Antibióticos - Medley
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Programa de Desenvolvimento Profissional<br />
Ao Farmacêutico<br />
Módulo V<br />
<strong>Antibióticos</strong><br />
www.aofarmaceutico.com.br
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Módulo V<br />
<strong>Antibióticos</strong><br />
Módulo V: <strong>Antibióticos</strong><br />
Caro(a) colega farmacêutico(a)<br />
Medicamentos que revolucionaram a história da medicina, protegendo o homem do ataque de bactérias<br />
antes mortais, os antibióticos são, hoje, um instrumento indispensável na guerra mundial contra as<br />
doenças infecciosas bacterianas.<br />
Milhões de infecções potencialmente fatais foram curadas por intermédio do uso dessa terapia. Contudo,<br />
esses agentes encontram-se entre os mais empregados de maneira errada e abusiva, resultando em<br />
microorganismos resistentes que tornam necessário o emprego, cada vez maior, de novas drogas.<br />
Desejamos a você uma boa leitura!<br />
Equipe Ao Farmacêutico
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Módulo V<br />
<strong>Antibióticos</strong><br />
1. INTRODUÇÃO<br />
Bactérias são microorganismos unicelulares de estrutura simples presentes em diversos locais incluindo<br />
pele, boca, vias respiratórias, intestino e órgãos genitais. Raramente provocam infecções, a não ser<br />
que ocorra um enfraquecimento nas defesas do organismo. A maioria dessas infecções é causada por<br />
bactérias patogênicas que invadem o organismo e se multiplicam, utilizam toxinas, enzimas, fatores de<br />
virulência, os quais afetam as células e provocam doenças, para invadir e se manterem no organismo.<br />
Só podem ser vistas através de microscópio e medem cerca de 0,5 a 1,0 micra (1/1000 mm). Em geral,<br />
são compostas por:<br />
Parede celular: Estrutura rígida, constituída basicamente por açúcares e lipídios. É essencial para o<br />
desenvolvimento e a divisão bacteriana.<br />
Membrana citoplasmática: Trata-se de uma membrana semipermeável que regula a entrada de<br />
elementos nutritivos para o interior da célula e a saída de produtos do metabolismo.<br />
Citoplasma: É o material contido no interior da membrana onde estão localizadas as enzimas, os<br />
ribossomos e o DNA.<br />
Flagelos: São apêndices filiformes, extremamente delgados, que se sobressaem através da parede<br />
celular e conferem mobilidade às bactérias. Nem todas apresentam flagelos.<br />
Fímbrias: São apêndices filamentosos diferentes dos flagelos, menores e mais numerosos. Sua função<br />
está relacionada à aderência, permitindo a fixação da bactéria nos tecidos.<br />
Esporos: São estruturas de resistência.<br />
Cápsula: Formação que envolve as células e impede que a bactéria seja ingerida pelos leucócitos.<br />
Núcleo: Não é denso e se mostra como uma área clara sem forma, próxima ao meio da célula.
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Módulo V<br />
<strong>Antibióticos</strong><br />
1.1 Estrutura bacteriana<br />
Quanto ao formato, as bactérias podem ter forma esférica (cocos), cilíndrica (bacilos), helicoidal<br />
(espiroquetas) ou em forma de “vírgula” (vibrião), podem ou não apresentar flagelos e podem estar<br />
associadas duas a duas, formando pares, cadeias simples ou ramificadas ou formando cachos.<br />
diplococos: colônia formada por dois cocos.<br />
estreptococos: colônia formada por vários cocos em fileira.<br />
tétrades: colônia formada por quatro cocos.<br />
estafilococos: colônia formada por vários cocos arranjados de modo semelhante a um cacho de uva.<br />
sarcinas: colônia formada por vários cocos em arranjos cúbicos.<br />
diplobacilos: colônia formada por dois bacilos.<br />
estreptobacilos: colônia formada por vários bacilos em fileira.
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Módulo V<br />
<strong>Antibióticos</strong><br />
A denominação gram-negativo e gram-positivo deve-se ao tipo de coloração usada, no caso a coloração<br />
de Gram. As bactérias gram-positivas se coram de azul-violeta por essa técnica, enquanto que as<br />
bactérias gram-negativas se coram de rosa avermelhado pela fucsina.<br />
As bactérias gram-positivas possuem maior quantidade de peptideoglicano, um composto polimérico<br />
que forma uma estrutura rígida ao redor da membrana citoplasmática. Apesar disso, a parede das<br />
células gram-negativas é quimicamente mais complexa. As paredes dos microorganismos grampositivos<br />
possuem menor quantidade de aminoácido. Um constituinte da parede celular da bactéria<br />
gram-negativa, o lipopolissacarídeo determina a toxicidade, a antigenicidade e a patogenicidade desses<br />
microorganismos.<br />
1.2 Quais são os sintomas de uma infecção?<br />
O corpo humano apresenta mecanismos de defesa contra a invasão de microorganismos e os sinais de<br />
uma infecção estão relacionados a esse mecanismo, que pode variar dependendo da região acometida. Em<br />
geral, a pessoa com infecção apresenta febre, dor, náuseas, enjôo, mal-estar e inflamações purulentas.
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Módulo V<br />
<strong>Antibióticos</strong><br />
1.3 Quais são as doenças causadas por bactérias?<br />
2. O QUE SÃO ANTIBACTERIANOS?<br />
Os antibacterianos são agentes com toxicidade seletiva contra microorganismos invasores externos<br />
(bactérias). O antibacteriano ideal é aquele que interfere na função vital da bactéria sem comprometer<br />
as células do hospedeiro. Além disso, deve ter boa distribuição pelos tecidos e líquidos orgânicos, não<br />
sofrer destruição por enzimas, não causar alergia, irritação ou ser tóxico ao hospedeiro e, sobretudo, não<br />
induzir o desenvolvimento de bactérias resistentes.<br />
3. COMO SURGIRAM?<br />
Doença<br />
Sífilis<br />
Furúnculos, infecções de ferida<br />
Difteria<br />
Pneumonia<br />
Meningite<br />
Cólera<br />
Gonorréia<br />
Endocardite<br />
Tétano<br />
Bactéria<br />
Treponema (espiroquetas)<br />
Staphylococos (cocos gram-positivos)<br />
Corinebacterium (bastonetes gram-positivos)<br />
Pneumococos (cocos gram-positivos)<br />
Neisseria meningitidis (cocos gram-negativos)<br />
Vibrio cholerae (bastonetes gram-negativos)<br />
Neisseria gonorrhoeae (cocos gram-negativos)<br />
Enterococcus (cocos gram-positivos)<br />
Clostridium (bastonete gram-positivo)<br />
O primeiro antibiótico descoberto pelo homem foi a penicilina. Isto ocorreu por mero acaso por<br />
Alexander Fleming, bacteriologista inglês, no ano de 1928. Ele já vinha a algum tempo pesquisando<br />
substâncias capazes de matar ou impedir o crescimento de bactérias em ferimentos infectados, pesquisa<br />
justificada pela experiência adquirida na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), na qual muitos soldados<br />
morreram em conseqüência de infecção em ferimentos profundos e mal tratados por falta de medicação<br />
adequada.<br />
Fleming havia tirado férias no mês de agosto de 1928 e esqueceu em seu laboratório algumas placas<br />
com culturas de estafilococos sobre a mesa, em lugar de guardá-las na geladeira ou inutilizá-las. Após<br />
um mês, quando retornou ao trabalho, observou que algumas das placas estavam contaminadas com<br />
mofo. Colocou-as em uma bandeja para limpeza e esterilização com Lisol. Apanhou novamente as placas<br />
para explicar alguns detalhes a um colega sobre as culturas de estafilococos que estava realizando,<br />
quando notou que havia, em uma das placas, um halo transparente em torno do mofo contaminante, o<br />
que parecia indicar que aquele fungo produzia uma substância que causava a lise das bactérias.
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Módulo V<br />
<strong>Antibióticos</strong><br />
O fungo foi identificado como pertencente ao gênero Penicilium, de onde deriva o nome dado à penicilina,<br />
substância por ele produzida. A descoberta de Fleming, de início, não despertou interesse até a eclosão<br />
da Segunda Guerra Mundial, em 1939. A partir dessa situação, com a finalidade de evitar as baixas<br />
desnecessárias dos soldados, foram então ampliadas as pesquisas a respeito da penicilina.<br />
Em 1940, Sir Howard Florey e Ernst Chain, da Universidade de Oxford, retomaram as pesquisas de<br />
Fleming e conseguiram produzir penicilina para fins terapêuticos em escala industrial, inaugurando uma<br />
nova época notável para a medicina, denominada a era dos antibióticos.<br />
O antibiótico isolado mostrou-se ativo contra bactérias gram-positivas e, ainda que impuro, mostrou-se<br />
eficaz e desprovido de toxicidade no tratamento de infecções animais de experimentação. A oportunidade<br />
para sua primeira utilização em infecções humanas ocorreu em 12 de fevereiro de 1941, quando foi<br />
injetada em um policial de Londres com septicemia estafilocócica. Em um dia o paciente apresentou<br />
acentuada melhora, não tendo reações adversas ao medicamento.<br />
Apesar do acaso, se Fleming não tivesse a mente preparada e avançada, não teria valorizado ou mesmo<br />
notado o halo transparente em torno do fungo e descoberto a penicilina.<br />
A descoberta da penicilina foi considerada um milagre médico porque ajudou a erradicar muitas das<br />
doenças causadas por bactérias. Isto significava que doenças mortais, tais como a tuberculose, a<br />
pneumonia, a sífilis e o tétano, poderiam ser tratadas. Pouco tempo depois, foram descobertos outros<br />
antibióticos.<br />
4. COMO SÃO CLASSIFICADOS?<br />
As inúmeras classes existentes atualmente são classificadas de acordo com sua potência, que depende<br />
da concentração do fármaco que chega ao microorganismo, bem como a sensibilidade deste:<br />
Bactericida: inativa e destrói os microorganismos. São exemplos de drogas bactericidas:<br />
aminoglicosídeos, quinolonas, penicilinas, cefalosporinas.<br />
Bacteriostática: controla o crescimento bacteriano ao inibir sua multiplicação. Portanto, apenas impedem<br />
seu crescimento, não permitindo a evolução do estado infeccioso. A eliminação do microorganismo<br />
depende da imunidade do paciente. São exemplos de drogas bacteriostáticas: sulfonamidas, trimetropim,<br />
cloranfenicol, tetraciclinas, nitrofurantoína.<br />
5. PENICILINAS<br />
Primeira classe de antibióticos a ser descoberta e a ser usada com sucesso. É exemplificada por: penicilina<br />
G (benzilpenicilina), penicilina V, ampicilina, amoxicilina, oxacilina, carbenicilina.
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Módulo V<br />
<strong>Antibióticos</strong><br />
5.1 Qual seu mecanismo de ação?<br />
Estes antibióticos possuem um anel B-lactâmico (anel ativo) em sua estrutura química, que interfere com<br />
a síntese do peptidioglicano da parede celular bacteriana. Após a sua fixação em sítios de ligação na<br />
bactéria, os antibióticos B-lactâmicos inibem a enzima de transpeptidação que forma ligações cruzadas<br />
das cadeias peptídicas ligadas ao arcabouço do peptidioglicano.<br />
O evento bactericida final consiste na ativação do sistema autolítico na parede celular, levando à lise da<br />
bactéria e posterior morte.<br />
5.2 Quais os efeitos indesejados?<br />
As penicilinas são relativamente desprovidas de efeitos tóxicos diretos. Os efeitos adversos consistem em<br />
reações de hipersensibilidade, causadas pelos produtos de degradação da penicilina, que se combinam<br />
com a proteína do hospedeiro, tornando-se antigênicos. É comum a ocorrência de erupções cutâneas e<br />
febre; muito raramente foram relatados alguns casos de choque anafilático agudo. A sua introdução por<br />
injeção no organismo é conhecida por ser dolorosa.<br />
Também podem alterar a microbiota bacteriana no intestino, principalmente as de amplo espectro<br />
quando administradas por via oral. Este efeito pode estar associado a distúrbios gastrointestinais e, em<br />
alguns casos, a superinfecção por microorganismos não sensíveis à penicilina. Altas doses de penicilina<br />
podem ocasionar neutropenia, leucopenia e trombocitopenia.<br />
5.3 Quais as interações possíveis de ocorrer com as penicilinas?<br />
anticoncepcionais orais: possível diminuição do efeito contraceptivo. Deve ser administrado com<br />
precaução. Seria conveniente utilizar método contraceptivo alternativo.<br />
anticoagulantes orais: redução do efeito do anticoagulante, pois ocorre um aumento da metabolização<br />
dos mesmos.<br />
beta-bloqueadores: há risco de taquicardia, já que ocorre redução da absorção gastrintestinal destes<br />
medicamentos. Deve ser administrado com precaução.<br />
antiinflamatórios não-esteroidais (AINE): ocorre possível aumento dos efeitos tóxicos de ambos os<br />
fármacos pelo mecanismo de competição por sítios de união em proteínas plasmáticas. Recomenda-se<br />
a observação do paciente após a administração com cautela.<br />
antibióticos macrolídeos: essa interação produz um antagonismo do efeito bactericida das penicilinas<br />
pela ação bacteriostática dos macrolídeos. É recomendado administrar a penicilina algumas horas antes<br />
da administração do antibiótico macrolídeo.
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6. QUINOLONAS<br />
As quinolonas incluem os agentes de amplo espectro ciprofloxacina, levofloxacina, ofloxacina,<br />
norfloxacina, acrosoxacina e pefloxacina, bem como os fármacos de menor espectro utilizados nas<br />
infecções do trato urinário, a cinoxacina e o ácido nalidíxico. Tem excelente distribuição nos vários<br />
tecidos e fluidos corporais. São excretadas pelo fígado e em pacientes com insuficiência renal ocorre<br />
aumento da meia-vida.<br />
São indicadas para o tratamento das infecções por bacilos aeróbicos gram-negativos incluindo Escherichia<br />
coli, Klebsiella pneumoniae, espécies de Enterobacter, espécies de Salmonella e Shigella, Campylobacter<br />
e Pseudomonas aeruginosa, porém as outras pseudomonas são resistentes às quinolonas.<br />
Apresentam efeito prolongado e meias-vidas relativamente longas, permitindo intervalos de dose de 12<br />
horas, o que favorece a adesão ao tratamento.<br />
6.1 Qual seu mecanismo de ação?<br />
Elas inibem a topoisomerase II, uma DNA-girase, impedindo o enrolamento das fitas de DNA para<br />
formar a dupla-hélice da bactéria. Com a inibição da duplicação e da transcrição do DNA não há síntese<br />
protéica. Portanto, têm efeito bactericida.<br />
6.2 Quais os efeitos indesejados?<br />
As quinolonas podem causar náusea e desconforto abdominal. Também foram descritos danos à<br />
cartilagem articular em crianças com a utilização de fluorquinolona. É contra-indicada em pacientes<br />
jovens em crescimento e gestantes.<br />
6.3 Quais as interações possíveis de ocorrer com as quinolonas?<br />
alimentos: presentes no trato gastrointestinal, retardam a absorção das quinolonas.<br />
cloranfenicol: ocorre reação de antagonismo quando associados, deve-se evitar a administração<br />
conjunta.<br />
glimepirida: com norfloxacina, por um mecanismo ainda desconhecido, faz com que o paciente possa<br />
apresentar o risco de uma crise hipoglicêmica.<br />
antiácidos: quando administrados concomitantemente, provocam diminuição do efeito terapêutico da<br />
quinolona, pois provocam redução da absorção gastrointestinal. Devem ser administrados respeitandose<br />
o intervalo de 2 a 3 horas entre um fármaco e outro.<br />
hidantoínas: com levofloxacino ocorre possível redução da eficácia anticonvulsivante. Devem ser<br />
administrados com precaução e monitorar a concentração das hidantoínas.
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<strong>Antibióticos</strong><br />
7. CEFALOSPORINAS<br />
A primeira cefalosporina foi descoberta em 1954, a partir do fungo Cephalosporium acremonium. São<br />
classificadas de acordo com sua ordem cronológica de produção, ou seja, em primeira, segunda, terceira<br />
e quarta gerações e também com base no espectro de atividade contra bacilos gram-negativos, que vai<br />
aumentando da primeira para a quarta geração.<br />
Cefalosporinas de 1ª geração possuem boa atividade sobre cocos gram-positivos, já os enterococos<br />
apresentam resistência. Sua atividade sobre os bacilos gram-negativos está restrita a Escherichia coli,<br />
Proteus mirabilis e Klebsiella pneumoniae.<br />
Cefalosporinas de 2ª geração podem ser subdivididas em dois tipos:<br />
cefuroxima: é ativa sobre Haemophilus influenzae. Apresenta atividade sobre cocos gram-positivos<br />
semelhantes às de 1ª geração.<br />
cefamicina: age sobre bactérias gram-negativas e apresenta menor atividade sobre os gram-positivos.<br />
Porém, a característica mais relevante é a superior atividade contra microorganismos anaeróbios,<br />
principalmente bacteróides.<br />
Cefalosporinas de 3ª geração possuem atividade acentuada sobre bacilos aeróbios gram-negativos.<br />
Poucas cefalosporinas dessa geração são ativas contra Pseudomonas aeruginosa. Os medicamentos<br />
dessa classe são drogas importantes no tratamento da meningite bacteriana, e também são úteis no<br />
tratamento de infecções graves como pneumonia hospitalar por bacilos gram-negativos aeróbios.<br />
Cefalosporinas de 4ª geração reúnem as vantagens da 1ª e 3ª geração e apresentam boa atividade<br />
tanto sobre microorganismos gram-positivos quanto negativos. Todas as cefalosporinas são estáveis<br />
na presença da lactamase e possuem uma atividade contra bacilos gram-negativos aeróbios superior<br />
àquela das aminopenicilinas.<br />
Classificação das cefalosporinas e alguns exemplos:<br />
Primeira geração<br />
Segunda geração<br />
Terceira geração<br />
Quarta geração<br />
cefadroxila, cefalexina, cefalotina, cefazolina<br />
cefaclor, cefuroxima, cefoxitina<br />
ceftriaxona, ceftazidima<br />
cefepima, cefpiroma
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Módulo V<br />
<strong>Antibióticos</strong><br />
7.1 Qual seu mecanismo de ação?<br />
O mecanismo de ação dessa classe de medicamentos é o mesmo que o das penicilinas e das<br />
cefalosporinas,que além de estimularem a produção de autolisinas bacterianas, interferem na<br />
síntese da parede celular de peptideoglicano via inibição de enzimas envolvidas no processo de<br />
transpeptidação.<br />
7.2 Quais os efeitos indesejados?<br />
Os efeitos adversos que podem ser observados com o uso de medicamentos pertencentes à classe das<br />
cefalosporinas são: reações de hipersensibilidade semelhantes àquelas que ocorrem com a penicilina<br />
como rash cutâneo, urticária (rara), prurido, anafilaxia (rara), eosinofilia, trombocitose, confusão<br />
mental, convulsões (geralmente com doses altas em pacientes com insuficiência renal), alterações<br />
discretas das provas de função hepática e diarréia.<br />
7.3 Quais as interações possíveis de ocorrer com as cefalosporinas?<br />
alimentos: retardam um pouco a absorção da cefalosporina, por isso deve-se dar preferência pela<br />
administração longe das refeições.<br />
probenicida: pode aumentar a meia-vida das cefalosporinas, bloqueando a secreção tubular destas<br />
drogas.<br />
aminoglicosídeos: potenciação da nefrotoxicidade dos aminoglicosídeos, ocorrendo efeito tóxico<br />
aditivo. Portanto, deve-se evitar a administração conjunta.<br />
diuréticos: potenciação da nefrotoxicidade. Acredita-se que a ação tóxica ocorra em razão de um<br />
aumento da concentração de renina ou de cefalosporina no interior das células renais. Recomenda-se<br />
evitar a administração conjunta. Se isto não for possível, deve-se dar preferência às cefalosporinas<br />
menos nefrotóxicas.<br />
anticoagulantes orais: risco de hemorragia por potenciação do efeito anticoagulante. O paciente<br />
deve ser monitorado e, se necessário, o médico deve reajustar a dose do anticoagulante oral.<br />
8. MACROLÍDEOS<br />
Os macrolídeos são antibióticos que se caracterizam pela presença de um anel lactâmico, mas não<br />
beta- lactâmico. São pertencentes a esse grupo a eritromicina, claritromicina, azitromicina e roxitromicina.<br />
Atuam contra gram-positivos, gram-negativos e anaeróbios. Por apresentar concentração intracelular<br />
em várias células, como polimorfonucleares e macrófagos, podem tratar infecções provocadas por<br />
patógenos intracelulares.
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Módulo V<br />
<strong>Antibióticos</strong><br />
8.1 Qual seu mecanismo de ação?<br />
Todos os macrolídeos têm mecanismo de ação semelhante, com atividade bacteriostática pela inibição<br />
da síntese protéica bacteriana. Ligam-se à porção 50S do ribossomo e inibem a síntese protéica. Podem<br />
atuar como bacteriostáticos e bactericidas, de acordo com sua concentração, densidade populacional<br />
bacteriana e a fase de crescimento. Costumam apresentar maior atividade em pH alcalino.<br />
8.2 Quais os efeitos indesejados?<br />
Foram relatados alguns efeitos indesejados relacionados ao uso dos antibióticos macrolídeos,<br />
principalmente gastrointestinais, que são os mais freqüentes. Também podem ocorrer tromboflebite após<br />
administração intravenosa.<br />
8.3 Quais as interações possíveis de ocorrer com os macrolídeos?<br />
anticoagulantes orais: risco de hemorragia por inibição da metabolização dos anticoagulantes. O<br />
paciente deve ser monitorado, e se necessário, o médico deve reajustar a dose do anticoagulante oral.<br />
penicilinas: o efeito bacteriostático do macrolídeo inibe a ação bacteriostática das penicilinas ocorre<br />
antagonismo de efeito.<br />
cefalosporinas: pode ocorrer antagonismo do efeito antimicrobiano. A associação deve ser feita com<br />
precaução.<br />
estradiol: risco de icterícia e prurido, inibe citocromo P450.<br />
ácido retinóico: se associados ocorre aumento dos níveis séricos do ácido retinóico e toxicidade por<br />
inibição das enzimas responsáveis pelo metabolismo hepático.<br />
terfenadina: redução do efeito terapêutico, inibe a metabolização hepática.<br />
9. AMINOGLICOSÍDEOS<br />
Os aminoglicosídeos são fármacos bactericidas amplamente utilizados contra bactérias gram-negativas,<br />
em suspeita de sepse, bacteremia ou endocardite. São obtidos de várias espécies de Streptomyces.<br />
Entre os representantes desse grupo destacam-se a neomicina, gentamicina, tobramicina, amicacina,<br />
estreptomicina.<br />
9.1 Qual seu mecanismo de ação?<br />
Após penetrar na célula, o medicamento liga-se à subunidade 30S do ribossomo bacteriano e interfere<br />
no complexo de iniciação da formação de peptídeo. Induzem a uma leitura equivocada do código-molde<br />
de RNA mensageiro, ocasionando a incorporação de um aminoácido incorreto no peptídeo e causando<br />
a ruptura de polissomas em monossomas não funcionais.
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Módulo V<br />
<strong>Antibióticos</strong><br />
9.2 Quais os efeitos indesejados?<br />
Apresentam potencial ototóxico e nefrotóxico e podem acumular-se em pacientes com comprometimento<br />
renal. Nesse caso, deve ser feito ajuste posológico.<br />
9.3 Quais as interações possíveis de ocorrer com os aminoglicosídeos?<br />
cefalosporinas: o uso concomitante pode potencializar os efeitos nefrotóxicos através de efeito tóxico<br />
aditivo. A administração deve ser feita com precaução.<br />
amicacina: pode potencializar os efeitos ototóxicos e nefrotóxicos, não devem ser administrados<br />
concomitantemente.<br />
anticoagulantes orais: risco de hemorragia por inibição da metabolização dos anticoagulantes. O<br />
paciente deve ser monitorado e, se necessário, o médico deve reajustar a dose do anticoagulante oral.<br />
antieméticos: podem mascarar os feitos ototóxicos dos aminoglicosídeos.<br />
diclofenaco: possibilidade de aumento do efeito nefrotóxico, deve ser administrado com precaução.<br />
9.4 Oral e tópico<br />
Entre os aminoglicosídeos de uso tópico destaca-se a neomicina e entre os de uso oral a gentamicina,<br />
tobramicina, amicacina, estreptomicina, entre outros.<br />
10. SULFONAMIDAS<br />
As sulfonamidas constituem um dos grupos mais utilizados, em razão do baixo custo e da relativa<br />
eficácia em algumas doenças bacterianas comuns. São análogos estruturais do ácido p-aminobenzóico<br />
(PABA) e apresentam ação bacteriostática. Possuem espectro de ação contra bactérias gram-positivas<br />
e negativas e alguns protozoários. Dentre os exemplos de sulfonamidas destacam-se a sulfadiazina,<br />
sulfadimidina, sulfametopirazina e sulfametoxazol.<br />
10.1 Qual seu mecanismo de ação?<br />
Os microorganismos sensíveis exigem a presença de PABA extracelular para a síntese de ácido fólico.<br />
As sulfonamidas podem entrar no lugar do PABA, competindo pela enzima diidropteroato sintetase<br />
e formando análogos não funcionais do ácido fólico. Em conseqüência, não ocorre crescimento dos<br />
microorganismos.
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Módulo V<br />
<strong>Antibióticos</strong><br />
10.2 Quais os efeitos indesejados?<br />
Apresenta como efeitos indesejáveis náuseas, vômitos, cefaléia e depressão mental. Os efeitos adversos<br />
graves que exigem interrupção do tratamento são hepatite, reações de hipersensibilidade, depressão da<br />
medula óssea e cristalúria.<br />
10.3 Quais as interações possíveis de ocorrer com as sulfonamidas?<br />
etanol: pode ocorrer aumento da toxicidade do álcool.<br />
difenil-hidantoína: a associação pode provocar aumento das concentrações séricas de difenilhidantoína,<br />
há risco de intoxicação.<br />
hipoglicemiantes orais: risco de hipoglicemia, as sulfoniluréias apresentam estrutura semelhante a<br />
alguns antibióticos e pode ter efeito hipoglicemiante.<br />
ácido retinóico: potencializam o efeito de fotossensibilização por atuar em sinergia.<br />
salicilatos: aumentam a toxicidade das sulfas, deslocam o fármaco de seu sítio de ligação nas proteínas<br />
plasmáticas.<br />
11. TETRACICLINAS<br />
Apresentam amplo espectro de ação antimicrobiana, atuam sobre gram-positivas, negativas, clamídias,<br />
riquétsias e alguns protozoários. As tetraciclinas apresentam estrutura policíclica, caráter anfótero (ácido<br />
e básico) e possuem propriedades quelantes complexando-se com íons bi e trivalentes como ferro, cálcio<br />
magnésio e alumínio. Essas propriedades fazem com que as tetraciclinas de via oral sejam incompatíveis<br />
com alimentos. As substâncias mais importantes do grupo das tetraciclinas são clortetraciclina,<br />
oxitetraciclina e doxiciclina.<br />
11.1 Qual seu mecanismo de ação?<br />
As tetraciclinas agem inibindo a síntese de proteína dos microorganismos através da ligação aos<br />
ribossomos, impedindo a fixação do RNA transportador ao RNA mensageiro. Com essa ação, as<br />
tetraciclinas impedem o crescimento dos microorganismos atuando como bacteriostáticas.<br />
11.2 Quais os efeitos indesejados?<br />
Seu uso crônico pode causar danos à flora do trato gastrointestinal. Essas drogas costumam ser irritantes<br />
aos tecidos, podendo causar dor e irritação intramuscular, além de irritação gástrica. O tratamento, em<br />
longo prazo, pode provocar danos ao esmalte e manchas nos dentes. Não é aconselhável o uso em<br />
gestantes e pacientes em fase de crescimento, pois podem levar a deformidades ósseas no feto e nos<br />
jovens.
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Módulo V<br />
<strong>Antibióticos</strong><br />
11.3 Quais as interações possíveis de ocorrer com as tetraciclinas?<br />
alimentos: interferem na absorção das tetraciclinas. O cálcio presente no leite e seus derivados causam<br />
a formação de quelatos e precipitados com as tetraciclinas.<br />
antiácidos: diminuição de efeito das tetraciclinas administradas por via oral.<br />
antidepressivos tricíclicos: pode ocorrer hemossiderose localizada, evitar administração.<br />
contraceptivos: possível diminuição do efeito contraceptivo. Administrar com precaução e fazer uso<br />
de outro método contraceptivo.<br />
etanol: diminuição do efeito do antibiótico.<br />
diclofenaco colestiramina: possível redução da absorção das tetraciclinas. A colestiramina pode se<br />
comportar como resina que seqüestra fármacos na luz do trato gastrointestinal.<br />
Locais de ação dos diferentes tipos de agentes antibacterianos:
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Módulo V<br />
<strong>Antibióticos</strong><br />
12. DICAS DE ATENÇÃO FARMACÊUTICA<br />
Para que o tratamento com os antimicrobianos surta efeito, devem ser tomadas algumas medidas.<br />
Seguem abaixo sugestões para se obter melhores resultados:<br />
• Armazenar o medicamento ao abrigo da luz, umidade e temperaturas elevadas.<br />
• Orientar o paciente a medir cuidadosamente a dose de antibiótico sob a forma líquida.<br />
• Seguir a posologia da prescrição médica e sempre tomar a medicação nos horários corretos.<br />
• O paciente deve ser informado a não interromper o tratamento antes do final.<br />
• Evitar a automedicação, orientar sempre que o paciente procure um médico.
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Módulo V<br />
<strong>Antibióticos</strong><br />
13. RESISTÊNCIA<br />
A resistência microbiana aos antibióticos vem aumentando rapidamente em todo o mundo e, em<br />
particular, no ambiente hospitalar. O uso indiscriminado e equivocado de antibióticos facilita o<br />
surgimento de bactérias e outros microorganismos cada vez mais resistentes, reduzindo a eficácia dos<br />
medicamentos. Internações mais longas, o uso de antibióticos mais caros e mais tóxicos são algumas das<br />
conseqüências do uso inadequado dessas drogas, o que, além de dificultar e encarecer os tratamentos,<br />
pode até impossibilitá-los.<br />
A resistência pode ocorrer de duas maneiras, através de forma natural ou inata, quando a bactéria<br />
já possui um mecanismo de defesa para determinado antibiótico, e adquirida, quando o antibiótico<br />
seleciona as bactérias mais resistentes e possibilita seu crescimento e desenvolvimento. Essa seleção<br />
acontece porque em uma população de microorganismos existem diferenças genéticas que conferem<br />
características diferentes a cada um deles, assim, as bactérias mais sensíveis são eliminadas pelo<br />
antibiótico e aquelas resistentes se desenvolvem e transferem essa informação às suas células-filhas. O<br />
que também pode ocorrer é uma bactéria tornar-se resistente à determinada concentração de antibiótico<br />
e sobreviver à concentração atingida no sangue e, no entanto, ser destruída por essa mesma droga ao se<br />
localizar, por exemplo, nas vias urinárias, onde a concentração é mais elevada.<br />
É muito importante que o paciente procure um médico quando apresentar uma infecção, para que,<br />
assim, seja diagnosticado a origem e o tipo de bactéria presente para então utilizar o antibiótico mais<br />
adequado e evitar o surgimento de bactérias resistentes.<br />
Mecanismos de resistência bacteriana<br />
1. Resistência natural<br />
2. Resistência adquirida<br />
Conseqüências bioquímicas da resistência estão apresentadas no quadro abaixo:<br />
Mecanismos bioquímicos de resistência bacteriana<br />
Inibição enzimática<br />
Perda da permeabilidade da membrana<br />
Exclusão ativa do antimicrobiano<br />
Alteração no sítio de ligação ribossômico<br />
Alteração de receptores de membrana<br />
Superprodução de enzimas-alvo
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Módulo V<br />
<strong>Antibióticos</strong><br />
Referências:<br />
Fuchs, F.D.; Wannmacher, L. “Farmacologia Clínica - Fundamentos da Terapêutica Racional”. Guanabara<br />
Koogan: 2ª edição, 1998.<br />
Goodman, A.G. et al. “As Bases Farmacológicas da Terapêutica”. Guanabara Koogan: 8ª edição, 1991.<br />
Rang, H.P.; Dale, M.M. et al. “Farmacologia”. Elsevier: tradução da 5 ª edição americana, 2004.<br />
www.anvisa.gov.br: acesso em 28/03/08<br />
Elaborado por:<br />
Juliana Miranda Papine<br />
CRF-SP 44203<br />
Francine C. Siqueira César<br />
Estagiária