Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda
Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda
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Buscou-se até aqui enunciar alguns pressupostos da teoria política de <strong>Arendt</strong> acerca do<br />
Político cujo fundamento é a separação entre política e economia. Em seguida, qualificaremos<br />
a sua compreensão da questão social analisada pela autora a partir do contexto da Revolução<br />
Francesa.<br />
A questão social segundo a análise de <strong>Arendt</strong> é tributária da Revolução Francesa e<br />
teria sido este particular o responsável para que a mesma fracassasse e incorresse no terror, já<br />
que os assuntos sociais relacionados à economia, necessidade e miséria não devem ser<br />
tratados no espaço político. Como discutimos nos capítulos anteriores, a análise de <strong>Arendt</strong><br />
sobre o poder e a violência pretende se contrapor à tradição política, cuja marca, segundo a<br />
autora é a intromissão de elementos “estranhos” ao próprio do fazer político, a saber, a<br />
questão social, a qual só pode ter como instrumento direto a violência descaracterizando<br />
assim o espaço do político.<br />
3.1 – A Revolução Francesa e a “questão social”: elementos para a crítica<br />
da teoria arendtiana da separação entre econômico e político.<br />
Como afirmamos anteriormente, <strong>Hannah</strong> <strong>Arendt</strong> em Da Revolução não estava<br />
interessada em analisar as revoluções enquanto eventos históricos em sua totalidade. À autora<br />
coube explorar, sem disfarce, aspectos particulares convenientes ao seu estudo cujo objetivo<br />
direto era fundamentar suas idéias com interpretações genéricas das revoluções modernas, em<br />
particular da revolução francesa. 27<br />
27 Observamos que também em seu famoso livro “Origens do Totalitarismo”, <strong>Arendt</strong>, no afã de lançar<br />
luzes novas à teoria anticomunista durante a guerra fria, realiza uma abordagem que despreza certos fenômenos<br />
históricos e edifica sua teoria sobre o “totalitarismo” stalinista baseado-se numa perspectiva por vezes<br />
psicológica e metafísica que lhe conduz ao limite de afirmar que o nazismo possuía aspectos mais humanos uma<br />
vez que era delimitado pela discriminação racial, enquanto que a URSS, ao seu ver, atingia qualquer pessoa<br />
(KONDER, 1977, p. 71) .<br />
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