escravidão e práticas judaizantes no rio de janeiro do ... - UFRB
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Para explicar melhor, vamos retroce<strong>de</strong>r ao século XV e esclarecer como os ju<strong>de</strong>us<br />
foram rebatiza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> cristãos-<strong>no</strong>vos. O historia<strong>do</strong>r Angelo <strong>de</strong> Assis explica que:<br />
“Cabe, por conseguinte, ressaltar que não seria coincidência ter a<br />
expulsão <strong>do</strong>s ju<strong>de</strong>us <strong>do</strong> territó<strong>rio</strong> espanhol ocorri<strong>do</strong> justamente <strong>no</strong><br />
a<strong>no</strong> em que se completara a Reconquista: a expulsão não só era parte<br />
integrante como primordial <strong>de</strong>sta. A unificação territorial só seria<br />
possível e ganharia senti<strong>do</strong> acompanhada da unida<strong>de</strong> da fé,<br />
fundamento da unida<strong>de</strong> nacional: ganharia a Guerra <strong>de</strong> Reconquista<br />
espanhola um certo ar <strong>de</strong> cruzada contra o infiel, convocan<strong>do</strong> os<br />
súditos cristãos a combaterem o inimigo ponto <strong>de</strong> partida da<br />
propagação da fé católica. 10 ”<br />
Logo, os ju<strong>de</strong>us expulsos da Espanha imigraram para Portugal, on<strong>de</strong> a nação já<br />
era unificada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Revolução <strong>de</strong> Avis <strong>no</strong> final <strong>do</strong> século XIV e lá permaneceram em<br />
relativa paz. Porém, a relação com a Espanha e as sucessões dinásticas, levaram a<br />
instauração <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas legislações que culminaram na lei <strong>de</strong> 5 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1496,<br />
or<strong>de</strong>nan<strong>do</strong> a data <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1497 para a retirada <strong>de</strong> mouros e ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong> Portugal.<br />
Preocupa<strong>do</strong> com a perda <strong>de</strong> benéficios que os grupos em questãos <strong>de</strong>ixariam <strong>de</strong><br />
proporcionar ao territó<strong>rio</strong> português, em virtuda<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua expulsão, uma vez que os<br />
ju<strong>de</strong>us representavam parte significativa da burguesia lusa, além <strong>de</strong> <strong>do</strong>minaram a<br />
especialida<strong>de</strong> em diversos tipos <strong>de</strong> tarefas relevantes à vida <strong>no</strong> Rei<strong>no</strong>, D.Ma<strong>no</strong>el <strong>de</strong>cidiu<br />
rebatizar os ju<strong>de</strong>us, transforman<strong>do</strong>-os em cristãos-<strong>no</strong>vos, pela conversão forçada <strong>de</strong><br />
1497. Todavia, a <strong>no</strong>va “<strong>de</strong><strong>no</strong>minação” não teve o efeito espera<strong>do</strong> e os conflitos entre<br />
cristãos-velhos e cristãos-<strong>no</strong>vos se intensificaram e já <strong>no</strong> Reina<strong>do</strong> <strong>de</strong> D.João III, em<br />
1536, o Tribunal <strong>do</strong> Santo Ofício português foi instaura<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> os cristãos-<strong>no</strong>vos seu<br />
alvo principal. Angelo <strong>de</strong> Assis aponta que:<br />
“O início das ações <strong>do</strong> Tribunal português coinci<strong>de</strong>, por outro la<strong>do</strong>,<br />
com o princípio da exploração colonial da terra brasílica, que se<br />
transformava rapidamente numa área <strong>de</strong> expansão promissora e <strong>de</strong><br />
marcada importância econômica, alimentada pelo ouro colonial <strong>de</strong><br />
10 ASSIS, Angelo Adria<strong>no</strong> Faria <strong>de</strong>. Um “Rabi” Escatológico na Nova Lusitânia: Socieda<strong>de</strong> colonial e<br />
Inquisição <strong>no</strong> Nor<strong>de</strong>ste quinhetista: O caso João Nunes. Rio <strong>de</strong> Janeiro: UFF, 1998. p. 22<br />
Simpósio Internacional <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Inquisitoriais – Salva<strong>do</strong>r, agosto 2011<br />
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