Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda
Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda
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contrário, é o espaço no qual a ação e o discurso coincidiam e se caracterizavam como as<br />
atividades mais elevadas das capacidades humanas.<br />
O espaço público-político, na concepção de <strong>Arendt</strong>, conforme explicação de Wagner<br />
(2000), é o espaço correspondente à polis grega. É o “espaço de imperecibilidade”, isto é, o<br />
espaço onde os homens juntos poderiam estabelecer a memória eterna de suas ações e de<br />
inspirar às gerações futuras a admiração, fazer parte no devir em forma de lembrança. Esse<br />
espaço se constitui enquanto espaço de aparência permitindo que os atos e palavras<br />
ganhassem permanência na lembrança da posteridade (2000, p. 41-42).<br />
O espaço político é também, para <strong>Arendt</strong>, o espaço da excelência, locus onde as mais<br />
altas capacidades e qualidades humanas se apresentam; é o espaço em que os homens vivem<br />
politicamente organizados e que tem como raison d’être a liberdade cuja experiência é a ação<br />
(1997, p.192). 25<br />
Cumpre ressaltar em primeiro lugar que <strong>Arendt</strong> realiza uma distinção entre liberdade<br />
política e liberdade interior, como podemos notar em seu ensaio O que é liberdade? Nesse<br />
ensaio a autora afirma que liberdade interior pode ser caracterizada como um fenômeno da<br />
vontade que, por sua vez, se circunscreve na esfera do pensamento a partir do qual o homem<br />
busca evadir-se do mundo; a liberdade interior é vivenciada no diálogo consigo mesmo, ou<br />
seja, interiormente (ARENDT, 1997, p. 195).<br />
A liberdade política, ao contrário, só se concretiza onde há um espaço comum, no<br />
palco próprio para a ação e para o discurso, sem este espaço público a liberdade não se<br />
efetiva. A liberdade requer, pois, um espaço político e a companhia de outros homens para se<br />
realizar.<br />
25 Na teoria política de <strong>Arendt</strong> a noção de ação possui importante destaque, pois ela corresponde a<br />
capacidade humana de começar algo novo; a ação está associada diretamente à idéia de Liberdade, aliás, a<br />
liberdade e o poder são produtos diretos da ação. Quando discutimos a teoria do poder de <strong>Arendt</strong> também<br />
abordamos a relação entre poder, ação e liberdade. Todavia, a teoria da ação arendtiana foi amplamente estudada<br />
por ABREU, M. A em “<strong>Hannah</strong> <strong>Arendt</strong> e os limites do novo”.Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2004.<br />
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