Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda
Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda
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Magdoff (1978) explica que embora os investimentos no exterior dos Estados Unidos<br />
gerassem muitas receitas, os gastos governamentais dispendidos com a reconstrução de países<br />
capitalistas, a manutenção de suas bases militares, financiamento de guerras localizadas e o<br />
fornecimento de subsídios econômicos e militares a Estados clientes, fizeram com que os<br />
Estados Unidos apresentassem déficits (MAGDOFF, 1978, p.13). Dessa forma, a aprovação<br />
do Plano Marshall não se efetivou sem algum tipo de reserva por setores conservadores do<br />
Congresso americano, que apontava o fraco entusiasmo da opinião pública em ver os Estados<br />
Unidos envolvidos num confronto que comprometeria a paz mundial.<br />
A vitória do projeto republicano no Congresso vai ocorrer na medida em que,<br />
politicamente, a doutrina Truman apela para a idéia do retorno à “normalidade” econômica e<br />
social mundial e suscita a “ameaça comunista”. O medo, então, justificou o que os cálculos de<br />
custo-benefício do Plano Marshall, avaliados pelo congresso, não tinham conseguido.<br />
A genialidade de Truman e seus assessores consistiu em atribuir o desfecho<br />
de circunstâncias sistêmicas – que nenhum agente em particular havia criado<br />
ou controlado – às inclinações supostamente subversivas da outra<br />
superpotência militar, a União Soviética. Assim fazendo, Truman reduziu a<br />
visão de Roosevelt de um New Deal global a uma realidade efetivamente<br />
muito inferior. Mas, ao menos, tornou-a exeqüível (ARRIGHI, 1996, p.<br />
305).<br />
Embora a situação de crise do imediato pós-guerra em muitos países liberados e<br />
ocupados parecesse abalar a posição de seus dirigentes moderados, levando-os a inclinar-se,<br />
eventualmente, para o assédio dos comunistas, isso não explicava a imediata política<br />
americana em se basear no terror que, supostamente, Moscou representava. Isto é, por esses<br />
motivos não se explicava a incessante propaganda dirigida pelos EUA contra uma suposta<br />
corrida em direção à conquista do globo pelos comunistas. 5 Porém, como mostra Hobsbawm<br />
(1995), a URSS, mesmo entre 1945 e 1947 “não era expansionista – e menos ainda agressiva -<br />
5 Segundo Hobsbawm (1995), a concepção de uma possível conspiração comunista mundial permeou a<br />
propaganda política em 1960 de John F. Kennedy.<br />
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