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Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda

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De fato, como nos explica Wood (1999), muitos dos principais objetivos do<br />

Iluminismo foram realizados, tais como a “racionalização” da organização da vida social e<br />

política, o progresso científico e tecnológico, a disseminação da educação universal nas<br />

sociedades ocidentais avançadas, entre outros (WOOD, 1999, p. 8).<br />

Diante de uma realidade de relativa estabilidade do capitalismo, na qual baseava-se o<br />

sistema de economia mista e o pluralismo político, parecia fora de propósito qualquer crítica<br />

que viesse no sentido de apontar os limites e as contradições desse sistema.<br />

Nesse contexto, foram muitos os intelectuais que, por desfrutarem de boas<br />

perspectivas de progresso material, se esforçaram para enterrar, de alguma maneira, toda e<br />

qualquer forma de radicalismo político que viesse a se contrapor ao modelo norte-americano,<br />

chamado de pluralismo político e do modelo de sociedade de consenso social organizado.<br />

Desse modo, o radicalismo político surgia, então, como um fantasma do passado que<br />

precisava ser enterrado. Daí resulta que, durante os Anos Dourados (como qualificou<br />

Hobsbawm, 1995), muitos intelectuais proclamaram o “fim da Ideologia”. Entre os que<br />

engrossaram este coro merecem destaque Daniel Bell, Raymond Aron e Albert Camus<br />

(JACOBY, 2000, p. 17).<br />

Conforme explica Mills (1965), a tese do “fim da Ideologia” se baseia na retórica<br />

liberal formal e sofisticada, usada para atacar particularmente a concepção materialista da<br />

história (p. 124).<br />

Mais adiante Mills salienta:<br />

O fim da Ideologia é um slogan de complacência, circulando entre os que<br />

envelheceram prematuramente, tendo seu centro nas ricas sociedades<br />

ocidentais do presente. Na análise final, também se fundamenta numa<br />

descrença na possibilidade de que o homem modele seu próprio futuro. É o<br />

consenso de uns poucos provincianos sobre sua posição imediata e<br />

provinciana (MILLS, 1965, p. 125).<br />

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