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Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda

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diretamente as relações de subordinação dos indivíduos no capitalismo racionalmente<br />

administrado?<br />

Com efeito, será com base na leitura das Revoluções modernas, bem como na<br />

separação estabelecida por <strong>Arendt</strong> entre o político e o econômico, que a autora forja o seu<br />

conceito de poder, com o objetivo de sugerir que o referencial Revolucionário não serve mais<br />

para orientar as práticas sociais do presente, já que este prescinde da violência e, esta, não é<br />

geradora de poder. Além disso, afirma que as experiências do presente não podem ser<br />

analisadas com categorias do passado e, nesse sentido, desautoriza a retórica da <strong>Nova</strong><br />

<strong>Esquerda</strong> por acusá-la de inadequada para apreender e orientar os eventos na atualidade.<br />

Dessa maneira, a autora tratou de analisar os trabalhos de teóricos de esquerda<br />

amplamente lidos pelos novos militantes, e concluiu que os mesmos estavam em desacordo<br />

com Marx no que se refere ao uso da violência enquanto elemento responsável pela<br />

transformação social.<br />

No entender de <strong>Arendt</strong>, a <strong>Nova</strong> <strong>Esquerda</strong> estaria em desacordo com Marx na medida<br />

em que colocava sua ênfase na violência e não na contradição dialeticamente concebida por<br />

Marx como responsável pela mudança social. Contudo, sua leitura de Marx se apresenta de<br />

maneira enviesada, pois a questão decisiva para este autor é a autoconstrução do homem e,<br />

nesse sentido, a ênfase é dada às condições reais de vida dos indivíduos, e estas se constituem<br />

em determinações essenciais do processo de autoconstrução do homem, sendo, portanto,<br />

característica essencial do pensamento de Marx o devir humano na sua complexidade e<br />

contraditoriedade. Dessa forma, o processo de autoconstrução está diretamente ligado às<br />

condições históricas e sociais determinadas pelas relações sociais de produção, sendo que, por<br />

meio de sua atividade social, a classe trabalhadora é capaz de superar, pela ação<br />

revolucionária – que não poderá ser de forma pacífica -, a sociedade vigente que sob a égide<br />

do capital perpetua as desigualdades sociais e o embrutecimento das relações humanas.<br />

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