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Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda

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as idéias desse importante autor. Desse modo, analisando os mecanismos da alienação, Fanon<br />

conclui que a alienação gerada pelo colonialismo serve de modus operandi para a reprodução<br />

e justificação desse sistema, uma vez que ela sustenta a criação mítica das duas personagens<br />

principais do colonialismo da seguinte maneira: o colonizador, caracterizado como o<br />

civilizado e o iluminado que teria como “missão” civilizar o colonizado. Este, por seu turno,<br />

aparece como o primitivo, o preguiçoso, sem qualidades, etc. (LIPPOLD, 2005, p. 11).<br />

Assim, para Fanon, o racismo cumpre com eficácia o seu papel: faz com que o<br />

colonizador possa dormir com a consciência serena – já que está explorando “sub-raças” – e<br />

faz com que o colonizado sinta-se fraco e inferior, possibilitando o aumento da dominação<br />

cultural. Desse modo, segundo Fanon, a possibilidade da desalienação dos colonizados<br />

consistiria no reconhecimento efetivo das realidades econômica e social, já que estas dão<br />

sustentação ao colonialismo bem como ao racismo.<br />

Conforme explica Lippold (2005), “ao vivenciar sua alienação, o colonizado/negro<br />

busca fugir dos estereótipos construídos na sociedade colonial. A primeira saída é a da<br />

assimilação, ou seja, ‘mudar de pele’, tornar-se europeu: a segunda é a revolta aberta contra o<br />

colonizador, revolta essa que pode transformar-se em revolução” (LIPPOLD, 2005, p. 15).<br />

Desse modo, diante da falência da assimilação (já que esta atenta contra o<br />

colonialismo), a revolta do colonizado se tornaria a mais eficaz tentativa de libertação, uma<br />

vez que ela desmistifica a inferioridade do colonizado e coloca em curso o processo de<br />

libertação. A violência, colocada em curso no processo de revolta seria, então, a contra-<br />

violência que se voltou àquela constitutiva do sistema colonial, isto é, à violência que se<br />

baseia na expropriação de terras dos nativos, na domesticação da força de trabalho, bem como<br />

a do apartheid (LIPPOLD, 2005, p. 16).<br />

Daí resultam as afirmações de Fanon, segundo as quais “a violência é, dessa maneira,<br />

como a mediação régia. O homem colonizado liberta-se na e pela violência. Esta práxis<br />

ilumina o agente porque lhe indica os meios e os fins” (FANON, 1979, p. 66).<br />

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