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Clientelismo e política brasileira na educação municipal

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Outro elemento necessário à nossa análise é o populismo, como fenômeno que<br />

<strong>na</strong>sceu para combater o coronelismo, mas que acabou incorporando os seus elementos<br />

clientelistas. O populismo <strong>na</strong>sceu <strong>na</strong> América Lati<strong>na</strong>, se desenvolveu a partir da crise<br />

de 29 e foi marcado por mudanças <strong>política</strong>s que objetivaram a ruptura com formas<br />

tradicio<strong>na</strong>is de domi<strong>na</strong>ção autoritária: o getulismo no Brasil e o peronismo <strong>na</strong><br />

Argenti<strong>na</strong>. Ainda é um forte elemento da constituição das relações <strong>política</strong>s Brasil.<br />

GERMANI (1962) incli<strong>na</strong>-se a ver o populismo como conseqüência das<br />

defasagens ou falta de sincronia do processo de modernização das sociedades latino-<br />

america<strong>na</strong>s, principalmente quanto a promoção de altos índices de mobilização social (<br />

com a conseqüente produção de massas “disponíveis” em um contexto urbano, ainda<br />

vinculada a valores tradicio<strong>na</strong>is e suscetíveis de corresponder a ideologias autoritárias<br />

elaboradas por elites). Em relação aos processos de integração das novas estruturas<br />

sociais geradas pelos processos de urbanização e industrialização. TELLA(1974) define<br />

o populismo como resultante de uma aliança entre setores populares e urbanos<br />

mobilizados pela “revolução das aspirações” e alguns segmentos de camadas mais<br />

favorecidas portadoras de motivações contra o status quo e capazes de formular uma<br />

ideologia fortemente emocio<strong>na</strong>l.<br />

JAGUARIBE (1973) destaca em sua análise uma relação do tipo carismático,<br />

entre a liderança individual e as massas urba<strong>na</strong>s, de que resultam fortes limitações ao<br />

conteúdo e a estabilidade das mudanças sociais aparentemente usados por esses<br />

movimentos em suas etapas iniciais. Destacamos <strong>na</strong> abordagem de WEFFORT (1968)<br />

o populismo como resultado e como poderoso agente de transformações registradas no<br />

sistema econômico, <strong>na</strong> estrutura de classes e nos padrões de domínio político <strong>na</strong><br />

América Lati<strong>na</strong>. Transformações essas que tiveram seus episódios desencadeantes,<br />

primeiro no impacto da crise mundial de 1929 e, posteriormente, nos rápidos processos<br />

de industrialização origi<strong>na</strong>dos pelos efeitos internos dessa crise em quase todos os<br />

países latino-americanos. O caráter eminentemente urbano dos sustentáculos políticos<br />

do populismo, imprime uma importante diferença entre os movimentos aos quais foram<br />

aplicados estes termos em outras partes.<br />

O período populista é extremamente ambíguo e instável, pois, de um lado,<br />

contribuiu para a liquidação de formas tradicio<strong>na</strong>is de domínio, no entanto prenunciou<br />

outras, que continuam expressando a subsistência de problemas, desigualdades,<br />

pobreza, dependência e rigidez sociais, que o populismo, pelo menos nos seus<br />

momentos iniciais, pareceu disposto a solucio<strong>na</strong>r. Barbosa Lima Sobrinho, ao prefaciar

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