janeiro de 2012 - edição 44 - ano vi - editora alessi - Abcdreal.com.br

28 ABCD Real Janeiro de 2012<br />
“Badéjo” de verdade tem sotaque<br />
capixaba e tempero de “A Ponte”<br />
Joaquim Alessi<br />
A diferença entre badejo (pronuncia-se<br />
“badéjo”, com sotaque do Espírito Santo) e<br />
abadejo é grande e muita gente já abordou<br />
isso em cadernos e publicações especializadas,<br />
e nós vamos lembrar logo abaixo. Mas a<br />
diferença entre “badéjo” e “O Badéjo” (com<br />
letras maiúsculas) que tivemos a oportunidade<br />
única de degustar no Restaurante A Ponte,<br />
de Peruíbe, neste início de 2012, é praticamente<br />
indescritível. Só saboreando mesmo,<br />
e já adianto que vai ser muito difícil, para<br />
não dizer impossível, pois trata-se de um<br />
peixe cada vez mais raro, complicado de ser<br />
achado no nosso litoral, e foi um presentaço<br />
de início de ano de José Carlos Gomes, comandante<br />
da Casa.<br />
Mas o Zé Carlos tem outros peixes, e o<br />
legal de A Ponte é que a cada refeição o cliente<br />
tem uma surpresa deliciosa. Sempre com<br />
um peixe fresquíssimo, do dia ou dos últimos<br />
dias, fica dificílimo repetir um prato na<br />
Casa. É sempre a sensação de estar chegando<br />
do mar com a pesca do momento. Daí<br />
todo o glamour do espaço, simples mas extremamente<br />
aconchegante.<br />
Na cozinha, o comando é de Maria Inês,<br />
mulher do Zé Carlos, que esbanja talento,<br />
sendo muito elogiada por clientes e amigos.<br />
Sob sua direção, o A Ponte Restaurante tem<br />
sido anualmente referenciado no guia de turismo<br />
mais fiel do País, o Quatro Rodas, recebendo<br />
até um encarte especial por sua caldeirada<br />
de frutos do mar, como prato tipicamente<br />
regional.<br />
As diferenças<br />
Sobre as diferenças, certa feita li um arti-<br />
Zé Carlos, o comandante da Casa, Maria Inês, a chefe da<br />
cozinha, seus pratos e o nosso “badéjo” visto de outro ângulo<br />
go brilhante de Luiz Américo Camargo, no<br />
“Paladar”, do Estadão, em que ele ensinava:<br />
“Badejo é aquele peixão nobre, de filés pedaçudos,<br />
carne densa, aparentado de espécies<br />
com alto teor de gelatina como a garoupa e o<br />
cherne. Vem do nosso litoral, de norte a sul.<br />
Mas, ultimamente, os que têm chegado até<br />
nós foram pescados em geral na faixa entre<br />
Rio e Bahia. Estão rareando, infelizmente. Mão<br />
são cosa buonissima, como dizem os italinos.”<br />
E continuava: “Já os abadejos disponíveis<br />
por aqui são outra coisa. Peixes mais simples,<br />
com aqueles filés mais chatinhos, sem o sabor<br />
e a delicadeza do badejo. Lembram a merluza,<br />
para comparar. Muitos vêm do Atlântico Sul,<br />
lá da costa argentina, por exemplo. Chegam<br />
congelados e embalados.”<br />
Ou seja, digo, a diferença não é só um<br />
“A”, mas um “ahhh” na primeira garfada.<br />
Agora, quem não teve a mesma felicidade<br />
nossa, de provar esse “badéjo”, pois ele é<br />
único, pode ir até o Restaurante A Ponte,<br />
que sempre encontrará um belo exemplar<br />
do mar, e com certeza sairá de lá com uma<br />
deliciosa história pra contar. E pode dizer que<br />
é História de Pescador.<br />
A Ponte fica na Rua José Veneza Monteiro,<br />
76 - Peruíbe - São Paulo, 11750-000.<br />
Site: www.aponterestaurante.com.br. E-mail:<br />
contato@aponterestaurante.com.br. Tel.:<br />
(13) 3455-5444.