16.04.2013 Views

Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda

Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda

Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

força, vigor e autoridade, pois segundo seu entendimento, estes termos referem-se a<br />

fenômenos distintos.<br />

Nesse sentido, o poder na teoria política de <strong>Arendt</strong> se baseia essencialmente na<br />

capacidade da ação dos homens para fundar algo inteiramente novo. Segundo <strong>Arendt</strong>, o poder<br />

é inerente a qualquer comunidade política e resulta da capacidade humana para agir<br />

conjuntamente, sob o consenso de todos. Por fim, para ela poder e violência são assuntos<br />

opostos, onde um predomina o outro desaparece. Por sua vez, a violência não possui nenhuma<br />

conotação libertadora, antes, a autora a concebe como criminosa e responsável por destruir o<br />

poder.<br />

Analisando o modelo da polis grega, <strong>Arendt</strong> encontra inspiração para conceber o<br />

poder enquanto originário do consenso e do agir livremente, isento dos marcos do mando-<br />

obediência, e, portanto, oposto à violência.<br />

Por último, discutiremos a argumentação elaborada por <strong>Arendt</strong> sobre a distinção entre<br />

as esferas econômica e política, a partir do modelo da polis grega, onde subsistiu a separação<br />

entre as esferas pública e privada, isto é, política e doméstica. Nesse sentido, explica Duarte<br />

(2000):<br />

Ela recorda que, na Antiguidade, as esferas pública e privada, apesar de<br />

claramente distintas entre si, mantinham uma nítida relação de<br />

interdependência, pois a possibilidade de acender ao espaço aberto da<br />

política pressupunha a posse de um espaço privado que conferisse ao<br />

cidadão seu próprio lugar no mundo. A distinção entre público e privado<br />

remetia também à distinção entre as atividades voltadas para o cuidado com<br />

as coisas do “mundo comum” e aquelas ocupadas com a “manutenção da<br />

vida”, suas carência e necessidades, isto é, o trabalho e a fabricação (p. 274).<br />

Portanto, com base na tradição da polis grega, <strong>Arendt</strong> estabelece também a distinção<br />

entre as esferas econômica e política, considerando que dessa forma resgataria a dignidade do<br />

político na contemporaneidade. Nesse sentido cumpre perguntar: de que forma a autora<br />

estabeleceu a separação entre poder e violência, entre esfera pública e privada, e ainda, segura<br />

de quais possibilidades advogou favoravelmente à autonomia da esfera política em detrimento<br />

16

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!