Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda
Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda
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Capítulo 3 – <strong>Hannah</strong> <strong>Arendt</strong> e a pretensa separação entre o econômico e o<br />
político.<br />
<strong>Hannah</strong> <strong>Arendt</strong> em Da Revolução apresenta uma análise muito particular das duas<br />
grandes revoluções, a Revolução Francesa e a Revolução Americana. Ao analisá-las a autora<br />
alemã estrutura sua teoria política a partir da compreensão de tais fatos históricos e acaba se<br />
posicionando claramente em favor daquele que, segundo seus princípios analíticos, teria<br />
conseguido deixar à humanidade um conjunto de instituições políticas e de leis capazes de<br />
conferir um caráter de permanência e estabilidade ao esforço comum em favor da esfera<br />
pública.<br />
Embora analisando estes dois eventos históricos, verdadeiros divisores de água na<br />
História política, a autora alemã deixa transparecer em sua obra o desinteresse em abordar tais<br />
eventos a partir de uma perspectiva histórica propriamente dita, isto é, em observar os fatos<br />
como eles se dão concretamente, evitando assim superestimar ou subestimar os<br />
acontecimentos de acordo com a conveniência ou ainda analisá-los a partir de referenciais<br />
idealistas.<br />
Todavia, observamos que <strong>Arendt</strong> descreve alguns aspectos pontuais, aqueles<br />
ideologicamente convenientes a uma abordagem que pudesse dar sustentação prioritariamente<br />
a sua reflexão sui generis da história e que subsidiasse sua ontologia política (DUARTE,<br />
2000, p. 269).<br />
Com efeito, tentaremos mostrar adiante que a sua metodologia (a de não recontar<br />
tradicionalmente a história das revoluções modernas) trouxe implicações sérias à sua análise,<br />
implicações essas que em boa medida expressa o desprezo da autora para com os elementos<br />
originários da atuação popular no processo da Revolução Francesa, bem como de sua negação<br />
da tradição de pensamento político herdeira da radicalização política engendrada durante o<br />
processo revolucionário francês.<br />
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