16.04.2013 Views

As Irmandades mineiras de Nossa Senhora da Boa Morte

As Irmandades mineiras de Nossa Senhora da Boa Morte

As Irmandades mineiras de Nossa Senhora da Boa Morte

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Sabrina Mara Sant’Anna - 1205<br />

lecia: “to<strong>da</strong> a pessoa que quiser ser irmão <strong>de</strong>sta Santa Irman<strong>da</strong><strong>de</strong> fará petição ao Juiz<br />

<strong>de</strong>la o qual informando-se <strong>da</strong> geração, vi<strong>da</strong> e costumes <strong>da</strong> tal pessoa, e parecendolhe<br />

capaz o aceitará man<strong>da</strong>ndo ao escrivão que faça termo (...)” (sic). 10 O do grêmio<br />

fun<strong>da</strong>do no Arraial <strong>de</strong> Guarapiranga, redigido em 1779, <strong>de</strong>terminava: “To<strong>da</strong>s as pessoas<br />

homens e mulheres pardos, assim forros como cativos se po<strong>de</strong>rão assentar por<br />

Irmãos <strong>de</strong>sta Irman<strong>da</strong><strong>de</strong>, como também quaisquer pessoas assim brancas como pretas<br />

<strong>de</strong> qualquer condição e quali<strong>da</strong><strong>de</strong> (...)” (sic). 11 O <strong>da</strong> associação erigi<strong>da</strong> na Vila <strong>de</strong><br />

São João Del Rei, reformado entre 1785 e 1786, <strong>de</strong>clarava: “Para Irmãos <strong>de</strong>sta Irman<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

se aceitarão to<strong>da</strong>s aquelas pessoas que forem brancos, pardos legítimos, e libertos,<br />

assim homens como mulheres que por sua <strong>de</strong>voção quiserem servir à Mãe <strong>de</strong><br />

Deus (...)” (sic). 12 Os estatutos e os livros <strong>de</strong> matrícula (assento <strong>de</strong> irmãos) <strong>da</strong>s <strong>de</strong>mais<br />

confrarias <strong>mineiras</strong> vocaciona<strong>da</strong>s à Dormição <strong>de</strong> Maria nos permitem assegurar que<br />

elas também não foram agremiações exclusivas <strong>de</strong> mulatos.<br />

Para ingressarem nas corporações religiosas <strong>de</strong> leigos e terem acesso à assistência<br />

material e espiritual que buscavam, os <strong>de</strong>votos <strong>de</strong>veriam correspon<strong>de</strong>r às exigências<br />

<strong>da</strong> enti<strong>da</strong><strong>de</strong> (pré-requisitos como raça e status social, por exemplo) e se comprometerem<br />

a cumprir os <strong>de</strong>veres estipulados nos compromissos. De maneira geral, as<br />

obrigações dos confra<strong>de</strong>s eram as seguintes: pagar a taxa <strong>de</strong> entra<strong>da</strong>, manter as anui<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

em dia, acompanhar os funerais dos outros filiados, rezar pelas almas dos irmãos<br />

<strong>de</strong>funtos, zelar pelos bons costumes (leia-se: não ter comportamento vexatório)<br />

e participar dos festejos e procissões realizados em honra do orago cultuado. Em<br />

contraparti<strong>da</strong>, os direitos garantidos eram: socorro em caso <strong>de</strong> doença, viuvez ou<br />

<strong>de</strong>sgraça pessoal, cortejos e enterros solenes acompanhados pela irman<strong>da</strong><strong>de</strong> e seu<br />

respectivo capelão, sepultura em solo sagrado e missas em sufrágio <strong>da</strong> alma.<br />

Normalmente o recebimento dos benefícios estava condicionado ao pagamento<br />

<strong>da</strong>s cotas (entra<strong>da</strong>s e anuais). Algumas associações eram con<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes com a situação<br />

financeira <strong>de</strong> seus fregueses e admitiam atenuantes. Os irmãos que interrompiam<br />

ou atrasavam suas contribuições por impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> material po<strong>de</strong>riam ser<br />

sufragados, mas os inadimplentes por displicência sofreriam as conseqüências prescritas.<br />

Em outras agremiações prevalecia a racionali<strong>da</strong><strong>de</strong> administrativa em <strong>de</strong>trimento<br />

<strong>da</strong> função caritativa. Nestas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> causa <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong>, os insolventes<br />

tinham os direitos cerceados.<br />

<strong>As</strong> irman<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>mineiras</strong> <strong>de</strong> <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> <strong>da</strong> <strong>Boa</strong> <strong>Morte</strong>, em geral, eram benevolentes<br />

para com os seus confra<strong>de</strong>s. Nenhum dos estatutos analisados, especificamente<br />

os redigidos entre 1721 e 1822, possuía cláusula que <strong>de</strong>sabonasse (em totali<strong>da</strong><strong>de</strong>) os<br />

direitos dos inadimplentes por motivo <strong>de</strong> pobreza. O so<strong>da</strong>lício erigido no Arraial <strong>de</strong><br />

Catas Altas do Mato Dentro, embora não se comprometesse a sufragar os irmãos <strong>de</strong>ve-<br />

10 AEAM, Irman<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> <strong>da</strong> <strong>Boa</strong> <strong>Morte</strong> <strong>de</strong> Cachoeira do Campo: Compromisso (1731),<br />

folha dois. (atualizamos a grafia).<br />

11 AEAM, Irman<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> <strong>da</strong> <strong>Boa</strong> <strong>Morte</strong> <strong>de</strong> Guarapiranga: Compromisso (1779),<br />

folha 4 verso. (atualizamos a grafia).<br />

12 AEDSJDR, Irman<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> <strong>da</strong> <strong>Boa</strong> <strong>Morte</strong> <strong>de</strong> São João Del Rei: Compromisso<br />

(1786), folha 5 verso. (atualizamos a grafia).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!