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Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda

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Conforme explica Duarte (1994), em <strong>Arendt</strong>, “o poder só pode ser gerado e atualizado<br />

a partir da potencialidade de um ‘Meteinander-Reden’, um ser discursivo em que palavras e<br />

atos não se separam, e na dependência de um ‘acordo frágil e temporário de muitas<br />

intenções’. <strong>Poder</strong> corresponde, portanto, ‘à condição humana da pluralidade’” (DUARTE,<br />

1994, p. 87).<br />

O poder emerge onde quer que as pessoas se unam e ajam em concerto, mas sua<br />

legitimidade deriva mais do estar junto inicial do que de qualquer ação que então possa seguir<br />

(ARENDT, 2000, p. 40).<br />

Portanto, podemos perceber que o poder, tal como definido por <strong>Arendt</strong>, não é uma<br />

estrutura, nem se iguala à posse de determinados recursos; é um fenômeno do campo da ação<br />

coletiva e está ligado a um momento de fundação.<br />

Como explica Perissinoto (2004),<br />

A conjugação dessas duas características – ação coletiva que funda o grupo –<br />

sugere que este momento original constitui-se no início de uma “esfera<br />

pública”, pois a “ação em concerto” que “funda o grupo” só pode ocorrer por<br />

meio do “encontro” público em que o acordo e o consentimento surjam. Daí<br />

tratar o poder (e a esfera pública), ao mesmo tempo, como o espaço das<br />

“aparências”, e o lugar da isonomia, isto é, um espaço em que a interação<br />

entre indivíduos iguais se dá por meio da livre troca de opiniões plurais e da<br />

ação (PERISSINOTO, 2004, p. 119-120).<br />

No mesmo sentido, segundo Lafer (1994), <strong>Arendt</strong> acaba por deslocar, em sua análise,<br />

a temática do poder do seu emprego e aplicação para a de sua criação e manutenção, pois ele<br />

(poder) requer o consenso da maioria para determinar os rumos da ação comum. Com isso,<br />

ao pensar o poder como resultado da ação conjunta dos indivíduos, <strong>Arendt</strong> rejeita toda e<br />

qualquer atividade que possua algum direcionamento, isto é, uma finalidade.<br />

A violência, por sua vez, é oposta ao poder como mencionada. “Distingue-se por seu<br />

caráter instrumental”, e sempre necessita de justificação para obter o fim desejado. Ela tem<br />

como função multiplicar o vigor, a potência individual, e depende de instrumentos para<br />

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