong>de</strong> discos miceliais <strong>de</strong> Pa. chlamydospora.<br />
Inoculação por suspensão <strong>de</strong><br />
Inoculação por discos<br />
esporos<br />
miceliais<br />
Isolados Comprimento Largura <strong>da</strong> Comprimento Largura <strong>da</strong><br />
<strong>da</strong> necrose<br />
necrose<br />
<strong>da</strong> necrose necrose<br />
(mm)<br />
(mm)<br />
(mm)<br />
(mm)<br />
Testemunha 2,40 a 2,80 ab 3,60 a 1,22 a<br />
ALPL2 9,00 ab 2,55 a 39,60 b 3,90 b<br />
T3 L20 11,95 bc 3,30 abc 36,40 b 4,40 b<br />
T6 L100 14,20 bc 3,50 abc 33,30 b 3,80 b<br />
T16 L299 14,80 bc 3,00 abc 39,60 b 3,90 b<br />
T21 L330 15,00 bc 3,40 abc 40,40 b 3,50 b<br />
T20 L326 15,10 bc 4,10 c 39,60 b 3,70 b<br />
PL 2 17,80 c 3,80 bc 43,90 b 3,80 b<br />
a) Em ca<strong>da</strong> coluna os valores médios afectados pela mesma letra minúscula não diferem estatisticamente entre si (p=0,05),<br />
através do teste <strong>de</strong> Tuckey HSD.<br />
Globalmente, quando se compararam os dois métodos <strong>de</strong> inoculação, observou-se uma<br />
diferença <strong>da</strong> dimensão <strong>da</strong>s necroses, mais acentua<strong>da</strong> entre os tipos <strong>de</strong> inóculo utilizados<br />
do que propriamente entre isolados. De acordo com a ANOVA dos resultados, registaram-<br />
se diferenças significativas entre os dois métodos <strong>de</strong> inoculação, no que respeita ao<br />
comprimento <strong>da</strong>s lesões obti<strong>da</strong>s. Quando se inocularam plantas com discos miceliais, a<br />
dimensão <strong>da</strong> necrose foi significativamente superior à obti<strong>da</strong> com suspensão <strong>de</strong> esporos,<br />
sobretudo pelo maior comprimento <strong>da</strong> necrose, uma vez que não se registaram<br />
diferenças significativas quanto à largura <strong>da</strong>s mesmas (Quadro 4.2). Os restantes valores<br />
relativos à análise <strong>de</strong> variância e médias encontra-se no Anexo B.<br />
Quadro 4.2. Comparação <strong>da</strong> dimensão média <strong>da</strong>s necroses obti<strong>da</strong>s em sarmentos <strong>de</strong> plantas <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira <strong>da</strong><br />
casta Touriga Nacional, <strong>de</strong> acordo com o método <strong>de</strong> inoculação: suspensão <strong>de</strong> esporos ou discos miceliais <strong>de</strong><br />
Pa. chlamydospora.<br />
Tipo <strong>de</strong> inóculo Comprimento <strong>da</strong> necrose (mm)<br />
Largura <strong>da</strong> necrose<br />
(mm)<br />
Suspensão <strong>de</strong> esporos 12,50 a 3,30 a<br />
Discos miceliais 34,60 b 3,60 a<br />
a) Em ca<strong>da</strong> coluna os valores médios afectados pela mesma letra minúscula não diferem estatisticamente (p=0,05)<br />
32
Resultados e Discussão<br />
Os resultados obtidos estão <strong>de</strong> acordo com os referenciados por outros autores,<br />
<strong>de</strong>signa<strong>da</strong>mente com os <strong>de</strong> Sparapano et al. (2000), que obtiveram lesões <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong><br />
40 mm <strong>de</strong> comprimento, resultantes <strong>da</strong> infecção por Pa. chlamydospora, cinco meses<br />
após a inoculação <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>iras <strong>da</strong> casta Itália, por um método que se assemelha ao dos<br />
discos miceliais, se bem que efectivado em vi<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> 6 anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Interessa salientar que outros ensaios <strong>de</strong> patogenici<strong>da</strong><strong>de</strong>, levados a efeito com a<br />
incorporação do inóculo no substrato <strong>de</strong> enraizamento <strong>de</strong> estacas <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira, têm<br />
originado uma dimensão média <strong>de</strong> lesões <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 20 mm, 3 meses após a<br />
inoculação (A<strong>da</strong>lat et al., 2000).<br />
4.1.2 PERCENTAGEM DE REISOLAMENTO<br />
A percentagem <strong>de</strong> reisolamento <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> isolado <strong>de</strong> Pa. chlamydospora, obti<strong>da</strong> pela<br />
inoculação <strong>de</strong> uma suspensão <strong>de</strong> esporos, variou entre 20% para o isolado PL 2 e 90%<br />
para o isolado T21 L330. Os isolados T20 L326, T6 L100, T16 L299 e T21 L330 diferiram<br />
significativamente dos restantes e <strong>da</strong> testemunha. A heterogenei<strong>da</strong><strong>de</strong> dos resultados tem<br />
provavelmente origem na dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> reisolamento <strong>de</strong>ste fungo, <strong>de</strong> crescimento muito<br />
lento e, também no aparecimento <strong>de</strong> contaminações com outros fungos do lenho, difíceis<br />
<strong>de</strong> eliminar. Verificou-se ain<strong>da</strong> que relativamente à percentagem <strong>de</strong> reisolamento, nem<br />
sempre os isolados que originaram necroses <strong>de</strong> maior dimensão foram os que<br />
apresentaram maior taxa <strong>de</strong> reisolamento. Exemplo disso é o isolado PL 2 que, quando<br />
inoculado através <strong>de</strong> uma suspensão <strong>de</strong> esporos, apresentou um valor <strong>de</strong> comprimento<br />
médio elevado (17,8 mm), mas a percentagem <strong>de</strong> reisolamento foi <strong>de</strong> apenas 20%<br />
(Quadro 4.3).<br />
Para o caso do método <strong>de</strong> inoculação por discos miceliais, relativamente à percentagem<br />
média <strong>de</strong> reisolamento, todos os isolados Pa. chlamydospora diferiram significativamente<br />
<strong>da</strong> testemunha, que apresentou uma taxa <strong>de</strong> reisolamento igual a zero, mas não se<br />
distinguiram entre si. Para estes, a percentagem média <strong>de</strong> reisolamento foi bastante<br />
eleva<strong>da</strong>, variando entre 60% (isolado T21 L330) e 100% (T16 L299) (Quadro 4.3).<br />
33
Resultados e Discussão<br />
Quadro 4.3. Percentagem média <strong>de</strong> reisolamento <strong>de</strong> Phaeomoniella chlamydospora, a partir <strong>de</strong> sarmentos <strong>de</strong><br />
vi<strong>de</strong>ira <strong>da</strong> casta Touriga Nacional inoculados com diferentes isolados suspensão <strong>de</strong> esporos ou discos miceliais<br />
do fungo (teste <strong>de</strong> Tuckey HSD).<br />
Isolado<br />
Inoculação por<br />
suspensão esporos<br />
Reisolamento (%)<br />
Inoculação por<br />
discos miceliais<br />
Testemunha 0,0 a 0,0 a<br />
PL 2 20,0 a 90,0 b<br />
ALPL2 30,0 ab 80,0 b<br />
T3 L20 50,0 ab 80,0 b<br />
T20 L326 50,0 b 80,0 b<br />
T6 L100 50,0 b 70,0 b<br />
T16 L299 60,0 b 100,0 b<br />
T21 L330 90,0 b 60,0 b<br />
a) Em ca<strong>da</strong> coluna os valores médios afectados pela mesma letra minúscula não diferem estatisticamente (p=0,05)<br />
Os resultados <strong>da</strong> ANOVA, referentes à comparação dos dois métodos <strong>de</strong> inoculação,<br />
revelaram que em termos <strong>de</strong> percentagem média <strong>de</strong> reisolamento há diferenças<br />
significativas entre ambos, para o conjunto dos isolados (Quadro 4.4). Conclui-se que,<br />
para efeitos <strong>de</strong> inoculação, a utilização <strong>de</strong> discos miceliais é mais eficiente do que a<br />
suspensão conidial, pois origina uma percentagem média <strong>de</strong> reisolamento <strong>de</strong> Pa.<br />
chlamydospora superior.<br />
Quadro 4.4. Comparação dos dois métodos <strong>de</strong> inoculação em estudo (suspensão <strong>de</strong> esporos ou discos<br />
miceliais) na percentagem <strong>de</strong> reisolamento <strong>de</strong> Phaeomoniella chlamydospora (teste <strong>de</strong> Tuckey HSD).<br />
Tipo <strong>de</strong> inóculo Reisolamento (%)<br />
Suspensão <strong>de</strong> esporos 44,0 a<br />
Discos miceliais 70,0 b<br />
a) Em ca<strong>da</strong> coluna os valores médios afectados pela mesma letra minúscula não diferem estatisticamente (p=0,05)<br />
A percentagem <strong>de</strong> reisolamento é um parâmetro relevante que permite comprovar que<br />
as lesões observa<strong>da</strong>s resultam dos efeitos causados na planta pelo agente causal <strong>da</strong><br />
doença. Da<strong>da</strong>s as características do fungo Pa. chlamydospora, um fungo <strong>de</strong> crescimento<br />
muito lento, o sucesso do reisolamento nem sempre é alcançado, pois frequentemente os<br />
fragmentos <strong>de</strong> tecido doente são colonizados por outros fungos <strong>de</strong> crescimento mais<br />
rápido. A eficiência do reisolamento parece também <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do método <strong>de</strong> inoculação e<br />
muito provavelmente <strong>da</strong> concentração <strong>de</strong> inóculo. Por exemplo, A<strong>da</strong>lat et al. (2000)<br />
34
Resultados e Discussão<br />
obtiveram apenas 7% <strong>de</strong> reisolamentos positivos para Pa. chlamydospora, quando o<br />
método <strong>de</strong> inoculação foi a infecção <strong>da</strong>s estacas <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira, a partir <strong>de</strong> substrato<br />
artificialmente infestado. Por sua vez, Sidoti et al. (2000) obtiveram percentagens <strong>de</strong><br />
reisolamento muito variáveis (16%-85%) para este fungo, usando métodos <strong>de</strong><br />
inoculação distintos: imersão <strong>da</strong>s raízes <strong>da</strong> vi<strong>de</strong>ira numa suspensão <strong>de</strong> esporos, ou<br />
infecção por discos miceliais, introduzidos na região <strong>de</strong> enxertia. Ain<strong>da</strong> assim, não<br />
esclarecem qual dos métodos originou maior percentagem <strong>de</strong> reisolamento, apenas<br />
indicando que o fungo foi reisolado <strong>de</strong> todos os órgãos <strong>da</strong> planta, excepto dos<br />
lançamentos do ano.<br />
4.2 ENSAIOS DE CAMPO – EFICÁCIA DE FUNGICIDAS NO TRATAMENTO DE FERIDAS<br />
DE PODA<br />
A doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong> <strong>da</strong> vi<strong>de</strong>ira, causa<strong>da</strong> por fungos do género Phaeoacremonium e<br />
sobretudo por Phaeomoniella chlamydospora, constitui na actuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, um dos principais<br />
problemas fitossanitários <strong>da</strong> vi<strong>de</strong>ira. Tal como anteriormente referido, estes fungos estão<br />
envolvidos na esca <strong>da</strong> vi<strong>de</strong>ira, doença que no passado recente tem vindo a afectar<br />
vi<strong>de</strong>iras ca<strong>da</strong> vez mais jovens (Surico et al., 2006). O ain<strong>da</strong> escasso conhecimento sobre<br />
estes agentes patogénicos e, sobretudo, a ineficácia dos meios <strong>de</strong> luta actualmente<br />
disponíveis para o seu combate são razões que explicam, pelo menos em parte, o<br />
aumento <strong>da</strong> incidência e <strong>da</strong> severi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>stas doenças. Há consenso em afirmar que a<br />
proibição do uso do arsenito <strong>de</strong> sódio, por razões toxicológicas e ecotoxicológicas, em<br />
muito contribuiu para o agravamento <strong>da</strong> situação (Mostert et al., 2006; Surico et al.,<br />
2006).<br />
O esforço <strong>de</strong> investigação realizado nos últimos anos na pesquisa <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> luta contra<br />
a doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong> e em particular contra a esca tem revelado que não existem métodos<br />
simples nem tratamentos únicos que apresentem eficácia <strong>de</strong> relevo, quando as vi<strong>de</strong>iras<br />
já se encontram infecta<strong>da</strong>s (Mostert et al., 2006). Diversos estudos <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> luta<br />
realizados por Di Marco et al. (2000) e Di Marco & Osti (2005) indicam que o fosetil-Al,<br />
aplicado em injecções ao tronco <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>iras adultas, ou na pulverização foliar <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>iras<br />
jovens, atenuam os sintomas foliares, mas não têm efeito curativo. Também Edwards &<br />
Pascoe (2005) ensaiaram inúmeros tratamentos contra estas doenças, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a aplicação<br />
<strong>de</strong> compostos a fertilizantes, “extra-water”, fosfonatos e Brotomax mas nenhum,<br />
individualmente, resultou eficaz.<br />
Actualmente, conhece-se o elevado potencial <strong>de</strong> dispersão aérea apresentado por Pa.<br />
chlamydospora, bem como a eleva<strong>da</strong> receptivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s feri<strong>da</strong>s <strong>da</strong> po<strong>da</strong> à infecção<br />
35
Resultados e Discussão<br />
(A<strong>da</strong>lat et al., 2000; Larignon & Dubos, 2000). Em consequência, têm surgido diversos<br />
estudos visando a protecção <strong>da</strong>s feri<strong>da</strong>s <strong>da</strong> po<strong>da</strong>, numa estratégia preventiva, em<br />
analogia com os levados a efeito no combate à eutipiose. Neste contexto, Halleen &<br />
Fourie (2005) provaram a eficácia do benomil e do flusilazol na redução <strong>da</strong>s infecções<br />
causa<strong>da</strong>s por Pa. chlamydospora, através <strong>da</strong>s feri<strong>da</strong>s <strong>da</strong> po<strong>da</strong>, tal como os efeitos<br />
positivos <strong>de</strong> Tricho<strong>de</strong>rma. No entanto, a proibição subsequente do benomil na Europa e<br />
noutros países inviabilizou a sua utilização.<br />
A mistura carben<strong>da</strong>zime+flusilazol (Escudo ® ) foi largamente usa<strong>da</strong> na protecção <strong>de</strong><br />
feri<strong>da</strong>s <strong>da</strong> po<strong>da</strong>, no combate à eutipiose, e também na prevenção <strong>de</strong> outras doenças do<br />
lenho. No entanto, a perigosi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ste produto levou a que fosse retirado do mercado<br />
(para vi<strong>de</strong>ira), sendo necessário pesquisar outros produtos que possam vir a constituir<br />
alternativa à mistura referi<strong>da</strong>.<br />
Assim, com o objectivo <strong>de</strong> testar o efeito <strong>de</strong> diferentes fungici<strong>da</strong>s no tratamento <strong>de</strong><br />
feri<strong>da</strong>s <strong>da</strong> po<strong>da</strong>, relativamente a Pa. chlamydospora, instalaram-se dois ensaios <strong>de</strong><br />
campo em vi<strong>de</strong>iras <strong>da</strong>s castas Syrah e Touriga Nacional, em Arru<strong>da</strong> dos Vinhos. Seis<br />
meses após o tratamento e a inoculação artificial <strong>da</strong>s vi<strong>de</strong>iras com Pa. chlamydospora<br />
(Figura 4.3.), avaliaram-se e registaram-se os seguintes parâmetros: comprimento total<br />
<strong>da</strong>s varas e dimensão dos entrenós <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> cepa em ensaio; comprimento <strong>da</strong>s necroses<br />
forma<strong>da</strong>s e percentagem <strong>de</strong> reisolamento <strong>de</strong> Pa. chlamydospora. Foi igualmente avalia<strong>da</strong><br />
a percentagem <strong>de</strong> reisolamento <strong>de</strong> Pa. chlamydospora em ca<strong>da</strong> região <strong>da</strong> vara e para<br />
ca<strong>da</strong> mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>, assim como a percentagem <strong>de</strong> varas com necroses que ultrapassaram<br />
o 3º e 2º nó, indicativa <strong>da</strong> progressão <strong>da</strong> doença ao longo <strong>da</strong> vara, a partir do local <strong>de</strong><br />
inoculação.<br />
Figura 4.3. Aspecto geral <strong>da</strong>s vi<strong>de</strong>iras <strong>da</strong>s castas Syrah e Touriga Nacional, seis meses após o tratamento <strong>da</strong>s<br />
feri<strong>da</strong>s <strong>da</strong> po<strong>da</strong> com diferentes fungici<strong>da</strong>s e inoculação com Phaeomoniella chlamydospora.<br />
36
4.2.1 COMPRIMENTO DAS VARAS E DOS ENTRENÓS<br />
Resultados e Discussão<br />
Proce<strong>de</strong>u-se à medição do comprimento <strong>da</strong>s varas e <strong>de</strong> segui<strong>da</strong> registou-se o<br />
comprimento entre o corte e o 3º nó. Os resultados apurados, tanto para a casta Syrah<br />
como para a casta Touriga Nacional, permitem concluir que não se observam diferenças<br />
relevantes entre as duas castas e entre tratamentos no que toca quer ao comprimento<br />
<strong>da</strong>s varas quer ao comprimento dos entrenós (Quadro 4.5).<br />
Quadro 4.5. Comprimento médio <strong>da</strong>s varas e entrenós para as castas Syrah e Touriga Nacional.<br />
Tratamentos<br />
Comprimento<br />
<strong>da</strong>s varas (cm)<br />
Casta Syrah Casta Touriga Nacional<br />
Comprimento <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
o corte até ao 3º nó<br />
(cm)<br />
Comprimento<br />
<strong>da</strong>s varas (cm)<br />
Comprimento<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o corte até<br />
ao 3º nó (cm)<br />
Controlo negativo* 17,1 4,2 15,6 2,9<br />
Controlo positivo** 16,1 2,9 15,3 3,0<br />
BUC 31300 F 16,6 1,9 15,4 2,7<br />
BUC 22800 F 16,5 1,7 15,1 2,8<br />
BUC 25000 F 15,2 2,0 14,2 2,5<br />
BUC 40300 F 16,4 2,1 15,7 2,7<br />
BUC 61700 F 16,1 2,7 14,2 2,7<br />
BUC 74700 F 15,6 2,5 13,3 2,5<br />
carben<strong>da</strong>zime + flusilazol 15,0 2,4 15,4 3,0<br />
Médias 16,1 2,5<br />
* sem inoculação; **com inoculação<br />
4.2.2 EXTENSÃO DAS NECROSES NAS VARAS<br />
14,9 2,8<br />
Relativamente à extensão <strong>da</strong>s necroses produzi<strong>da</strong>s por Pa. chlamydospora nas varas, a<br />
análise <strong>da</strong>s médias dos resultados não revelou a existência <strong>de</strong> diferenças significativas<br />
entre as duas castas. No Quadro 4.6 apresentam-se os valores médios <strong>da</strong> extensão <strong>da</strong>s<br />
necroses para ca<strong>da</strong> mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>, para a casta Syrah e para a casta Touriga Nacional,<br />
respectivamente. Na casta Syrah, as médias do comprimento <strong>da</strong>s necroses variaram<br />
entre 42 mm para a mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> carben<strong>da</strong>zime+flusilazol (Escudo ® ) e 82 mm para o<br />
controlo positivo (inoculado). No caso <strong>da</strong> casta Touriga Nacional, os valores variaram<br />
entre 41 mm para a mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> BUC 31300 F e 8,8 cm para controlo positivo. As plantas<br />
testemunha (controlo negativo) apresentaram necroses <strong>de</strong> 46 mm e 31 mm para a casta<br />
Syrah e para Touriga, respectivamente.<br />
37
Resultados e Discussão<br />
Globalmente, o comprimento <strong>da</strong>s necroses foi muito semelhante nas duas castas o que<br />
não era esperado pois previa-se que na casta Touriga Nacional fossem mais extensas <strong>de</strong><br />
acordo com a conheci<strong>da</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>sta casta aos fungos do lenho. Entre<br />
mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s, para a casta Syrah, não houve diferenças significativas entre o controlo<br />
negativo e as restantes mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s com excepção do controlo positivo, no caso <strong>da</strong> casta<br />
Touriga Nacional, as mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s controlo positivo e BUC 22800 F diferiram<br />
significativamente do controlo negativo, o que significa que tiveram necroses <strong>de</strong> maior<br />
extensão, ou seja, não houve inibição <strong>da</strong> progessão do fungo no lançamento. Nenhuma<br />
mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> diferiu signifcativamento do fungici<strong>da</strong> <strong>de</strong> referência. Também no Anexo C se<br />
encontra o resto <strong>da</strong> análise feita para a extensão <strong>da</strong>s necroses.<br />
Quadro 4.6. Valores médios <strong>da</strong> extensão <strong>da</strong>s necroses para as castas Syrah e Touriga Nacional (Teste <strong>de</strong><br />
Tuckey HSD).<br />
Mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
Casta Syrah<br />
Extensão <strong>da</strong>s necroses (mm)<br />
Casta Touriga<br />
Nacional<br />
Controlo negativo * 46 a 31 a 39<br />
Controlo positivo** 82 c 88 c 85<br />
BUC 31300 F 50 ab 41 a 46<br />
BUC 22800 F 61 ab 80 bc 71<br />
BUC 25000 F 52 ab 56 ab 54<br />
BUC 40300 F 62 a 49 a 56<br />
BUC 61700 F 61 ab 46 a 54<br />
BUC 74700 F 59 ab 53 ab 56<br />
carben<strong>da</strong>zime + flusilazol 42 a 58 ab 50<br />
Médias 57<br />
* sem inoculação; ** com inoculação.<br />
56<br />
Média<br />
Um dos objectivos <strong>de</strong>ste trabalho, tendo em conta a prevenção <strong>da</strong> doença foi avaliar a<br />
progressão <strong>da</strong> necrose nos tecidos do lenho <strong>da</strong>s varas <strong>da</strong>s duas castas em estudo<br />
(Figuras 4.4 e 4.5). Como se po<strong>de</strong> verificar pela análise dos resultados, em ambos os<br />
ensaios e para to<strong>da</strong>s as mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s, incluindo o controlo (não inoculado), a<br />
percentagem <strong>de</strong> varas em que o comprimento <strong>da</strong> necrose exce<strong>de</strong> o 3º nó é bastante<br />
eleva<strong>da</strong>. Conclui-se, portanto, que o nó não constitui uma barreira ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> necroses.<br />
57<br />
38
% <strong>de</strong> necrose para além do 3º nó<br />
Resultados e Discussão<br />
Figura 4.4. Valores médios <strong>da</strong> percentagem <strong>de</strong> necrose que ultrapassam o 3º nó para a casta Syrah.<br />
% <strong>de</strong> necrose para além do 3º nó<br />
Figura 4.5. Valores médios <strong>da</strong> percentagem <strong>de</strong> necrose que ultrapassam o 3º nó, para a casta Touriga<br />
Nacional.<br />
100<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
100<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
55,6<br />
94,4<br />
100,0<br />
94,4 94,4<br />
100,0<br />
81,25<br />
Pelo contrário, a percentagem <strong>de</strong> varas em que o comprimento <strong>da</strong> necrose exce<strong>de</strong>u o 2º<br />
nó foi baixa nas varas trata<strong>da</strong>s com os diferentes fungici<strong>da</strong>s. Para a casta Syrah, as<br />
menores extensões <strong>de</strong> necrose foram obti<strong>da</strong>s para as mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s 9 (fungici<strong>da</strong><br />
referência, carben<strong>da</strong>zime+flusilazol), 3 (BUC 31300 F), 8 (BUC 74700 F), 5 (BUC 25000<br />
F) e 6 (BUC 40300 F). Para a casta Touriga Nacional, as menores extensões <strong>de</strong> necrose<br />
94,4<br />
1 2 3 4 5 6 7 8 9<br />
52,9<br />
94,4<br />
83,3<br />
Tratamentos<br />
100,0 100,0<br />
88,9<br />
77,8<br />
88,2<br />
1 2 3 4 5 6 7 8 9<br />
Tratamentos<br />
88,9<br />
82,4<br />
39
Resultados e Discussão<br />
foram obti<strong>da</strong>s para os tratamentos 3 (BUC 31300 F), 6 (BUC 40300 F) e 7 (BUC 61700<br />
F), respectivamente (Figura 4.6 e Figura 4.7).<br />
% <strong>de</strong> necrose para além do 2º nó<br />
Figura 4.6. Valores médios para a percentagem <strong>de</strong> necrose nas varas inocula<strong>da</strong>s com Phaeomoniella<br />
chlamydospora que ultrapassam do 2º nó, para a casta Syrah.<br />
% <strong>de</strong> necrose para além do 2º nó<br />
100<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
100<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
0<br />
5,6<br />
0,0<br />
61,1<br />
15,8<br />
27,8<br />
Figura 4.7. Valores médios para a percentagem <strong>de</strong> necroses nas varas inocula<strong>da</strong>s com Phaeomoniella<br />
chlamydospora que ultrapassam o 2º nó, para a casta Touriga Nacional.<br />
Consi<strong>de</strong>rando os resultados obtidos para ambas as castas, conclui-se que os tratamentos<br />
3 (BUC 31300 F) e o tratamento 6 (BUC 40300 F) limitaram a extensão <strong>da</strong> necrose e<br />
<strong>de</strong>monstraram maior capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> fungistática.<br />
22,2 22,2<br />
25,0<br />
16,7<br />
1 2 3 4 5 6 7 8 9<br />
61,1<br />
5,6<br />
Tratamentos<br />
41,2 38,9<br />
5,6<br />
16,7<br />
29,4<br />
1 2 3 4 5 6 7 8 9<br />
Tratamentos<br />
0,0<br />
35,3<br />
40
Resultados e Discussão<br />
4.2.3 PERCENTAGEM DE REISOLAMENTO DE PHAEOMONIELLA CHLAMYDOSPORA<br />
Em relação às percentagens <strong>de</strong> reisolamento <strong>de</strong> Pa. chlamydospora, os resultados para<br />
as castas utiliza<strong>da</strong>s nestes ensaios foram significativamente diferentes. As percentagens<br />
<strong>de</strong> reisolamento <strong>de</strong> Pa. chlamydospora obti<strong>da</strong>s a partir <strong>da</strong>s varas inocula<strong>da</strong>s apresentam-<br />
se nas figuras 4.8 e 4.9.<br />
No que diz respeito à casta Syrah, os valores médios <strong>de</strong> percentagem <strong>de</strong> reisolamento<br />
variaram entre 100% para a mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> 2, (controlo positivo) e 44,4% para a<br />
mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> 8 (BUC 74700 F). Relativamente à casta Touriga Nacional também se obteve<br />
100% <strong>de</strong> reisolamento para a mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> 2 (controlo positivo) e o valor mais baixo foi<br />
<strong>de</strong> 50% obtido pela mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> 7 (BUC 74700 F). A partir <strong>da</strong>s varas testemunhas <strong>de</strong><br />
ambas as castas (mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> 1) não se obtiveram reisolamentos <strong>de</strong> Pa. chlamydospora.<br />
As percentagens <strong>de</strong> reisolamento Pa. chlamydospora, a partir <strong>de</strong> varas <strong>de</strong> Syrah,<br />
revelaram que todos os tratamentos diferiram do controlo negativo, mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> 1, e que<br />
as mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s 8 (BUC 74700 F) e 6 (BUC 40300 F) diferiram significativamente do<br />
controlo positivo, mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> 2. Nenhuma mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> diferiu significativamente do<br />
fungici<strong>da</strong> <strong>de</strong> referência, mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> 9 (carben<strong>da</strong>zime+flusilazol) (Figura 4.8). Excluindo<br />
os controlos positivo e negativo conclui-se que nenhuma mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> diferiu entre si.<br />
%Reisolamento <strong>de</strong> Pa.chlamydospora<br />
100,0<br />
90,0<br />
80,0<br />
70,0<br />
60,0<br />
50,0<br />
40,0<br />
30,0<br />
20,0<br />
10,0<br />
0,0<br />
a<br />
b<br />
Figura 4.8. Valores médios <strong>da</strong>s percentagens <strong>de</strong> reisolamento <strong>de</strong> Phaeomoniella chlamydospora obtidos a<br />
partir <strong>da</strong>s varas inocula<strong>da</strong>s <strong>da</strong> casta Syrah, consoante a mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fungici<strong>da</strong>.<br />
b<br />
bc<br />
bc bc<br />
1 8 6 7 9 4 5 3 2<br />
Tratamentos<br />
bc<br />
bc<br />
c<br />
41
Resultados e Discussão<br />
Para a casta Touriga Nacional, os resultados apurados revelaram igualmente que todos<br />
os tratamentos diferiram do controlo negativo, mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> 1, no entanto, apenas duas<br />
mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s, 7 (BUC 61700 F) e 9 (carben<strong>da</strong>zime+flusilazol) diferiram <strong>da</strong> mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> 2<br />
(controlo positivo). Excluindo o controlo positivo e negativo conclui-se ain<strong>da</strong> que nenhum<br />
tratamento diferiu entre si. No Anexo C po<strong>de</strong>-se visualizar os restantes valores <strong>da</strong> análise<br />
<strong>de</strong> variância.<br />
Consi<strong>de</strong>rando os resultados obtidos não é possível eleger um tratamento fungici<strong>da</strong> que<br />
tenha sido significativamente eficaz no controlo <strong>de</strong> Pa. chlamydospora em ambas os<br />
ensaios realizados.<br />
% Reisolamento <strong>de</strong> Pa. chlamydospora<br />
100,0<br />
90,0<br />
80,0<br />
70,0<br />
60,0<br />
50,0<br />
40,0<br />
30,0<br />
20,0<br />
10,0<br />
0,0<br />
a<br />
Figura 4.9. Valores médios <strong>da</strong>s percentagens <strong>de</strong> reisolamento <strong>de</strong> Phaeomoniella chlamydospora obtidos a<br />
partir <strong>da</strong>s varas inocula<strong>da</strong>s <strong>da</strong> casta Touriga Nacional, consoante a mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> do fungici<strong>da</strong>.<br />
Nos Quadros 4.7 e 4.8 po<strong>de</strong> observar-se a percentagem <strong>de</strong> reisolamento <strong>de</strong> Pa.<br />
chlamydospora em ca<strong>da</strong> região <strong>da</strong>s varas inocula<strong>da</strong>s para as duas castas em estudo.<br />
Verifica-se que em ambas as situações a colonização ocorre principalmente na região 2<br />
(acima do 3º nó) e região 3 (abaixo do 3º nó). A partir <strong>da</strong> região 1 os baixos resultados<br />
obtidos nos reisolamentos estão possivelmente relacionados com o facto <strong>de</strong> este ser o<br />
primeiro segmento <strong>da</strong> vara a secar e morrer.<br />
b<br />
b<br />
bc bc<br />
1 7 9 6 5 8 3 4 2<br />
Tratamentos<br />
bc<br />
bc<br />
bc<br />
c<br />
42
Resultados e Discussão<br />
Apurou-se que as mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s 3 (BUC 31300 F) e 7 (BUC 61700 F) impediram a<br />
colonização dos tecidos <strong>da</strong> região 4 (acima do 2º nó), na casta Syrah, enquanto na casta<br />
Touriga Nacional apenas a mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> 7 (BUC 61700 F) conduziu a um resultado<br />
idêntico.<br />
Quadro 4.7. Percentagem <strong>de</strong> reisolamento <strong>de</strong> Pa. chlamydospora para ca<strong>da</strong> região <strong>da</strong> vara e para ca<strong>da</strong><br />
tratamento na casta Syrah.<br />
Tratamentos<br />
Reisolamento <strong>de</strong> Pa. chlamydospora (%) a partir <strong>da</strong> casta Syrah<br />
Região 1 Região 2 Região 3 Região 4 Região 5<br />
Controlo negativo * 0 0 0 0 0<br />
Controlo positivo** 16,7 83,3 94,4 61,1 22,2<br />
BUC 31300 F 21,1 36,8 68,4 0 0<br />
BUC 22800 F 16,7 44,4 33,3 11,1 0<br />
BUC 25000 F 27,8 55,6 61,1 11,1 0<br />
BUC 40300 F 0 50 53,3 11,1 0<br />
BUC 61700 F 6,3 52,5 43,8 0 0<br />
BUC 74700 F 0 33,3 11,1 11,1 0<br />
carben<strong>da</strong>zime + flusilazol 5,6 50 50 16,7 0<br />
Média 10,5 45,1 46,2 13,6 2,5<br />
* sem inoculação: ** com inoclação.<br />
Quadro 4.8. Percentagem <strong>de</strong> reisolamento <strong>de</strong> Pa. chlamydospora para ca<strong>da</strong> região <strong>da</strong> vara e para ca<strong>da</strong><br />
tratamento na casta Touriga Nacional.<br />
Tratamentos<br />
Reisolamento <strong>de</strong> Pa. chlamydospora (%) a partir <strong>da</strong> casta Touriga Nacional<br />
Região 1 Região 2 Região 3 Região 4 Região 5<br />
Controlo negativo * 0 0 0 0 0<br />
Controlo positivo** 27,8 77,8 88,9 55,6 22,2<br />
BUC 31300 F 5,6 38,9 66,7 33,3 0<br />
BUC 22800 F 23,5 58,8 41,2 23,5 11,8<br />
BUC 25000 F 11,1 50 61,1 22,2 0<br />
BUC 40300 F 5,6 44,4 61,1 27,8 0<br />
BUC 61700 F 0 50 22,2 0 0<br />
BUC 74700 F 5,9 35,3 52,9 17,6 0<br />
carben<strong>da</strong>zime + flusilazol 23,5 41,2 47,1 11,8 0<br />
Média 11,4 44,0 49,0 21,3 3,8<br />
* sem inoculação; ** com inoculação.<br />
43
4.2.4 DETECÇÃO MOLECULAR<br />
Resultados e Discussão<br />
Para a casta Syrah foi efectua<strong>da</strong> <strong>de</strong>tecção molecular (Nested-PCR) <strong>de</strong> Pa. chlamydospora<br />
paralelamente aos reisolamentos <strong>de</strong> modo a confirmar a presença do fungo nas necroses<br />
do lenho. No Quadro 4.9 apresentam-se os resultados obtidos que variaram entre 94,7%<br />
para o tratamento 3 (BUC 31300 F) e 66,7 para o tratamento 2 (controlo positivo).<br />
Verifica-se que existem diferenças entre os resultados positivos obtidos por Nested-PCR e<br />
por reisolamento. Verifica-se que para dois dos tratamentos em estudo, os resultados<br />
coincidiram (tratamento 1, controlo negativo; tratamento 5), para seis tratamentos<br />
foram superiores (tratamento 3, 4, 6, 7, 8 e 9) e para um foi inferior (tratamento 2,<br />
controlo positivo) (Quadro 4.9). Os resultados inferiores obtidos por Nested-PCR po<strong>de</strong>m<br />
ser <strong>de</strong>vidos à presença <strong>de</strong> inibidores <strong>da</strong> polimerase nas amostras enquanto que os<br />
resultados superiores po<strong>de</strong>m atribuir-se a insucessos nos reisolamentos porventura<br />
<strong>de</strong>vidos ao facto do patogéneo ser <strong>de</strong> crescimento muito lento e po<strong>de</strong>r ter sido ocultado<br />
por espécies <strong>de</strong> crescimento mais rápido.<br />
Quadro 4.9. Resultados positivos obtidos através <strong>da</strong> <strong>de</strong>tecção por Nested-PCR e por reisolamento <strong>de</strong> Pa.<br />
chlamydospora e sua comparação para a casta Syrah.<br />
Tratamentos Nested-PCR Positivo(%) Reisolamento Positivo(%)<br />
Controlo negativo * 0,0 0,0<br />
Controlo positivo** 66,7 100<br />
BUC 31300 F 94,7 78,9<br />
BUC 22800 F 83,3 66,7<br />
BUC 25000 F 77,8 77,8<br />
BUC 40300 F 77,8 55,6<br />
BUC 61700 F 81,3 72,5<br />
BUC 74700 F 77,8 44,4<br />
carben<strong>da</strong>zime + flusilazol 83,3 66,7<br />
* sem inoculação; ** com inoculação.<br />
Na figura 4.10 po<strong>de</strong>-se observar exemplo <strong>de</strong> dois géis obtidos por Nested-PCR, um para<br />
o controlo positivo e mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s 2 e 4 (BUC 22800 F e BUC 22800 F) e outro para as<br />
mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s 3, 5 e 8 (BUC 31300 F, BUC 25000 F e BUC 74700 F). Algumas <strong>da</strong>s<br />
reacções foram repeti<strong>da</strong>s, para confirmação dos resultados, bem como a realização <strong>de</strong><br />
novos reisolamentos. Contudo, o êxito dos novos reisolamentos ficou compremetido pelo<br />
facto do material vegetal secar, a longo do tempo.<br />
44
M<br />
Mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> 2<br />
M<br />
Figura 4.10. Exemplo <strong>de</strong> Nested-PCR Nested obtido com os primers Pch1 e Pch2, para a Phaeomoniella<br />
chlamydospora, , para os tratamentos 2, 4, 3, 5 e 8. M – Marcador molecular “123 pb DNA Lad<strong>de</strong>r”<br />
(GibcoBRL).<br />
Mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> 2<br />
Mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> 4<br />
M<br />
M<br />
M<br />
M<br />
Mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> 3<br />
Resultados e Discussão<br />
Mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> 5<br />
Mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> 5 Mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> 8<br />
M<br />
M
5. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS<br />
Conclusões e Perspectivas<br />
As doenças do lenho <strong>da</strong> vi<strong>de</strong>ira representam actualmente e a nível mundial uma ameaça<br />
à produção estável em vitivinicultura. Os principais <strong>de</strong>senvolvimentos registados em<br />
tempos mais recentes <strong>de</strong>correram essencialmente do recru<strong>de</strong>scimento <strong>da</strong>s doenças do<br />
lenho e <strong>da</strong> manifestação inespera<strong>da</strong> <strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong> <strong>de</strong>clínio em plantações jovens.<br />
Os fungos responsáveis pela doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong> são, sem dúvi<strong>da</strong>, dos mais importantes,<br />
pois atacam vi<strong>de</strong>iras jovens levando a gran<strong>de</strong>s prejuízos, quer a nível do rendimento e<br />
obtenção <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, como a nível <strong>da</strong> longevi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s vinhas. Os<br />
patogéneos responsáveis por esta doença são Pa. chlamydospora e várias espécies<br />
pertencentes ao género Phaeoacremonium. Ao longo dos últimos anos novas espécies <strong>de</strong><br />
Phaeoacremonium têm sido isola<strong>da</strong>s <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>iras o que comprova a importância <strong>da</strong><br />
continuação dos estudos <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> combate e <strong>de</strong> novos fungici<strong>da</strong>s para inibição e<br />
abran<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> progressão do fungo nos tecidos lenhosos, já que a sua disseminação é<br />
rápi<strong>da</strong> e fácil. Estudos epi<strong>de</strong>miológicos efectuados confirmaram a presença <strong>de</strong> esporos <strong>de</strong><br />
Pa. chlamydospora ao nível dos locais correspon<strong>de</strong>ntes aos talões <strong>da</strong> po<strong>da</strong>.<br />
Este trabalho teve por objectivo o estudo <strong>da</strong> patogenici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma colecção <strong>de</strong> isolados<br />
<strong>de</strong> Pa. chlamydospora e avaliar a eficácia <strong>de</strong> novos produtos fungici<strong>da</strong>s na protecção <strong>da</strong>s<br />
feri<strong>da</strong>s <strong>de</strong> po<strong>da</strong>.<br />
Utilizaram-se para os estudos <strong>de</strong> patogenici<strong>da</strong><strong>de</strong>, sete isolados do fungo pertencentes à<br />
colecção <strong>de</strong> fungos do lenho do Instituto Superior <strong>de</strong> Agronomia, previamente<br />
i<strong>de</strong>ntificados como sendo Pa. chlamydospora. Provou-se a patogenici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> todos os<br />
isolados em estudo, em plantas envasa<strong>da</strong>s <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira. Foi evi<strong>de</strong>nte a redução do<br />
crescimento vegetativo, alteração <strong>da</strong> coloração <strong>da</strong>s folhas, revelando uma cor<br />
avermelha<strong>da</strong>, também os ramos apresentaram algumas necroses, houve mesmo ramos e<br />
plantas que secaram por completo.<br />
Ao realizar cortes longitudinais foi possível visualizar as necroses nos tecidos corticais,<br />
sintomas que estão relacionados com a doença <strong>de</strong> <strong>Petri</strong>. O comprimento <strong>da</strong>s necroses<br />
variou consoante os isolados e o tipo <strong>de</strong> inóculo utilizado, discos miceliais ou suspensão<br />
<strong>de</strong> esporos. As diferenças que se obtiveram entre isolados no que diz respeito ao<br />
comprimento <strong>da</strong>s necroses forma<strong>da</strong>s e às percentagens <strong>de</strong> reisolamento relacionaram-se<br />
sobretudo com o método <strong>de</strong> inoculação. Entre isolados não foi possível estabelecer uma<br />
equivalência entre a maior extensão <strong>da</strong> necrose e a maior percentagem <strong>de</strong> reisolamento.<br />
As percentagens mais eleva<strong>da</strong>s <strong>de</strong> reisolamento foram obti<strong>da</strong>s com a utilização <strong>de</strong> discos<br />
miceliais como inóculo.<br />
46
Conclusões e Perspectivas<br />
Na avaliação <strong>da</strong> eficácia <strong>de</strong> fungici<strong>da</strong>s na protecção <strong>de</strong> feri<strong>da</strong>s <strong>de</strong> po<strong>da</strong>, efectua<strong>da</strong> em<br />
dois ensaios <strong>de</strong> campo nas castas Syrah e a Touriga Nacional, avaliaram-se seis novos<br />
produtos fungici<strong>da</strong>s e um fungici<strong>da</strong> <strong>de</strong> referência (carben<strong>da</strong>zime+flusilazol, Escudo ® ). A<br />
avaliação dos resultados incidiu sobre a extensão <strong>da</strong>s lesões e a percentagem <strong>de</strong><br />
reisolamento.<br />
A avaliação <strong>da</strong> progressão <strong>da</strong> necrose nos tecidos do lenho <strong>da</strong>s varas <strong>da</strong>s duas castas em<br />
estudo permitiu concluir que o comprimento <strong>da</strong>s necroses foi muito semelhante nas duas<br />
castas e sem diferenças significativas entre mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s, excluindo os controlos negativo<br />
e positivo. Na gran<strong>de</strong> maioria <strong>da</strong>s varas inocula<strong>da</strong>s as necroses ultrapassaram o 3º nó,<br />
levandi a concluir que o nó não funcionou como barreira à progressão <strong>da</strong> doença,<br />
enquanto que a percentagem <strong>de</strong> necroses que exce<strong>de</strong>u o 2º nó foi baixa. As mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
3 (BUC 31300 F) e 6 (BUC 40300 F) limitaram a extensão <strong>da</strong> necrose e <strong>de</strong>monstraram<br />
maior capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> fungistática em ambas as castas.<br />
As mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s 8 (BUC 74700 F) e 6 (BUC 40300 F) foram as mais eficazes na protecção<br />
<strong>da</strong>s feri<strong>da</strong>s <strong>de</strong> po<strong>da</strong> na casta Syrah conduzindo a percentagens <strong>de</strong> reisolamento <strong>de</strong> Pa.<br />
chlamydospora mais baixas. Na casta Touriga Nacional, os melhores resultados foram<br />
alcançados com as mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s 7 (BUC 61700 F) e 9, fungici<strong>da</strong> <strong>de</strong> referência<br />
(carben<strong>da</strong>zime+flusilazol, Escudo ® ). Assim, e consi<strong>de</strong>rando os resultados acima<br />
<strong>de</strong>scritos, não foi possível eleger um fungici<strong>da</strong> que tenha sido significativamente eficaz<br />
no controlo <strong>de</strong> Pa. chlamydospora em ambas os ensaios realizados. Ain<strong>da</strong> assim, os<br />
efeitos obtidos foram, na globali<strong>da</strong><strong>de</strong>, idênticos ou superiores aos resultantes <strong>da</strong><br />
aplicação do fungici<strong>da</strong> <strong>de</strong> referência.<br />
A análise <strong>da</strong>s percentagens <strong>de</strong> reisolamento obti<strong>da</strong>s a partir <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> região <strong>da</strong> vara<br />
permite concluir que em ambas as castas a colonização ocorre principalmente na região<br />
2 (acima do 3º nó) e região 3 (abaixo do 3º nó). Apurou-se ain<strong>da</strong> que as mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s 3<br />
(BUC 31300 F) e 7 (BUC 61700 F) impediram a colonização dos tecidos <strong>da</strong> região 4<br />
(acima do 2º nó) na casta Syrah, enquanto na casta Touriga Nacional tal só se conseguiu<br />
alcançar com a mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> 7 (BUC 61700 F).<br />
Neste trabalho para as inoculações efectua<strong>da</strong>s na casta Syrah foi também efectua<strong>da</strong> a<br />
<strong>de</strong>tecção molecular <strong>de</strong> Pa. chlamydospora <strong>de</strong> forma a complementar os resultados<br />
obtidos através do método clássico <strong>de</strong> reisolamentos. Os resultados obtidos para as<br />
mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s 1 (controlo negativo) e 5 (BUC 25000 F) foram coinci<strong>de</strong>ntes, confirmando<br />
na íntegra os resultados obtidos pelo método clássico <strong>de</strong> reisolamento. Relativamente às<br />
outras mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s, os resultados foram um tanto heterogéneos e nem sempre<br />
coincidiram com os resultados obtidos no reisolamento.<br />
47
Conclusões e Perspectivas<br />
Tendo presente a i<strong>de</strong>ia <strong>da</strong> prevenção e redução <strong>da</strong> progressão <strong>da</strong> doença, os resultados<br />
obtidos são promissores mas carecem <strong>de</strong> ensaios futuros <strong>de</strong> forma a viabilizar a eleição<br />
<strong>da</strong> mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamento que revele melhor potencial nas condições <strong>de</strong> ensaio.<br />
48
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
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<strong>de</strong> Patologia Vegetal “Verissimo <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong>” – Instituto Superior <strong>de</strong> Agronomia, para acesso à<br />
categoria <strong>de</strong> Investigador Auxiliar, ISA/LPVVA, <strong>UTL</strong>, Lisboa, 228 pp.<br />
Retief, E., Damm, U., van Niekerk, J.M., McLeod, A., Fourie, P.H., 2005. A protocol for molecular<br />
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Grau <strong>de</strong> Mestre em Engenharia Agronómica, ISA, <strong>UTL</strong>, Lisboa, 64pp.<br />
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57
ANEXOS<br />
Anexos<br />
58
ANEXO A<br />
ESQUEMA DOS ENSAIOS DE CAMPO DA EFICÁCIA DE FUNGICIDAS<br />
Anexos<br />
59
Anexos<br />
Figura A.1. Esquema geral do ensaio <strong>de</strong> campo para eficácia <strong>de</strong> fungici<strong>da</strong>s em feri<strong>da</strong>s <strong>de</strong> po<strong>da</strong>, para a casta<br />
Syrah.<br />
Intervalo Vi<strong>de</strong>ira Varas trata<strong>da</strong>s<br />
1<br />
2<br />
3<br />
4<br />
5<br />
6<br />
7<br />
8<br />
Legen<strong>da</strong>:<br />
1 1 1 1 1<br />
2 1 2 1 1<br />
3 1 2 2 2<br />
4 2 3 2 2<br />
5 3 3 3 2<br />
6 4 1 3 3<br />
1 3<br />
2 4<br />
4 3 5<br />
4 4 4<br />
3 5 4 5 4<br />
4 6 5 6 5<br />
5 2 3<br />
6 5 5 6<br />
1 5<br />
7 4 7<br />
2 6 8 6 8<br />
3 6 7 7 9<br />
4 5 6 10<br />
5 7 8 7 6<br />
6 6 7 7<br />
1 7<br />
2 8 8<br />
3 8 9 10<br />
8<br />
9 8<br />
4 9 9 10 11<br />
5 8 12 9<br />
6 9 9 10<br />
1 10 10<br />
2 13 11 9<br />
3 10 11 12 11<br />
4 11 10<br />
5 14 10 14<br />
6 11 12 11<br />
1 12 11<br />
2 13 12 15<br />
11<br />
12 13<br />
12 13<br />
3 15 14 13 13<br />
4 16 12<br />
5 14 15 12<br />
6 13 16 14<br />
1 14 15 13<br />
2 17 16 15 15<br />
3 16 17 16 14<br />
4 14 17 18<br />
5 15 15 18<br />
6 17 16 16 19<br />
1 18 15<br />
2 17 20 17 16<br />
3 19 21 18 16<br />
4 17 18 17<br />
5 18 18<br />
6 17<br />
18<br />
22 19 23<br />
Código <strong>da</strong> Mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> Código BUC Cor<br />
1 Controlo negativo (sem inoculação)<br />
2 Controlo positivo (com inoculação)<br />
3 BUC 31300 F<br />
4 BUC 22800 F<br />
5 BUC 25000 F<br />
6 BUC 40300 F<br />
7 BUC 61700 F<br />
8 BUC 74700 F<br />
9 Fungici<strong>da</strong> <strong>de</strong> referência: carben<strong>da</strong>zime + flusilazol<br />
13<br />
14<br />
60
Anexos<br />
Figura A.2. Esquema geral do ensaio <strong>de</strong> campo para eficácia <strong>de</strong> fungici<strong>da</strong>s em feri<strong>da</strong>s <strong>de</strong> po<strong>da</strong>,para a casta<br />
Touriga Nacional.<br />
Intervalo Vi<strong>de</strong>ira Varas trata<strong>da</strong>s<br />
1<br />
2<br />
3<br />
4<br />
5<br />
6<br />
7<br />
8<br />
Legen<strong>da</strong>:<br />
1 1 1 1 1<br />
2 2<br />
3 2 1 2 2<br />
4 1 1<br />
5 2 2<br />
1 1<br />
2 2<br />
6 3 3 3 3<br />
1 3 3 2 3<br />
2 4<br />
3 4 5<br />
4 4 4<br />
4<br />
5 5 4 5 4<br />
6 6 5 5 5<br />
1 7 4 3 6<br />
2 6<br />
3<br />
4 5 6<br />
3 5 6 5 7<br />
4 6 6 6 7<br />
5 6 8 8<br />
6 7 7 7 9<br />
1 8 9<br />
2 7 7 8 10<br />
3 9 8 7 10<br />
4 9 8<br />
5<br />
6 9 8 11 9<br />
1 8 9 10<br />
2 10<br />
3 11<br />
8 10 9<br />
4 9 12 11 10<br />
5 10 12<br />
6 11 13<br />
1 12 12 13<br />
2 12 10<br />
3 14<br />
13 10<br />
11 11<br />
4 13 11 12 15<br />
5 13 12 14 11<br />
6 13 14 14 13<br />
1 14 12 12<br />
2 16<br />
15 13 15<br />
3 14 13 15 15<br />
4 17<br />
14 14 14<br />
5 15 15 16 16<br />
6 16 16 17 15<br />
1 18<br />
2 19<br />
16 15 16<br />
16 17<br />
3 17 17 17<br />
4 20<br />
18 16 18<br />
5 17 18 17 17<br />
6<br />
Código <strong>da</strong> Mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> Código BUC Cor<br />
1 Controlo negativo (sem inoculação)<br />
2 Controlo positivo (com inoculação)<br />
3 BUC 31300 F<br />
4 BUC 22800 F<br />
5 BUC 25000 F<br />
6 BUC 40300 F<br />
7 BUC 61700 F<br />
8 BUC 74700 F<br />
9 Fungici<strong>da</strong> <strong>de</strong> referência: carben<strong>da</strong>zime + flusilazol<br />
11<br />
61
ANEXO B<br />
ENSAIOS DE PATOGENICIDADE<br />
Anexos<br />
ANÁLISES DE VARIÂNCIA E MÉDIAS DOS COMPRIMENTOS DAS LESÕES E DAS PERCENTAGENS DE<br />
REISOLAMENTO DAS VIDEIRAS INOCULADAS COM ISOLADOS DE PHAEOMONIELLA CHLAMYDOSPORA E DAS<br />
PLANTAS TESTEMUNHA<br />
62
Anexos<br />
Quadro B.1. Análise <strong>de</strong> Variância para o comprimento <strong>da</strong> infecção dos isolados <strong>de</strong> Phaeomoniella<br />
chlamydospora, para a suspensão <strong>de</strong> esporos, α=0,05.<br />
Fonte <strong>de</strong> Variação SS Degr. of MS F p<br />
Entre Grupos 12562,58 1 12562,58 477,9864 0,000000<br />
Dentro do Grupo 1638,35 7 234,05 8,9052 0,000000<br />
Erro 1892,33 72 26,28<br />
Quadro B.2. Análise <strong>de</strong> Variância para a largura <strong>da</strong> infecção dos isolados <strong>de</strong> Phaeomoniella chlamydospora,<br />
para a suspensão <strong>de</strong> esporos, α=0,05.<br />
Fonte <strong>de</strong> Variação SS Degr. of MS F p<br />
Entre Grupos 874,5031 1 874,5031 1180,764 0,000000<br />
Dentro do Grupo 18,4219 7 2,6317 3,553 0,002460<br />
Erro 53,3250 72 0,7406<br />
Quadro B.3. Análise <strong>de</strong> Variância para a percentagem <strong>de</strong> reisolamento dos isolados <strong>de</strong> Phaeomoniella<br />
chlamydospora, para a suspensão <strong>de</strong> esporos, α=0,05 (valores percentuais transformados em arcsen √).<br />
Fonte <strong>de</strong><br />
Variação<br />
SS Degr. of MS F p<br />
Entre Grupos 15,31250 1 15,31250 76,03448 0,000000<br />
Dentro do Grupo 5,18750 7 0,74107 3,67980 0,001878<br />
Erro 14,50000 72 0,20139<br />
63
Anexos<br />
Quadro B.4. Percentagem <strong>de</strong> reisolamento obti<strong>da</strong> a partir <strong>de</strong> plantas <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira <strong>da</strong> cultivar Touriga Nacional,<br />
inocula<strong>da</strong>s com suspensão <strong>de</strong> esporos, com 7 isolados <strong>de</strong> Phaeomoniella chlamydospora, e em plantas <strong>de</strong><br />
vi<strong>de</strong>ira testemunhas (valores percentuais transformados em arsen √).<br />
Isolados Reisolamento (%) arcsen √<br />
Testemunha 0,0 0,00<br />
PL 2 20,0 26,57<br />
ALPL2 30,0 33,21<br />
T3 L20 50,0 45,00<br />
T20 L326 50,0 45,00<br />
T6 L100 50,0 45,00<br />
T16 L299 60,0 50,77<br />
T21 L330 90,0 71,57<br />
Quadro B.5. Análise <strong>de</strong> variância para o comprimento <strong>da</strong> infecção dos isolados <strong>de</strong> Phaeomoniella<br />
chlamydospora, para os discos miceliais, α=0,05.<br />
Fonte <strong>de</strong> Variação SS Degr. of MS F p<br />
Entre Grupos 95496,20 1 95496,20 701,6477 0,000000<br />
Dentro do Grupo 11610,40 7 1658,63 12,1866 0,000000<br />
Erro 9799,40 72 136,10<br />
Quadro B.6. Análise <strong>de</strong> Variância para a largura <strong>da</strong> infecção dos isolados <strong>de</strong> Phaeomoniella chlamydospora,<br />
para os discos miceliais, α=0,05.<br />
Fonte <strong>de</strong> Variação SS Degr. of MS F p<br />
Entre Grupos 981,9787 1 981,9787 1032,047 0,000000<br />
Dentro do Grupo 59,9381 7 8,5626 8,999 0,000000<br />
Erro 67,5556 71 0,9515<br />
64
Anexos<br />
Quadro B.7. Análise <strong>de</strong> Variância para a percentagem <strong>de</strong> reisolamento dos isolados <strong>de</strong> Phaeomoniella<br />
chlamydospora, para os discos miceliais, α=0,05 (valores percentuais transformados em arcsen √).<br />
Fonte <strong>de</strong> Variação SS Degr. of MS F p<br />
Entre Grupos 39,20000 1 39,20000 276,7059 0,000000<br />
Dentro do Grupo 6,60000 7 0,94286 6,6555 0,000004<br />
Erro 10,20000 72 0,14167<br />
Quadro B.8. Comprimento médio <strong>da</strong>s necroses (mm) e percentagem <strong>de</strong> reisolamento dos isolados <strong>de</strong><br />
Phaeomoniella chlamydospora para os dois tipos <strong>de</strong> inóculo.<br />
Parâmetros<br />
Comp. <strong>da</strong> necrose<br />
(mm)<br />
Suspensão <strong>de</strong> esporos Discos miceliais<br />
Mín. Méd. Máx. Mín. Méd. Máx.<br />
0 12,53 26 0 34,9 80<br />
% Reisolamento 0 43,75 90 0 70 100<br />
Quadro B.9. Percentagem <strong>de</strong> reisolamento obti<strong>da</strong>, para ca<strong>da</strong> meio utilizado, a partir <strong>de</strong> plantas <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira <strong>da</strong><br />
cultivar Touriga Nacional, com 7 isolados <strong>de</strong> Phaeomoniella chlamydospora, e em plantas <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira<br />
testemunhas (valores percentuais transformados em arcsen √).<br />
Meio Reisolamento (%) arcsen √<br />
Suspensão <strong>de</strong><br />
esporos<br />
Discos<br />
miceliais<br />
44,0 41,55<br />
70,0 56,79<br />
65
ANEXO C<br />
ENSAIOS DE CAMPO – EFICÁCIA DE FUNGICIDAS NO TRATAMENTO DE FERIDAS DE PODA<br />
Anexos<br />
ANÁLISES DE VARIÂNCIA DAS PERCENTAGENS DE REISOLAMENTO DAS VIDEIRAS INOCULADAS COM<br />
ISOLADOS DE PHAEOMONIELLA CHLAMYDOSPORA E DAS PLANTAS TESTEMUNHA, TRATADAS COM VÁRIOS<br />
FUNGICIDAS<br />
66
Anexos<br />
Quadro C.1. Análise <strong>de</strong> Variância para a percentagem <strong>de</strong> reisolamento dos isolados <strong>de</strong> Phaeomoniella<br />
chlamydospora, para a casta Syrah. As varas foram sujeitas a tratamentos com fungici<strong>da</strong>s diferentes. α=0,05<br />
(valores percentuais transformados em arcsen √).<br />
Fonte <strong>de</strong> Variação SS Degr. of MS F p<br />
Entre Grupos 520704,3 1 520704,3 403,7505 0,000000<br />
Dentro do Grupo 136989,9 8 17123,7 13,2776 0,000000<br />
Erro 217953,9 169 1289,7<br />
Quadro C.2. Percentagem <strong>de</strong> reisolamento obti<strong>da</strong> a partir <strong>de</strong> plantas <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira <strong>da</strong> cultivar Syrah, inocula<strong>da</strong>s<br />
com Phaeomoniella chlamydospora, e em plantas <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira testemunhas. As varas foram sujeitas a<br />
tratamentos com fungici<strong>da</strong>s diferentes. (valores percentuais transformados em arcsen √).<br />
Tratamento Reisolamento arcsen √<br />
1 0,0 0,0<br />
8 44,4 40,0<br />
6 55,6 50,0<br />
7 62,5 56,3<br />
9 66,7 60,0<br />
4 66,7 60,0<br />
5 77,8 70,0<br />
3 78,9 71,1<br />
2 100,0 90,0<br />
Quadro C.3. Análise <strong>de</strong> Variância para a percentagem <strong>de</strong> reisolamento <strong>de</strong> Phaeomoniella chlamydospora , para<br />
a casta Touriga Nacional. As varas foram sujeitas a tratamentos com fungici<strong>da</strong>s diferentes. α=0,05 (valores<br />
percentuais transformados em arcsen √).<br />
Fonte <strong>de</strong> Variação SS Degr. of MS F p<br />
Entre Grupos 460843,4 1 460843,4 306,5078 0,000000<br />
Dentro do Grupo 84206,4 8 10525,8 7,0007 0,000000<br />
Erro 225529,4 150 1503,5<br />
67
Anexos<br />
Quadro C.4. Percentagem <strong>de</strong> reisolamento obti<strong>da</strong> a partir <strong>de</strong> plantas <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira <strong>da</strong> cultivar Touriga Nacional,<br />
inocula<strong>da</strong>s com Phaeomoniella chlamydospora, e em plantas <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira testemunhas. As varas foram sujeitas a<br />
tratamentos com fungici<strong>da</strong>s diferentes. (valores percentuais transformados em arcsen √).<br />
Tratamento Reisolamento arcsen √<br />
1 0,0 0,0<br />
7 50,0 45,0<br />
9 52,9 47,6<br />
6 61,1 55,0<br />
5 61,1 55,0<br />
8 64,7 58,2<br />
3 72,2 65,0<br />
4 76,5 68,8<br />
2 100,0 90,0<br />
Quadro C.5. Análise <strong>de</strong> Variância para a extensão <strong>da</strong>s necroses <strong>de</strong> lançamentos <strong>da</strong> casta Syrah, inoculados<br />
com Phaeomoniella chlamydospora. As varas foram sujeitas a tratamentos com fungici<strong>da</strong>s diferentes. α=0,05<br />
(valores percentuais transformados em arcsen √).<br />
Fonte <strong>de</strong><br />
Variação<br />
SS Degr. of MS F p<br />
Entre Grupos 456430,2 1 456430,2 424,4773 0,000000<br />
Dentro do Grupo 24951,6 8 3119,0 2,9006 0,004957<br />
Erro 158065,5 147 1075,3<br />
Quadro C.6. Análise <strong>de</strong> Variância para a extensão <strong>da</strong>s necroses <strong>de</strong> lançamentos <strong>da</strong> casta Touriga Nacional,<br />
inoculados com Phaeomoniella chlamydospora. As varas foram sujeitas a tratamentos com fungici<strong>da</strong>s<br />
diferentes. α=0,05 (valores percentuais transformados em arcsen √).<br />
Fonte <strong>de</strong> Variação SS Degr. of MS F p<br />
Entre Grupos 496727,1 1 496727,1 726,0717 0,000000<br />
Dentro do Grupo 45153,1 8 5644,1 8,2501 0,000000<br />
Erro 101935,3 149 684,1<br />
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Anexos<br />
Quadro C.7. Comparação <strong>da</strong>s duas castas em estudo (Syrah ou Touriga Nacional) <strong>da</strong> extensão <strong>da</strong>s necroses, a<br />
partir <strong>de</strong> sarmentos inoculados com Phaeomoniella chlamydospora, sujeitos a tratamentos com fungici<strong>da</strong>s<br />
diferentes (teste <strong>de</strong> Tuckey HSD).<br />
Casta Extensão <strong>da</strong> necrose (mm)<br />
Syrah 54,8 a<br />
Touriga Nacional 56,1 a<br />
Quadro C.8. Análise <strong>de</strong> variância para a extensão <strong>da</strong>s necroses <strong>de</strong> lançamentos <strong>da</strong>s castas Syrah e Touriga<br />
nacional, sujeitas a tratamentos com fungici<strong>da</strong>s diferentes, α=0,05.<br />
Fonte <strong>de</strong> Variação SS Degr. of MS F p<br />
Entre Grupos 965015,4 1 965015,4 912,0865 0,000000<br />
Dentro do Grupo 137,9 1 137,9 0,1304 0,718288<br />
Erro 330105,5 312 1058,0<br />
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