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Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda

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substrato material as relações antagônicas estruturadas no interior da produção econômica,<br />

conforme explica Marx no Prefácio à Crítica da Economia Política:<br />

[...] relações jurídicas, tais como formas de Estado, não podem ser<br />

compreendidas nem a partir de si mesmas, nem a partir do assim chamado<br />

desenvolvimento geral do espírito humano, mas, pelo contrário, elas se<br />

enraízam nas relações materiais da vida, cuja totalidade foi resumida por<br />

Hegel sob o nome de “sociedade civil”; [...] na produção social da própria<br />

vida, os homens contraem relações determinadas, necessárias e<br />

independentes de sua vontade, relações de produção estas que correspondem<br />

a uma etapa determinada de desenvolvimento das forças produtivas<br />

materiais. A totalidade destas relações de produção forma a estrutura<br />

econômica da sociedade, a base real sobre a qual se levanta uma<br />

superestrutura jurídica e política, e à qual correspondem formas sociais<br />

determinadas de consciência (MARX, 1978, <strong>Nova</strong> Cultural, p. 129-130).<br />

Portanto, o Estado e a política liberal-democrática correspondem a uma forma de<br />

organização social necessárias à reprodução das desigualdades entre os burgueses e os<br />

produtores diretos.<br />

Todavia, a esfera política no capitalismo, segundo Wood (2003), possui um caráter<br />

especial na medida em que o poder de coação, no qual se apóia a exploração capitalista, não é<br />

acionado diretamente pelo apropriador (como o era nos modos de produção escravista e<br />

asiático, por exemplo), nem se baseia na subordinação política ou jurídica do produtor a um<br />

senhor apropriador. Ou seja, se nas formas pré-capitalistas a exploração se baseava<br />

diretamente na coação da autoridade pessoal, legal ou militar, obrigações ou deveres, no<br />

capitalismo, diferentemente, a exploração é uma condição imediata da produção, isto é, “a<br />

apropriação do excedente de trabalho ocorre na esfera “econômica” por meios<br />

“econômicos”(WOOD, 2003, p.35) 33 . A característica essencial do capitalismo reside no fato<br />

de que a extração de excedentes se efetiva por meios econômicos, com a organização<br />

especializada da produção, sendo que o expropriador não precisa acionar a todo momento o<br />

poder político público no sentido convencional.<br />

33 Nos modos de produção pré-capitalistas o exercício da violência estava implícito nas relações de<br />

produção para que houvesse a extorsão do excesso de trabalho pelos detentores dos meios de produção<br />

(POULANTZAS, 1985, p. 22).<br />

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