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Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda

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Segundo <strong>Arendt</strong>, os jacobinos estavam convencidos de que todo poder legítimo devia<br />

originar-se do povo e, dessa forma, foram motivados pela “compaixão” que se tornou a “força<br />

impulsionadora” dos revolucionários.<br />

A partir da citação acima, podemos perceber que para a autora a primazia deveria ser<br />

dada, pelos revolucionários, às instituições, na medida em que elas asseguram a liberdade e a<br />

participação na vida pública em detrimento da equalização dos problemas sociais e da<br />

participação popular.<br />

Sua preocupação recai sobre a constituição ou não de instituições capazes de garantir<br />

uma república livre, compartilhada por homens igualmente livres das necessidades físicas e<br />

da vida, detentores de altas capacidades humanas. Como explica Valle (2005),<br />

O que está em pauta é a defesa da reforma das instituições políticas<br />

associadas à liberdade em contraposição ao ódio violento à desigualdade e à<br />

paixão pela libertação que, segundo <strong>Arendt</strong>, acabaram por levar os franceses<br />

a não se contentar com que seus negócios fossem mais bem dirigidos e a<br />

acreditar que eles próprios podiam tomar sua frente (VALLE, 2005, p. 65).<br />

Conforme mostrou Valle (2005), para <strong>Arendt</strong> os revolucionários deveriam apenas<br />

restabelecer os pactos e compromissos que tinham sido rompidos em vez de realizarem a<br />

Revolução social (p.126). Dessa forma estariam salvaguardadas as instituições legais e<br />

políticas e, conseqüentemente, a liberdade.<br />

A defesa da reforma das instituições políticas teria evitado os “distúrbios”, a<br />

“derrocada das leis” e a “decadência do corpo político” como considera <strong>Arendt</strong>.<br />

Quem seriam, então, os homens de altas “capacidades humanas”, quem seriam os<br />

homens superiores à multidão dos que se restringiam ao reino das necessidades físicas; os<br />

“eleitos” para participarem na esfera pública? Quem eram esses “iguais” para os quais a<br />

república era o espaço próprio de sua atuação?<br />

É interessante notar que <strong>Arendt</strong> cai numa contradição: como vimos numa das citações<br />

acima, ela creditou aos girondinos o poder de instituir uma forma de governo mais<br />

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