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Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda

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americanos não eram movidos pela necessidade, e a revolução não foi frustrada pelos pais<br />

fundadores, pois seus problemas não eram de ordem social, mas político, e diziam respeito à<br />

forma de governo e não à ordem social (1990, p.54-55). 29 <strong>Arendt</strong> enaltece os fundadores<br />

americanos, pois no seu entender eles teriam se voltado contra a tirania e a opressão, e não<br />

teriam perdido de vista a fundação de um espaço político para resguardar a liberdade,<br />

contudo, passaram ao largo da exploração econômica e da pobreza. Daí resulta sua “superior<br />

sabedoria” e o sucesso da Revolução Americana:<br />

Já que não existia, em torno deles, nenhum sofrimento que pudesse ter<br />

despertado suas paixões, nem carências avassaladoramente prementes que os<br />

levassem a submeter-se à necessidade, nem piedade para desviá-los da razão,<br />

os homens da Revolução Americana permaneceram homens de ação do<br />

princípio ao fim, da Declaração da Independência à organização da<br />

Constituição (1990, p.75).<br />

Ou seja, para <strong>Arendt</strong>, a Revolução Americana constituiu-se num processo político que<br />

teve início na declaração da Independência e culminou na elaboração da Constituição,<br />

cumprindo assim seu principal objetivo político: o de afirmar os direitos do povo (excluindo<br />

índios e negros como se sabe) a partir do consentimento ao novo poder constituído.<br />

Todavia, como bem observou Hobsbawm em seu ensaio <strong>Hannah</strong> <strong>Arendt</strong> e a<br />

Revolução, que compõe o conjunto Revolucionários,<br />

[...] a “liberdade pública” neste sentido permanece um sonho, ainda que os<br />

pais da constituição americana tenham sido inteligentes o bastante e se<br />

tenham visto livres da presença inoportuna dos pobres para instituir um<br />

governo dotado de garantias razoáveis contra o despotismo e a tirania (1985<br />

p. 204).<br />

Na argumentação de <strong>Arendt</strong> seu ideal de liberdade política corresponde ao direito e a<br />

possibilidade de participação ativa nos assuntos públicos, tal e como se concebia na polis<br />

29 Segundo <strong>Arendt</strong>, se houve alguma conduta criminosa e bestial durante a colonização do continente<br />

americano, elas foram ações individuais, não se deveu ao comportamento político de grupos organizados (1990,<br />

p. 73)<br />

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