Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda
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ecuperação econômica dos países devastados pela guerra como forma de evitar a adesão<br />
desses países ao regime soviético.<br />
Em meio à guerra civil que se estabelece na Grécia em outubro de 1946, favorecendo<br />
os comunistas, a Inglaterra informa ao general Marshall em Fevereiro de 1947, a intenção de<br />
retirar os seus soldados da Grécia por razões financeiras. Dessa forma, Truman apresenta ao<br />
Congresso um pedido de créditos para a Grécia (250 milhões de dólares) e a Turquia (150<br />
milhões), que é aprovado, dando início ao projeto financeiro de auxílio aos países em luta<br />
com os comunistas. Esse projeto de auxílio é colocado no contexto do quadro de lutas entre<br />
capitalistas e comunistas, no qual os Estados Unidos “possuem a missão de auxiliar os povos<br />
livres a resistir às potências estrangeiras que querem submetê-los”. Além disso, a pobreza e o<br />
racionamento, a inflação generalizada e o desequilíbrio nas balanças comerciais dos países<br />
europeus fazem os Estados Unidos tomarem para si a responsabilidade da recuperação<br />
Européia (DROZ e ROWLEY, 1988, p. 190).<br />
Cumpre ressaltar que, embora os Estados Unidos parecessem convencidos da<br />
iminência de uma subversão generalizada promovida pelo comunismo, os dirigentes<br />
americanos tinham a certeza de que o Plano Marshall - fundamentalmente político - obedecia<br />
também à lógica econômica.<br />
Segundo Arrighi (1996),<br />
(...) depois de a destruição e a centralização [de capitais] haverem–se<br />
tornado tão completas quanto era possível, as corporações norte-americanas<br />
ficaram sem condições de se expandir num mundo caótico. Nenhuma<br />
isenção fiscal, esquema de seguros ou garantia cambial era suficiente para<br />
superar a assimetria fundamental entre a coesão e a riqueza do mercado<br />
interno norte-americano e a fragmentação e a pobreza dos mercados<br />
externos. Essas foram as raízes estruturais do impasse que, depois da<br />
Segunda Guerra Mundial, impediu que a liquidez fosse novamente reciclada<br />
para a expansão do comércio e da produção mundiais. Esse impasse acabou<br />
sendo resolvido pela “invenção” da Guerra Fria (ARRIGHI, 1996, p. 304-<br />
305).<br />
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