16.04.2013 Views

Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda

Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda

Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Por último, para <strong>Arendt</strong>, a falta de distinção entre poder, vigor, força, autoridade e<br />

violência, predominante em nossa tradição do pensamento político, se deve à convicção de<br />

que essa diferenciação seria de pouca importância, uma vez que desempenham a mesma<br />

função: o domínio.<br />

Todavia, para a autora alemã, o poder, bem como os assuntos públicos, não podem ser<br />

“reduzidos” à questão do domínio, uma vez que essa perspectiva negligencia a “autêntica<br />

diversidade” dos assuntos humanos, bem como não esclarece como se constitui o poder.<br />

Nesse sentido, encontramos em <strong>Arendt</strong>, além da diferenciação entre poder e violência,<br />

a distinção entre força, vigor e autoridade. A força corresponde às “forças da natureza” ou às<br />

“forças das circunstâncias”, isto é, deveria indicar a energia liberada por motivos físicos e<br />

sociais. O vigor designa algo singular, algo essencialmente individual que não está<br />

diretamente associado à relação com outras pessoas, portanto, não político. A autoridade pode<br />

ser investida em pessoas ou cargos, tendo por função adquirir o reconhecimento<br />

inquestionável por aqueles a quem se pede que obedeçam; nem a coerção nem a persuasão são<br />

necessárias (ARENDT, 2000, p. 37).<br />

Enfim, para <strong>Arendt</strong>, poder, violência, força e vigor, entre outros, referem-se a<br />

fenômenos distintos e diferentes, e o uso correto dessas noções dependerá da perspectiva<br />

histórica.<br />

Contrariamente às evidências da “equação” entre poder e violência mencionada,<br />

<strong>Arendt</strong> se utiliza de “uma outra tradição e um outro vocabulário...” (ARENDT, 2000, p. 34),<br />

que no seu entendimento é muito importante. Desse modo, <strong>Arendt</strong> recupera a tradição da polis<br />

grega para lançar luzes a sua concepção de poder.<br />

Segundo a autora,<br />

Quando a cidade-estado ateniense denominou sua Constituição uma<br />

isonomia, ou quando os romanos falaram de uma civitas como sua forma de<br />

governo, tinham em mente um conceito de poder e de lei cuja essência não<br />

68

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!