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História Falada - Memória, Rede e Mudança Social - Imprensa Oficial

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HISTÓRIAS DE VIDA COMO PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE<br />

mais amplo, ficando com uma subamostra, de maneira a ter<br />

certeza que não estávamos diante de um grupo arbitrário. Isso<br />

foi muito estimulante para mim, muito importante quando, mais<br />

tarde, apresentamos e defendemos as conclusões da pesquisa.<br />

Outro bom exemplo seria o livro de Diana Gittins Fair Sex:<br />

Family Size and Structure sobre a limitação da família, porque<br />

essa é uma área absolutamente crucial para entender o passado,<br />

nossa história e o futuro – para compreender por que as pessoas<br />

decidem ter mais ou menos filhos. De certa forma, pode-se dizer<br />

que existem dois processos fundamentais na sociedade: um deles<br />

é a produção de coisas, que acontece nas oficinas e nas fábricas,<br />

e o outro é a geração e a socialização de seres humanos, que<br />

acontece nas famílias. Temos muita documentação sobre a<br />

produção de coisas, mas pouca sobre a produção de pessoas, e<br />

esse é o tipo de questão no qual a história oral pode ajudar<br />

bastante.<br />

Historiadores e sociólogos costumavam considerar que a<br />

razão pela qual as pessoas começaram a ter menos filhos nas<br />

sociedades mais avançadas era a influência da classe média.<br />

Muitos livros afirmam isso. Mas Diana Gittens, quando fazia<br />

mestrado na Universidade de Essex, realizou uma série de<br />

entrevistas com mulheres locais e descobriu que as que tinham<br />

maior contato com a classe média, como as que eram empregadas<br />

domésticas de famílias de classe média, tinham menos<br />

informações sobre contracepção. As que conheciam anticoncepcionais<br />

eram as que trabalhavam em fábricas ou escritórios<br />

e conversavam entre si no trabalho, trocando informações.<br />

Contrariando os livros, não havia um canal de comunicação<br />

da classe média com a classe operária. Na verdade ficou<br />

claro que, muitas vezes, os profissionais de classe média, mesmo<br />

os médicos, deliberadamente enganavam as mulheres da classe<br />

operária com relação a anticoncepcionais. Por outro lado, as<br />

operárias tinham seu próprio canal de comunicação, e o<br />

estímulo para ter menos filhos vinha de seus desejos e de seu<br />

conhecimento, em lugar de lhes ser imposto de cima. Elas eram<br />

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