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Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda

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em situações extremas – e nessas situações, é algo que torna a ação um meio para atingir um<br />

fim – ou é deslocado para o que ela chama de esfera social. Dessa forma, o conflito, quando<br />

misturado à ação, a descaracteriza, ou por aproximá-la de uma mera fabricação, ou por tirá-la<br />

de seu âmbito adequado, que é a esfera política” (ABREU, 2004, p. 59).<br />

Por fim, <strong>Arendt</strong> revela que a violência aparece onde o poder está em risco. Ela pode<br />

destruir o poder (essência de todo governo), mas não pode criar seu oposto (poder). Ou seja,<br />

para <strong>Arendt</strong>, a violência não se constitui em fonte de poder.<br />

Com base nisso <strong>Arendt</strong> tentou desautorizar a ação radical dos militantes da <strong>Nova</strong><br />

<strong>Esquerda</strong>, pois entende que a violência não transforma nada.<br />

Mais adiante, em sua análise, <strong>Arendt</strong> tratou de examinar as causas da violência nos<br />

assuntos políticos, e concluiu que a intromissão da violência na política se deve a<br />

burocratização da vida pública. Em sua caracterização “a burocracia é a forma de governo na<br />

qual todas as pessoas estão privadas de liberdade política, ou seja, estão destituídas do poder<br />

de agir; pois o domínio de Ninguém não é um não-domínio, e onde todos são igualmente<br />

impotentes temos a tirania sem tirano” (ARENDT, 2000, p. 59).<br />

Em sua análise, <strong>Arendt</strong> creditou à burocratização a responsabilidade pela crise a qual<br />

tem passado as grandes sociedades e salientou o caso dos EUA no que concerne a<br />

centralização do poder. Para a filósofa, esse país passava por uma crise institucional em<br />

virtude da monopolização do governo federal em detrimento dos poderes dos estados.<br />

Quaisquer que sejam as vantagens ou desvantagens administrativas da<br />

centralização, seu resultado político é sempre o mesmo: a monopolização do<br />

poder causa o ressecamento ou esgotamento de todas as fontes autênticas de<br />

poder no país. Nos EUA, baseados em uma grande pluralidade de poderes e<br />

em seu sistema de fiscalização e equilíbrio mútuos, estamos confrontando<br />

não apenas com a desintegração das estruturas de poder, mas com a perda de<br />

firmeza e ineficácia do poder, aparentemente ainda intacto e livre para<br />

manifestar-se (2000, p. 62)<br />

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