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Poder e Violência: Hannah Arendt e a Nova Esquerda

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Isso posto, cabe considerar, juntamente com Valle (2005), que <strong>Arendt</strong> faz a defesa da<br />

democracia política americana em detrimento da democracia social, por considerar que esta<br />

última estaria vinculada ao caráter tirânico dos governos revolucionários, enquanto a primeira<br />

se fundamenta na criação de instituições cuja característica é conferir estabilidade política<br />

(VALLE, 2005, p. 54).<br />

Segundo a interpretação de <strong>Arendt</strong>, a Revolução francesa não foi capaz de criar uma<br />

República que assegurasse o exercício da liberdade política, pois após a libertação da tirania,<br />

imediatamente veio a público as exigências populares para libertá-los da miséria e da pobreza.<br />

Dessa forma, os revolucionários franceses deixaram escapar a “liberdade”, e a felicidade do<br />

povo passou a ser a principal preocupação política, o que resultou apenas na garantia dos<br />

direitos civis (liberdade negativa) e na participação popular na esfera pública. E, justamente<br />

por isso ela teria fracassado visto que “esse povo se introduziu de repente no domínio político,<br />

com fúria explosiva” (1990, p.72). 31<br />

Dessa forma, a autora alemã responsabiliza os jacobinos pelo “fracasso” da revolução<br />

para estabelecer instituições republicanas, pois segundo ela, eles não estavam preocupados<br />

com a questão das formas de governos e suas instituições, mas com a felicidade e o bem-estar<br />

do povo.<br />

A revolução atingiu seu ponto crítico quando os jacobinos, sob a liderança<br />

de Robespierre, se apossam do poder, não por serem mais radicais, mas por<br />

não compartilharem a preocupação dos girondinos com formas de governo,<br />

por acreditarem mais no povo do que na República, e por “depositarem sua<br />

fé na bondade natural de uma classe”, e não nas instituições e constituições<br />

(ARENDT, 1990, p. 60).<br />

31 A garantia das “liberdades civis”, todavia, não requer uma forma particular de governo apenas a<br />

ausência de tirania e despotismo. Segundo a autora, até mesmo numa Monarquia esses direitos poderiam ser<br />

assegurados (1990, p. 2004).<br />

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