16.04.2013 Views

História Falada - Memória, Rede e Mudança Social - Imprensa Oficial

História Falada - Memória, Rede e Mudança Social - Imprensa Oficial

História Falada - Memória, Rede e Mudança Social - Imprensa Oficial

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

68<br />

Gaspar de Oliveira Antigos quilombos, periferia de hoje<br />

O mais importante para se fazer rap de qualidade são os<br />

elementos que falei, da cultura hip hop, trabalhados na prática.<br />

Todo guerreiro quilombola tem que provar na prática e na teoria<br />

que é eficaz, senão não sobrevive. Dessa prática estamos<br />

ensinando os moleques a dançar, a fazerem rimas, a cantar, a<br />

conhecer um pouco desse universo que a gente respira e que<br />

está plantado nessa grande etnia que é o Brasil, esse caldeirão.<br />

Faço um trabalho que se chama “CEDECA-Casa 10” (Centro<br />

de Defesa da Criança e do Adolescente Casa 10” , que fica no<br />

bairro do Ipiranga, zona Sul de São Paulo, e trabalha com<br />

garotos em liberdade assistida. Estou lá há cinco anos e desenvolvo<br />

esse trabalho de rap e rima; já levei repentistas lá também.<br />

Também há um trabalho na Secretaria da Cultura do<br />

Estado, que é o projeto “Arquimedes, parceiros do futuro”, com<br />

escolas. Em vinte e três delas faço um trabalho de supervisão<br />

cultural, todas na zona sul de São Paulo, entre Campo Limpo e<br />

Capão Redondo. E temos vários outros núcleos em que fazemos<br />

hip hop na prática.<br />

White e black out<br />

Quero falar também sobre a inclusão digital. Sobre o moleque<br />

que está incluído, mas sem senso social. O white out e o black<br />

out. O moleque da elite, que está lá no prédio e pode dar um<br />

enter, ele tem todo acesso, tem claridade, tem livro; tem tudo o<br />

que precisa para fazer parte da sociedade, se dar bem e ter<br />

qualidade de vida. Ao mesmo tempo, outro moleque que está lá<br />

na favela, que aprende a cantar um rap, depois de um ano, ele<br />

já melhorou; mas ele ainda está propício ao crime, na favela,<br />

fumando o baseadinho dele, regredindo, se destruindo. E ele<br />

está distante, não sabe apertar o enter, está longe do que é<br />

informação. A informação dele é a rua. Ao mesmo tempo em<br />

que ele está no meio da escuridão, lá no black out em que não<br />

enxerga muita coisa, é malandro o suficiente para sair pela rua e<br />

bater de frente com muitas coisas. E o burguesinho que está no<br />

alto do prédio, com toda a claridade e acesso, o white out, ficou

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!