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Clientelismo e política brasileira na educação municipal

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discurso reprodutivista, onde o espaço de superação das contradições é impossível. E<br />

este trabalho não teria razão de ser, correspondendo ape<strong>na</strong>s a uma <strong>na</strong>rrativa parcial de<br />

uma interpretação individualizada dos fatos. Ao mesmo tempo, corresponderia a não<br />

levar em conta os efeitos que a modernização do país trouxe para as cidades <strong>brasileira</strong>s,<br />

como: o crescimento do comércio, a industrialização, a substituição de um modelo de<br />

desenvolvimento agrário-exportador, por um modelo de desenvolvimento urbano<br />

industrial e que produziram não ape<strong>na</strong>s mudanças <strong>política</strong>s, mas mudanças de<br />

comportamento e de mentalidade. Nas cidades do país, em particular do interior do<br />

Nordeste brasileiro, essa nova realidade econômica, traz consigo os novos chefes<br />

urbanos, em substituição aos velhos caciques políticos. Assim os educadores e a Escola<br />

passam a ocupar um importante papel <strong>na</strong> reprodução do poder do Estado (município),<br />

remanescente da herança cultural do clientelismo político, <strong>na</strong>s suas relações de<br />

submissão e resistência. Os elementos do cotidiano da Escola Municipal nos<br />

possibilitam identificar não ape<strong>na</strong>s os elementos de alie<strong>na</strong>ção, mas também de<br />

contestação e resistência que possibilitem a formação de uma consciência crítica, onde o<br />

exercício da cidadania seja a base para a construção de uma nova mentalidade, de uma<br />

nova sociedade. BARROS(2002) demonstra que as escolas e os educadores no Nordeste<br />

através dos contratos temporários de trabalho e dos cargos comissio<strong>na</strong>dos são<br />

aprisio<strong>na</strong>dos no sistema de favor e de tutela do poder público <strong>municipal</strong>, tor<strong>na</strong>m-se<br />

aliados das lideranças <strong>política</strong>s, perdem <strong>na</strong> submissão ao chefe político autonomia e<br />

poder de resistência. Os cargos comissio<strong>na</strong>dos e os contratos temporários, burlando a<br />

constituição de 1988 criando subempregos <strong>na</strong> área de <strong>educação</strong>, mantendo os<br />

educadores submissos aos caciques políticos, graças à distribuição de subempregos que<br />

mantém o trem da alegria no serviço público <strong>municipal</strong> <strong>na</strong>s cidades do interior.<br />

A escolha do estudo das relações de poder oriundas do clientelismo pode até<br />

parecer não constituir nenhuma novidade no campo das ciências huma<strong>na</strong>s. É um<br />

fenômeno bastante estudado por diversas ciências: Sociologia, História e Ciência<br />

Política. Enquanto fenômeno tem motivado variadas pesquisas no sentido de<br />

compreendê-lo, modificá-lo ou resisti-lo. A idéia de poder está entrelaçada de elementos<br />

como coerção, medo, hierarquia, submissão e resistência. Porém, em relação à presença<br />

desse poder e seus efeitos no cotidiano dos professores municipais, não encontramos<br />

estudos de significativa discussão acadêmica.<br />

No entanto, percebemos que é preciso rever alguns posicio<strong>na</strong>mentos sobre as<br />

contradições da escola <strong>brasileira</strong> no interior do país. É verdade que não esgotaremos

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