Capoeira é o Maculelê
Capoeira é o Maculelê
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TRAJES: DA ÁFRICA AO BRASIL<br />
Ritmos, Danças e Lutas<br />
A<br />
permanência das heranças culturais negras no Brasil e na Diáspora se deve principalmente às tradições religiosas. Entretanto, desenvolveram-se outras<br />
manifestações nesse processo, sendo que algumas delas assumem um caráter mais laico, classifi cadas aqui como ritmos, danças e lutas. Estas manifestações<br />
possibilitam a compreensão de períodos históricos, transformações sociais e deslocamentos geográfi cos. Abrangendo desde os primeiros<br />
s<strong>é</strong>culos da colonização brasileira, como no caso do <strong>Maculelê</strong>, at<strong>é</strong> os dias mais recentes, como o Hip Hop, por exemplo.<br />
CAPOEIRA MACULELÊ<br />
Berimbau: o principal instrumento musical da <strong>Capoeira</strong> <strong>é</strong><br />
composto por vara de madeira, arame e cabaça.<br />
É percuti do com uma vareta e um dobrão<br />
e, ao mesmo tempo, toca-se o caxixi (um<br />
pequeno chocalho de palha).<br />
Cordão: alguns grupos, principalmente<br />
os da <strong>Capoeira</strong> Regional, uti lizam-no para<br />
demarcar o nível hierárquico do capoeirista.<br />
O primeiro cordão <strong>é</strong> recebido na cerimônia<br />
denominada como bati zado.<br />
Calça: no período colonial uti lizava-se a calça<br />
simples e reta de algodão cru, hoje em dia<br />
vem sendo adaptada e se tornou um<br />
arti go esporti vo. A <strong>Capoeira</strong> Angola,<br />
no entanto, geralmente adota a calça<br />
social branca.<br />
P<strong>é</strong>s: nas rodas da Bahia, Mestre Bimba,<br />
criador da <strong>Capoeira</strong> Regional, convencionou<br />
o jogo com os p<strong>é</strong>s descalços. Já o Mestre<br />
Pasti nha, da <strong>Capoeira</strong> Angola, adotou o uso<br />
dos sapatos.<br />
Grimas: estacas de madeira que simulam bastões de<br />
guerra, num misto de dança e luta, suas bati das, entre<br />
os dançadores, acompanham o ritmo cadenciado dos<br />
atabaques.<br />
Fios de Contas: são uti lizados dois colares<br />
cruzados a frente do corpo, como sinal de<br />
proteção espiritual para a luta. Em geral, as<br />
contas são intercaladas nas cores branco, preto e<br />
vermelho.<br />
Palha: a saia e os braceletes de sisal simbolizam<br />
tanto a proteção contra a morte, quanto o poder de<br />
quem pode causá-la. Relaciona-se com a função<br />
da palha uti lizada pelo Orixá Omolu, chamada<br />
de ikó.<br />
Calça: Mestre Popó, expoente do maculelê<br />
desde 1940, indicava que o traje essencial era<br />
apenas a calça. Nos anos seguintes <strong>é</strong> que as<br />
palhas foram sendo introduzidas a parti r do desejo<br />
de se buscar as origens do maculelê.
TRAJES: DA ÁFRICA AO BRASIL<br />
A<br />
<strong>Capoeira</strong> se diferencia das outras lutas por possuir um forte aspecto<br />
musical, <strong>é</strong> prati cada em roda com toque de berimbaus e outros<br />
instrumentos. Na d<strong>é</strong>cada de 1950 insti tucionaliza-se como esporte nacional,<br />
tornando-se um dos maiores símbolos da cultura brasileira, sendo reconhecida<br />
como uma manifestação de luta, dança e jogo ao mesmo tempo. Segundo<br />
alguns pesquisadores, a palavra <strong>Capoeira</strong> <strong>é</strong> de origem tupi-guarani, e signifi ca<br />
região que já foi fl oresta, ou seja, mata que depois de devastada permanece<br />
como vegetação rasteira. Esses espaços, então chamados de capoeiras, foram<br />
muito uti lizados como esconderijo durante fugas de escravos. Esses, quando<br />
surpreendidos por capitães do mato e seus grandes cães de caça, aplicavam<br />
rápidos e efi cientes golpes rasteiros. Ao fi nal do s<strong>é</strong>culo XVIII, a luta se desloca<br />
para os espaços urbanos sendo prati cada essencialmente pelos trabalhadores<br />
negros dos portos. Ocorre principalmente nas<br />
cidades de Recife, Salvador e Rio de Janeiro. Ao<br />
fi nal do s<strong>é</strong>culo XIX, com a abolição do regime<br />
escravocrata e a marginalização das populações<br />
negras, a <strong>Capoeira</strong> passa a ser recriminada. At<strong>é</strong><br />
que algumas d<strong>é</strong>cadas depois, entre 1930 e 1940,<br />
surgem na Bahia dois mestres comprometi dos<br />
com a desvinculação do caráter marginal à luta,<br />
Mestre Bimba e Mestre Pasti nha criam as variações, <strong>Capoeira</strong> Regional e<br />
<strong>Capoeira</strong> Angola, respecti vamente. Outra dança/luta que tem sua origem<br />
relacionada à <strong>Capoeira</strong> <strong>é</strong> o <strong>Maculelê</strong>, surgido no Recôncavo Baiano entre os<br />
trabalhadores dos canaviais durante o primeiro ciclo do açúcar, iniciado no<br />
s<strong>é</strong>culo XVI. Há muitos mitos que contam a história de <strong>Maculelê</strong>, sendo este<br />
nome atribuído a um guerreiro que sozinho combateu um batalhão. Depois<br />
de anos de desaparecimento do folguedo, o <strong>Maculelê</strong> ressurge por volta<br />
de 1940 sob o comando de Mestre Popó, que buscou refazer as anti gas<br />
práti cas a parti r de suas memórias.<br />
ATIVIDADES<br />
A história da <strong>Capoeira</strong> <strong>é</strong><br />
cheia de personagens reais e<br />
lendários, tais como Besouro<br />
Mangagá e Madame Satã.<br />
Pesquise a respeito da vida<br />
desses e de outros personagens<br />
e, depois, desenvolva pequenas<br />
encenações com seus colegas<br />
contando a história dessas<br />
personalidades.