16.04.2013 Views

escravidão e práticas judaizantes no rio de janeiro do ... - UFRB

escravidão e práticas judaizantes no rio de janeiro do ... - UFRB

escravidão e práticas judaizantes no rio de janeiro do ... - UFRB

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Ação semelhante ocorre <strong>no</strong> momento <strong>de</strong> privacida<strong>de</strong> entre Marianna e sua filha<br />

Maria da Costa, que se casou com um cristão <strong>no</strong>vo natural <strong>do</strong> Rei<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>no</strong>me Francisco<br />

Gomes <strong>de</strong> Almeyda, relacionada a guarda <strong>do</strong>s sába<strong>do</strong>s.<br />

“Disse mais que havia <strong>do</strong>ze an<strong>no</strong>s pouco mais, ou me<strong>no</strong>s <strong>no</strong> Rio <strong>de</strong><br />

Janeyro, e casa <strong>de</strong> sua filha Maria da Costa x.n (Cristã <strong>no</strong>va) casada<br />

com Francisco Gomes <strong>de</strong> Almeyda lavra<strong>do</strong>r, e é já <strong>de</strong>funto, filha <strong>do</strong><br />

dito Domingos Rodrigues Ramires, não sabe que fose presa ou<br />

apresentada, natural e morada <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeyro, se achou com a<br />

mesma, estan<strong>do</strong> ambas sos, por acasião <strong>de</strong> fallarem na guarda <strong>do</strong>s<br />

sabba<strong>do</strong>s, se <strong>de</strong>clararão e <strong>de</strong>rão conta como crião e vivião na Ley <strong>de</strong><br />

Moyses com intento <strong>de</strong> nella se salvarem e por observancia da mesma<br />

Ley guardarão aquelle dia que era um sabba<strong>do</strong> com os melhores<br />

vesti<strong>do</strong>s e camisa lavada. 25 ”<br />

Dessa forma, <strong>de</strong>monstramos através da transcrição <strong>de</strong>sta fonte que as <strong>práticas</strong><br />

<strong>judaizantes</strong>, da qual Marianna tinha ciência, foram transmiditas para seus filhos. O<br />

objetivo seria, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as crenças <strong>do</strong>s indivíduos em questão, a salvação <strong>de</strong> suas<br />

almas. Além disso, ao ensinar as <strong>práticas</strong> <strong>judaizantes</strong> aos filhos, Marianna estabelecia<br />

uma espécie <strong>de</strong> continuação. Em verda<strong>de</strong>, não po<strong>de</strong>mos analisar sistematicamente essa<br />

questão da continuida<strong>de</strong>, uma vez que, assim como os cristãos-<strong>no</strong>vos ensinaram suas<br />

<strong>práticas</strong> aos indivíduos que já se encontravam na colônia, quan<strong>do</strong> os cristãos-<strong>no</strong>vos<br />

imigraram, muito <strong>de</strong>sse ensinamento foi “adapta<strong>do</strong>” como hábito corriqueiro,<br />

esquecen<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> sua raíz inicial; não po<strong>de</strong>mos indicar o quanto <strong>do</strong> ensinamento <strong>de</strong><br />

Marianna ainda possuia essa matriz cristã-<strong>no</strong>va “original”, assim como não po<strong>de</strong>mos<br />

fazer a mesma <strong>de</strong>finição, para o criptojudaismo exerci<strong>do</strong> por Bento Henriques da Paz.<br />

No tempo em que o processo ocorreu, Marianna disse aos inquisi<strong>do</strong>res que se<br />

arrependia por ter se aparta<strong>do</strong> da Lei da Igreja e que não acreditava mais nas Leis <strong>de</strong><br />

Moisés. Essa atitu<strong>de</strong> é compreensivel e comum <strong>no</strong>s indivíduos leva<strong>do</strong>s à inquirição,<br />

uma vez que, aqueles que eram contrá<strong>rio</strong>s aos preceitos estabeleci<strong>do</strong>s pelo Santo Ofício,<br />

eram bani<strong>do</strong>s da socieda<strong>de</strong> ou, como <strong>no</strong> caso <strong>do</strong> Padre Ma<strong>no</strong>el Lopes <strong>de</strong> Carvalho,<br />

menciona<strong>do</strong> <strong>no</strong> início <strong>de</strong>sse texto, eram leva<strong>do</strong>s à morte.<br />

25 Arquivo Nacional da Torre <strong>do</strong> Tombo, Inquisição <strong>de</strong> Lisboa, Processo n° 11784 p. 9 O parêntese é<br />

meu.<br />

Simpósio Internacional <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Inquisitoriais – Salva<strong>do</strong>r, agosto 2011<br />

11

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!