Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda
Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda
RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo analisar a reflexão empreendida por Hannah Arendt (1906-1975) acerca dos fenômenos do poder e da violência, bem como sua crítica à Nova Esquerda , crítica essa que se apresenta de forma sistematizada em seu ensaio Sobre a violência, de 1969. A distinção entre poder e violência constitui-se, pois, em tema central do pensamento político da autora, que teve como motivação para sua reflexão a Rebelião Estudantil de 1968, a guerra do Vietnã e o papel da violência no âmbito da Nova Esquerda. Com efeito, o poder, para Arendt, é inerente a toda comunidade política e resulta da capacidade de agir conjuntamente. Por outro lado, a violência, que é instrumental, se funda na categoria meio-fim, e quando recobrada no âmbito do político é responsável por fazer desaparecer o poder. Portanto, poder e violência são assuntos opostos: quando um se afirma absoluto, o outro desaparece. Do contato com o pensamento de Arendt, percebemos que seu conceito de poder foi forjado tendo como referência a tradição da polis grega, a qual, no entendimento de Arendt, lança luzes sobre a derrocada dos valores da política moderna, bem como sobre a necessidade de resgatar a diferença entre as esferas pública e privada para fazer emergir o fenômeno originariamente político. Confrontando suas idéias com as de outros autores, consideramos que a análise de Arendt sobre o poder transcende completamente as relações conflituosas constitutivas da vida política e suas instituições tradicionais. Além disso, a rejeição da ação radical da Nova Esquerda, por esta autora, em grande medida parece engrossar o coro que recusa e rechaça a utopia, que significa, no contexto do “fim da ideologia”, a negação da perspectiva socialista em favor, mais uma vez, da “democracia” e do “pluralismo” norte-americanos. Palavras-chave: Hannah Arendt, poder, violência e Nova Esquerda. 8
Abstract The aim of this paper is to analyze the reflexion undertaken by Hannah Arendt (1906-1975) on the phenomena of power and violence as well as her critique of the New Left, which is presented systematically in her essay On Violence (1969). The distinction between power and violence thus comprises a central theme in her political thought, which has had as a motivation for her reflexion the Student Rebellion of 1968, the Vietnam war and the role of violence within the New Left. Indeed, the power, on Arendt's account, is inherent to every political community and it is a result of the ability to act jointly. Furthermore, the violence, that is instrumental, is based upon the means-end category and whenever stablished within the political sphere becomes responsible for causing the power to vanish. Therefore, power and violence are opposite subjects: as one becomes absolute, the other vanishes. By being in touch with Arendt's thinking we come to realize that her innovative concept of power has been forged having as reference the tradition of Greek polis, which, from Arendt's understanding, casts light on the defeat of the values of the modern Politics, as well as on the need of restoring the difference between public and private spheres to cause the originally political phenomenom to emerge. By putting her thoughts with those of other authors, we consider that Arednt's analysis of power goes completely beyond the conflicting constituents of political life and its traditional institutions. Moreover, the rejection of the extreme action of the New Left, by the author, largely seems to reinforce the chorus that refuses and rejects the utopia, which means, in the "end of ideology" context, the negation of the socialist perspective in behalf, once again, of the American "democracy" and "pluralism". Keywords: Hannah Arendt, power, violence and New Left 9
- Page 1 and 2: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UN
- Page 3 and 4: Simone Maria Magalhães Poder e vio
- Page 5 and 6: Dedico este trabalho a minha mãe A
- Page 7: 1.1 1.2 1.3 2.1 2.2 2.3 3.1 3.2 Res
- Page 11 and 12: De fato, como nos explica Wood (199
- Page 13 and 14: ideologias, desmascarando a políti
- Page 15 and 16: parecem necessários para delinear
- Page 17 and 18: da esfera econômica? Será mesmo p
- Page 19 and 20: estabeleceram como uma nova potênc
- Page 21 and 22: aos Estados Unidos ao criar a bomba
- Page 23 and 24: ecuperação econômica dos países
- Page 25 and 26: Magdoff (1978) explica que embora o
- Page 27 and 28: ajuda militar a governos estrangeir
- Page 29 and 30: não as pessoas que iam ser queimad
- Page 31 and 32: 1.2 - Os Anos Dourados e o pretenso
- Page 33 and 34: Dessa forma, o problema do emprego
- Page 35 and 36: mesmo para o referido autor, o fim
- Page 37 and 38: Com a retórica e a ação radicais
- Page 39 and 40: diversas as interpretações sobre
- Page 41 and 42: consolidação de uma cultura pauta
- Page 43 and 44: marcharam em gigantescas passeatas
- Page 45 and 46: Talvez, por compreender a importân
- Page 47 and 48: desvelar os fundamentos da crítica
- Page 49 and 50: Em sua análise Arendt destacou com
- Page 51 and 52: Contrariamente à perspectiva arend
- Page 53 and 54: De que violência está falando Are
- Page 55 and 56: Em verdade, para o filósofo alemã
- Page 57 and 58: as idéias desse importante autor.
RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo analisar a reflexão empreendida por <strong>Hannah</strong> <strong>Arendt</strong><br />
(1906-1975) acerca dos fenômenos do poder e da violência, bem como sua crítica à <strong>Nova</strong> <strong>Esquerda</strong> ,<br />
crítica essa que se apresenta de forma sistematizada em seu ensaio Sobre a violência, de 1969. A<br />
distinção entre poder e violência constitui-se, pois, em tema central do pensamento político da autora,<br />
que teve como motivação para sua reflexão a Rebelião Estudantil de 1968, a guerra do Vietnã e o<br />
papel da violência no âmbito da <strong>Nova</strong> <strong>Esquerda</strong>. Com efeito, o poder, para <strong>Arendt</strong>, é inerente a toda<br />
comunidade política e resulta da capacidade de agir conjuntamente. Por outro lado, a violência, que é<br />
instrumental, se funda na categoria meio-fim, e quando recobrada no âmbito do político é responsável<br />
por fazer desaparecer o poder. Portanto, poder e violência são assuntos opostos: quando um se afirma<br />
absoluto, o outro desaparece. Do contato com o pensamento de <strong>Arendt</strong>, percebemos que seu conceito<br />
de poder foi forjado tendo como referência a tradição da polis grega, a qual, no entendimento de<br />
<strong>Arendt</strong>, lança luzes sobre a derrocada dos valores da política moderna, bem como sobre a necessidade<br />
de resgatar a diferença entre as esferas pública e privada para fazer emergir o fenômeno<br />
originariamente político. Confrontando suas idéias com as de outros autores, consideramos que a<br />
análise de <strong>Arendt</strong> sobre o poder transcende completamente as relações conflituosas constitutivas da<br />
vida política e suas instituições tradicionais. Além disso, a rejeição da ação radical da <strong>Nova</strong> <strong>Esquerda</strong>,<br />
por esta autora, em grande medida parece engrossar o coro que recusa e rechaça a utopia, que<br />
significa, no contexto do “fim da ideologia”, a negação da perspectiva socialista em favor, mais uma<br />
vez, da “democracia” e do “pluralismo” norte-americanos.<br />
Palavras-chave: <strong>Hannah</strong> <strong>Arendt</strong>, poder, violência e <strong>Nova</strong> <strong>Esquerda</strong>.<br />
8