Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda
Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda
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Talvez, por compreender a importância da centralidade do trabalho no processo de<br />
transformação social, que o movimento se aproximou dos trabalhadores e dos sindicatos em<br />
alguns países, como é o caso dos estudantes no Japão, país cujo desenvolvimento industrial<br />
atingia patamares exorbitantes. A Liga Comunista Revolucionária agregou e orientou duas<br />
importantes organizações, a Organização dos Estudantes Revolucionários e a liga dos Jovens<br />
trabalhadores marxistas. Assim, a união entre estudantes e operários combate o capitalismo e<br />
a burocracia:<br />
Ela já reúne alguns milhares de estudantes e operários organizados numa<br />
base democrática e anti-hierárquica, fundamentada na participação de todos<br />
os membros em todas as atividades da organização. Assim, os<br />
revolucionários japoneses são os primeiros do mundo a empreender desde já<br />
grandes lutas organizadas, com um programa avançado e com ampla<br />
participação das massas. Milhares de operários e estudantes saem às ruas,<br />
sem tréguas, e enfrentavam violentamente a polícia japonesa<br />
(SITUACIONISTA, 2002, p. 49).<br />
O importante papel desempenhado pela Liga Comunista Revolucionária no Japão, sob<br />
a organização do Zengahuren (federação nacional dos estudantes japoneses), que se originou<br />
na fusão entre juventude estudantil e o operariado, demonstrou o sucesso da ação de uma<br />
fração revolucionária da Rebelião Estudantil que foi capaz de efetivar um salto de qualidade,<br />
isto é, se desprendeu do estado de recusa niilista para pensar uma práxis genuinamente<br />
revolucionária.<br />
Sabe-se, todavia, que esse tipo de experiência, com tamanho grau organizativo e de<br />
engajamento, não ocorreu em todos os lugares por onde passou a Rebelião Estudantil. Um<br />
bom exemplo a ser notado desse particular é o da Inglaterra, que embora o Comitê dos Cem<br />
tenha elaborado um programa e chegou a conseguir organizar um movimento antinuclear que<br />
reuniu 300 mil manifestantes, parece que não foi capaz de se ligar à classe operária a fim de<br />
estabelecer perspectivas comuns: “É preciso que as exigências dessa juventude possam se<br />
reunir à resistência de uma classe operária considerada uma das mais combativas do mundo, a<br />
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