Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda
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1.2 - Os Anos Dourados e o pretenso “Fim da Ideologia”<br />
Durante os anos 50, principalmente nos países mais desenvolvidos da Europa central,<br />
constatou-se que o capitalismo vivia uma fase excepcional de acumulação de capitais, do<br />
aumento da produtividade do trabalho e do excedente de capital que, todavia, se encerraria no<br />
início da década de 70 em decorrência da intensificação das pressões competitivas sobre as<br />
organizações governamentais e empresariais da economia capitalista, ocasionando a retirada<br />
do capital monetário do comércio e da produção (ARRIGHI, 1996, p. 308).<br />
A economia mundial do pós-guerra estava em crescente expansão e se expressava na<br />
larga produção de bens e serviços, na alta taxa de lucros, no consumo acentuado, bem como<br />
no investimento maciço do capital excedente no comércio e na produção de mercadorias,<br />
entre outros aspectos. Para Antunes (2002), o binômio taylorismo/fordismo, enquanto<br />
expressão do sistema produtivo e do processo de trabalho, ditava as bases para a produção em<br />
massa de mercadorias, bem como de uma produção homogeneizada e verticalizada.<br />
Por seu turno, os governos dos países europeus e do Japão, após a Guerra, trabalharam<br />
arduamente para se recuperarem política e economicamente, pois seu restabelecimento<br />
significava livrar-se dos espectros da Revolução e do comunismo. Além disso, a edificação da<br />
Europa Ocidental e do Japão tornar-se-ia exemplo de mundo livre e liberal-democrático, em<br />
oposição ao modelo soviético. Assim, todo o esforço desses governos para se recuperarem da<br />
guerra e deixarem para trás o “perigo comunista” se baseou na prosperidade econômica que se<br />
ancorava na reestruturação do capitalismo e na recomposição do mundo à imagem norte-<br />
americana.<br />
Entre 1950-1970 identificava-se como característica do sistema capitalista desse<br />
período o modelo econômico fortemente marcado e mediado pela ação do Estado, que<br />
centralizava as políticas econômicas adotadas e regulava as estratégias de produção e<br />
distribuição das mercadorias. Também era função do Estado assegurar a política de pleno<br />
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