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Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda

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dominação política é, para Hobbes, a condição sine qua non para o funcionamento da<br />

sociedade moderna (LEBRUN, 1999, p.60).<br />

Por seu turno, Max Weber (1984), que definiu sociologicamente o poder, entende que<br />

este se baseia no monopólio da força legítima. Em sua concepção o poder significa a<br />

probabilidade de impor a própria vontade dentro de uma relação social, ainda que contra toda<br />

resistência e qualquer que seja o fundamento dessa probabilidade (p. 43). Nesse caso, para<br />

impor a própria vontade ao comportamento alheio, torna-se necessário dispor e empregar de<br />

meios que permitam atingir o comportamento desejado.<br />

Para <strong>Arendt</strong>, o poder tal como é apresentado por estes teóricos, corresponde ao<br />

binômio mando/obediência e, por sua vez, se baseia na idéia de dominação do homem pelo<br />

homem.<br />

Dessa forma, a autora avalia que o equacionamento do poder e violência, ou melhor, a<br />

não distinção entre conceitos tais como vigor, força, autoridade, poder, violência, no interior<br />

da tradição de pensamento político revela o triste estado atual da ciência política.<br />

No mesmo sentido, afirma Duarte (1995),<br />

(...) nada é mais recorrente do que a equação entre ambos os termos, a partir<br />

da qual as relações de poder traduzem-se na linguagem da ‘dominação’ e da<br />

submissão; em suma, na ênfase unilateral depositada no pólo da ‘obediência’<br />

garantida pela sombra da violência... (DUARTE, 1995, p. 84).<br />

Em sua análise, <strong>Arendt</strong> considera ainda que tal concepção passou a ser legitimada pela<br />

tradição judaico-cristã por meio de sua concepção imperativa de Lei, e também, por<br />

convicções científicas e filosóficas no que diz respeito à natureza do homem.<br />

Convicções científicas e filosóficas mais modernas acerca da natureza do<br />

homem fortaleceram ainda mais as tradições legais e políticas. As várias<br />

descobertas recentes de um instinto de dominação e de uma agressividade<br />

inatos ao animal humano foram precedidas por afirmações filosóficas<br />

similares (2000, p. 33).<br />

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