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Clientelismo e política brasileira na educação municipal

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conhecê-la, desvendar as relações de causa e efeito, tecer considerações, questio<strong>na</strong>r,<br />

a<strong>na</strong>lisar e dividir as preocupações, angústias e tentativas de soluções. Estamos diante de<br />

um mundo diferente, instável, onde o fantasma do desemprego, as previsões caóticas<br />

rondam nossos cotidianos aumentando a desencanto e as incertezas de um futuro<br />

tranqüilo. A redução dos direitos trabalhistas, como o fim da aposentadoria por tempo<br />

de serviço, o crescimento do setor de serviços, a automação, a terceirização da<br />

economia, revelam a perda de fôlego dos trabalhadores desde o fi<strong>na</strong>l da década de 90.<br />

Entramos no século XXI acompanhados de um pessimismo generalizado, onde as<br />

crenças no futuro foram transferidas para consultas esotéricas e religiões orientais. O<br />

plano espiritual passou a ser o foco da busca da felicidade e das realizações desde o<br />

fi<strong>na</strong>l do milênio; resultando do desencanto do homem com o mundo moderno, ou o<br />

neoliberal-globalizado.<br />

A escola pública convive com o dilema de conciliar as dificuldades pedagógicas<br />

com as novas exigências do mercado e seus novos padrões de qualidade; é o mesmo<br />

dilema da sociedade <strong>brasileira</strong>, a velha conciliação do arcaico com o moderno.<br />

Oferecendo uma <strong>educação</strong> que disfarça e camufla o serviço que não tem oferecido com<br />

qualidade, que produz uma inclusão excludente. As escolas de qualidade sejam públicas<br />

ou privadas se consolidam como espaços reservados as elites domi<strong>na</strong>ntes, garantindo o<br />

acesso e a inclusão intelectual e tecnológica de quem já está incluído. Nesse cenário, se<br />

inserem as escolas municipais e seus educadores. Cada vez mais pressio<strong>na</strong>dos pelas<br />

forças <strong>política</strong>s locais, são marionetes para a concretização dos interesses políticos dos<br />

novos coronéis no interior do Nordeste.<br />

Observamos pessoas inteligentes, conhecedoras dos instrumentos de reação<br />

portando-se como seres sem autonomia, medíocres que se submetem a vigilância e a<br />

tirania desse poder local por medo de perseguição. Reconhecem seu poder de pressão,<br />

mas não se mobilizam por uma participação cidadã em conjunto com a comunidade <strong>na</strong><br />

decisão dos destinos da escola <strong>municipal</strong>, apáticos politicamente, perderam as<br />

esperanças de lutar com sucesso contra a perpetuação dos interesses do bloco no poder.<br />

A acomodação <strong>política</strong> é justificada por medo, por falta de compromisso, além dos<br />

interesses pessoais que interferem <strong>na</strong> autonomia do professor no interior da escola, ou<br />

<strong>na</strong> sua ação como cidadão crítico. O passado só tem sentido se utilizado <strong>na</strong><br />

compreensão do presente. A<strong>na</strong>lisamos as origens do clientelismo não ape<strong>na</strong>s para<br />

encontrar respostas para a submissão e exploração dos professores municipais, mas para<br />

entender um comportamento fincado <strong>na</strong> cultura <strong>política</strong> do país (o clientelismo), que

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