Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda
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emprego e gerir o Estado de Bem-estar social, procedimentos que se mostraram necessários à<br />
ampliação da acumulação do capital e à legitimidade política 9 .<br />
A institucionalização do Estado de Bem-Estar se baseou no crescimento econômico<br />
que se verificou depois de 1945, através do êxito do processo de reconstrução dos países ex-<br />
beligerantes e do posterior progresso produtivo, tecnológico e institucional dos mesmos; teve<br />
o respaldo de importantes trabalhos teóricos de intelectuais como Wilfrido Pareto e Alfred<br />
Marshal. Contudo, seria John M. Keynes o seu maior porta-voz, direcionando sua<br />
preocupação sobretudo para a questão do pleno emprego, o qual deveria ser empreendido pela<br />
ação governamental (KUSNIR, 1996, p 17).<br />
Conforme explica Kusnir (1996),<br />
El mensaje keynesiano señaló que , en una economía de mercado, la<br />
producción real no está determinada por lá dotación y la eficiencia<br />
potenciales en la utilizacón de los recursos, sino en el proceso de generacón<br />
de igresos que tiende a estabelecer un nivel de equilibrio con la demanda<br />
efectiva por bienes y servicios. La teoría keynesiana mostó su preocupación<br />
por conducir a la economía al pleno empleo de la fuerza de trabajo, no por la<br />
vía del mercado, sino mediante la ación del gobierno en el campo fiscal y<br />
monetario. Keynes pensaba que una polítca de gasto público y crédito barato<br />
podía actuar sobre las expectativas de los empresarios e incentivarlos a<br />
invertir y aumentar la demanda efectiva de lapoblación (KUSNIR, 1996, p<br />
44-45).<br />
9 Os antecedentes históricos do Estado de Bem-Estar remontam ao final do século XIX na Inglaterra e<br />
na Alemanha de Bismarck. O chamado Estado de Bem-Estar se institucionalizou na Inglaterra, a partir da<br />
implementação de políticas sociais para conter os conflitos resultantes do aumento da pobreza, ocasionado pela<br />
crise econômica que marcou a última década do século XIX neste país. Nessa ocasião, fazia parte do debate<br />
político duas linhas de pensamento sobre a pobreza, bem como sobre o papel do Estado. Dessa forma, alguns<br />
defendiam a implementação de políticas sociais administradas pelo Estado, entendendo a pobreza como<br />
conseqüência do sistema econômico, e, ao contrário, havia aqueles que concebiam a pobreza como um assunto<br />
de responsabilidade pessoal, que resultava da escolha individual (indivíduos sem vontade e sem disciplina para o<br />
trabalho), cuja solução deveria buscar em instituições de caridade. Uma vez superado este debate e<br />
compreendendo a pobreza e o desemprego como problemas sociais, os quais deveriam ser encarados e resolvidos<br />
com ações sistemáticas dos governos, a Inglaterra implementou o seguro social obrigatório contra o desemprego<br />
em 1905. Daí em diante, a configuração de políticas sociais, na Inglaterra, era respaldada pela conciliação entre<br />
liberalismo econômico e democracia política. Por seu turno, a experiência alemã possui características distintas<br />
em relação à experiência inglesa: o seguro social obrigatório, estabelecido num contexto de desenvolvimento<br />
tardio na Alemanha de Bismarck, tinha como estratégia política afugentar o apelo do socialismo como também<br />
ser útil ao projeto de unificação nacional. Contudo, para fins de nossa análise, iremos trabalhar com a concepção<br />
de Estado de Bem-Estar que foi forjado durante o período entre as duas guerras, o qual sofreu modificações em<br />
função da Grande Depressão dos Estados Unidos e da reconstrução da Europa. Nesse sentido, os sistemas de<br />
seguridade social dos diferentes países da Europa sofreram um processo de homogeneização e centralização<br />
administrativa; as políticas sociais passaram a ser concebidas como parte de uma política econômica geral,<br />
reguladas pela ação do Estado (KUSNIR, 1996).<br />
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