Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda
Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda
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Portanto, o plano Marshall não se limitava em atender apenas ao conflito político-<br />
ideológico propriamente dito, mas havia a necessidade de resolver a questão de capital<br />
excedente que estava restrito a uma pequena parcela de países como Canadá, Estados Unidos<br />
e da América latina, enquanto na Eurásia continuava a aumentar a instabilidade financeira. O<br />
desafio, então, dos Estados Unidos era tornar confiável e consistente a economia desses países<br />
que tinham se tornado durante a guerra os principais mercados das corporações americanas.<br />
Como afirma DROZ e ROWLEY (1988), “os riscos de uma transferência da inflação<br />
para o Novo Mundo tornavam-se reais. E, sobretudo, a impossibilidade em que se encontram<br />
os países europeus de financiar, por falta de dólares, as suas importações americanas, mostra-<br />
se perigosa para os Estados Unidos, que dirigem para Europa Ocidental 42% das suas<br />
exportações” (p. 192).<br />
Ou seja, embora os Estados Unidos fossem beneficiários diretos do caos sistêmico que<br />
se instalou no mundo durante a longa Guerra, sua economia também iria encontrar limites<br />
caso a desordem econômica e social mundial se prolongasse por muito tempo, visto que seu<br />
comércio exterior e seus investimentos estrangeiros poderiam ser comprometidos uma vez<br />
que as economias mundiais tinham se tornado interdependente.<br />
Dessa forma, explica Arrighi (1996),<br />
Quanto maior era a redistribuição em seu favor, menos havia para<br />
redistribuir, e maiores eram os efeitos disruptivos do caos do mundo em<br />
geral sobre seu comércio exterior e seus investimentos estrangeiros. De<br />
importância mais imediata foi o fato de que a industrialização da guerra<br />
havia transformado as guerras globais em poderosas máquinas de inovação<br />
nos meios de transporte, comunicação e destruição, que haviam “encolhido”<br />
o globo e ameaçavam a segurança até mesmo do mais seguro dos Estados<br />
(ARRIGHI, 1996, p. 285).<br />
Nesse sentido, a ajuda financeira por meio do plano Marshall tinha como propósito<br />
assegurar aos Estados Unidos o crescimento econômico, bem como o equilíbrio das<br />
transações comerciais realizadas com a Eurásia.<br />
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