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Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda

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A burocratização do governo implica em transformá-lo em mera administração e,<br />

portanto, no encolhimento da esfera pública, obstruindo assim as condições para a ação. 21<br />

Desse modo, o espaço para o amplo exercício da liberdade e da ação torna-se<br />

comprometido. Ou seja, a burocratização da vida política, na medida em que homogeneiza os<br />

sujeitos, tornando-os impotentes e privados de liberdade, acaba por frustrar a capacidade de<br />

ação.<br />

Conforme explica Maria Aparecida Abreu (2004), a ação é um aspecto central na<br />

teoria política de <strong>Hannah</strong> <strong>Arendt</strong>, visto que ela se relaciona diretamente com a geração do<br />

poder. A ação, em <strong>Arendt</strong>, pode ser definida como uma atividade que se realiza no espaço<br />

público, e que tem como condição humana a pluralidade, tendo como sentido a liberdade.<br />

(2004, p. 39).<br />

Com efeito, a ação é, em <strong>Arendt</strong>, uma das mais importantes atividades que compõem o<br />

que ela denomina como vida activa, compreendendo o labor, o trabalho e a ação. Essas<br />

atividades são “as manifestações mais elementares da condição humana, aquelas atividades<br />

que tradicionalmente, e também segundo a opinião corrente, estão ao alcance de todo ser<br />

humano”. A diferenciação dessas atividades se dá pelo espaço que cada uma ocupa<br />

singularmente, tanto na esfera pública quanto na esfera privada (ARENDT, 1981, p.13).<br />

Dessa forma, “a condição humana da ação é a pluralidade humana, é a única atividade<br />

que se exerce diretamente entre os homens sem a mediação das coisas e da matéria,<br />

corresponde à ação humana da pluralidade, ao fato de que os homens e não o Homem, vivem<br />

na terra e habitam o mundo” (ARENDT, 1981, p.99).<br />

Portanto, a ação é a atividade que possui início, mas que não tem um fim determinado,<br />

pois ela acontece de forma espontânea e possui como sentido a liberdade daqueles que agem.<br />

A ação é também imprevisível, o que significa dizer que os agentes não têm como prever o<br />

seu início e seus resultados (ABREU, 2004, 30).<br />

21 Para <strong>Arendt</strong> o recrudescimento da esfera pública se constitui num fenômeno que acompanhou a época<br />

moderna e foi acelerado a partir das burocracias partidárias (p.59).<br />

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