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Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda

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“civilizada”, pois estes possuíam, ao seu ver, a excelência condizente com a política e o<br />

interesse de instaurar a República, diferentemente dos jacobinos. Todavia, tendo por base os<br />

elementos das disputas entre os partidos na Convenção, os Girondinos, frente aos perigos da<br />

contra-revolução, foram imediatamente cúmplices das manobras políticas da Aristocracia<br />

contrária à Constituição, em favor primordialmente de seus interesses econômicos.<br />

Portanto, mais uma vez está demonstrado, como explica Hobsbawm (1985), que<br />

<strong>Arendt</strong> não analisa as experiências revolucionárias a partir dos fenômenos históricos reais,<br />

antes, sua perspectiva corresponde a um conjunto de generalizações idealistas, produzidas<br />

pela sua vigorosa reflexão.<br />

Daí surge um questionamento: teria sido a questão social e seus “miseráveis” os<br />

responsáveis pelo Terror ou esta teria sido a saída encontrada para suplantar a contra-<br />

revolução aristocrática? Ou ainda, será que <strong>Arendt</strong> não estaria se recusando a admitir que as<br />

classes dirigentes de origens oligárquicas não foram suficientemente capazes de controlar a<br />

reprodução da ordem social?<br />

Enfim, a visão de <strong>Arendt</strong> sobre as Revoluções modernas, e em particular sobre a<br />

Revolução Francesa, expressa sua preocupação em reorganizar uma teoria liberal-democrática<br />

com base na separação entre econômico e político, capaz de isentar os dirigentes tradicionais<br />

de suas responsabilidades durante a revolução francesa e, por outro lado, deslegitimar o<br />

poder popular acusando seus atores sociais de introduzirem o terror na política.<br />

Um outro ponto que merece a atenção aqui é a visão limitada de <strong>Arendt</strong> a respeito da<br />

questão social. Esta é vista pela autora com um fenômeno pré-político e como tal deve estar<br />

separado da política.<br />

Nesse sentido, uma teoria que não leva em conta a necessidade da igualdade<br />

econômica acaba reforçando o estado de coisas atual.<br />

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