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Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda

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pessoal tal como nas formas pré-capitalistas, mas “pelas exigências impessoais da produção<br />

mecanizada e da integração tecnológica do processo de trabalho” (WOOD, 2003, p. 45).<br />

Insistimos aqui que por meio da organização e supervisão hierárquicas na produção,<br />

o trabalho e as relações sociais são completamente disciplinados e organizados, respondendo<br />

diretamente às exigências da apropriação. E o controle sobre o processo de produção pelo<br />

capitalista é essencialmente político na medida em que a integração e a organização da<br />

produção assumem um caráter universal capaz de subordinar toda a produção às exigências da<br />

exploração.<br />

Nos modos de produção pré-capitalistas os produtores diretos (os camponeses e os<br />

servos do feudalismo, por exemplo) estavam ligados aos meios de produção e tinham a posse<br />

sobre eles; detinham domínio relativo sobre o processo de trabalho e podiam gerir estes<br />

mesmos processos sem a intervenção direta do proprietário. Já no modo de produção<br />

capitalista os produtores diretos estão totalmente separados de seu objeto e dos meios de<br />

produção. São “homens livres” que possuem apenas sua força de trabalho, e se apresentam ao<br />

processo de trabalho por meio do comprometimento com o proprietário que é oficializado<br />

através do contrato de venda e compra da força de trabalho. Conforme explica Poulantzas<br />

(1985),<br />

É esta estrutura precisa das relações de produção capitalista que transforma a<br />

força de trabalho em mercadoria e o excesso de trabalho em mais-valia, e<br />

que dá lugar igualmente nas relações do Estado e da economia a uma<br />

separação relativa (acumulação de capital e produção da mais-valia), base da<br />

ossatura institucional própria do Estado capitalista, pois traça os novos<br />

espaços e campos relativos respectivamente ao Estado e à economia.<br />

Contudo a separação do estado e do espaço de reprodução, específico ao<br />

capitalismo, não deve ser tomada como efeito particular de instâncias<br />

essencialmente autônomas e compostas de elementos invariantes, qualquer<br />

que seja o modo de produção; porém, e sim, como característica própria ao<br />

capitalismo, na medida em que ele cria novos espaços do estado e da<br />

economia, transformando seus próprios elementos (POULANTZAS, 1985,<br />

p. 22-23).<br />

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