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Capítulo I - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

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Mário Soares e a Europa – pensamento e acção<br />

que a ele a<strong>de</strong>riram e por ele assumiram obrigações e riscos (…).” 544 É a fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> aos seus valores<br />

fundação que dita que a Europa não volte costas ao Sul e veja nele o caminho para esten<strong>de</strong>r a sua acção<br />

a outros continentes, com fim ao exercício da sua influência geopolítica mundial e <strong>de</strong> propagação dos<br />

seus valores além fronteiras.<br />

“A Europa do futuro, e em particular a União Europeia, necessita <strong>de</strong> uma melhor compreensão da<br />

importância das conexões entre os vários eixos do velho continente. Os países da Europa Central e<br />

Oriental, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gestos concretos <strong>de</strong> abertura e solidarieda<strong>de</strong> para com as suas jovens<br />

<strong>de</strong>mocracias, o Mediterrâneo, o Atlântico, a Europa do norte, têm <strong>de</strong> ser vistos em conjunto e nas suas<br />

complementarida<strong>de</strong>s e interesses comuns. Trata-se, no fundo, <strong>de</strong> procurar criar condições concretas para<br />

que, em lugar <strong>de</strong> uma Europa dividida, separada por diferentes <strong>de</strong>stinos on<strong>de</strong> a solidarieda<strong>de</strong> e o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento, a <strong>de</strong>mocracia e a paz se tornem valores permanentes.” 545<br />

Trata-se não só <strong>de</strong> fomentar a sua coesão interna, como <strong>de</strong> retirar vantagens externas <strong>de</strong>la. De<br />

perceber o território europeu como confluência <strong>de</strong> zonas geoestratégicas que potenciam a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />

Comunida<strong>de</strong> não eurocêntrica, permitindo à Europa do futuro o exercício <strong>de</strong> uma influência mundial. É<br />

nesse sentido que Soares não per<strong>de</strong> o rumo da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> uma União Europeia com um sentido global, em<br />

que, apesar <strong>de</strong> chamada a exercer uma acção política dirigida aos seus limites geográficos, em<br />

<strong>de</strong>terminadas circunstâncias históricas - como o é a necessária abertura a Leste - não po<strong>de</strong> per<strong>de</strong>r o<br />

rumo da solidarieda<strong>de</strong> e humanismo exercido numa dimensão pluricontinental. “Seria, contudo, um erro<br />

grave, conce<strong>de</strong>r tal apoio (ao Leste) <strong>de</strong> emergência mediante o sacrifício da cooperação com a América<br />

Latina ou com a África.” 546 A Europa não po<strong>de</strong> per<strong>de</strong>r o rumo <strong>de</strong> promotora <strong>de</strong> uma política <strong>de</strong><br />

solidarieda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> equilíbrio geopolítico global, no que o diálogo Norte-Sul se insere como imperativo.<br />

2.2.1.2 – Europa – a protagonista do “diálogo Norte-Sul”<br />

É na prossecução da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>ssa Europa solidária e humanista, que a Comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser<br />

protagonista no estabelecimento da ligação entre o mundo <strong>de</strong>senvolvido e sub<strong>de</strong>senvolvido. “Na<br />

América Latina, em África e porventura noutras regiões vivem muitos povos que esperam da Europa –<br />

e não só da Europa Comunitária, diga-se – ajuda e compreensão.” 547 Esta viragem europeia para os<br />

continentes mais <strong>de</strong>sfavorecidos, emanada da dimensão universalista e humanista do i<strong>de</strong>ário da velha<br />

Europa, é não só a resposta a uma necessida<strong>de</strong> mundial mas também uma exigência ética, “um<br />

544 Mário Soares, “A Europa dos Anos 90”, conferência realizada em 9.02.1990, no colóquio comemorativo dos 3 anos do<br />

Semanário Económico, in Mário Soares, Intervenções 5 […] cit., p. 211.<br />

545 Mário Soares, “Reforçar o que une os europeus”, discurso proferido no parlamento búlgaro, em Sófia, em 15.9.1994, durante<br />

a visita <strong>de</strong> estado, in Mário Soares, Intervenções 9 […] cit., pp. 224, 225.<br />

546 I<strong>de</strong>m, “Reforçar o Património Comum”, discurso proferido no Rio <strong>de</strong> Janeiro, em 19.03.1990, na cerimónia <strong>de</strong> doutoramento<br />

honoris causa, in Mário Soares, Intervenções 5 […] cit., p. 84.<br />

547 Mário Soares, “Uma figura ímpar <strong>de</strong> europeu”, discurso proferido em Lausana, em 16.6.1987, na Fundação Jean Monnet, in<br />

Mário Soares, Intervenções 2 […] cit., p. 237.<br />

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