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Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda

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1.3 – A Eclosão da Rebelião Estudantil e os limites do consenso<br />

“A revolução de maio de 1968 explodiu como um trovão<br />

no céu azul. Nada havia a defender nem a reivindicar,<br />

exceto a demolição da sociedade espetacular mercantil<br />

como um todo. Aquele evento assinalou o fim de uma<br />

era. Nada será como antes” (INTERNACIONAL<br />

SITUACIONISTA). 10<br />

No contexto do enriquecido século XX, a Rebelião Estudantil, que se estendeu por<br />

quase todo o mundo, abrangendo, entre outros países, França, Alemanha, Brasil, Japão,<br />

Bélgica, Espanha, Estados Unidos, Egito, Iugoslávia, Chile, Tchecolosváquia, Polônia e<br />

México, ocupou lugar de destaque. Para aqueles que buscam entender o “Breve século XX”,<br />

refletir sobre a Rebelião Estudantil e, em particular, o ano de 1968, se constitui em uma parte<br />

expressiva da intensidade deste século devido, sobretudo, ao seu radicalismo e ineditismo,<br />

como também pela busca de alternativas à sociedade capitalista. 11<br />

Para um observador pouco atento tornar-se-ia tentador afirmar o fim da utopia e da<br />

ideologia num período de extrema prosperidade econômica. Todavia, a despeito das<br />

aspirações dos teóricos liberais que apostavam no recuo das utopias sociais e, mais<br />

especificamente, do pensamento marxista enquanto referencial teórico para os movimentos<br />

classistas, as agitações do movimento dos estudantes e grupos de esquerdas pelo mundo<br />

contrariavam todas as expectativas dos pensadores da ordem burguesa.<br />

Embora simultâneos, o movimento dos estudantes assumiu, de acordo com cada país e<br />

lugar, características e objetivos próprios como também particulares. Conseqüentemente, são<br />

10 A Internacional Situacionista foi fundada em 1957, em Cosio d’Arroscia na Itália, por Giuseppe Pinot<br />

Gallizio, Piero Simondo, Elena Verrone, Michele Bernsteisn, Guy Debord, Asger Jorn e Walter Olmo. Este<br />

grupo inicialmente se apresentava como uma “frente revolucionária na cultura”, mas foi se constituindo como<br />

um grupo “político” a partir do momento em que se aproximou da agitação política francesa e dos grupos<br />

marxistas da época.<br />

11 Embora o movimento de 1968 seja fascinante em seus diversos aspectos, cumpre ressaltar que ele é o<br />

resultado de um processo de lutas que veio sendo germinado durante toda a década de 60, não podendo ser<br />

reduzido apenas ao ano de 68. Até porque, esse processo de lutas encontraria desdobramentos ainda por toda a<br />

década de 70, quando se intensificou a luta entre capital e trabalho, a qual se constituiu num dos elementos da<br />

crise do capitalismo deste ano (JOÃO BERNARDO Palestra proferida na Unesp-Marília em Out/2004).<br />

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