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escravidão e práticas judaizantes no rio de janeiro do ... - UFRB

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então: a cana-<strong>de</strong>-açúcar, que temperava os sonhos <strong>de</strong> riqueza <strong>de</strong> uma<br />

socieda<strong>de</strong> em formação, a sofrer mutações constantes conforme a<br />

chegada <strong>do</strong>s reinóis e negros a se misturarem ao gentio da terra. 11 ”<br />

Além disso, a perspectiva <strong>de</strong> viver em um local <strong>no</strong> qual o Santo Ofício não havia<br />

extendi<strong>do</strong> suas “garras”, tornava atraente a travessia para os trópicos. O ocea<strong>no</strong> que<br />

separava a colônia da metrópole portuguesa, além das adversida<strong>de</strong>s da própria terra,<br />

tornavam a <strong>do</strong>utrina cristã mais “frouxa”. A evangelização e a catequese foram<br />

exercidas pelos jesuítas, um <strong>do</strong>s primeiros organiza<strong>do</strong>res <strong>do</strong> catolicismo, como indica<br />

Laura <strong>de</strong> Mello e Souza 12 . Em suma, o Brasil colonial constituia um cená<strong>rio</strong> <strong>de</strong> relativa<br />

tranqüilida<strong>de</strong> se compara<strong>do</strong> com o Rei<strong>no</strong> sob o sig<strong>no</strong> da Inquisição, para a fuga <strong>de</strong>sses<br />

cristãos <strong>no</strong>vos.<br />

O que preten<strong>de</strong>mos indicar é que Marianna <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, <strong>no</strong> que concerne ao<br />

crime <strong>de</strong> judaísmo, só estaria conectada a ele por uma via sanguínea se <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>sse <strong>de</strong><br />

cristãos-<strong>no</strong>vos, fato que a própria escrava não sabia informar:<br />

“... e disse chamava Marianna <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, molher parda, cuja<br />

qualida<strong>de</strong> não sabe, solteyra, filha <strong>de</strong> uma preta chamada Catharina,<br />

escrava que foi <strong>de</strong> Simão Rodrigues <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> e não sabe quem fose<br />

seu Pay. 13 ”<br />

Em um outro momento <strong>de</strong> suas confissões, a escrava dizia que: “... se chama Marianna<br />

<strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> molher parda, solteyra, que não sabe se tem ou não parte <strong>de</strong> Cristã <strong>no</strong>va... 14 ”<br />

Avançan<strong>do</strong> na leitura <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento, ao chegarmos <strong>no</strong> relato acerca da<br />

genealogia da escrava, Marianna indica a possibilida<strong>de</strong> remota <strong>de</strong> ser filha <strong>de</strong> Simão<br />

Rodrigues <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>. Contu<strong>do</strong>, realça que não po<strong>de</strong> afirmar com cem por cento <strong>de</strong><br />

probabilida<strong>de</strong>, mencionan<strong>do</strong> apenas tal fato por ter nasci<strong>do</strong> <strong>no</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, cida<strong>de</strong><br />

para qual sua mãe Catharina foi trazida após ser comprada por Simão Rodrigues e<br />

porque ele “usava” a mãe <strong>de</strong> Marianna, como a própria escrava disse aos inquisi<strong>do</strong>res.<br />

11 ASSIS, Angelo Adria<strong>no</strong> Faria <strong>de</strong>. Um “Rabi” Escatológico na Nova Lusitânia: Socieda<strong>de</strong> colonial e<br />

Inquisição <strong>no</strong> Nor<strong>de</strong>ste quinhetista: O caso João Nunes. Rio <strong>de</strong> Janeiro: UFF, 1998. Página 25<br />

12 SOUZA, Laura <strong>de</strong> Mello e. O diabo e a terra <strong>de</strong> Santa Cruz: feitiçaria e religiosida<strong>de</strong> popular <strong>no</strong><br />

Brasil Colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.<br />

13 Arquivo Nacional da Torre <strong>do</strong> Tombo, Inquisição <strong>de</strong> Lisboa, Processo n° 11784 p.7<br />

14 I<strong>de</strong>m. p. 24<br />

Simpósio Internacional <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Inquisitoriais – Salva<strong>do</strong>r, agosto 2011<br />

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