Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda
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nem contava com qualquer extensão maior do avanço comunista...” (HOBSBAWM, 1995, p.<br />
229).<br />
Com efeito, o medo criado por Washington era respaldado pelo receio proveniente do<br />
fato de que ao final da guerra os países ex-beligerantes europeus pudessem se tornar palco de<br />
miseráveis, famintos e desesperados propensos à radicalização e a ouvir os apelos da<br />
revolução social e de políticas contrárias à do livre mercado. Ou seja, os EUA temiam que nos<br />
países devastados pela guerra a população de miseráveis se inclinasse para a Revolução. 6<br />
Durante o processo de reconstrução da Europa através do Plano Marshall, ficaram<br />
evidenciados os limites do mesmo, já que seu objetivo, o de fomentar a integração da Europa<br />
por meio da criação de uma União dos Estados Europeus, foi seriamente prejudicado pela<br />
escassez de dólares.<br />
A integração européia e a expansão econômica mundial exigiam uma<br />
reciclagem muito mais abrangente da liquidez mundial do que estava<br />
implícita no Plano Marshall e em outros programas de assistência. Essa<br />
reciclagem mais abrangente acabou por se materializar no mais maciço<br />
esforço de rearmamento que o mundo já vira em tempos de paz (ARRIGHI,<br />
1996, p. 306).<br />
Portanto, o Plano Marshall não foi suficiente para realizar a integração européia, nem<br />
para dar continuidade por muito tempo aos laços econômicos entre os Estados Unidos e<br />
Europa. Desse modo, era preciso uma nova orientação política que fosse capaz de resolver os<br />
problemas da política econômica norte-americana e dar continuidade a assistência após o fim<br />
do Plano Marshall, impedindo com isso que a Europa se fechasse economicamente aos<br />
Estados Unidos. A orientação política adotada, então, foi a do rearmamento dos Estados<br />
Unidos e da Europa.<br />
O rearmamento maciço, durante a Guerra da Coréia, resolveu de uma vez<br />
por todas os problemas de liquidez da economia mundial do após-guerra. A<br />
6 Segundo DROZ e ROWLEY (1988), parece improvável que Stálin tivesse como propósito utilizar a<br />
crise econômica para ampliar a influência soviética na Europa Ocidental, tampouco os comunistas franceses e<br />
italianos (a linha produtivista e unitária) após a libertação (p. 190).<br />
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