16.04.2013 Views

Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda

Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda

Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Para <strong>Arendt</strong>, a História enquanto tal não existe, ela não se repete nem segue<br />

um curso retilíneo e unidirecionado, mas compõe-se de eventos singulares<br />

que constituem rupturas e re-surgimentos em meio a continuidades. É por<br />

isso que a autora concebia a possibilidade de transitar na lacuna entre<br />

passado e futuro, recolhendo conceitos e experiências políticas tomados<br />

como fragmentos dotados de singularidade significativas à luz do presente<br />

[...] (DUARTE, 2000, p.83).<br />

Com efeito, para <strong>Arendt</strong>, a idéia de que só a violência pode interromper o processo<br />

histórico se aplica quando concebemos a História como um processo cronologicamente<br />

contínuo, onde o progresso se apresenta como inevitável. Porém, para esta autora, é a ação<br />

que tem como função interromper o que prosseguiria automática e previsivelmente e não a<br />

violência.<br />

<strong>Arendt</strong> parece apresentar como questão uma flagrante contradição entre as<br />

experiências da <strong>Nova</strong> <strong>Esquerda</strong>, sem precedentes históricos ocorridos no século XX, e as<br />

categorias e conceitos políticos tradicionais. Isto é, para autora, as novas experiências do<br />

presente (rebeliões estudantis, desobediência civil, etc.), por não terem sido previstas pela<br />

tradição, não podiam ser compreendidas com suas categorias políticas. Desse modo, a autora<br />

“concluiu que o fio da tradição de pensamento político ocidental fora definitivamente<br />

rompido...” (DUARTE, 2001, p. 64).<br />

Não obstante, <strong>Arendt</strong> aponta como algo positivo no Movimento Estudantil apenas os<br />

seus slogans definidores da exigência por “democracia participativa”, salientando que essa<br />

particularidade era tributária do “melhor da tradição revolucionária – o sistema de conselhos,<br />

sempre derrotado, mas o único fruto autêntico de toda revolução desde o século XVIII”<br />

(ARENDT, 2000, p. 25).<br />

O pressuposto contido na análise de <strong>Hannah</strong> <strong>Arendt</strong> é de que o tempo presente está<br />

repleto de “eventos”, os quais não têm nenhuma ligação com o passado e, por isso, não se<br />

pode buscar nele exemplos que possam orientar o fazer político atual.<br />

A frustração da capacidade de ação é o que leva à violência. Esse seria o motivo real<br />

da “rebeldia” dos novos militantes da <strong>Nova</strong> <strong>Esquerda</strong>, na concepção de <strong>Arendt</strong>. No entanto,<br />

63

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!