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Clientelismo e política brasileira na educação municipal

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Estado para uma postura mais democrática ou mais ditatorial resulta do nível de<br />

ameaça que o modelo capitalista enfrenta” (GARCIA, 1991, p.30).<br />

Entendemos que só é possível a<strong>na</strong>lisar as relações de poder <strong>na</strong> <strong>educação</strong><br />

<strong>municipal</strong> no Nordeste a partir dos elementos que historicamente marcaram as relações<br />

<strong>política</strong>s no país e que ligam o Nordeste ao restante do Brasil, englobando-o em um<br />

contexto capitalista mais amplo, como um dos caminhos para tentarmos contribuir para<br />

o debate das realidades das escolas municipais e o sistema de favor e tutela em que se<br />

inserem os educadores.<br />

IV. Educadores: Interesses Pessoais e Interesses Coletivos<br />

Atrelados ao clientelismo político em função da dívida pelo emprego arranjado,<br />

os educadores estão subordi<strong>na</strong>dos ao poder de mando dos chefes políticos e seus cabos<br />

eleitorais. Nesse caso, seu compromisso não é com a comunidade, nem com a melhoria<br />

da qualidade do ensino, mas com aqueles (as) que lhes deram acesso ao emprego. Não<br />

são profissio<strong>na</strong>is leigos de baixa escolaridade, enquadram-se no campo dos interesses<br />

pessoais <strong>na</strong> teia de relações e revelam variadas formas de comportamento: por vezes<br />

contraditórias, ou lógicas. Nas escolas os educadores divergem, discordam, falam em<br />

democracia, em cidadania, usam o pensamento de Paulo Freire para subsidiar a prática<br />

educativa. Porém, <strong>na</strong> prática das relações cotidia<strong>na</strong>s, <strong>na</strong>s quais se inserem <strong>na</strong>s relações<br />

com o Estado (Prefeitura), realizam pouco esforço para saírem da retórica denunciatória<br />

para atuarem mais efetivamente como intelectuais orgânicos. Não são alie<strong>na</strong>dos do<br />

processo, ape<strong>na</strong>s se negam a modificá-lo, ou oferecerem uma significativa contribuição<br />

para a mudança do quadro constatado. O boicote tor<strong>na</strong>-se a forma de resistência mais<br />

comum entre os educadores inseridos <strong>na</strong>s relações de clientelismo. Ao ser subjetivo,<br />

não declarado, este tipo de boicote será também menos retaliado, não resultando em<br />

perseguição <strong>política</strong>. Será o caminho correto? Mas, se nem todos entendem o boicote,<br />

então <strong>na</strong> prática qual o seu efeito?<br />

Parece-me que o que se deve levar em consideração no intelectual não é,<br />

portanto, “o portador de valores universais”, ele é alguém que ocupa uma<br />

posição específica, mas cuja especificidade está ligada às funções geras<br />

do dispositivo de verdade em nossas sociedades(...)os próprios intelectuais<br />

fazem parte desse sistema de poder, a idéia de que eles são agentes da<br />

“consciência” e do discurso também faz parte desse sistema. (FOUCAULT,<br />

1979, p.13)<br />

De acordo com GRAMSCI (1989) O problema dos funcionários, coincide em<br />

parte, com o problema dos intelectuais. Mas, se é verdade que cada nova forma social<br />

teve necessidade de um novo tipo de funcionário, também é verdade que os novos<br />

grupos dirigentes, jamais puderam prescindir, pelo menos durante certo tempo, da

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