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Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda

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Nesse sentido, afirma <strong>Arendt</strong>, “para ser livre, a ação deve ser livre, por um lado, de<br />

motivos e, por outro, do fim intencionado como um efeito previsível”. Mais adiante a autora<br />

alemã nos explica:<br />

Visto que o fim da ação humana, distintamente dos produtos finais da<br />

fabricação, nunca pode ser previsto de maneira confiável, os meios<br />

utilizados para alcançar os objetivos políticos são muito freqüentemente de<br />

maior relevância para o mundo futuro do que os objetivos pretendidos.<br />

Ademais, posto que os resultados das ações dos homens estão para além do<br />

controle dos atores, a violência abriga em si mesma um elemento adicional<br />

de arbitrariedade [...] (ARENDT, 2000, p. 14).<br />

Para <strong>Arendt</strong>, o que faz do homem um ser político é sua faculdade para a ação; ela o<br />

capacita a reunir-se a seus pares, a agir em concerto e a almejar objetivos e empreendimentos<br />

que jamais passariam por sua mente, a aventurar-se em algo novo (1994, p. 59). Para a ação<br />

existir é preciso que os homens, na sua pluralidade, se comuniquem, que interajam e se<br />

expressem por meio da palavra e do discurso no espaço público, sendo este, o lócus para a<br />

efetivação da ação e da liberdade. A ação é definida por <strong>Arendt</strong> como a atividade pertencente<br />

ao âmbito do político, cuja essência é a habilidade para começar algo novo, isto é, de iniciar<br />

novos começos. Como explica Abreu (2004),<br />

Além de ser a forma como o ser humano manifesta a sua capacidade de<br />

originar novos começos, a ação também é o meio com que os homens podem<br />

ser livres e gerar o poder. <strong>Poder</strong> é o resultado da ação, e liberdade o seu<br />

sentido. Somente com a ação dos homens em conjunto é que se obtém o<br />

poder e toda a ação é realizada sem qualquer fim específico, mas com um<br />

sentido: a liberdade (ABREU, 2004, p. 33).<br />

A liberdade, em <strong>Arendt</strong>, corresponde à pura capacidade de começar, ou seja, “ser livre<br />

e a capacidade de começar algo novo coincidem”. È também na polis grega e na República<br />

romana que <strong>Arendt</strong> busca seu referencial para qualificar a liberdade.<br />

Como todo o problema da liberdade nos surge no horizonte de tradições<br />

cristãs, por um lado, e de uma tradição filosófica originariamente<br />

antipolítica, de outro, é difícil percebermos que pode existir uma liberdade<br />

que não seja um atributo da vontade, mas sim um acessório do fazer e do<br />

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