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Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda

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[...] o simples fato de que o progresso tecnológico está em muitos casos<br />

levando ao desastre; de que as ciências ensinadas e aprendidas por esta<br />

geração parecem não apenas inaptas para desfazer as conseqüências<br />

desastrosas de sua própria tecnologia, mas alcançaram um estágio em seu<br />

desenvolvimento em que ‘qualquer droga de coisa que você faça pode<br />

transformar-se em guerra (p. 21).<br />

Portanto, a Rebelião Estudantil coincide com o surgimento da instrumentalização da<br />

ciência e da tecnologia para fins que poderão levar ao desastre. E isso, segundo o<br />

entendimento de <strong>Arendt</strong>, é uma causa inteiramente nova sendo, portanto, inviável qualquer<br />

tipo de comparação com as revoluções do passado (ARENDT, 2000, p. 69).<br />

Também Theodore Roszak, em A contracultura (1972), afirma que a revolta dos<br />

estudantes norte-americanos se constituía numa crítica à cosmovisão científica que sustentava<br />

a sociedade baseada na tecnocracia .<br />

Em que pese a veracidade do argumento dos autores acima citado, é salutar dizer que<br />

ele corresponde a uma particularidade do problema em questão e que para atingir a sua<br />

essência, por assim dizer, para apreender os reais mecanismos que o definem, seria preciso<br />

estabelecer mediações com a totalidade social que o envolve, a fim de não apontar como<br />

causa única para a resistência Estudantil o progresso tecnológico, reduzindo assim o caráter<br />

de sua luta..<br />

Ao identificar a radicalidade nas práticas dos estudantes, bem como na retórica da<br />

<strong>Nova</strong> <strong>Esquerda</strong>, <strong>Arendt</strong> não se furtou a criticá-la, bem como aos teóricos que defendiam a<br />

violência como arma revolucionária, em particular Sartre, para quem a violência pode<br />

regenerar as feridas que esta infligiu.<br />

A respeito das afirmações “irresponsavelmente grandiosas” sobre a violência, feitas<br />

por Sartre e Fanon, <strong>Arendt</strong> afirmou que:<br />

[...] as considerando da perspectiva daquilo que sabemos a respeito da<br />

história das rebeliões e das revoluções, somos todos tentados a negar-lhes a<br />

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